Depois do “fora, Bolsonaro”, chegou a vez do “fora, Augusto Aras”

Três vezes governador de Pernambuco, Miguel Arraes, um dos ícones da esquerda entre os anos 60 e 80 do século passado, ensinava: “A gente só se elege com o voto dos outros”. Não disse, mas pensava: “A gente só governa com o voto dos outros”.

Por outros, no seu caso, queria dizer eleitores de direita que por qualquer razão votavam nele. A principal razão era a aliança que Arraes sempre fez com partidos e líderes da direita. Entre uma baforada e outra no seu inseparável charuto, justificava:

“Uma vez eleito, quem manda no governo sou eu”.

Mandava, fazia concessões para governar, refazia alianças, e as rompia, quando necessário. É da vida. É da arte de governar. Traía e era traído. Nunca teve, porém, a frieza de Agamenon Magalhães, que governou Pernambuco no início dos anos 50.

Uma vez, Agamenon fez um acordo com Cid Sampaio, líder da oposição ao seu governo, para eleger a direção da Assembleia Legislativa do Estado. Mas, em cima da hora, passou a perna em Cid e elegeu quem bem quis. Cid procurou-o indignado.

Agamenon sequer o recebeu no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, onde morava e despachava. A um dos seus assessores que perguntou, aflito, “O que digo a doutor Cid?”, Agamenon respondeu sem alterar a voz:

“Diga que o traí”.

*Blog do Noblat

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