O coach não respeita regras democráticas das eleições e nem dos debates.
Quando o bolsonarismo surgiu, com um inédito repertório de baixaria, mentiras e truculência, a imprensa insistiu em tratar seus personagens como espécimes banais.
Desde a homenagem de Jair Bolsonaro ao facínora Brilhante Ustra, na sessão da Câmara que decidiu o impeachment de Dilma Rousseff, até a campanha do ex-presidente pelo golpe de Estado, era claro que a política brasileira caminhava para o inferno. Apesar de todos os sinais, um misto de antipetismo e uma noção deturpada de imparcialidade jornalística fez com que os veículos de comunicação lidassem com inimigos da democracia e seus apoiadores como figuras republicanas.
Essa escalada permitiu que o abjeto Bolsonaro fosse normalizado pelo eleitor a ponto de ser eleito à Presidência.
Mesmo com a coleção de crimes contra a democracia e com a série de atentados à vida da população, como ocorreu na pandemia, os bolsonaristas continuaram a ser convidados por jornalistas para participar do debate público, como se tivessem algo a contribuir para o bem-estar dos brasileiros.
Isso foi um dos fatores mais importantes para que o país, mesmo se salvando da reeleição de Bolsonaro, elegesse o pior Congresso de todos os tempos. Na Câmara, em especial, a aberração é a regra. Ali, os políticos que pensam realmente no interesse público são exceções.
O grupo mais barulhento somente está comprometido com a barbárie e a lacração, sob o olhar indulgente do presidente da Casa, Arthur Lira.
Diante do sucesso da empreitada bolsonarista, outros aventureiros políticos se sentiram incentivados. Foram à luta.
E aí está Pablo Marçal, o Bolsonaro 2.0.
Mesmo após a experiência distópica dos últimos anos, a imprensa repete o erro e trata Marçal, candidato à Prefeitura de São Paulo, como se ele fosse digno de respeito.
Boa parte do jornalismo brasileiro finge ignorar que o coach foi condenado por dar golpes financeiros em velhinhos, é um charlatão que promete fazer cadeirantes andarem, está cercado de gente envolvida com o PCC, é um ser execrável capaz de tripudiar sobre o suicídio do pai de uma adversária política, um canalha que inventa em rede nacional que o concorrente é cheirador de cocaína. E por aí vai.
Além disso, não respeita regras democráticas das eleições — todos sabem que paga pelo impulsionamento de postagens nas redes — e nem dos debates.
Com tudo isso, Marçal segue tendo espaço nos noticiários. Ainda recebe convite para sabatinas e é chamado para debates.
Já passou da hora de tratar o coach como se faz com os motoristas de ônibus: noticiemos sobre ele somente o indispensável. E sempre com tom crítico — algo que faltou no caso de Bolsonaro.
Participação em debates, nem pensar: quem joga fora das regras sempre leva vantagem.
Se a empreitada de autopromoção de Marçal continuar dando certo, novos aventureiros poderão surgir.
E, como o Brasil está cansado de saber, nada é tão ruim que não possa piorar.
A continuar como está, a imprensa estará colaborando decisivamente para o surgimento do Marçal 2.0.
Pesquisadores alertam que a presença de microplásticos no organismo pode causar desde problemas cardíacos até diminuição da fertilidade.
São Paulo — Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em parceria com a Universidade Livre de Berlim identificou fragmentos de microplásticos no cérebro de pessoas que moraram na cidade de São Paulo.
De acordo com a pesquisa liderada pela professora Thais Mauad da FMUSP, oito em 15 amostras coletadas de pessoas falecidas que viviam em São Paulo continham a presença de fibras e partículas de microplásticos. Para os especialistas, as vias olfativas são a porta de entrada para o material.
Os pesquisadores do estudo explicam que a identificação da presença desse material é preocupante porque as partículas podem ser internalizadas pelas células e interferirem no metabolismo celular. O risco é ainda maior para as crianças, que possuem o cérebro em desenvolvimento, o que pode causar alterações definitivas na vida adulta.
