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Moraes cobra convite oficial de Bolsonaro para posse de Trump

Ex-mandatário disse que foi convidado e pediu ao STF a liberação de seu passaporte para comparecer ao evento em 20 de janeiro.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que Jair Bolsonaro apresente o convite oficial para a cerimônia de posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, marcada para o próximo dia 20, informou o portal G1 neste sábado (11).

Na sexta-feira (10), os advogados de Bolsonaro protocolaram um pedido de liberação de seu passaporte, retido pela Justiça, para que ele possa viajar aos EUA na próxima semana e comparecer ao evento do aliado.

No entanto, Moraes destacou que a defesa apresentou apenas uma mensagem de e-mail enviada a Eduardo Bolsonaro, sem identificação clara do remetente. O magistrado também solicitou informações detalhadas sobre o horário e a programação do evento.

A Polícia Federal apreendeu o passaporte de Bolsonaro por ordem de Moraes em 8 de fevereiro do ano passado, durante a Operação Tempus Veritatis, deflagrada para investigar a trama golpista que tentou impedir a posse do presidente Lula.

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Moraes pede mais documentos à defesa de Bolsonaro sobre ida de Bolsonaro à posse de Trump

Moraes, que é relator do caso, considerou que o convite foi enviado para o e-mail de Eduardo Bolsonaro, por um destinatário não identificado.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, neste sábado (11/1), que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) envie mais documentos referentes ao pedido que visa liberar Bolsonaro para viajar e participar da cerimônia de posse do presidente eleito dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, em 20 de janeiro.

  • Filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro já havia adiantado que a defesa faria o pedido de liberação do passaporte para que o pai comparecesse à posse de Donald Trump, após convite;
  • Bolsonaro teve passaporte apreendido em operação da Polícia Federal (PF) que o investiga por suposta tentativa de golpe;
  • Desde fevereiro de 2024, o ex-presidente está proibido de sair do país;
  • Os advogados fizeram o pedido ao ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso no STF;
  • Juntamente com o pedido, a defesa enviou o anexo do convite, que chegou em e-mail no nome de Eduardo Bolsonaro.
  • Na solicitação, Moraes, que é relator do caso, considerou que o e-mail — apresentado com o convite para a cerimônia de posse — foi enviado para o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por um endereço “não identificado”.

“Antes de sua análise, porém, há necessidade de complementação probatória, pois o pedido não veio devidamente instruído com os documentos necessários, uma vez que a mensagem foi enviada para o e-mail do deputado Eduardo Bolsonaro por um endereço não identificado: ‘ [email protected] [email protected]’ e sem qualquer horário ou programação do evento a ser realizado”, destaca trecho do documento.

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Na porta da cadeia, Bolsonaro, que sempre atacou a lei da saidinha, pede seu passaporte a Moraes pra ir na posse de Trump

A língua dos linguarudos sempre foi chicote da própria bunda,
Ver Bolsonaro pedindo penico para Moraes devolver seu passaporte para ir à posse de Trump, não tem preço.

Ele, que está a um passo da Papuda quer o que, fazer self com Trump e postar nas redes? Que coisa tocante.

Agora muda a fisionomia na hora de sua “saidinha” porque roncava grosso e alto cuspindo ódio quando falava de saidinha de presos no final do ano.

Quando de frente pro espelho, apela para o humanismo que sempre achou absurdo. O criminoso agora é solidário a outros tantos condenados que ele dizia que deveriam jogar a chave da cadeia deles no rio.

Mesmo sabendo que é inútil seu pedido, Bolsonaro meteu um “vai que cola”

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Pelo que disse Moraes, em vez de 72 horas, bolsoloides terão que esperar 20 anos pra Bolsonaro dar o sonhado golpe

Sim, a pesquisa Quaest revelou que a terra plana deu uma empenada.
Não é tão plana assim e ainda está troncha.

Quaest: “dois anos depois, 86% desaprovam a invasão de 8 de janeiro.”
Isso não é pouca coisa e mostra que Bolsonaro, hoje é apenas uma assombração de si mesmo.

Uma potencia política às avessas.

Até porque o projeto esculpido por sua baba de ódio de tomar o poder a força, fez tanta água que afogou o próprio.

20 anos de cadeia, no mínimo é o que espera Bolsonaro de celas abertas para enjaular o animal.

Não há truque que tire o canalha dessa lenha.

Hoje, só 7% aprovam a tentativa de golpe comandada por Bolsonaro.
Outros 7% não sabem ou não responderam.

