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Coronel da reserva do Exército que seria o informante da Receita teve 6 encontros com Bolsonaro no Alvorada e no Planalto

Ex-presidente citou na reunião para blindar Flávio existência de canal extraoficial com a Receita.

Um coronel da reserva do Exército que teve ao menos seis reuniões fechadas com Jair Bolsonaro (PL) nos palácios do Planalto e da Alvorada em 2019 é o informante citado pelo ex-presidente na reunião que tratou do caso das “rachadinhas” que atingia Flávio Bolsonaro, dizem pessoas que acompanharam de perto esses episódios.

A informação é de reportagem publicada neste domingo pela Folha de São Paulo.

Na última segunda-feira (15), o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), retirou o sigilo do áudio de agosto de 2020 em que Bolsonaro discutiu o uso da máquina federal para tentar anular a investigação contra seu filho mais velho.

Na reunião, Bolsonaro se prontificou a falar com os chefes da Receita Federal e do Serpro —a empresa estatal que detém os dados do Fisco— no contexto de discutir busca de provas que pudessem ser usadas para provar que Flávio teve seus sigilos acessados de forma ilegal na origem da investigação.

Além do então presidente, participaram dessa reunião o seu chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, o à época diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem (PL) e duas advogadas de Flávio, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach.

Logo no início dessa reunião de 25 de agosto de 2020, o então presidente da República diz que quem passava as informações para ele era “um coronel do Exército” e, em uma aparente ironia, completa dizendo que deveria “ter trocado pelo serviço secreto russo”.

A seguir, Bolsonaro menciona ter esquecido o nome, momento em que Augusto Heleno diz saber quem é a pessoa, mas também demonstra certa hesitação em lembrar. Então, fala “Magela”, o que é repetido por Bolsonaro.

Pessoas que acompanharam o caso de perto dizem que a referência, na verdade, é a “Marsiglia”, sobrenome do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Pereira Leonel Marsiglia.

A agenda pública de Bolsonaro na Presidência mostra que em seis ocasiões, sendo cinco delas a sós, ele recebeu o coronel Marsiglia no primeiro semestre de 2019, mais de um ano antes da reunião de 2020, nos palácios do Planalto e da Alvorada.

O primeiro encontro foi registrado como tendo ocorrido em 28 de março daquele ano. O último, em 23 de maio.

A única reunião de Bolsonaro com Marsiglia em que a agenda registra mais participantes é em 22 de maio, véspera da última reunião, em que estiveram presentes também os então ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Economia, Paulo Guedes.

A Folha procurou a defesa de Bolsonaro e o coronel Carlos Marsiglia, mas não obteve resposta ou não conseguiu contato.

Marsíglia, que havia ido para a reserva no Exército por volta de 2013 e não tinha cargo público na ocasião, é irmão de um auditor da Receita Federal do Rio de Janeiro que, ao lado de outros colegas, estava em litígio com o órgão e cujo caso estava sendo usado pela defesa de Flávio para tentar provar a tese de acesso ilegal pelo Fisco aos dados.

Ao todo, cinco auditores fiscais do Rio de Janeiro estavam sob suspeita de enriquecimento ilícito, mas afirmavam que eram alvos de perseguição interna por meio de investigações motivadas por denúncias forjadas e pautadas por acesso ilegais a seus dados fiscais.

No segundo semestre de 2020, a defesa do filho do presidente usou esses casos para entrar em contato com órgãos federais como a Presidência da República, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e a Abin, além de acionar a PGR (Procuradoria-Geral da República).

A hipótese relatada ao governo e à PGR era a de que dois órgãos da Receita Federal no Rio —o Escritório de Corregedoria da 7ª Região Fiscal (Escor07) e o Escritório de Pesquisa e Investigação da 7ª Região Fiscal (Espei07)— poderiam ter acessado criminosamente os dados fiscais do senador e embasado, por caminhos extraoficiais, a produção do relatório do Coaf (órgão de inteligência financeira ligado ao Ministério da Economia) que originou, em 2018, a investigação contra o filho do presidente.

Em 2018, os auditores formalizaram acusações contra os colegas que os investigavam no Sindifisco, o sindicato nacional dos auditores fiscais, o que gerou um processo de desfiliação dos integrantes da corregedoria.

Flávio e outros deputados da Assembleia eram suspeitos de desvio de dinheiro público por meio da apropriação de parte do salário de assessores, entre outras irregularidades.