Além disso, problemas endócrinos, doenças cardíacas e até diminuição da fertilidade podem ser consequências desses materiais do cérebro.
Para os especialistas envolvidos no estudo, a pesquisa sugere a necessidade de se repensar o uso elevado de plástico no dia a dia.
Uma das suspeitas do núcleo político de Lula é a de que as queimadas resultam de um movimento orquestrado para atingir o governo federal.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, nesta segunda-feira (16), com ministros para discutir ações para por fim aos incêndios espalhados pelo país.
O encontro contou ainda com representantes do do ICMBio, do Ibama e de cientistas. A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, apresentou um mapa com as áreas devastadas, além de ações e estratégias que precisam ser implementadas.
Uma das suspeitas levantadas em conversas privadas do núcleo político de Lula é a de que as queimadas resultam de um movimento orquestrado para atingir o governo federal.
“A gente apaga 10 focos, eles fazem mais 10”, disse um dos ministros à imprensa.
Nas redes sociais, Lula afirmou que a Polícia Federal está trabalhando para responsabilizar os criminosos que iniciaram os incêndios ou financiaram tais crimes ambientais.
“O governo federal está atuando junto com o Corpo de Bombeiros do DF para ajudar no combate às chamas. A Polícia Federal tem hoje 52 inquéritos abertos contra os responsáveis por esses crimes contra o nosso país”, escreveu Lula.
Ações intencionais De acordo com fontes do Palácio do Planalto, a suspeita é a de que pequenos grupos de pessoas cumprem ordens de um grupo de mandantes, que determinam os locais e financiam os crimes à distância.
Apenas em agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 10.328 focos de incêndios florestais, que ganharam mais força devido ao clima seco.
O total de ocorrências foi o maior da série histórica do INPE, que monitora os focos de incêndio desde 1998.
Apoio internacional Entre as ações previstas pelo Planalto está o pedido de ajuda para combater as queimadas direcionado para Paraguai, Colômbia, México, Peru, Uruguai, Chile, Canadá e Estados Unidos.
Até o momento, apenas o Uruguai respondeu ao pedido. O país vizinho vai enviar uma aeronave da Força Aérea Uruguaia e 40 mil litros de líquido extintor de incêndio.
O pedido foi feito no início do mês, por Marina Silva, que além de verificar a possibilidade do envio de aeronaves e brigadistas, também sondou as contrapartidas do Brasil para a consolidação do apoio.
Para por fim às queimadas, o Brasil também enviou ajuda para a Bolívia, a fim de combater os focos de incêndio nas fronteiras.
Penalidade Lula abordou ainda o presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luís Roberto Barroso, também nesta segunda-feira. A intenção do presidente foi fazer um apelo para que os crimes ambientais sejam tratados “com a gravidade que eles possuem” pela polícia e pelo Poder Judiciário.
Isso porque, para o presidente, impera a impunidade em relação a tais crimes. “O próprio presidente da República me telefonou, preocupado com a circunstância de impunidade em a essas queimadas dolosas, de modo que daqui faço já um apelo ao Poder Judiciário, aos juízes, que tratem esse crime com a seriedade que ele merece ser tratado”, afirmou Barroso, durante o discurso de abertura da reunião do observatório do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas (OMA) do Poder Judiciário.
De caso pensado ou não, a cadeirada de Datena em Marçal tirou completamente o prumo do coach.
Mentiroso inveterado, esculpiu as mentiras de sua valentia que, mesmo ridícula, enternecia uma legião de trouxas convencidos de que as suas histórias de pescador mentiroso, era a mais pura verdade.
Por isso, os vídeos do coach dando aula de como enfrentar um tubarão à mão e um tigre à unha, virou apito na boca de toda a oposição que o sujeito enfrenta hoje para comparar sua covardia diante de Datena e ser julgado por seu público.
É nítido e notório que Marçal saiu sambado depois da cadeirada. O caso é sério, Datena defumou o sujeito para ser engolido pelos opositores.