Não demora um mês de cadeia pa,ra essa gente toda que vivia com um rosário de capim pendurado no pescoço, dizer que nem sabe quem é Bolsonaro.

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Moro, considerado pelo STF um juiz vigarista, não cansa de apanhar dele mesmo.

Ora, todas as vezes que em suas publicações no Twitter ele repete o ramerrão de que Lula foi condenado em três instancias, ele, sem apresentar até hoje a prova, só reforça que o STF tem razão.

Sim, porque em bom português, juiz parcial, é juiz vigarista.

O grampo do hacker não deixa dúvidas. Isso sim, é prova de crime.
Assim como é prova de crime a confissão de Dallagnol que ele e Moro iam surrupiar 2,5 bilhões da Petrobras com a cômica vigarice de dizer que era pra criar uma fundação privada contra a corrupção.

Moraes cortou as asas dos espertos, que na verdade eram pra estar na cadeia por isso.

Toda vez que alguém lembrar que ele condenou e prendeu Lula sem prova de crime, ele deveria se escapular e ficar de bicho até o buchicho passar.

Porque é público e notório que Moro dispensa apresentações. Todos sabem de quem se trata, adicionado por um passa moleque do STF no caso da prisão de Lula.

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Extremistas planejavam sequestrar Lula e Moraes no 8 de janeiro

A Polícia Federal divulgou informações sobre um plano para capturar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que foi frustrado em 8 de janeiro de 2023. O esquema incluía detalhes sobre a rotina dos seguranças das autoridades, incluindo nomes e armamentos utilizados.

Fontes ligadas ao caso indicaram em reportagem do UOL que os envolvidos na tentativa de golpe buscavam confrontos armados com os seguranças do presidente e do ministro. A investigação revelou que o grupo havia coletado informações específicas para facilitar a abordagem violenta.

Os investigados, segundo relato de José Roberto de Toledo e Thais Bilenky para o UOL, planejavam a abordagem direta e o sequestro de Lula e Moraes. As autoridades não estavam em Brasília no momento do planejado ataque: Lula encontrava-se em Araraquara, e Moraes, em Paris.

O inquérito, conduzido sob a supervisão de Alexandre de Moraes, foi prorrogado por mais 60 dias para aprofundar as investigações, que podem resultar em acusações contra líderes, executores e financiadores do plano até o início de 2025. Entre os investigados está o ex-presidente Jair Bolsonaro, que tem buscado anistia no Congresso antes de enfrentar possíveis acusações legais.

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Moraes solicita novos documentos da PF sobre mandantes no assassinato de Marielle

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou que a Polícia Federal envie ao STF todos os relatórios e laudos periciais apreendidos na Operação Murder Inc., que investiga a “autoria intelectual” dos assassinatos da ex-vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes, assassinados por integrantes do crime organizado em 2018.

De acordo com o blog do Fausto Macedo, o ministro atendeu a um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República durante as audiências de instrução do processo aberto contra os supostos mandantes das execuções. Marielle e Anderson foram mortos a tiros em 2018.

O deputado federal Chiquinho Brazão (RJ), seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e o ex-chefe da Polícia Civil fluminense Rivaldo Barbosa são réus. Os irmãos foram acusados de serem os mandantes do crime, e o delegado foi acusado de usar o cargo para evitar a punição dos envolvidos no assassinato.

Na semana passada, o Tribunal do Júri do Rio sentenciou os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz a penas de 78 anos e 59 anos de prisão, respectivamente. Os dois milicianos estão presos após terem confessado os crimes.

 

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Moraes aguarda documentos finais para decidir sobre pedido de desbloqueio do X

O ministro do STF pediu novas informações da Receita Federal e do Banco Central.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), aguarda informações complementares sobre a rede social X (antigo Twitter) para decidir se irá revogar a decisão que barrou o acesso à plataforma no Brasil.

As informações que ainda não chegaram ao Supremo, porém, são de órgãos públicos, e não da própria empresa de Elon Musk.

Os advogados da rede social protocolaram nesta quinta-feira (26) um documento no qual apresentaram documentos solicitados pelo ministro em decisão tomada no último sábado (21) e pediram o seu desbloqueio.

Como mostrou a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, no ofício enviado a Moraes o X afirma que “adotou todas as providências indicadas por Vossa Excelência como necessárias ao restabelecimento do funcionamento da plataforma no Brasil”.

X formalizou representante legal
A plataforma enviou procurações e alterações contratuais que oficializam a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova Conceição como sua representante no Brasil. Ela já havia sido representante do X anteriormente.
Diz ainda que Rachel de Oliveira vai despachar em “escritório físico em endereço conhecido”, onde “poderá receber citações e intimações”.