A operação patrocinada pelo senador e sua defesa com apoio da então máquina federal resultou em encontros com o então chefe da Receita, José Barroso Tostes Neto, incluindo um na casa do senador, em Brasília.

Como mostrou a Folha com base em documentos até então inéditos, a Receita Federal mobilizou por quatro meses uma equipe de cinco servidores para apurar a acusação feita pela defesa de Flávio.

O Fisco também solicitou uma devassa ao Serpro para tentar identificar acessos ilegais a dados fiscais de Bolsonaro, de seus três filhos políticos, de suas duas ex-mulheres e da à época primeira-dama, Michelle.

A mobilização da defesa de Flávio para tentar obter no governo federal provas de ilegalidades na origem da investigação e, com isso, anular as apurações não surtiu efeito, entretanto.

A investigação do Fisco concluiu pela improcedência das teses apresentadas pelo filho do presidente. O caso das “rachadinhas” acabou sendo revertido, mas por outras razões.

Em 2021, após alguns resultados anteriores favoráveis a Flávio, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou todas as decisões tomadas pela primeira instância da Justiça do Rio. O argumento foi o de que o juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, não tinha poderes para investigar o filho mais velho do presidente.

O uso da máquina pública em prol de Flávio integra investigação da Polícia Federal sobre a existência de uma “Abin paralela” que teria espionado ilegalmente adversários políticos, jornalistas e magistrados na gestão anterior.

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Carlos foi a cofre antes de Bolsonaro e Eduardo comprarem imóveis em casos suspeitos

Ex-presidente comprou imóveis no Vivendas da Barra por valores abaixo da avaliação oficial da prefeitura.

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) acessou um cofre que mantinha com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu irmão mais velho, nos dias em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), pai do “02”, registrou as compras de duas casas no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca.

Os dados foram descobertos pela coluna a partir de um cruzamento de informações entre os documentos dos cartórios onde foram registradas as aquisições com as informações dos registros de acesso ao cofre que foram entregues pelo Banco do Brasil ao MP-RJ (Ministério Público do Rio) e obtidas pela coluna com exclusividade.

Carlos também esteve no cofre no dia em que seu irmão Eduardo Bolsonaro (PL-SP), hoje deputado federal, comprou um apartamento em Copacabana. Neste caso, Eduardo declarou em cartório ter pago R$ 160 mil no imóvel, dos quais R$ 50 mil em dinheiro vivo.

Procurados, Jair, Carlos e Eduardo Bolsonaro não responderam os questionamentos enviados pela reportagem.

Desde o dia 3 de julho, a coluna vem revelando em uma série de reportagens como Carlos e Flávio Bolsonaro acessaram um cofre alugado pelos dois dentro de uma agência do BB, no centro do Rio, antes de comprar imóveis que estão sob investigação devido às suspeitas de lavagem de dinheiro. A coluna já identificou outros dois casos semelhantes envolvendo compras realizadas por Carlos e Flávio Bolsonaro.

Desde a última quinta-feira (11), a coluna procura assessores e advogados da família Bolsonaro para obter um posicionamento sobre as informações contidas nesta reportagem. Nem Jair Bolsonaro, nem Eduardo quiseram se manifestar.

Vivendas da Barra
A primeira casa no Vivendas da Barra foi comprada por Bolsonaro em 21 de janeiro de 2009. Nesta data, foi registrado um acesso de Carlos ao cofre em uma agên

Casa onde mora Carlos Bolsonaro
A segunda casa no Vivendas da Barra foi comprada por Bolsonaro em 13 de dezembro de 2012. O valor declarado foi de R$ 500 mil. No mesmo dia, Carlos Bolsonaro esteve no cofre entre 10h17 e 10h30. Até hoje, o imóvel é a residência do vereador, embora esteja no nome de seu pai.

Assim como ocorreu na compra da primeira casa, o valor registrado em cartório ficou muito abaixo da avaliação da prefeitura do Rio. Neste caso, o valor de referência para o pagamento de ITBI foi estipulado em R$ 2,23 milhões.

cia do Banco do Brasil no Centro do Rio às 11h36 — ele deixou o banco ao meio-dia. Carlos Bolsonaro já tinha ido ao cofre dois dias antes, em 19 de janeiro, quando passou quase duas horas no local.