Na verdade, Marçal se transformou no maior meme da internet em 24 horas. O camarada, a partir de então, não anima nenhuma ideia, sem qualquer sopro de “genialidade”, sem sequer um vago fulgor de concepção empresarial, como sempre se esbaldou.
A ideia central de Pablo era valentia, os arroubos diante de um inimigo que ele tornava subornável.
Pablo sonhava ser o comandante de um grande império conservador no Brasil, com suas grosserias e pronunciamentos imbecis.
Agora, o sujeito fica corado à toa, mais que isso, como mostrou hoje, em caminhada pela cidade, não aguentou o repuxo de uma simples gozação sem espinotear e partir para a agressão, revelando o quanto é ingênuo politicamente, pela flagrante perturbação psicológica em que ficou depois que cavou a cadeirada que levou de Datena.
O fato é que o herói virou uma lombriga, justamente no momento em que estava farejando mel, flagrando que, hoje, pode se transformar naquilo que lhe resta, num Pablo Russomano. Suas feições de plantão denunciam isso.
Vereador Rubinho Nunes não gostou da provocação a Marçal e investiu contra um motoboy que segurava um banco.
O candidato Pablo Marçal (PRTB) fez nesta segunda-feira (16) uma caminhada pela região da Santa Ifigênia, centro de São Paulo, onde cumprimentou comerciantes. O evento reuniu dezenas de apoiadores, que gritaram palavras de apoio ao candidato e hostilidades contra a imprensa.
Mas também houve protesto contra Marçal, em que algumas pessoas levantaram bancos e cadeiras enquanto ele passava, numa alusão ao ataque desferido pelo candidato José Luiz Datena (PSDB), no debate da TV Cultura, realizado na noite anterior.
Uma das pessoas que segurava um banco, o motoboy Rodrigo Rodrigues, foi alvo do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que tentou tirar o objeto da mão do manifestante.
Conhecido por espalhar fake news contra o trabalho social do padre Julio Lancelloti, o vereador disse que o homem tentou agredir Marçal e que, por isso, teve que agir fisicamente para segurá-lo e derrubá-lo.
O motoboy negou essa versão e disse que pegou uma banqueta emprestada do estabelecimento para exibir aos apoiadores, momento em que Rubinho Nunes “foi para cima dele”. Em entrevista ao jornal O Globo, o manifestante disse que só estava brincando e que foi agredido com “mata leão, bicuda.
Marçal x Datena Marçal recebeu alta do Hospital Sírio-Libanês pela manhã e disse que irá pedir o indeferimento da candidatura de Datena. Ele foi ao IML (Instituto Médico Legal) para ser submetido ao exame de corpo de delito.
A comprovação das lesões será anexada ao inquérito aberto pela Polícia Civil para investigar o caso. Segundo Tássio Renam, advogado de Marçal, foi registrada queixa pelos crimes de lesão corporal e injúria em boletim de ocorrência no 78º DP (Jardins).
Ao deixar o IML, o candidato prestou depoimento em uma delegacia no Itaim Bibi, na zona oeste, para formalizar a representação contra Datena. Antes disso, na saída do hospital, o candidato do PRTB ironizou o adversário do PSDB. “Foi só um esbarrão, né, Datena”, disse. “Estou com o sexto arco costal com uma leve fissura.”
Em nota, o hospital afirmou que Marçal teve traumatismo na região do tórax à direita e no punho direito, “sem maiores complicações associadas”.
Durante a caminhada, o coach repetiu provocações contra José Luiz Datena (PSDB), a quem chamou de “velho tarado”.
Com o braço direito em uma tipoia e uma tala no dedo, o candidato do PRTB também atacou a imprensa e os demais candidatos que, segundo ele, não o apoiaram.
“Aos brasileiros que comemoraram [a agressão] e disseram que eu mereci, realmente, têm merecido os governantes que a gente tem”, disse. “Quero dar os parabéns para a maior parte da imprensa que está passando pano. O descontrole emocional foi dele, ele já começou o debate dizendo que tinha vontade de me bater”, continuou.
