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Lula vai passar por outra cirurgia no cérebro para impedir novos sangramentos

Procedimento está marcado para esta quinta (12)

Lula vai passar por outra cirurgia nesta quinta-feira (12).

O procedimento visa a interrupção do fluxo de sangue em uma região do cérebro para impedir novos sangramentos como o que ele sofreu nesta semana.

O presidente se submeterá a uma embolização das artérias meníngeas. Elas irrigam as meninges, que são membranas que revestem o sistema nervoso central.

As informações foram divulgadas pela Monica Bergamo, da Folha de São Paulo.

A técnica é usada no tratamento de hematomas subdurais crônicos, que se formam com o acúmulo de sangue entre o cérebro e o osso do crânio.Ela interrompe o fluxo de sangue do local desejado. É considerada minimamente invasiva e recomendada para pacientes neurologicamente estáveis.

Por meio de um cateter, o cirurgião injeta material que obstrui a artéria e bloqueia o fluxo sanguíneo.

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Política

Eles ainda estão aqui

No dia internacional dos direitos humanos, é imprescindível refletir sobre o papel dos militares na democracia brasileira.

“Incompleta” ou “inacabada” são adjetivos comumente utilizados para descrever a transição democrática brasileira. Muitos aspectos poderiam ser levantados para tal caracterização, mas, sem dúvida, um dos mais centrais refere-se ao papel que as Forças Armadas devem cumprir para que seja definitivamente concretizada a nossa passagem ao prometido Estado Democrático de Direito.

A celebrada redemocratização veio sem o efetivo controle civil das forças militares. Este sonho, dolorosamente adiado pelo processo de anistia “à brasileira”, chancelado pelo Supremo Tribunal Federal, implicou na ausência de responsabilização de militares pelos bárbaros crimes realizados durante a ditadura, como o cometido contra Rubens Paiva e sua família, cujo delicado relato cinematográfico tem levado milhões às lágrimas. E trouxe, ainda, outros legados perversos: uma Polícia Militar que sorve da mesma gramática de sangue, promovendo chacinas, execuções à queima-roupa — e que chega a lançar pessoas de pontes em plena luz do dia.

O controle externo, civil, social de todas as forças militares brasileiras está há décadas no topo da agenda democrática brasileira, e bate novamente à porta do Supremo Tribunal Federal. Lá vemos hoje algumas possíveis oportunidades para que a Democracia brasileira possa coser suas rupturas. O indiciamento de militares de alta patente, envolvidos no plano bolsonarista de golpe de Estado, é um feito inédito. A Justiça Militar, outro perverso espólio dos anos de chumbo, tem sua competência questionada em diferentes ações de controle de constitucionalidade — e já foi objeto de condenação do Brasil perante a Corte Interamericana. Na ADPF das Favelas, a cobrança sobre a atuação do Ministério Público, para que efetivamente exerça seu papel constitucional de controle das polícias, é um ponto crucial para qualquer avanço democrático.

Mas não só de juízes togados se faz uma democracia. É preciso que medidas de controle das forças militares sejam também objeto de engajamento efetivo por parte do Executivo, de pressão dentro das casas legislativas, que seja tratado com a devida responsabilidade pela mídia, e ganhe os espaços cívicos. No dia dedicado internacionalmente aos direitos humanos, reforcemos, todos, o compromisso de que o debate sobre os militares no Brasil seja sobre as lágrimas que correm nas salas de cinema, mas também sobre as que correm nas favelas e periferias de nossas cidades.

Acendam as luzes, subam os créditos. Já é passada a hora da escrita de um novo capítulo.

*Tarcísio Motta/ICL

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Política

Os voos secretos de Derrite

Em meio à brutalidade policial, o secretário de Segurança de São Paulo agita sua vida social a bordo de aeronaves privadas

Na manhã do dia 5 de dezembro, quinta-feira, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, chegou ao setor de jatos executivos do Aeroporto de Brasília. Eram 9h20. Ele vestia calça social, camisa azul-claro e sapatênis e estava acompanhado do seu ajudante de ordens, o major Henrique Urbano Hanser Salles, do deputado Maurício Neves (PP-SP), do empresário José Romano Neto, o Zeca, e até de um membro do governo Lula, o atual titular da Secretaria Nacional de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano, Carlos Roberto Queiroz Tomé Junior. O clima era de descontração. Neves usava camiseta, bermuda e sandália. Como se pode ver nas fotos feitas pela piauí, a comitiva sorria ao subir a escada do avião.