Bolsonaro não declarou o uso de dinheiro em espécie na compra, mas a negociação do imóvel tem uma série de pontos controversos. Em cartório, Bolsonaro declarou ter pago R$ 409 mil pelo imóvel à empresa Comunicativa-2003 Eventos, Promoções e Participações.

O valor ficou abaixo do valor avaliado para o imóvel para fins de cobrança de impostos. A prefeitura do Rio avaliou a casa em R$ 1,06 milhão para a cobrança de ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis), muito acima da transação registrada oficialmente.

Localizada em um condomínio de alto padrão em frente à praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, um dos endereços mais valorizados do Rio, a negociação entre Bolsonaro e o vendedor fez com que os antigos proprietários ficassem com um prejuízo de mais de R$ 170 mil com a casa. Quatro meses antes da compra feita por Bolsonaro, o mesmo imóvel foi comprado pela Comunicativa por R$ 580 mil em setembro de 2008.

Pelos critérios do Coaf, o que ficou registrado em cartório para o negócio aponta indícios de lavagem de dinheiro. Os detalhes sobre a compra foram revelados pelo jornal Folha de S. Paulo, em 2018. Antes disso, em 2015, a PGR (Procuradoria-Geral da República) chegou a receber uma denúncia sobre a aquisição de Bolsonaro, mas arquivou a apuração preliminar após ouvir a defesa apresentada pelo agora ex-presidente sem maiores investigações como quebras de sigilo, por exemplo.

Até hoje a casa é o endereço de Jair Bolsonaro no Rio de Janeiro. Após vencer a eleição presidencial, em 2018, ele usou o endereço para receber altas autoridades, como o então assessor de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton. O então juiz federal Sérgio Moro, hoje senador, também foi até o local para acertar sua entrada no governo como ministro da Justiça.

Carlos Bolsonaro visitou cofre nos dias em que pai comprou casas no Vivendas da Barra

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Bolsonaro vai continuar sangrando até ser condenado e preso

Desgraça pouca é bobagem.

No embalo do atentado a tiros contra Donald Trump, um dos filhos de Bolsonaro, Eduardo, o mais ideológico, espalhou que seu pai, caso Trump se reeleja, sairá vencedor. Uma vez empossado, Trump pressionaria a justiça brasileira e o Congresso para libertar os golpistas do 8 de janeiro. O passo seguinte seria restabelecer a elegibilidade de Bolsonaro.

Você é capaz de imaginar Trump dedicando-se a salvar Bolsonaro e os bolsonaristas condenados por atentarem contra a democracia – e, no caso de Bolsonaro, roubo de joias e fraude em atestados de vacina contra o Covid-19? Faça-me o favor: Trump teria mais o que fazer. Seu interesse pela América Latina é igual a zero. Ele nunca pôs os pés por aqui.

E a justiça brasileira? Dá para imaginar a toga em modo de alvoroço para anular suas decisões e atender aos reclamos do presidente dos Estados Unidos, interessado em libertar golpistas que bateram continência a pneus e acamparam em portas de quartéis clamando por uma intervenção militar? Ora, tenha dó. Menos, menos.

Dó de mim, não de Bolsonaro. Ele não merece sua piedade. Sabe a última de Bolsonaro e da gangue que o cercava, todas pessoas honradas que só queriam o bem do país? O ministro Alexandre de Moraes – sim, sempre ele – suspendeu o sigilo do áudio de uma reunião onde Bolsonaro discute como salvar seu filho Flávio, o senador, da encrenca da rachadinha.

“É o caso de conversar com o chefe da Receita”, sugeriu Bolsonaro a duas advogadas de Flávio. Participaram da reunião que aconteceu em agosto de 2020 o chefe da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), o delegado Alexandre Ramagem, e o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

À época, o secretário da Receita era José Tostes. Bolsonaro menciona ainda o chefe do Serpro (estatal de processamento de dados do governo) e Gustavo Canuto que estava à frente da Dataprev, outra estatal de processamento de dados. Ramagem gravou a reunião – segundo ele, com autorização de Bolsonaro. Tiro no pé ou não?

A certa altura da gravação, ouve-se o general Heleno a comentar:

“Tentar alertar ele que ele tem que manter esse troço fechadíssimo. Pegar de gente de confiança dele. Se vazar [inaudível].

No período de um mês, o secretário da Receita reuniu-se meia dúzia de vezes com as advogadas no Palácio do Planalto, e pelo menos uma vez com elas e Flávio no apartamento do senador. A gravação foi apreendida pela Polícia Federal no notebook de Ramagem e faz parte do inquérito que apura o uso da ABIN para beneficiar Bolsonaro e seus filhos.