Marçal x Datena Marçal recebeu alta do Hospital Sírio-Libanês pela manhã e disse que irá pedir o indeferimento da candidatura de Datena. Ele foi ao IML (Instituto Médico Legal) para ser submetido ao exame de corpo de delito.
A comprovação das lesões será anexada ao inquérito aberto pela Polícia Civil para investigar o caso. Segundo Tássio Renam, advogado de Marçal, foi registrada queixa pelos crimes de lesão corporal e injúria em boletim de ocorrência no 78º DP (Jardins).
Ao deixar o IML, o candidato prestou depoimento em uma delegacia no Itaim Bibi, na zona oeste, para formalizar a representação contra Datena. Antes disso, na saída do hospital, o candidato do PRTB ironizou o adversário do PSDB. “Foi só um esbarrão, né, Datena”, disse. “Estou com o sexto arco costal com uma leve fissura.”
Em nota, o hospital afirmou que Marçal teve traumatismo na região do tórax à direita e no punho direito, “sem maiores complicações associadas”.
Durante a caminhada, o coach repetiu provocações contra José Luiz Datena (PSDB), a quem chamou de “velho tarado”.
Com o braço direito em uma tipoia e uma tala no dedo, o candidato do PRTB também atacou a imprensa e os demais candidatos que, segundo ele, não o apoiaram.
“Aos brasileiros que comemoraram [a agressão] e disseram que eu mereci, realmente, têm merecido os governantes que a gente tem”, disse. “Quero dar os parabéns para a maior parte da imprensa que está passando pano. O descontrole emocional foi dele, ele já começou o debate dizendo que tinha vontade de me bater”, continuou.
Empresa da crise de opioides contrata médicos para ensinar prescrição no Brasil; um deles fez projeto de lei que difunde uso das substâncias.
Em fevereiro de 2023, numa sala de convenções do resort de luxo Villa Rossa, funcionários da gigante farmacêutica Mundipharma ergueram suas taças de espumante e brindaram aos bons resultados de vendas no ano anterior e aos 10 anos de atividade do laboratório no Brasil. A celebração, que atravessou quatro dias no resort a 76 quilômetros de São Paulo, teve como ponto alto uma festa de carnaval com todos de abadá, e entrega de medalhas pelo empenho nas vendas de medicamentos à base de opioides, substâncias que, bem longe dali, foram protagonistas na morte de mais de meio milhão de americanos. Uma pista do passado da empresa estava nas paredes do salão, decoradas com cartazes da Mundipharma exibindo o slogan “Construindo um futuro com precisão” — uma referência à autocrítica que a empresa fez, de não terem sido precisos ao explicitar os riscos do uso da oxicodona, princípio ativo de seu principal produto, e assim terem levado a uma das mais mortais crises de saúde pública dos Estados Unidos.
A investigação jornalística Mundo da Dor, uma colaboração do Metrópoles e mais 10 veículos, entre eles o site americano The Examination e a revista alemã Der Spiegel, revela, porém, que a expiação do slogan talvez esteja mais para uma peça de marketing do que para uma mudança real de conduta da empresa.
Após cinco meses de apuração, a investigação mostrou que, tal qual nos Estados Unidos, a Mundipharma no Brasil repete táticas de venda usadas por lá na década de 1990 e no início dos anos 2000. O laboratório segue afirmando que a oxicodona de liberação prolongada não causa dependência, embora a ciência diga o contrário. A empresa também minimiza o eventual risco de uma crise semelhante à americana acontecer no Brasil, o que é contestado por especialistas. A Mundipharma financia, assim como fez nos Estados Unidos, eventos sobre o uso de opioides — em que médicos promovem essas substâncias a outros médicos —, sob a justificativa de que visam à formação e educação para o uso dos medicamentos. Nessas aulas, a farmacêutica detém o controle absoluto sobre o que os médicos falam das substâncias e paga todas as despesas dos profissionais convidados para participar dos eventos.