A aeronave pousou no São Paulo Catarina Aeroporto Executivo Internacional, localizado na cidade de São Roque, a 53 km da capital paulista. O Catarina é o lugar onde famílias abastadas mantêm suas frotas de avião. Quando esteve em Brasília, Derrite participaria de um encontro de dois dias entre secretários de Segurança Pública de todo o país. Mas só compareceu no fim do primeiro dia e não apareceu mais. Neste período, teve uma reunião com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que também estava em Brasília, para onde voou de transporte oficial.

A aeronave que Derrite usou é um jato Bombardier Global 5000, prefixo PS-STP. Tem dezesseis lugares e custa cerca de 50 milhões de dólares. Pertence a duas empresas de amigos de Derrite. A G5K Participações, cujo dono é Sérgio Comolatti, e a Farm Empreendimentos Imobiliários, de propriedade de Zeca Romano. São homens de negócios. Comolatti tem um conglomerado de empresas do setor de peças automotivas e concessionárias, além de ser dono do restaurante Terraço Itália, no Centro de São Paulo.

Zeca Romano, por sua vez, é filho de Maria Beatriz Setti Braga, presidente do Auto Viação ABC, uma das principais empresas de transporte de ônibus em São Bernardo do Campo. Zeca costuma ser chamado de “príncipe dos transportes”. Membro de uma das famílias mais ricas da região do ABC paulista, Zeca também é sócio de uma administradora de cartões usados para pagar transporte público e de uma construtora. (Os dados da Agência Nacional de Aviação Civil não informam desde quando Comolatti e Zeca dividem o Bombardier.)

Zeca Romano tem boas relações em Brasília. Em junho do ano passado, quando inaugurou uma nova fábrica de ônibus elétricos no ABC paulista, recebeu, ao lado de sua mãe, uma comitiva de prestígio, integrada pelo presidente Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, além dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Luiz Marinho (Trabalho). Em geral, Zeca Romano prefere a discrição, mas uma exceção aconteceu em maio de 2013, quando bateu sua Ferrari de 2 milhões de reais, modelo 458 Spider, na Marginal Pinheiros, em São Paulo. O acidente virou notícia não só pelo carrão, mas também porque o motorista deixou o local às pressas, antes que a polícia chegasse.

Enquanto voava nas asas dos amigos, Derrite enfrentava uma gravíssima crise de segurança pública, depois da revelação de uma sequência de casos de violência policial que chamaram a atenção pela brutalidade. Uma criança de 4 anos foi morta pela polícia durante um alegado confronto, e depois agentes causaram tensão ao comparecer ao velório, um gesto de intimidação segundo um ouvidor da PM presente; um dependente químico levou onze tiros – pelas costas – de um policial à paisana quando tentava furtar sabão líquido; um homem rendido foi jogado de uma ponte por um policial; e uma mulher de 63 anos ficou sangrando em sua casa depois de ser agredida por policiais porque sua família questionou a apreensão da moto que estava na garagem de sua casa. Em novembro, houve ainda um caso de grande repercussão: o atentado a tiros de um empresário em pleno aeroporto de Guarulhos, sob encomenda do PCC.

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A piauí perguntou a Derrite por que ele voou de favor, a bordo de um jato de amigos, ao fim de um compromisso oficial em Brasília. A resposta trata sua presença em Brasília como se fosse um “deslocamento particular” e uma “viagem de caráter privado”. Diz o seguinte: “Os deslocamentos do secretário em compromissos oficiais são devidamente informados no Diário Oficial do Estado.

O uso de aeronave particular não configura qualquer irregularidade. Em relação aos deslocamentos particulares, as viagens do secretário são de caráter privado, custeadas sem uso de verba pública. Em todos os casos, não há quaisquer conflitos com o interesse público.”

 

Orecente voo de Derrite nas asas de amigos poderia ter sido uma exceção, mas está virando um hábito. No feriadão de Sete de Setembro do ano passado, Derrite e seu amigo Zeca Romano foram a um evento social em Trancoso, no litoral da Bahia, onde também estava Guilherme Mussi, o ex-deputado federal pelo PP que hoje se dedica aos negócios da família. A piauí não obteve informações seguras sobre como Derrite viajou até lá, mas é certo que voltou para São Paulo a bordo do Cessna Citation modelo CJ3+ (525B), prefixo PR-RCF, de propriedade de Mussi. O jato, com capacidade até nove passageiros, pousou no Campo de Marte e ficou por 24 horas estacionado de favor no pátio da Polícia Militar, a corporação da qual Derrite é chefe. Assim, não pagou o estacionamento no pátio.

