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Prefeitura de São Paulo quer despejar Coopamare, referência na coleta seletiva

Coopamare coleta em média 96 toneladas de materiais recicláveis por mês. Se catadores decidirem permanecer, Prefeitura pode usar a força.

(Coopamare) recebeu uma notificação onde a Prefeitura de São Paulo estabelece prazo de 15 dias para que ela saia do local em que está instalada, entre as ruas Galeno de Almeida e João Moura, sob o viaduto da Avenida Paulo VI, em Pinheiros.

O auto de infração foi expedido pelo Poder Público no dia 23 de junho. Em ação do Ministério Público (MP), a Prefeitura de São Paulo vem sendo inquirida a responder por incêndios que ocorrem sob viadutos na capital. Desse modo, a fiscalização entendeu que a Coopamare representa um risco e tem que sair.

Conforme a notificação, os “infratores”estarão sujeitos às “medidas administrativas” cabíveis, que de acordo com o Decreto 48.832/2007 pode significar lavratura de boletim de ocorrência por crime de desobediência e esbulho possessório, além de retirada compulsória, mediante o uso da força.

Eduardo Ferreira de Paulo, o Dudu, liderança histórica dos catadores e catadoras, salienta que se trata apenas de uma notificação, o trabalho seguirá normalmente na Coopamare. O que não se sabe ainda “é o que vamos fazer, vamos ter que decidir com todo mundo aqui”, diz.

Dudu não se abala. Imagina um caminho de negociação pelo MP. Está na Coopamare desde a fundação, precisou enfrentar algumas gestões municipais que não apoiam as cooperativas e desrespeitam as leis. Também veio da rua, lidou com muitas batalhas na vida.

A Coopamare
Primeira cooperativa de catadores de materiais recicláveis do Brasil, a Coopamare transformou seu endereço num marco na cidade que produz 12 mil toneladas de lixo por dia, liderando o ranking nacional. É como se cada morador da capital paulista jogasse fora um quilo de lixo todos os dias.

Durante a tarde desta quinta-feira (29), diretores, cooperados e organizações aliadas se reuniram na Coopamare para decidir quais medidas tomar diante da postura da Prefeitura de Ricardo Nunes (MDB). Em outras ocasiões, como em 2006, o Poder Público permitiu a permanência com um termo de concessão.

Na notificação, a Secretaria de Subprefeituras informa que a Coopamare ocupa de maneira irregular uma área municipal. No entanto, a cooperativa está no local há mais de 30 anos, onde emprega moradores de rua para que, com o dinheiro da coleta de recicláveis, consigam moradia e reinserção social.

*GGN

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Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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