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Crise humanitária: 50 mil mulheres grávidas vivem ‘pesadelo’ em Gaza e 5 mil estão perto de dar à luz, aponta ONU

As 50 mil mulheres grávidas que vivem na Faixa de Gaza enfrentam um “pesadelo” com um sistema de saúde da região à beira do colapso, alertou neste domingo o representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) para a Palestina, Dominic Allen.

Em entrevista à rede americana CNN, Allen destacou que o sistema de saúde de Gaza já estava em estado crítico, o que foi agravado em meio à reação israelense à ofensiva terrorista deflagrada pelo Hamas em 7 de outubro.

— [Gaza] Está sob ataque, à beira do colapso, e estas mulheres grávidas que nos preocupam seriamente não têm para onde ir. Elas estão enfrentando desafios impensáveis — afirmou Allen.

Segundo o representante do UNFPA, que é o organismo da ONU responsável por questões populacionais, cerca de cinco mil das 50 mil grávidas devem dar à luz no próximo mês, e algumas delas podem enfrentar complicações no parto.

— Imagine passar por esse processo nessas fases finais e no último trimestre antes do parto, com possíveis complicações, sem roupas, sem higiene, sem apoio, e sem ter certeza do que o dia seguinte, a próxima hora, o próximo minuto trará para si e para seu filho ainda não nascido — disse Allen, que classificou os relatos ouvidos em hospitais como “angustiantes”.

Allen contou que uma parteira de uma maternidade em Gaza lhe disse que, desde o início do conflito, algumas profissionais não conseguiram sequer chegar à unidade de saúde para prestar assistência dada a falta de segurança e o temor de bombardeios.

— A ajuda humanitária e o fornecimento [de itens básicos] a Gaza devem poder passar. Precisa ser aberto um corredor humanitário, e o direito humanitário ser respeitado. As mulheres grávidas devem, portanto, ter acesso a esses serviços de saúde que salvam vidas — disse Allen à CNN.

Após o ataque letal do movimento islâmico Hamas, em 7 de outubro, Israel decretou estado de sítio “total” na Faixa de Gaza, já sob bloqueio há 16 anos, para que nenhum alimento, água, nem eletricidade entre neste pequeno território onde vivem 2,4 milhões de pessoas.

Os ataques israelenses na Faixa de Gaza mataram 2.329 pessoas, informou o Ministério da Saúde palestino do Hamas, neste domingo (15).

Segundo esta fonte, 9.042 pessoas também ficaram feridas nos bombardeios de represália ao ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro. Um relatório anterior informou sobre mais de 700 crianças mortas em Gaza desde essa data.

O papa Francisco lançou, neste domingo (15), um apelo à criação “urgente” de corredores humanitários para os habitantes da Faixa de Gaza, bombardeada e sitiada por Israel.