A Mundipharma é conhecida mundialmente por distribuir os remédios da Purdue Pharma, empresa americana que assumiu a culpa pela morte de mais de 500 mil pessoas nos Estados Unidos por overdose causada por opioides. Fundada pelos irmãos e médicos Arthur, Mortimer e Raymond Sackler, a Purdue Pharma é responsável por desenvolver o OxyContin, remédio composto pela substância oxicodona, que tem um efeito 150% maior que a morfina e possui alto risco de dependência. O marketing e a propagação do OxyContin para o tratamento de dor no fim da década de 1990 e início dos anos 2000 levaram aproximadamente 90 mil pessoas à morte só naqueles 10 anos, por overdose de opioides, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano.
A Mundipharma desembarcou no Brasil em 2013, um ano antes de a Purdue começar a ser alvo de processos judiciais coletivos nos Estados Unidos pelas consequências do uso do OxyContin. A entrada do OxyContin no mercado de tratamento de dor no país era o principal objetivo da farmacêutica. Em março daquele ano, a empresa deu entrada no processo de regulamentação do medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e só conseguiu a aprovação três anos depois, em julho de 2016.
Remédios à base de oxicodona começaram a ser comercializados no Brasil em 2001 pelo laboratório Zodiac. Entretanto, os primeiros dados que a Anvisa tem sobre a venda de oxicodona são de 2014, quando foram comercializadas 149,8 mil caixas. Em 2016, ano em que o OxyContin, da Mundipharma, entrou para o mercado brasileiro, o número saltou para 169,5 mil caixas vendidas, um aumento de 13,5%. O crescimento aconteceu até 2017. No mesmo período, a Mundipharma começou a vender outro opioide no Brasil: o Restiva, um adesivo que tem como princípio ativo a buprenorfina e é considerado, atualmente, o principal produto da farmacêutica no Brasil.
O medicamento mais recente do laboratório a ser regulamentado pela Anvisa, em 2018, foi o Targin, que representou um retorno da empresa à promoção da oxicodona, princípio ativo em que foi pioneira. Ao contrário do OxyContin, o Targin não tem apenas a oxicodona. O remédio é associado a outra substância, a naloxona, que funciona como um antídoto para algumas reações adversas do opioide. Sua bula explica que a naloxona é usada para reduzir os efeitos colaterais, como a constipação.
Outro efeito colateral do medicamento, também citado na bula, é a dependência. Em 21 de agosto de 2024, a Mundipharma disse, em resposta a essa investigação, porém, que a associação com a naloxona torna o uso do Targin seguro. A afirmação é falsa, segundo o pesquisador sênior da FioCruz Francisco Inácio Bastos. De acordo com o médico, a associação das duas substâncias não torna o medicamento seguro contra a dependência.
Um vídeo da Mundipharma usado para o treinamento de seus funcionários, e obtido pela coluna, mostra que, em 2022, a farmacêutica tinha o objetivo de transformar o ano seguinte no “ano de Targin” no Brasil. A peça apresenta o medicamento como “equivalente ao OxyContin” e fala em construir “o futuro de Targin com precisão”, em outra referência à confessa falta de precisão ao anunciar os efeitos do remédio protagonista da crise nos Estados Unidos. Mas o vídeo é impreciso na apresentação do risco de dependência. O tema foi tratado em breves quatro segundos, num longo texto com letras pequenas, somente no início do vídeo.
A exemplo do OxyContin, o Targin é um comprimido com liberação lenta na corrente sanguínea. O desbloqueio controlado da substância no sangue não causa um pico no sistema nervoso central, que está diretamente ligado a efeitos colaterais, como a dependência. Em entrevista à coluna, Walter Almeida, gerente de Acesso da Mundipharma, afirmou que, no Brasil, nunca chegou a ser vendido o mesmo OxyContin comercializado no início da década de 1990 nos Estados Unidos. “O Oxycontin de liberação rápida, que causou o problema nos Estados Unidos, nunca chegou ao Brasil. O que a gente trouxe para cá já era de liberação controlada”, disse Almeida.