Procurado pela piauí, Guilherme Mussi afirmou que Congonhas estava sem espaço, razão pela qual mudou a rota para o Campo de Marte. “Nunca emprestei avião para Derrite nem para ninguém voar sozinho. Só dou carona ao secretário nas vezes em que também estou no voo. Ele era meu colega de Congresso, veio comigo de Brasília até São Paulo algumas vezes, assim como deputados de diversos partidos.”

O favor prestado por Derrite não parou por aí. No fim de semana em Trancoso, na Bahia, a companheira de Zeca Romano, então grávida, sentiu-se mal e precisou ser socorrida. Na madrugada do dia 7 de setembro, o casal então voou no Bombardier de volta para São Paulo. Pousou no Catarina e embarcou em seguida num helicóptero, rumo ao heliponto do Hospital Albert Einstein, no bairro do Morumbi. O helicóptero era o Águia 33, prefixo PR-UBI, que pertence à Polícia Militar. Não existe equipe de resgate noturno da PM paulista. Ela só trabalha em resgate aeromédico do nascer ao pôr do sol – ou seja, outras pessoas com problemas urgentes de saúde não teriam acesso ao serviço naquele horário. Mas Derrite colocou o helicóptero à disposição dos amigos, com dois pilotos, um médico e um enfermeiro a bordo.

Os caminhos de Derrite e seus amigos têm se cruzado com frequência, por ar e por terra. Entre os dias 10 e 13 de outubro, Derrite tirou uma licença do cargo para “empreender viagem à Itália, a fim de tratar de assuntos de interesse particular”. Era seu aniversário de 40 anos. Ele resolveu comemorar em Taormina, na Sicília. Eis que também havia outras três festas que – por uma tremenda coincidência – aconteciam justamente em Taormina, na Sicília: o casamento de uma irmã de Zeca Romano, o aniversário de Laila, mulher de Zeca Romano, e o aniversário de Guilherme Mussi. Quatro festas em uma.

Segundo um dos convidados, que não botou a mão na carteira, a mãe de Zeca, a empresária Maria Beatriz, pagou a acomodação para todos os convidados do casamento da filha. A hospedagem deu-se num luxuoso hotel de Taormina, o Four Seasons, cenário da segunda temporada da série The White Lotus, da HBO. Entre os convidados hospedados a convite da família Romano estava Derrite. Em seu Instagram, ele não postou nada das festas – nem da mesa cheia de amigos que cantou parabéns para Mussi com vista para o Etna –, mas publicou uma imagem diante da igreja Duomo di Taormina. Perfis de outros convidados mostram a turma cantando Parabéns a Você para Derrite e Laila Romano. As redes também registraram nas festividades de Taormina a presença do delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur José Dian, outro amigo e subordinado de Derrite; do deputado Maurício Neves; do ex-governador paulista João Doria, desafeto dos bolsonaristas e tarcisistas; o senador Ciro Nogueira, do Progressistas; o ex-ministro de Jair Bolsonaro Fábio Faria; e do secretário petista Carlos Roberto Queiroz Tomé Junior.

Recentemente, houve outra coincidência notável. Na manhã do dia 22 de novembro, uma sexta-feira, Derrite pousou no Catarina. Vinha de Florianópolis, a bordo de um King Air da PM paulista. Na capital catarinense, ele havia participado de um encontro da área de segurança. Chegou a São Paulo antes das nove da manhã e – eis a coincidência – meia hora depois um avião levantou voo do mesmo aeroporto: era o Bombardier Global 5000, dos seus amigos Comolatti e Zeca Romano.

O jato decolou do Catarina com destino à bela Barra Grande, na divisa do Piauí com o Maranhão, onde o senador Ciro Nogueira comemorava seu aniversário com uma festa de arromba com vista para as dunas e o mar. Derrite comentou com diversos amigos que iria ao Piauí naquele final de semana. A piauí consultou o secretário para saber se, de fato, esteve na festa do senador e como se deslocou até lá. Ele não respondeu. Procurados, Zeca Romano, dono do Bombardier que voou para Barra Grande, Ciro Nogueira, o aniversariante, tampouco quiseram falar. O secretário de Lula, Tomé Júnior, também não.