“Tendo em vista o integral cumprimento das determinações estabelecidas por vossa excelência (…), o X Brasil requer que seja autorizado o restabelecimento da plataforma X para acesso dos seus usuários em território nacional, com a consequente expedição de ofício à Anatel, para que cesse as medidas de bloqueio anteriormente adotadas”, diz o pedido da plataforma.

Pessoas ligadas ao X afirmaram à Folha, sob reserva, que há expectativa de que a plataforma volte a funcionar no Brasil no início da próxima semana. Representantes da empresa apostam que os sinais de colaboração dados na última semana prepararam o Supremo para o momento atual.

A mudança de postura da plataforma se deu após a Starlink, empresa de satélites de Elon Musk, começar a sofrer problemas operacionais no Brasil com o bloqueio de suas contas por decisão do STF.

Os impactos à Starlink e a pressão de acionistas são apontados por pessoas ligadas ao X como os principais motivos que explicam o recuo de Musk no embate com Moraes.

No último sábado, Moraes havia pedido mais informações para a plataforma, além de um cálculo atualizado das multas aplicadas a ela, antes de decidir sobre a suspensão. Ele solicitou as procurações societárias originais outorgadas pela empresa a Villa Nova, notorizadas e consularizadas.

Moraes solicitou informações à Receita
Determinou ainda que seja apresentada ficha da Junta Comercial de São Paulo comprovando a indicação dela ao posto. Além disso, Moraes solicitou à Receita Federal a situação legal do X no Brasil e, à Anatel e à PF (Polícia Federal), relatórios sobre acessos irregulares à plataforma. Esses relatórios foram entregues na quarta-feira (25).

Mas, além desses documentos, o ministro também solicitou à Receita Federal e ao Banco Central que informem a atual situação legal da representação da rede no Brasil.

A rede social X saiu do ar no Brasil no fim de agosto, após a decisão de Moraes que suspendeu as atividades da plataforma por a empresa não indicar um representante legal. Moraes determinou a derrubada “imediata, completa e integral” do funcionamento da rede no dia 30 de agosto.

Na ocasião, o ministro determinava que Musk indicasse em 24 horas “nome e qualificação do novo representante legal da X Brasil, em território nacional, devidamente comprovados junto à Jucesp [Junta Comercial do Estado de São Paulo]”.

Na semana passada, o ministro também mandou que a PF monitore quem tem feito o “uso extremado” do X no Brasil desde que a plataforma foi bloqueada no país.

O pedido tinha sido feito pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. No entendimento dele, há necessidade de identificar casos que fraudam a decisão de Moraes com insistência em discursos de ódio.
Gonet também afirmava que pode haver divulgação de informações inverídicas na plataforma durante as eleições municipais.

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Que pátria é a deles?

É preciso ser uma besta quadrada para desafiar desta forma a soberania brasileira.

Que coisa extraordinária. Que coisa absolutamente extraordinária. Uma multidão entusiasmada celebra o dia nacional aplaudindo um empresário americano e execrando um juiz que é seu compatriota. No dia da independência do Brasil os celebrantes usam cartazes em inglês e os oradores frases em inglês. Tudo para agradar ao seu novo herói americano. Desculpem, mas que espécie de patriotismo é aquele? Que pátria celebram — a do juiz ou a do empresário?

O empresário. É preciso ser uma besta quadrada para desafiar desta forma a soberania brasileira. A penosa história do Brasil do século vinte está repleta de ilegítimas intervenções do governo dos Estados Unidos da América na sua soberania, mas, desta vez, não é sequer o governo americano, mas um bilionário americano. Um megalômano. Um ativista político disfarçado de empresário que espreita a oportunidade de liderar a extrema direita brasileira na sua batalha pela liberdade de insultar os outros e desrespeitar os princípios básicos de civilidade democrática.

E, no entanto, bem vistas as coisas, o episódio resultou numa première: finalmente, um Estado de economia de mercado fechou uma rede social. Assim se construiu uma proeza brasileira cujo significado politico ainda não foi inteiramente percebido no plano internacional (a suspensão do TikTok nos Estados Unidos não foi fundamentada no incumprimento da lei, mas em razões de segurança nacional).

A multidão. O mais difícil de explicar não é o comportamento do empresário americano, mas a atitude daqueles que no Brasil o apoiam. Que espetáculo grotesco. A multidão aplaude o bilionário americano e maldiz o juiz brasileiro. Entre o poder da lei e a lei do dinheiro a extrema direita brasileira faz a sua escolha nas ruas berrando impropérios contra o Tribunal Supremo do País. Liberdade? Mas nada nesta história tem a ver com liberdade, só com poder. A cegueira política só encontra explicação no ódio. Um ódio existencial ao adversário político que impede qualquer diálogo democrático.

