Desde 2023, 69 jovens menores de 18 anos morreram vítimas da polícia de São Paulo.
(UOL/Folhapress) As mortes de um adolescente de 17 anos e de um menino de 4, durante ação policial no dia 5 deste mês em Santos, não são novidade para as polícias Civil e Militar de SP, do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Desde 2023, quando ele tomou posse, os agentes estão envolvidos na morte de pelo menos 69 menores de 18 anos.
Isso equivale a cerca de um adolescente morto no estado a cada 9 dias. Foram 38 mortos de janeiro a dezembro do ano passado e 31 óbitos confirmados até setembro deste ano, segundo levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz a pedido do UOL. Os números de morte decorrente de intervenção policial de outubro ainda não haviam sido disponibilizados pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública) no momento em que os dados foram analisados.
O estudo mostra que 68% das vítimas são negras (58% de pardos e 10% de pretos). Os outros 32% são considerados brancos.
Segundo o levantamento, a maioria dos alvos durante ocorrência policial neste ano é formada por adolescentes de 17 anos (12 vítimas). Em seguida aparecem jovens de 16 (11 casos), 15 (5 casos) e 14 anos (3 casos).
“Os jovens negros, moradores de periferia, que evadiram da escola e saíram de medidas socioeducativas formam o grupo com maior chance de morrer”, disse Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz
O primeiro ano de Tarcísio no poder registrou um aumento de 58,3% no número de adolescentes mortos, em comparação com 2022, na gestão Rodrigo Garcia. Naquele ano, 24 menores de 18 anos foram mortos em ação policial.
Esse aumento segue a tendência dos números gerais no estado, que também incluem adultos. Após três anos de queda, em meio à implantação das câmeras corporais nos policiais em 2020, São Paulo voltou a registrar o aumento em 2023 com 504 mortos pela polícia. Até setembro deste ano, 580 pessoas morreram em ação policial.
A maioria das mortes de adolescentes em 2024 envolvem policiais em serviço (21). Já as outras dez mortes foram registradas enquanto os agentes estavam de folga.
Incentivo à letalidade
Para Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, os policiais de SP se sentem autorizados a agir com violência. “Desde o governador, passando pelo secretário de Segurança [Guilherme Derrite], o comando da PM, todos eles incentivam a letalidade policial, o confronto”, avaliou ao UOL.