Aescalada da violência policial não freia a agenda social de Derrite. No dia 8 de novembro, poucas horas depois de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, empresário e delator do PCC, ter sido executado com dez disparos de fuzil no Aeroporto de Guarulhos, Derrite partiu para a praia de Maresias, no litoral norte de São Paulo. Foi celebrar o aniversário do deputado Maurício Neves. Também estavam na festa Artur Dian, o delegado-geral da Polícia Civil, e Fabio Bopp, chefe do Grupo Especial de Reação. O cantor Latino, enquanto entoava a música Conquista, de Claudinho & Buchecha, saudou o secretário que estava na pista de dança: “Bora, Derrite!”

No dia 6 de dezembro, sexta-feira, estava marcada uma reunião de Derrite com todos os coronéis da polícia paulista, às 8h30. O tema era a barbárie que a polícia vem promovendo em São Paulo, desde o massacre no Guarujá, ocorrido no ano passado, que oficialmente a polícia diz ter resultado em 84 mortos. Especulava-se que o secretário anunciaria a demissão de Cássio Araújo de Freitas, o comandante-geral da PM, como forma de dar uma resposta à opinião pública diante da escalada da violência policial. A reunião, no entanto, foi cancelada de última hora.

*Piauí

 

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Saúde

Lula tem hemorragia cerebral e passa por cirurgia

Procedimento de craniotomia foi realizado para drenar o hematoma após o presidente relatar dores de cabeça.

“O presidente Luíz Inácio Lula da Silva esteve ontem à noite no Hospital Sírio-Libanês, unidade Brasília, para realizar exame de imagem após sentir dor de cabeça. A ressonância magnética mostrou hemorragia intracraniana, decorrente do acidente domiciliar sofrido em 19 de outubro. Foi transferido para o Hospital Sírio-Libanês, unidade de São Paulo, onde foi submetido à craniotomia para drenagem de hematoma. A cirurgia transcorreu sem intercorrências”, relatou o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta. Confira o boletim do Hospital Sírio Libanês:

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Política

Mercado ataca Lula porque não tem candidato da Faria Lima à altura para disputa eleitoral de 2026

Arthur Lira, quando diz que a direita só tem um defunto político como Bolsonaro pra representar a direita, ele banca o coveiro da Faria Lima.
Detalhe: ele está com a razão. A direita não tem outro troço qualquer para “causar” em 2026.

Bolsonaro é um celular sem bateria. Não pode e não será candidato a nada, Até porque não existe eleição na Papuda.

Sentindo isso, o mito tonto, hoje, um reles condenado ao nada, com sua pena que não será menor que trinta anos de cadeia, vive de frases funestas que não encantam nem adoradores de pneus e convocadores de ETs.

Esse produto acabou, apodreceu, putrefazeu!
Tarcísio não é candidato nem do clã. Marçal, sequer terá aquele sucesso que vinha tendo (segundo o cascata) no mundo dos negócios, que fará na política.

Assim, a Faria Lima, numa bofetada de realidade que tomou da vida, sabe que Lula nunca foi tão destinado a se manter sentado na cadeira da presidência. Então os “gênios”, do mercado resolveram ser eles mesmos a oposição de direita que hoje não tem bala pra enfrentar Lula, que tem imagem internacional cada dia maior e mais forte. Só isso….

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Política

É hora de investigar o cartel que manipula o câmbio, por Luís Nassif

O cartel da Faria Lima é uma organização que pratica crime de cartel e de atentado aos direitos coletivos

Seria conveniente que a opinião pública brasileira – mídia, agência reguladora, Ministério Público e Polícia Federal – começassem a se preparar para o grande desafio contemporâneo da política e da economia brasileira: a investigação sobre o cartel da Faria Lima.

Vamos a algumas definições iniciais para não generalizar.

Não se trata da Faria Lima nem da indústria dos fundos como um todo. Aliás, para os enormes lucros do cartel houve prejuízos de todos os que estavam na ponta contrária, além de fundos multimercados e investimentos em ações.

O cartel é um grupo restrito de grandes operadores, com poder de influenciar o mercado.