O cerco (perdão!) a Bolsonaro nem tão cedo se fechará.

*Blog do Noblat

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“Bolsonaro sabia de tudo e é réu confesso”, diz Jandira Feghali

“Bolsonaro sabia de tudo! Os áudios divulgados na reunião, no caso das rachadinhas, deixam claro”, diz a deputada.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ressaltou em suas redes sociais que Jair Bolsonaro é “réu confesso” após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidir, nesta segunda-feira (15), levantar o sigilo da gravação feita de forma clandestina pelo ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem com Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno, então chefe do GSI, e a advogada do senador Flávio Bolsonaro.

“Bolsonaro sabia de tudo! Os áudios divulgados na reunião grampeada por Ramagem com a cúpula da defesa de Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas deixam claro: havia uma armação para tentar anular relatórios fiscais que envolvem as movimentações financeiras suspeitas do filho do ex-presidente. Jair dizia no áudio sobre o temor e desconfiança de estar sendo gravado.

“Agora, Ramagem confirma a reunião e movimentos em torno da atuação do GSI em defesa do filho do presidente. E não para por aí: durante reunião “secreta”, Bolsonaro afirmou que o ex-governador do Rio, Wilson Witzel, pediu uma vaga no STF para salvar Flávio da cadeia. A coisa só piora”, acrescentou.

https://twitter.com/i/status/1813009263834419429

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Trump, como Bolsonaro, cavalgará o vitimismo

‘Assim como o evento em Juiz de Fora (MG), os tiros contra Donald Trump levantam dúvidas legítimas’, afirma a colunista Tereza Cruvinel.

Donald Trump sempre explorou o papel de vítima do “sistema”, como aliás todos os seus pares da extrema direita. “Estão atrás de mim para chegarem depois a vocês”, dizia ele recentemente num comício.

Agora, como vítima real do ainda nebuloso atentado na Pensilvânia, Trump fará o resto da campanha explorando a imagem que inundou imediatamente as redes sociais: ele com o rosto ensanguentado, punho erguido, bandeira americana no alto. O herói americano que, após ser ferido, promete aos apoiadores: “eu nunca me renderei”.

Os gestos de Joe Biden serão todos inúteis. A direita trumpista começou imediatamente a apontá-lo como algoz e bradará isso na convenção republicana desta segunda-feira.

A condenação da violência em sua primeira fala, o pedido de união, o telefonema para Trump ou o anúncio da criação de uma força-tarefa independente para investigar o atentado não vão mitigar o discurso acusatório. Foi Biden, já dizem os republicanos, ao demonizar Trump como fascista, que armou com um rifle AR-15 o atirador da Pensilvânia.

Segundo o NY Times, poucas horas depois, J. D. Vance, possível vice de Trump, escreveu no X de Elon Musk: “Hoje não é apenas um incidente isolado. A premissa central da campanha de Biden é que o presidente Donald Trump é um fascista autoritário que deve ser parado a todo custo. Essa retórica levou diretamente à tentativa de assassinato do presidente Trump.”

Outros republicanos já entoam a ladainha. E aqui no Brasil, Bolsonaro não ficou atrás. “Só pessoas de bem e conservadoras sofrem atentados”. Milei lá na Argentina estrebuchou: “O desespero da esquerda internacional não é surpreendente, pois hoje vê a sua ideologia nociva expirar e está disposta a desestabilizar as democracias e a promover a violência para chegar ao poder. Com medo de perder nas urnas, recorrem ao terrorismo para impor a sua agenda retrógrada e autoritária”.

Nada diferente do que fez Bolsonaro em 2018 depois do suposto atentado de Juiz de Fora.

Se a campanha de Trump ganhou impulso, discurso e símbolos, a de Biden é pura incerteza. Segundo a mídia americana, todas as peças de campanha foram retiradas do ar e todos os auxiliares receberam ordem de evitar manifestações em redes sociais. O cenário para Biden ficou ainda mais desfavorável. A pressão por sua desistência, que já era grande, tende a recrudescer, embora continue inexistindo o substituto adequado e consensual. Assim como a facada de Juiz de Fora, os tiros contra Donald Trump levantam dúvidas legítimas. Uma fala de AR-15 não teria pelo menos despedaçado toda a orelha de Trump, mesmo atingindo apenas o lóbulo superior? Não sei, não. Certo é que, se o sistema americano de Justiça funcionasse, Trump estaria preso e não seria candidato, não teria levado tiros e nem jogado a democracia americana em maior incerteza.

