Ex-presidente admitiu ter compartilhado o conteúdo e afirmou não ver qualquer irregularidade no que fez.
A mensagem em que Jair Bolsonaro atacou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, levantou dúvidas a respeito da segurança do sistema eleitoral e disseminou informações falsas sobre um instituto de pesquisa foi replicada por pelo menos seis aliados do ex-presidente e canais extremistas, que somam 320 mil seguidores. Além disso, ontem, o ex-titular do Palácio do Planalto não só admitiu ter compartilhado o conteúdo, como demonstrou não ver qualquer irregularidade no que fez.
O caminho das mentiras espalhadas virtualmente por Bolsonaro foi mapeado em duas frentes. Um levantamento do professor da USP e colunista do GLOBO Pablo Ortellado identificou que o texto foi compartilhado no Facebook pelo ex-major e militar reformado Ailton Barros, o deputado federal Cabo Gilberto (PL-PB) e o ex-candidato ao Senado Coronel Menezes (PL-AM). Juntos, eles contam com 234,6 mil seguidores. O estudo mostra que Léo Índio, primo dos filhos de Bolsonaro, divulgou o mesmo conteúdo no Instagram, em que ele era seguido por 51 mil pessoas (hoje a conta está suspensa).
Já no Telegram, o deputado federal André Fernandes (PL-CE) aparece como o primeiro a ter passado adiante a mensagem, de acordo com uma análise do Laboratório de Humanidades Digitais da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O parlamentar esteve na mira do STF por suspeita de ter incentivado os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Ele tem 37,2 mil inscritos e replicou o texto 32 minutos após recebê-lo de Bolsonaro, alcançando 7,4 mil visualizações.
Além desses cinco nomes, o empresário Meyer Nigri respondeu a Bolsonaro dizendo que mandou o texto a outras pessoas. O caso veio à tona a partir da investigação da Polícia Federal. Em junho do ano passado, um contato identificado como “Pr Bolsonaro 8” — que a PF afirma ser do ex-presidente — enviou a Nigri uma mensagem afirmando que Barroso cometeu “interferência” e “desserviço à democracia” por atuar contra a adoção do voto impresso. O texto ainda afirma, sem provas, que o Datafolha estaria “inflando” os números do então pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva para “dar respaldo” ao TSE. Ao final, a mensagem dizia: “Repasse ao máximo”.
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