A soberba do bilionário é fácil de compreender. Ela é filha da maluquice neoliberal dos últimos anos que entende que o Estado deve servir o mercado, não regulá-lo. Já não se trata do liberalismo clássico do laisser faire, isto de demarcar uma zona de racionalidade econômica que deve ser deixada aos mecanismos de mercado e uma outra de racionalidade política, de interesse geral, que deve ser deixada ao Estado. Não. Para a nova utopia neoliberal é a economia que funda a política, não a política que define as regras da economia. A arrogância do empresário compreende-se assim: o juiz devia pôr a lei ao serviço dos seus interesses, não ao serviço do interesse geral.

Quanto à extrema direita, ela não aprende nem esquece: ela imita. Imita de forma quase perfeita o que vê acontecer nos Estados Unidos — “as eleições foram conduzidas de forma parcial”; os “patriotas e inocentes do 8 de janeiro devem ser anistiados”; o juiz é “psicopata” e deve sofrer um “processo de impeachment”.

Eis o seu programa político. Um pouco mais e reclamavam que a última eleição foi roubada. Não, eles nunca perderam uma eleição. Como poderiam, aliás? Como poderiam perder se são eles que representam o povo, o povo autêntico e virtuoso? Os outros? Os outros não são do povo, são um não-povo envenenado por ideologias estranhas à tradição popular. Enfim: o Brasil acima de tudo, Elon Musk acima de todos.

Não tenho especial simpatia pela atuação do juiz Alexandre de Moraes. Pelo contrário, sou dos que veem sérios problemas para o Estado de direito democrático quando o mesmo juiz abre um processo, investiga o processo e julga esse processo. Incluo-me entre aqueles que pensam que uma das mais nefastas doenças brasileiras é a judicialização da política. Não gosto de ver juízes tutelarem escolhas políticas e detesto profundamente o paternalismo corporativo das classes que se julgam acima das escolhas democráticas, como é agora o caso dos juízes e antes foi o dos militares.

Todavia, isto dito, o que é absolutamente repulsivo nesta disputa entre o juiz e o bilionário americano é o desrespeito deste último pela dignidade nacional do Brasil. É isto que está em causa. Nesta disputa o juiz é mais do que ele próprio. Pela minha parte, como para todos aqueles que prezam a dignidade dos povos, tenho gosto em estar do seu lado.

*José Socrates/ICL

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Elon Musk x Moraes: Morte anunciada

Por José Dirceu

O confronto final entre a rede social X (antigo Twitter) e o Supremo Tribunal Federal (STF), mais precisamente entre o bilionário Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes, responsável pela condução do inquérito das fake news que levou à determinação da suspensão de algumas contas de usuários do X, foi a repetição da crônica de uma morte anunciada.

A empresa, no lugar de acatar a ordem judicial a que estão sujeitas todas as empresas com sede no país, decidiu descumpri-la e fechar sua representação no Brasil, uma exigência legal. Em seguida, ignorou determinação de Moraes que lhe deu 24 horas para nomear representante legal no país, para responder pelas multas a que estava submetida pelas desobediências. Novamente, Musk fez ouvidos moucos, além de lançar mais uma série de diatribes contra Moraes e seu suposto autoritarismo e desrespeito à liberdade de expressão. Não restou outra alternativa ao ministro encarregado do inquérito das fake news do que notificar a Anatel, na noite do dia 30, para determinar aos operadores de internet o corte do acesso de seus usuários ao X, o que aconteceu ao longo das 24 horas seguintes.

O que primeiro chama a atenção é a petulância e o desrespeito do dono do X com as decisões da mais alta Corte do Brasil, uma atitude tão acintosa que levou o presidente Lula a se pronunciar no sentido de que qualquer cidadão, dentro do país ou fora dele, está obrigado a acatar as nossas leis. Ninguém está acima delas, não importa o tamanho da sua conta bancária. Mas o mais incrível é o fato de que este mesmo Elon Musk, que já mandou o Brasil “escolher entre Alexandre de Moraes e a democracia” (frase dele) obedeceu sem chiar determinações de cancelamento de perfis no X tanto na Índia (perfis de opositores ao governo do primeiro-ministro Narendra Modi, em seu terceiro mandato) quanto na Turquia (também de opositores ao regime de Recep Tayyip Erdoğan, presidente desde 2014, que governa com um regime dito parlamentarista).