Mas um estudo de 2003 do Departamento de Prestação de Contas do governo dos Estados Unidos (Government Accountability Office) mostra que o OxyContin de liberação controlada, aprovado em 1995, foi apontado como o causador da crise dos opioides naquele país. A informação de que a dispensação lenta no sangue mitigaria a dependência da substância também era usada pela Mundipharma na década de 1990. Nas farmácias brasileiras, desde a chegada do Targin, o OxyContin foi substituído e, há alguns anos, a Mundipharma passou a vender o medicamento apenas para uso hospitalar.
Disse o estudo do Departamento de Prestação de Contas do governo dos Estados Unidos:
“Essa característica [liberação controlada] pode ter tornado o OxyContin um alvo atraente para abuso e desvio, segundo o DEA [Departamento Antidrogas dos EUA]. Funcionários da FDA [Food and Drug Administration, agência sanitária dos EUA] pensaram que o recurso de liberação controlada tornaria a droga menos atraente para os usuários. No entanto, a FDA não percebeu que o medicamento poderia ser dissolvido em água e injetado, o que reverte as características de liberação controlada e cria uma sensação imediata de euforia, aumentando, assim, o potencial de abuso”.
*Reportagem de Bruna Lima e Guilherme Amado/Metrópoles
Lula afirmou que o cenário que encontrou em evento do Judiciário “não tem nada a ver com a realidade brasileira”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta segunda-feira (16/9), o que chamou de “supremacia branca” que observou em evento no Judiciário. “Esses dias eu fui na posse de um ministro num tribunal e era uma supremacia branca que não tem nada a ver com a realidade brasileira”, afirmou o petista em evento no Itamaraty nesta segunda-feira (16/9).
“Eu dizia que eu não via nenhum aluno do Prouni [Portal Único de Acesso ao Ensino Superior] naquela posse. Eu não vi nenhum aluno do Fies [Fundo de Financiamento Estudantil], parecia que era um outro mundo”, citou. O presidente, porém, não especificou a que evento a que se referia.
Lula trouxe a crítica à falta de representatividade no momento em que elogiava a diversidade da cerimônia de formatura da Turma Esperança Garcia do Instituto Rio Branco, no Palácio Itamaraty.
O chanceler Mauro Vieira afirmou que a turma que se formou é uma das turmas mais diversas que já integrou o ministério, “com 21 homens e 15 mulheres, a maior proporção da participação feminina na história da instituição”. “Dos 36 diplomatas, dez são negros, o maior número em termos absolutos até então”, destacou.
“Vocês não sabem a alegria que eu tenho de saber que essa turma é a turma que tem mais mulher e a turma que tem mais gente negra”, afirmou o chefe do Palácio do Planalto
Embora não tenha feito menção a algum evento específico, Lula participou recentemente da cerimônia de posse do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell Marques como corregedor nacional de Justiça. A cerimônia ocorreu no início do mês no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em Brasília, segundo o Metrópoles.
Livro “Pablo Marçal: a trajetória de um criminoso”, que será lançado, revela atuação de ex-coach no grupo criminoso desmantelado pela PF em 2005. De toda quadrilha, Marçal teria sido o único a não cumprir pena na cadeia,
A fortuna de mais de R$ 200 milhões de Pablo Marçal (PRTB), que se aventurou na política e que atualmente tumultua a disputa à prefeitura de São Paulo, pode ter origem nos cerca de R$ 80 milhões roubados pela organização criminosa implodida em 2005 pela Polícia Federal (PF) e que tinha o ex-coach como um dos principais integrantes.
Nascido em uma família de classe média baixa de Goiânia, Marçal declarou um patrimônio de R$ 193.503.058,17 ao registrar sua candidatura neste ano. No entanto, dias depois, com a divulgação da omissão de bens e patrimônio, ele se retificou e afirmou que seu patrimônio ultrapassa os R$ 200 milhões.