*Tereza Cruvinel/247

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Ministério do Meio Ambiente de Bolsonaro apagou 30 anos de documentos

Durante governo Bolsonaro, Ministério do Meio Ambiente retirou do ar documentos de quase três décadas da pasta.

A coluna pediu, por meio da Lei de Acesso à Informação, que o ministério enviasse documentos relacionados ao Plano Brasil 2040, coordenado pela Presidência da República de 2013 a 2015, durante o governo Dilma Rousseff. A solicitação incluía o processo completo de preparação do estudo, notas técnicas, detalhes de reuniões e pareceres sobre o projeto. O Plano Brasil 2040 previu aumento das chuvas no Sul, secas no Nordeste e falta de água no Sudeste, como mostrou a repórter Tatiana Dias.

No mês passado, o Ministério do Meio Ambiente respondeu que esses arquivos “ficaram extraviados” entre 2019 e 2022, durante todo o governo Bolsonaro, quando o site da pasta foi transferido de endereço. A pasta acrescentou que só conseguiu reaver o material “recentemente”.

O apagão de dados públicos foi além do Plano Brasil 2040, segundo funcionários do ministério afirmaram à coluna reservadamente. Esses técnicos relataram que ficaram perdidos também diversos documentos desde a fundação do ministério, em 1992. É o caso de documentos sobre áreas protegidas por leis ambientais, leis do setor e pesquisas que embasam políticas públicas e estudos acadêmicos, por exemplo, segundo Guilherme Amado, Metrópoles..

Servidores afirmaram ainda que os documentos mais importantes vêm sendo recuperados no governo Lula, mas disseram que ainda há materiais que seguem sem ser divulgados por dificuldades técnicas.

Procurado, o deputado Ricardo Salles, que foi ministro do Meio Ambiente durante a maior parte do governo Bolsonaro e colocou seu sucessor no cargo, afirmou desconhecer o assunto.

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Bolsonaro invoca tese de “arrependimento eficaz”, após avanço das investigações da PF no caso das joias

Ex-presidente alega que, antes de decisão do TCU, as regras sobre presentes permitiam diferentes interpretações.

Após a Polícia Federal (PF) apontar um desvio de R$ 6,8 milhões com a venda de joias, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) rebateu a tese de que teria orquestrado uma “operação clandestina” para reaver os itens e apresentou a tese de “arrependimento eficaz”.

Em conversas com pessoas próximas, Bolsonaro argumentou que o relatório que o incrimina seria baseado, quase em sua totalidade, na palavra do delator Mauro Cid, que, segundo ele, não apresentou provas sobre as supostas movimentações financeiras e o “rastro” do dinheiro, informa Igor Gadelha, em sua coluna no UOL;

Bolsonaro também afirmou não ver irregularidade na recompra de presentes negociados nos Estados Unidos, alegando que os itens foram recuperados para cumprir a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) de março de 2023, que ordenava a devolução dos objetos. Ele argumentou que, antes dessa decisão do TCU, as regras sobre presentes recebidos permitiam diferentes interpretações.

De acordo com Bolsonaro, a recompra dos itens configuraria o que, no jargão jurídico, é conhecido como “arrependimento eficaz”. Segundo a doutrina, isso ocorre quando o agente se arrepende e impede que o crime seja concretizado. O artigo 15 do Código Penal estabelece que “o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados” e prevê a exclusão da pena.

Em tom de desabafo, o ex-presidente se disse vítima de uma “implacável” perseguição. No entanto, integrantes da Polícia Federal que atuaram no caso das joias têm outra interpretação sobre a recompra dos itens. Segundo o delegado Fábio Shor, houve uma “operação clandestina” promovida pelo entorno de Bolsonaro para obstruir as investigações e mascarar o suposto esquema criminoso.

A PF aponta que as movimentações financeiras teriam ocorrido em dinheiro vivo, o que dificultaria o rastreamento. Ao todo, a Polícia Federal indiciou 11 pessoas. Fontes da coluna informam que a Procuradoria-Geral da República (PGR), conduzida por Paulo Gonet, oferecerá denúncia contra a maior parte dos indiciados, incluindo Bolsonaro.

Dada a repercussão do caso, a expectativa é que o julgamento envolvendo o ex-presidente seja levado ao plenário do Supremo Tribunal Federal, com a participação dos 11 ministros da Corte.