Por que será que Musk decidiu enfrentar o STF, mas aceitou as exigências tanto da Índia quanto da Turquia? Mesmo sem conhecer os pormenores dos processos, é fácil supor as razões de Musk. Ambos os regimes estão longe de ser democracias liberais clássicas. Estão muito mais para regimes fortes com algumas tintas democráticas. Ambos são regimes, não importa se de direita, como o da Índia, ou mais no espectro da centro-esquerda, como o da Turquia, que têm projeto de país. E Musk é empresário. E não é bobo. Se fosse bobo, não teria acumulado a fortuna que tem.

Já nosso Brasil pode até ser um país com economia mais importante que Índia e Turquia, maior mercado, mas padece de uma grande debilidade: não tem projeto de desenvolvimento de país, porque tem um governo representativo, popular, importante, mas que não tem maioria no Congresso Nacional. E não tem controle sobre sua moeda e os juros, desde que os neoliberais, essa elite branca, escravocrata, inconsequente e nefasta que detém a economia nacional privada, assumiu o controle do país com a ascensão de Michel Temer, após dar o golpe jurídico-parlamentar na presidenta Dilma Rousseff.

Elon Musk fala grosso pois sabe qual é a composição do nosso Congresso Nacional, muito especialmente da Câmara dos Deputados que, quando se tinha tudo preparado para votar o PL 2630/20, o chamado PL das Fake News, relatado pelo deputado Orlando Silva (PcdoB/SP) – que já tinha atendido a todas as demandas possíveis – deu sinais ao presidente da Câmara dos Deputados de que o acordo não ia vingar. Retirado de pauta antes da metade do ano de 2023, o projeto dorme em berço esplêndido. Com isso, não temos nenhuma regulação para tratar das fake news, da regulação online e das multas a serem impostas às plataformas digitais e redes sociais em casos de prevaricação. Como aconteceu com o X.

Infelizmente, por uma visão estreita dos nossos deputados, que compraram a versão das big techs de que o PL 2630/20 ia restringir a liberdade de expressão (como o capitalismo gosta dessa expressão) e até a liberdade religiosa (falaram que ia restringir o uso da Bíblia, vejam só!), ele foi engavetado. Os resultados estão aí. Sem regulamentação, o STF não tem um arcabouço sólido para combater o X, que contemple um sistema de multas equilibrado e em curva ascendente em função das infrações, como o europeu.

É bom lembrar que o arcabouço regulatório só funciona pelo seu lado punitivo quando pega naquilo que dói no capitalismo, a multa. Basta dar uma olhada rápida no valor das multas aplicadas pela União Europeia aos líderes de mercado como Google, Facebook, Instagram, WhatsApp, Telegram, Alibaba. O ministro Moraes fez muito bem em bloquear as contas da Starlink, uma das empresas de Musk no Brasil, que oferece serviços via satélite de baixa órbita, para que pague as multas devidas pela X. Conglomerados só cedem pelo bolso.

O ministro Moraes também fez bem em recuar na determinação de multar em R$ 50 mil /dia qualquer pessoa ou empresa que use qualquer subterfúgio (como VPNs) para acessar o X, mesmo o site estando banido do país, e de determinar que Google e Apple excluíssem de suas lojas o aplicativo de acesso à rede, tendo em vista a possibilidade de a empresa entrar rapidamente em negociação.

O embate X versus STF é mais uma peça no tabuleiro do xadrez político atual. Tem relevância porque representa uma forma de atuação da extrema-direita internacional, como ela se comporta nos países do Sul global a depender da correlação de suas forças políticas, e como pretende, em correlações de forças mais desfavoráveis, como a que ocorre neste momento no Brasil, mandar um forte recado para os demais países dependentes, especialmente aqueles que não têm participação efetiva no desenvolvimento das tecnologias que vão dominar as próximas décadas, a começar pela Inteligência Artificial.

Só que estamos convencidos de que podemos furar o bloqueio imposto pelos países do Norte Global, muito especialmente pelo conglomerado dos monopólios estadunidenses de tecnologia, e poder participar dessa nova onda do conhecimento. Para isso, precisamos de um projeto de desenvolvimento (temos um conjunto de programas que compõem um programa de desenvolvimento), um programa articulado e alocação de recursos nas prioridades definidas. Não é simples, mas também não é impossível. É só começar a trabalhar na direção correta.

(*) José Dirceu foi ministro-chefe da Casa Civil no primeiro governo Lula (2003-2005), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores e deputado federal por São Paulo.

*Opera Mundi