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Presidente Lula, no Washington Post: O Brasil frustrou uma tentativa de golpe. O que aprendemos

Por Luiz Inácio Lula da Silva, no Washington Post, via PT na Câmara

Hoje, dia 8 de janeiro, marca um ano que a resiliência da democracia brasileira foi severamente testada.

Uma semana depois da posse de um novo governo, grupos extremistas invadiram as sedes dos três Poderes da República.

Impulsionados por mentiras e desinformação, quebraram janelas, destruíram objetos históricos e obras de arte, enquanto transmitiam seus atos pela internet.

Exibiam desprezo pela democracia similar ao dos invasores do Capitólio nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021.

Felizmente, a tentativa de golpe fracassou. A sociedade brasileira rechaçou as invasões e, durante o último ano, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Poder Executivo dedicaram esforços para esclarecer os fatos e responsabilizar os invasores.

Essa tentativa de golpe foi a culminação de um longo processo promovido por líderes políticos extremistas para gerar descrédito na democracia para benefício próprio.

O sistema eleitoral brasileiro, reconhecido internacionalmente pela sua integridade, foi posto em dúvida por quem se elegeu por esse mesmo sistema. No Brasil, reclamavam da urna eletrônica como nos Estados Unidos reclamavam do voto pelo correio, sem nenhuma evidência. O objetivo dessas ilações falsas era desqualificar a democracia, para sua perpetuação no poder de forma autocrática.

Mas a democracia brasileira prevaleceu e saiu mais forte.

Neste meu retorno à Presidência depois de 12 anos, a união do país e a reconstrução de políticas públicas bem-sucedidas têm sido os objetivos do meu governo.

Melhorar a vida das pessoas é a melhor resposta contra os extremistas que atacaram a democracia.

O desmatamento da Amazônia, que crescia no governo anterior, retrocedeu mais de 50% em 2023.

Retomamos políticas de combate à pobreza como o Bolsa Família, que garante renda para as mães que mantém seus filhos na escola e vacinados.

Nossa economia cresceu 3 vezes mais em 2023 do que o previsto pelo FMI e se tornou o segundo maior destino de Investimento Externo Direto no mundo, segundo dados da OCDE.

O Brasil, com seus compromissos democráticos, voltou ao cenário internacional sem a negação das mudanças climáticas e o desprezo pela ciência do governo anterior, que custou a vida de centenas de milhares de brasileiros na pandemia Covid-19.

O mundo vive hoje um momento contraditório. Os desafios globais exigem comprometimento e cooperação entre as nações. Nunca estivemos tão integrados e conectados. Ao mesmo tempo, temos cada vez mais dificuldades de dialogar, de respeitar as diferenças e conduzir ações conjuntas.

As sociedades estão tomadas pelo individualismo e as nações se distanciam umas das outras dificultando a promoção da paz e o enfrentamento de problemas complexos: crise climática; insegurança alimentar e energética; tensões geopolíticas e guerras; crescimento do discurso de ódio e xenofobia.

Estes são problemas alimentados pela desigualdade em escala global – entre as nações e dentro de cada uma delas.

Nas últimas décadas, um modelo de desenvolvimento econômico excludente tem concentrado renda, fomentado frustrações, reduzido direitos dos trabalhadores e alimentado a desconfiança em relação às instituições públicas.

A desigualdade serve como terreno fértil para a proliferação do extremismo e a intensificação da polarização política. Quando a democracia falha em proporcionar bem-estar às pessoas, extremistas promovem a negação da política e a descrença nas instituições.

A erosão da democracia é exacerbada pelo fato de as principais fontes de informação e interação das pessoas serem hoje mediadas por aplicativos digitais que foram desenvolvidas para obter lucro, não convivência democrática.

O modelo de negócio das Big Tech, que prioriza o engajamento e a captura de atenção, promove conteúdo inflamatório e fortalece discursos extremistas, favorecendo forças antidemocráticas que atuam em redes internacionalmente coordenadas.

É ainda mais preocupante que novas aplicações de inteligência artificial, além de agravar o cenário de desinformação, possam promover discriminação, gerar desemprego e afetar direitos.