Sua forma de atuação é conhecida. Primeiro, investem em algum ativo considerado barato ou caro.

No episódio da semana passada, investiram em contratos de compra de títulos públicos. O valor dos títulos públicos pré-fixados corresponde ao valor de resgate (já conhecido), dividido pela taxa de juros do dia. Quanto maior a taxa, menor o valor do papel, e vice-versa: quanto menor a taxa, maior o valor do papel.

No início do ano, o mercado apostava em estabilização ou queda da taxa Selic. Havia um obstáculo pela frente: o Ministério da Fazenda alcançar ou não as metas propostas no regime de arcabouço fiscal. Pequenas variações para cima ou para baixo não seriam motivo para temores maiores.

De repente, analistas, economistas de banco, operadores, começam a trabalhar o terrismo fiscal, ajudado por uma mídia cúmplice. Passa-se a taxar de “gastança”

Em uma mídia parcial, sem espaço para vozes dissonantes, foi se formando o clima terrorista, adequado para o segundo tempo do jogo.

O tiro de partida foi a declaração do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em abril, sinalizando para uma mudança de rumo na política monetária. A Selic vinha caindo 0,50 em cada reunião do Copom. No máximo, o mercado apostava em uma redução da queda para 0,25. Depois da virada de Campos, as expectativas começam a mudar.

O tiro final seria no dia do anúncio do pacote fiscal de Fernando Haddad. Na véspera deu-se o estouro da boiada, por motivo insignificante: a inclusão do pacote de isenção de Imposto de Renda para quem ganhasse até R$ 5 mil.

Não se entenda como o mercado como um todo. Parte expressiva do mercado pagou uma conta alta com as manipulações da semana passada. Fundos multimercados, investidores que venderam contratos de opções, foram vítimas do mesmo esquema do cartel.

O câmbio explodindo afetou todas as importações em curso, pressionou preços dos comercializáveis aumentando as apostas na elevação da inflação e num salto de até 0,75 pontos na Selic. Como não haverá superávit fiscal capaz de anular os impactos de tal salto da Selic na dívida pública, tem-se então governo, economia, investidores, economia real, consumidores, nas mãos de um cartel, que opera livremente, sem nenhuma expectativa de risco para inibir sua atuação.

O governo não conseguirá livrar-se dessa amarra, nem o Banco Central, mesmo sob a condução mais responsável de Gabriel Galipolo.

É hora de caracterizar o cartel da Faria Lima pela qualificação correta: é uma organização que pratica crime de cartel e de atentado aos direitos coletivos.

Mais que isso, provoca desconfiança em relação ao mercado financeiro, impõe perdas extraordinárias aos agentes do mercado que tiveram prejuízos expressivos.

Na Inglaterra, jogada semelhante com a libor não passou em branco.

 

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A dor que mais toca horror nos militares brasileiros

E o que Bolsonaro pode esperar

Que dor hoje mais assusta os militares brasileiros? A que atinge sua reputação de cultores da democracia que antes sabotaram ou simplesmente destruíram seguidas vezes? Ou a dor da perda de eventuais privilégios que se manifesta na altura dos bolsos?

Ambas as dores são recentes. A primeira lateja desde que a Polícia Federal indiciou 37 pessoas, 25 delas militares, nos crimes de tentativa de abolição violenta da democracia, golpe de Estado e organização criminosa. A segunda dor, por ora, é só uma ameaça.

O governo federal será obrigado a cortar despesas para pôr em ordem as contas públicas. E o orçamento das Forças Armadas não deverá ser poupado de cortes. Será estabelecida uma idade mínima para a passagem à reserva dos militares; hoje não há.

Em 2001, o presidente Fernando Henrique Cardoso extinguiu a pensão vitalícia para as filhas de militares, a promoção automática de quem passava à reserva, o auxílio moradia e o adicional de inatividade. À época, foi um Deus nos acuda na caserna.

Nunca um presidente da República ousara acabar de uma só vez com tantas conquistas da farda. Para a farda, Fernando Henrique foi o pior presidente do Brasil desde o fim da ditadura militar de 64. Bolsonaro certamente foi o melhor porque encheu seus bolsos.

Em 2001, o presidente Fernando Henrique Cardoso extinguiu a pensão vitalícia para as filhas de militares, a promoção automática de quem passava à reserva, o auxílio moradia e o adicional de inatividade. À época, foi um Deus nos acuda na caserna.

