João Pacífico, CEO do Grupo Gaia, lança fundo com milhões da venda de parte do negócio para investir em impacto social, critica ganância e defende que rico pague mais imposto.
“Talvez você não sabia, mas no fundo está com o MST.”
A provocação encerra um vídeo recente postado no Instagram por João Paulo Pacífico, fundador do Grupo Gaia, que tem como lema construir um mercado financeiro mais humano.
Com 157 mil seguidores na rede social, o investidor de 45 anos veste a camisa de ativista ao produzir conteúdos como o da visita a uma cooperativa ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul.
O post rendeu mais de 20 mil likes e protestos no perfil do “faria limer”, apelido de quem frequenta a região que concentra grande parte do mercado financeiro em São Paulo, segundo a Folha.
“Se você gosta tanto desses terroristas, doa sua fortuna para eles”, protestou um seguidor em um comentário indignado. Mal sabe ele que Pacífico já levantou mais de R$ 22 milhões em investimentos para o MST.
“É muito estranho um cara de olhos azuis, brancão, da Faria Lima e que fala a linguagem do mercado elogiando o MST”, admite Pacífico, ao trocar a clientela do agronegócio pela de assentados da reforma agrária.
Com o boné vermelho, o fã insuspeito alardeia números da produção agroecológica das cooperativas do movimento também no Linkedin, onde é um Top Voice com mais 500 mil seguidores.
A conversão ao movimento de reforma agrária demonizado por parte da população aconteceu ao receber uma visita de João Pedro Stedile e João Paulo Rodrigues, respectivamente fundador e coordenador do MST, em 2019.
O café rendeu frutos, com o lançamento de emissões de Certificados de Recebíveis do Agronegócio, instrumento usado normalmente por grandes do setor para captar recursos no mercado financeiro.
“Recebemos ameaças de todos os lados, mas as operações foram um sucesso”, diz Pacifico.