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Indo de herói nacional a cocô do cavalo do bandido, Moro defende Bolsonaro no roubo das joias

Moro, definitivamente, transformou-se, de herói da mídia a limpa-trilhos de fezes de um rato. E não tem feito isso em nenhum esconderijo, na verdade, ele evidencia para ver se consegue, inutilmente, restabelecer um pouco sua simpatia no universo do bolsonarismo.

Todas as defecadas de Bolsonaro, Moro recolhe e põe um laço de fitas e, mesmo diante de uma infestação de crimes do clã Bolsonaro, descobertos pela PF, Moro não se faz de rogado para encontrar um jeito de ao menos ser o cocô do cavalo desse bandido, nesta quinta (4), foi assim.

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Campos Neto é o principal culpado pela política de segregação de Bolsonaro que devolveu 33 milhões à miséria

Quem se esquece de Paulo Guedes dizendo que eles governavam para os ricos, os que mandam, tratando as camadas mais pobres da população como resíduo social?

Quem foi o homem escolhido por Guedes e Bolsonaro para agradar os banqueiros e segregar o povo? Não foi Campos Neto com o apoio luxuoso da mídia?

Enquanto os patetas bolsonaristas procuravam ETs, rezavam para pneu, Campos Neto estava ligando para banqueiros para saber qual taxa de juros o Banco Central deveria cobrar da população, transformando o Brasil num país com a maior taxa real  de juros do planeta. Miriam Leitão, do Globo, ainda diz que é o Lula que, quando critica o carregador de chuteiras da agiotagem nacional, faz o dólar disparar.

Ou seja, é uma cretinice que anda, par e passo, com quem vive de especulação arrancando o couro da população. O que eles não querem é que Lula não denuncie essa falange para que ela não seja exorcizada do corpo da sociedade brasileira.

Isso é a treva, é o umbral dando as cartas para quem deveria zelar pelo povo, pelas empresas, pelos trabalhadores, pelas crianças, enfim, pelo conjunto da população.

Mas o cangaço financeiro nunca lucrou tanto, porque nunca foi tão ousado como agora.

Essa gente perfumada, que tem pavor de cheiro de povo, porque é sim resquício de todos os anos em que a direita governou o país, não pode se comportar como uma casta manipulando, via mídia, qualquer informação para atender seus interesses, enquanto o povo trabalha de sol a sol, sendo miseravelmente explorado pelo rentismo e pela banca dos agiotas, que operam como morcegos chupando o sangue do país.

Que Lula dobre a aposta na sua política de denunciar todos os cretinos que, descaradamente e deslavadamente, operam para benefício próprio, um sistema cruel e covarde contra o povo brasileiro.

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Só incompetente perde eleição estando na Presidência, diz Lula sobre Bolsonaro

Presidente também afirmou que não vai “vetar” candidatura de Bolsonaro em 2026 caso ele converta a inelegibilidade.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que apenas alguém “incompetente” perde uma eleição estando no comando do Planalto, ao se referir ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — ele foi o único candidato à reeleição que não conseguir ser reeleito presidente, derrotado por Lula em 2022.

A declaração foi dada nesta quinta-feira (27), durante uma entrevista à rádio Itatiaia, ao ser questionado sobre a possibilidade do seu antecessor reverter a inelegibilidade — Bolsonaro não pode disputar eleições até 2030.

“Eu não veto candidato adversário, se ele conquistar o direito de ser candidato ele vai ser candidato. Olha, se eu derrubei ele quando eu era oposição imagina agora que eu sou situação e ele oposição. Eu vou mostrar para ele que só perde uma eleição quem está na presidência quem é incompetente”

Candidato em 2026?
Na entrevista, Lula não quis dizer se tentará a reeleição em 2026. Ele disse que entraria na disputa ser for o único capaz de “derrotar o fascismo e a extrema-direita”.

O presidente mencionou que espera que consigam, até o próximo pleito, arranjar alguém mais jovem e com mais disposição.

“Não vou levar o povo brasileiro a cometer um erro. Temos muita gente para ser candidata. A única hipótese em que eu disse que seria candidato é se todos os indicadores mostrarem que eu sou o único candidato capaz de derrotar o fascismo e a extrema direita não teria problema de ser candidato. Mas espero que, até lá, a gente arranje uma outra pessoa, mais jovem e com mais disposição”.