Nunca um presidente da República ousara acabar de uma só vez com tantas conquistas da farda. Para a farda, Fernando Henrique foi o pior presidente do Brasil desde o fim da ditadura militar de 64. Bolsonaro certamente foi o melhor porque encheu seus bolsos.

Os militares reconhecem que Lula e Dilma Rousseff jamais os apertaram onde mais pode doer; a birra deles com os dois é de natureza unicamente ideológica. Seriam dois comunistas perigosos, e Lula, aos olhos dos militares, ainda por cima corrupto.

Aos cochichos, admitem que Bolsonaro, com a ambição desmedida de enriquecer, atravessou a linha vermelha, avançou sobre o dinheiro público, fez fortuna e ensinou seus filhos a fazer. Ocorre que apesar disso, Bolsonaro sempre foi da confiança deles.

*Noblat

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O rastro de sangue de Guilherme Derrite

O secretário de Segurança de São Paulo, que lida com uma crise após uma série de casos de brutalidade policial, já foi investigado por ao menos dezesseis homicídios.

o dia 3 de novembro, um policial militar matou a tiros, pelas costas, um homem que tentava furtar pacotes de sabão líquido no bairro Jardim Prudência, em São Paulo. No dia 6, uma criança de 4 anos e um adolescente de 17 morreram baleados durante uma troca de tiros envolvendo policiais no Morro São Bento, em Santos. No dia 20, um estudante de medicina foi morto com um tiro à queima roupa durante uma abordagem policial na Vila Mariana. No dia 2 de dezembro, um policial jogou um homem de uma ponte na Vila Clara.

Esses episódios de violência, revelados em um intervalo de poucos dias, resultaram em uma nova crise de segurança pública. Chocam pela brutalidade, mas não surpreendem. Desde que assumiu a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, em janeiro de 2023, o ex-policial militar Guilherme Derrite deu sinais de que pretendia afrouxar os controles internos da PM. Já deu entrevista criticando colegas de farda que mataram menos de três pessoas em cinco anos de serviço. “É vergonhoso”, disse. Para ele, é pouco.

Antes de completar um mês no cargo, Derrite defendeu a ação de uma patrulha da Rota, a tropa de elite da PM, que disparou 28 vezes contra um Honda Fit, sob a justificativa de que seus três ocupantes iriam praticar um assalto na região central de São Paulo. Comprovou-se mais tarde, por meio de uma gravação em vídeo, que na operação um policial plantou uma arma ao lado de um cadáver para simular que houve confronto. No segundo mês à frente da Secretaria, Derrite cancelou a punição contra quinze agentes da Rota que tinham alto índice de letalidade. Em fevereiro deste ano, perdoou cerca de cinquenta PMs que estavam afastados do serviço de rua também por terem matado demais. Os anistiados trabalham em diferentes cidades. Derrite colocou todos de volta às ruas.

A piauí publicou, em maio, uma reportagem sobre a trajetória do secretário – o primeiro policial militar tão jovem e com patente tão baixa a assumir o cargo. A reportagem levantou arquivos com investigações sobre diligências e supostos confrontos com a participação de Derrite que resultaram em mortes, entrevistou parentes de vítimas e outras pessoas ligadas aos casos. O texto traz o depoimento de um matador que diz ter atuado em um grupo de extermínio em Osasco sob o comando de Derrite. Revela também que o secretário, em seu tempo na polícia, foi investigado por dezesseis homicídios. Isso não significa que ele tenha matado dezesseis pessoas, mas que participou de ações que resultaram nesse saldo de mortes. Derrite foi investigado em sete inquéritos, mas nunca foi denunciado.

Um dos inquéritos diz respeito a uma operação realizada, em 2012. Na época, policiais da Rota receberam a informação de que integrantes do PCC se reuniriam no estacionamento de uma casa noturna em São Paulo. Derrite pediu para comandar a operação. Foi uma catástrofe. Seis pessoas morreram e três policiais foram presos, sob a suspeita de torturar e matar um homem que, escondido sob um caminhão, viu e ouviu tudo o que aconteceu. O episódio entrou para a crônica policial como exemplo de um completo fracasso, do ponto de vista militar e dos direitos humanos, e ajudou a encerrar a carreira de Derrite. Ele foi afastado do patrulhamento e, menos de dois meses depois, foi convidado a deixar a Rota. Seus superiores entenderam que sua letalidade era alta demais.