Essas questões tecnológicas, sociais e políticas estão integradas. Fortalecer a democracia depende da capacidade dos Estados de enfrentar desigualdades estruturais e promover o bem-estar da população, mas também de avançar no enfrentamento aos fatores que alimentam o extremismo violento.

Outros 6 ou 8 de janeiro só serão evitados se transformando a realidade de desigualdade e de precarização do trabalho.

Essa preocupação motivou a parceria de promoção do trabalho decente que lancei com o Presidente Biden em setembro último, com apoio da Organização Internacional do Trabalho.

Também precisamos de ações globais pela promoção da integridade da informação e pelo desenvolvimento e uso inclusivo e humanista da inteligência artificial. Há, neste momento, esforços promovidos pela Organização das Nações Unidas, UNESCO e outros organismos internacionais para enfrentar esses problemas.

O Brasil assumiu a presidência do G20 em dezembro passado, e colocamos a luta contra as desigualdades em todas as suas dimensões no centro da nossa agenda sob o lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.

Espero que os líderes políticos possam se reunir no Brasil ao longo deste ano, buscando soluções coletivas para esses desafios que afetam toda a humanidade.

*Publicado no The Washington Post

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Washington Post: Israel já atingiu 11 hospitais em Gaza

Mesmo que se prove não ser o responsável pelo ataque de ontem (e cabe a Israel provar, pois é Israel que está bombardeando a região), restam ainda outros 10 hospitais atingidos por ataques aéreos. Essas acusações Israel não nega.

Pra quem acha que “há limites” nessa guerra, que “pelo menos o ataque ao hospital pode não ter sido intencional”, que explique os outros 10 ataques.

Importante:

1. Os vídeos mostrados até agora para culpar a Jihad Islâmica são absolutamente inconclusivos. Para além disso, não foram periciados de modo independente.

2. O Exército israelense mente de modo contumaz e não é de hoje (leiam sobre o caso da jornalista Shireen Abu Akleh, pra começar).

3. Não há, sobretudo, explicação sobre como um foguete da Jihad teria matados centenas de pessoas com uma única explosão, algo sem precedentes na história (como bem apontado ontem por diversos especialistas militares que postei aqui, entre eles na MSNBC e BBC).

Por ora ninguém sabe a verdade. O que temos é o contexto e as evidências. Quem bombardeia Gaza? Quem já bombardeou hospitais em Gaza? Quem tem armamento pra matar centenas de pessoas com uma explosão? Quem já mentiu sobre suas responsabilidades no conflito? Quem mandou evacuar o hospital em questão, informação confirmada pela ONU?

Israel.

Qualquer análise que não levar esses fatores em conta está indo contra um punhado de obviedades.

Imagem

*Do Twitter de Leandro Demori

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EUA negam retirada das tropas do Iraque, mas Chevron retira seus funcionários como medida de segurança

Após carta vazada sobre a retirada das tropas, EUA negam que vão retirar tropas do Iraque.

Por outro lado a Chevron retirando funcionários norte-americanos do Iraque, mostra que a coisa parece mais séria do que o governo Trump quer transparecer.

“Não sei o que é aquela carta”, declarou Mark Esper, chefe do Pentágono, mas parece que a Chevron sabe.

O porta-voz da companhia disse que a operação no Curdistão iraquiano será tocada por trabalhadores locais e que os trabalhadores estrangeiros serão mandados de volta a seus países como medida de segurança.

Por isso a declaração dada à imprensa na tarde desta segunda-feira (6) pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, negando que o país esteja planejando uma retirada de suas tropas do solo iraquiano após a circulação de uma carta do general William Shelly que os estadunidenses sairiam do Iraque em respeito à decisão do parlamento local, não convenceu.

Após a declaração, autoridades teriam afirmado que o documento vazado seria apenas um “rascunho” sem explicar qual o objetivo do tal “rascunho”.

A mensagem que circulou mais cedo afirmava que a coalizão deixaria o Iraque “em respeito à soberania” do país e iria “reposicionar as forças nos próximos dias e semanas”. Embora não tenha sido confirmada pelo Departamento de Defesa dos EUA, autoridades estadunidenses teriam garantido a veracidade à jornalista Liz Sly, responsável pela cobertura do Washington Post no Oriente Médio, e a agências de notícias como a Reuters.

 

*Da redação