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A justiça é como as serpentes, só morde os pés descalços

Essa magnífica frase do grande Eduardo Galeano. descrita no título, é de uma crueza tão verdadeira que parece se materializar como um punhal que rasga a alma de quem sonha com um mundo minimante igualitário.

A frase de Eduardo Galeano, com sua cruz poética, expõe a desigualdade crônica da justiça, que parece punir seletivamente os mais vulneráveis ​​enquanto poupa os privilegiados.

É um punhal sim, que corta fundo, revelando uma ilusão de igualdade em um mundo onde os “pés descalços” sempre levam a pior.

Galeano, com sua habilidade única, transforma a crítica social em uma imagem tão vívida que é impossível ignorar.

A prisão domiciliar de Collor é justificada legalmente por sua idade, saúde e pelo artigo 103 da LEP, mas a rapidez e o contexto da decisão reforçam a percepção de privilégio.

A justiça brasileira, nesse caso, parece homologada com a crítica de Galeano: é uma serpente que morde seletivamente, poupando os poderosos, enquanto pune com rigor os vulneráveis.

O caso expõe a necessidade de uma reforma profunda no sistema judicial e prisional, que combata a desigualdade e restaure a confiança na imparcialidade da lei.

Enquanto isso, a alma daqueles que sonham com um mundo igualitário, continua sendo rasgada por esse punhal.

Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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