O valor é mais que o dobro dos R$ 96.942.541,15 declarados por Marçal dois anos atrás, quando chegou a se lançar à Presidência, mas acabou disputando um cadeira na Câmara. A candidatura, no entanto, foi indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No entanto, no livro Pablo Marçal: a trajetória de um criminoso, que será lançado nesta segunda-feira (16) pelo jornalista Cristiano Silva, do site Goiás 24 horas, uma fonte próxima de Marçal revela que a meritocracia e as ferramentas de coach não são, necessariamente, o motivo de ter transformado o menino goiano em um empresário milionário.
Operação Pegasus A fonte próxima a Marçal, ouvida pelo jornalista, foi quem primeiro revelou ao próprio Cristiano Silva que Marçal foi um dos investigados na megaoperação Pegasus, desencadeada pela PF em agosto de 2005 para desmantelar a maior quadrilha de hackers do Brasil, especializada em invasão de contas bancárias pela internet.
Na operação, desencadeada em 27 de agosto de 2005, os agentes da PF cumpriram 126 mandados de prisão expedidos pela Justiça de Goiás.
A quadrilha agia desde 2001 e havia desviado, até então, pelo menos R$ 80 milhões dando golpes em correntistas de todos os bancos do país, segundo a investigação.
No livro, a fonte levanta uma questão inédita, que foi confirmada por Cristiano Silva nos autos do processo: onde estão os R$ 80 milhões desviados pela quadrilha que estariam em um cofre?
“Apenas três pessoas sabiam do local exato e da senha. O dono do negócio, pastor Danilo, Pablo e uma terceira pessoa. Quando a casa caiu para todo mundo, um desses três voltou para casa e continuou a vida sem cumprir a pena. Ele limpou o cofre e ficou milionário da noite para o dia”, conta a fonte no livro.
Marçal foi o único membro da quadrilha que não chegou a ser preso – e se gaba até hoje por isso.
“Todo rico tem um passado para contar sobre sua fortuna, até quem recebe herança tem o que contar. Já observou que Pablo Marçal é um milionário sem passado? De repente, rico, conselheiro do mundo, pai da sabedoria… Quem deu a ele o pote de ouro ou a mala cheia de grana? Deus ou o capeta? Estranho, não? Como explicar a fortuna dele e a desgraça dos outros?”, indaga JP, como é identificada a fonte pelo jornalista no livro.
Ao mudar seu domicílio eleitoral para São Paulo, em 2022, Marçal já era conhecido no mundo do coach. Mas, muito mais pelas gafes, do que pelo seu poder de persuasão e financeiro.
Em janeiro daquele ano, o coach ocupou os noticiários ao colocar em risco de vida 32 pessoas que levou para uma expedição sem guia no Pico dos Marins, na cidade de Piquete.
Meses depois, ele registrou na Justiça Eleitoral o patrimônio de R$ 96.942.541,15 – R$ 16 milhões a mais do que teria sido roubado pela quadrilha nos golpes em clientes de bancos.
Dois anos depois e já famoso pelas provocações e polêmicas nas redes, Marçal declara mais que o dobro do patrimônio e se lança candidato por um partido, o PRTB, cujo presidente, Leonardo Avalanche, e assessores estão envolvidos com figuras do PCC e com o tráfico de drogas.
O livro de Cristiano Silva lança luz sobre a “meritocracia” do ex-coach e dúvidas sobre a origem de sua fortuna milionária. A obra sinaliza que muito além da política, Marçal segue sendo um caso de polícia.
Datena afirma que não se arrepende, que repetiria cadeirada em Marçal nas mesmas circunstâncias e que espera ter “lavado a alma de milhões”.
São Paulo — O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena, afirmou em nota divulgada na manhã desta segunda-feira (16/9) que espera ter “lavado a alma de milhões” ao dar uma cadeirada em Pablo Marçal (PRTB) durante o debate da TV Cultura na noite desse domingo (15/9). O tucano disse que não defende o uso da violência para resolver um conflito, mas que também não se arrepende do que fez e que repetiria o gesto.