O secretário permaneceu quase doze anos na PM, entrou para a reserva como capitão, elegeu-se e reelegeu-se deputado federal e foi vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara. Hoje é uma das figuras mais proeminentes do entorno de Tarcísio de Freitas. Nesta quarta-feira (4), pressionado pelos acontecimentos recentes, o governador disse que não pretende exonerá-lo. Afirmou, em vez disso, que Derrite “está fazendo um bom trabalho”.

*Piauí

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Vivaldo Barbosa: Salário mínimo de R$ 6.524,93 determinam a lei que o criou e a Constituição

Em 1938, o presidente Getúlio Vargas baixou decreto-lei 399 definindo o que devia compor o salário mínimo para sustentar uma família. Avaliaram-se os itens necessários para a vida da família, as quantidades de carne, feijão, arroz, pão, legumes, verduras e tudo mais, vestuário, moradia, transporte, etc., tudo medido.

Na sequência, em 1940, foi baixado o valor do salário necessário a tudo isto.

A Constituição de 1988 deu força constitucional a estas exigências e determinou que os reajustes anuais não permitissem perda do seu poder aquisitivo.

Mas a Constituição cometeu um deslize: incluiu educação e saúde nos itens a serem custeados pelo salário mínimo, coisa que os republicanos da Revolução de 1930, impregnados de positivismo, não admitiram: educação e saúde são bens públicos, a serem custeados pelo Estado, não pelos trabalhadores.

Agora, discute-se o reajuste do salário mínimo como uma mera questão aritmética: dar o valor da inflação, em torno de 3 a 4%, mais o valor do crescimento do PIB, em torno de 2 a 3%.

Neste ritmo, quando os trabalhadores e suas famílias vão conseguir satisfazer suas necessidades? Nunca.

É preciso voltar a debater o salário mínimo nos seus devidos termos e em seu lugar: quais as necessidades das famílias brasileiras. A família tem recebido tratamento como questão superior na política e pelas religiões.

Devemos encarar o salário mínimo como questão de sobrevivência da família para preservar seus valores em condições mínima Diversas entidades têm estabelecido os valores atuais do salário mínimo com base no decreto lei 399, de 1938, e na Constituição de 1988. A mais célebre é o Dieese, que tem prestado relevantes serviços aos trabalhadores, aos sindicatos, ao povo brasileiro, desde a ditadura.

O Dieese fixa que o salário mínimo deveria ser, hoje, de R$ 6.524,93.

Assim foi em 1940 e quando atingiu seu maior poder aquisitivo no Governo Juscelino Kubitschek e João Goulart, em 1959, e quando teve aumento de 100% dado por Getúlio, em 1954, a pedido de Jango.

Esta foi a obra das mais relevantes do TRABALHISMO.

Vamos exigir o cumprimento da lei e da Constituição – salário mínimo como condição mínima da vida do brasileiro.

Além do mais, ganhos mais elevados nas camadas mais pobres amplia o consumo, faz gerar mais produção e riqueza.

O Presidente Lula foi eleito em um ambiente elevado de dignidade na vida nacional para restaurar a compostura no Brasil. Não podemos fazer por menos.

Salário mínimo de R$ 6.524,93. A República o exige.

O TRABALHISMO em Movimento.

O decreto-lei 399, de 30 de abril de 1938, regulamenta o salário mínimo no Brasil. Ele, explica o Dieese, “estabelece que o salário mínimo é a remuneração devida ao trabalhador adulto, sem distinção de sexo, por dia normal de serviço, capaz de satisfazer, em determinada época e região do país, às suas necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte (D.L. nº 399 art. 2°)”

*Vivaldo Barbosa é do Movimento O Trabalhismo. Integra o Comitê BrizoLula, no Rio de Janeiro. Foi deputado federal Constituinte e secretário da Justiça do governo Leonel Brizola, no RJ. É advogado e professor aposentado da UNIRIO.

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Síria: Rebeldes tomam Damasco e anunciam o fim do regime de Assad

Síria vive guerra civil desde a violenta repressão em 2011 pelo regime de Assad das manifestações pró-democracia.

A aliança rebelde síria liderada por grupos islamistas anunciou neste domingo (8) que tomou o controle de Damasco em uma ofensiva relâmpago e a queda do regime de Bashar al-Assad, que segundo o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, fugiu do país depois de perder o apoio da Rússia.

