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Em delação, Cid relata chiliques de Bolsonaro após derrota para Lula: “Fui roubado, fui roubado”

Em novo trecho da delação, militar teria revelado que ex-presidente buscava desesperadamente quaisquer indícios de fraudes para contestar a derrota para Lula nas urnas. “Em cima da fraude daria para fazer algo”

Mais que os crimes cometidos pelo ex-patrão, o tenente-coronel Mauro Cid tem exposto na delação à Polícia Federal (PF) o comportamento imaturo e birrento de Jair Bolsonaro (PL) que, segundo o militar, buscava desesperadamente quaisquer indícios de fraudes para contestar a derrota para Lula nas urnas, em 30 de outubro.

Em novo trecho da delação, divulgado pela revista Veja, Cid diz que Bolsonaro tinha certeza que iria ganhar as eleições e, após a derrota, repetia chiliques como um mantra.

“Fui roubado, fui roubado. O PT vai destruir o Brasil”, afirmava Bolsonaro, segundo o militar.

Cid ainda teria relatado à PF que a frustração com a derrota foi tamanha que teria causado a erisipela, uma infecção na perna decorrente da queda de imunidade.

Bolsonaro também indagava ao ajudante de ordens o que iria fazer com “o povo que está na rua”, em relação aos apoiadores que se aglutinavam nas portas dos quartéis após ele ter incitado há anos que poderia convocar um golpe de estado caso fosse derrotado, diz a Forum.

“O presidente queria encontrar uma fraude. Isso ele realmente queria. Em cima da fraude daria para fazer alguma coisa”, afirmou o tenente-coronel, sem definir o que seria “alguma coisa”.

Cid estaria evitando usar o termo golpe, afirmando que o que presenciou foi fruto da polarização da sociedade que teria resultado em um jogo de empurra dentro do então governo: uns defendiam que algo deveria ser feito e outros que não.

“Mas isso para virar um golpe… Os generais conversaram com o Bolsonaro e avisaram que não tinha o que fazer. Qualquer ação militar representa vinte, trinta anos de um regime autoritário. Ninguém mais quer isso, não cabe mais”, teria dito o militar a uma pessoa próxima.

Nos depoimentos, Cid já teria admitido que burlou o sistema do Ministério da Saúde para emitir um certificado falso de vacinação contra a Covid-19 e que vendeu dois relógios recebidos pelo governo brasileiro e repassou o dinheiro ao ex-presidente.