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Chumbo é transformado em ouro por físicos no maior acelerador de partículas do mundo

Alquimistas sonham em transformar chumbo em ouro por milênios, e essa ideia foi realizada, ao menos por um breve instante, em um dos mais ambiciosos experimentos científicos da atualidade. Pesquisadores do CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) conseguiram transmutar átomos de chumbo em ouro durante colisões de altíssima energia no Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, localizado na fronteira entre a Suíça e a França.

A proeza foi registrada pelo experimento ALICE, um dos detectores do LHC dedicado ao estudo de colisões entre íons pesados. Quando feixes de chumbo são acelerados a velocidades próximas à da luz e colidem, os campos eletromagnéticos intensos gerados nessas interações podem remover prótons dos núcleos atômicos.

“Esta é a primeira vez que detectamos e analisamos sistematicamente a produção de ouro no LHC”, afirmou Uliana Dmitrieva, física da colaboração ALICE.

OURO: PUREZA E CORES – Observatrice Joias

Ela destacou que, apesar da insignificância prática da quantidade produzida, o experimento fornece dados valiosos para a compreensão das interações entre fótons (partículas de luz) e núcleos atômicos.

A transmutação de elementos não é inédita na física nuclear. O fenômeno já havia sido observado entre 2002 e 2004, em níveis de energia mais baixos, no acelerador SPS, também operado pelo CERN. No entanto, o uso do LHC trouxe precisão sem precedentes à observação e análise desses processos.

Apesar de seu caráter simbólico e histórico, os cientistas deixam claro que não há qualquer intenção de transformar a produção de ouro em algo economicamente viável. O custo energético e tecnológico do processo torna qualquer aplicação prática inviável. Ainda assim, o feito representa um avanço notável no campo da física de partículas e da compreensão da estrutura da matéria. Com ICL.