Dezenas de pessoas saíram às ruas de Damasco, segundo imagens da AFPTV, para celebrar a queda do regime que era controlado há mais de meio século pela mesma família. Várias pessoas pisotearam uma estátua de Hafez al-Assad, pai de Bashar.

Na praça dos Omeias, o barulho dos tiros em sinal de alegria se misturava com os gritos de “Allahu Akbar” (“Deus é grande”).

“Esperávamos por este dia há muito tempo”, disse Amer Batha por telefone à AFP da praça.

“Não posso acreditar que estou vivendo este momento”, acrescentou, sem conter as lágrimas de alegria.
Na televisão pública, os rebeldes anunciaram a queda do “tirano” Bashar al-Assad e a “libertação” de Damasco.
Também afirmaram que libertaram todos os prisioneiros “detidos injustamente” e pediram a proteção das propriedades do Estado sírio “livre”.

Os rebeldes também anunciaram “a fuga” do presidente em uma mensagem no Telegram. “Assad saiu da Síria pelo Aeroporto Internacional de Damasco antes que os membros das Forças Armadas e de segurança abandonassem o local”, disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio para Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede no Reino Unido que tem uma ampla rede de fontes dentro da Síria.

A AFP não conseguiu confirmar com fontes oficiais o paradeiro do presidente, que governou a Síria com mão de ferro durante 24 anos.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que Assad “fugiu de seu país” depois de perder o apoio da Rússia.

“Assad foi embora. “Seu protetor, Rússia, Rússia, Rússia, liderada por Vladimir Putin, não estava mais interessado em protegê-lo”, escreveu em sua plataforma Truth Social.

A Casa Branca afirmou que o presidente em fim de mandato, Joe Biden, aco

Fim de uma “era obscura”
A Síria é cenário de uma guerra civil desde a violenta repressão em 2011 pelo regime de Assad das manifestações pró-democracia no país, no contexto das denominadas “primaveras árabes”.

Após anos de estagnação, em 27 de novembro uma aliança rebelde liderada por islamistas iniciou uma ofensiva relâmpago no noroeste do país. Os insurgentes conquistaram rapidamente várias cidades, com o objetivo de chegar a Damasco e derrubar o presidente.

Também pediram aos sírios que fugiram para o exterior devido ao conflito que retornem para uma Síria “livre”.
A guerra deixou meio milhão de mortos desde 2011 e dividiu o país em zonas de influência, com forças beligerantes apoiadas por potências estrangeiras.

Em um vídeo publicado em sua conta no Facebook, o primeiro-ministro sírio, Mohamed al-Jalali, afirmou que está disposto a cooperar com qualquer nova “liderança” eleita pelo povo.

“Depois de 50 anos de opressão sob o governo do partido Baath e 13 anos de crimes, tirania e deslocamento (desde o início da revolta em 2011), anunciamos hoje o fim da era obscura e o início de uma nova era para a Síria”, afirmaram os rebeldes.

Ofensiva rebelde
O líder do grupo islamista radical Hayat Tahrir al Sham (HTS), Abu Mohammad al Jolani, que lidera a coalizão rebelde apoiada pela Turquia, pediu a seus combatentes que não se aproximem das instituições públicas e afirmou que devem permanecer sob a autoridade do primeiro-ministro até a “transferência oficial” do poder.

O Hezbollah libanês, um apoio crucial de Assad, retirou suas forças das imediações de Damasco e da região de Homs, no oeste do país, informou à AFP uma fonte próxima do movimento.

A coalizão de grupos rebeldes liderada pelo HTS, um grupo foi vinculado à Al Qaeda, conseguiu um avanço espetacular em apenas 10 dias, tomando as cidades de Aleppo, Hama e Homs até sua entrada em Damasco neste domingo.

A ofensiva começou na província de Idlib, um reduto do HTS no noroeste da Síria, apesar dos ataques aéreos da Rússia, aliada do regime, e das operações terrestres.

As tropas do governo também perderam o controle da cidade de Daraa, berço da revolta de 2011 e localizada ao sul da capital, perto da fronteira com a Jordânia.

A ofensiva relâmpago não parou até chegar a Damasco.

 

 

Axompanhe “com atenção os extraordinários acontecimentos” em curso na Síria.