Datena disse esperar que, com sua atitude, ter mostrado “o risco que a candidatura de Pablo Marçal representa para a integridade das pessoas, para a nossa democracia e para a sobrevivência de milhões de cidadãos que dependem da atuação da prefeitura de São Paulo para ter uma vida menos indigna”.
“Espero, também, ter lavado a alma de milhões de pessoas que não aguentavam mais ver a cidade tratada com tanto desprezo e desamor por alguém que se propõe a governá-la, mas que quer mesmo é saqueá-la, de braços dados com o crime organizado”, afirmou o apresentador da Band.
O candidato disse também que não defende o uso da violência para resolver conflito e que “essa é a regra e sempre a respeitei nos meus 67 anos de vida”. “Até o dia de ontem”, disse. O tucano afirmou que “os limites de civilidade foram rompidos e corrompidos por um oponente”, o que tornou difícil seguir essa regra.
Datena também disse que Marçal demonstrou falta de caráter e que será “detido no voto”. “Mas, a despeito disso, precisava também ser contido com atos. Foi o que eu fiz”, disse.
“Eu sou um cara de verdade e, com um gesto extremo, porém humano, expressei minha real indignação por ter, de forma reiterada, sido agredido verbal e moralmente por um adversário que, como todos têm podido constatar, afronta a todos com desrespeito e ultraje, ao arrepio da ética e da civilidade”, afirmou Datena.
Candidato do Psol afirmou que o nível da campanha em São Paulo vem sendo rebaixado.
Em entrevista concedida logo após um debate na TV Cultura, o candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, lamentou os episódios de agressão e rebaixamento do nível dos debates eleitorais. A declaração veio em resposta a uma pergunta sobre o comportamento de José Luiz Datena, que agrediu Pablo Marçal durante o programa após uma série de provocações. Boulos não poupou críticas à situação, apontando a falta de equilíbrio emocional e propostas entre alguns concorrentes.
O episódio de desentendimento entre Datena e Pablo Marçal foi um dos pontos mais comentados do debate. Segundo Boulos, Marçal teria passado grande parte do programa atacando Datena, o que teria provocado o descontrole do apresentador. “É preciso dizer que o Datena foi provocado o debate inteiro pelo Pablo Marçal, que veio para tumultuar”, afirmou Boulos, destacando que, embora as provocações não justifiquem a violência, elas contribuíram para o clima de tensão. “Acabou perdendo o controle”, disse Boulos sobre o comportamento de Datena.
O candidato do PSOL, no entanto, ressaltou que seu objetivo nos debates é apresentar propostas e discutir soluções para a cidade, algo que ele acredita estar sendo prejudicado pelo baixo nível de discussões e ataques pessoais. “Infelizmente, o nível dessa eleição está sendo muito rebaixado, não só por esse episódio da agressão, mas pelo nível do próprio prefeito Ricardo Nunes”, criticou Boulos, fazendo referência ao atual mandatário de São Paulo.
Debates sem profundidade nas propostas
A preocupação de Boulos com o conteúdo dos debates vai além dos momentos de tensão e agressividade. Para ele, o eleitor paulistano tem sido privado de uma discussão qualificada sobre o futuro da cidade. “Quem quer ser prefeito de São Paulo precisa ter equilíbrio emocional, precisa ter condição moral e precisa ter proposta”, afirmou o candidato. Boulos destacou ainda que tem se preparado para os debates e conta com uma equipe dedicada a apresentar soluções para os problemas da cidade, mas que essas ideias têm tido pouca visibilidade devido à postura de outros candidatos.
Durante a entrevista, Boulos voltou a frisar sua missão na campanha: “Eu vim para os debates para discutir propostas, me preparei, juntei um time e tenho um objetivo nessa eleição: fazer de São Paulo uma cidade mais humana, mais igual e mais inovadora”. Para ele, é essencial que o eleitor tenha a oportunidade de conhecer e comparar as propostas de cada candidato de forma clara e objetiva. Confira: