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Linha amarela instalada por soldados israelenses levanta preocupação em Gaza, alerta The Guardian

Marcadores de fronteira temporária foram colocados centenas de metros além do acordado e impedem retorno de palestinos

A chamada linha amarela que delimita a fronteira temporária do cessar-fogo em Gaza, com marcadores de concreto instalados pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), está sendo colocada centenas de metros além do acordado na trégua mediada pelos Estados Unidos, no último dia 10 de outubro.

É o que revela reportagem publicada neste domingo (26/10) no jornal britânico The Guardian, assinada por Seham Tantesh e Julian Borger. Localizada aproximadamente no centro do território, a linha amarela tem sido reforçada com postos militares e ordens de fogo contra qualquer civil que se aproxime.

“Assim que chegamos perto de nossas casas, balas começam a voar de todas as direções”, relatou Mohammad Khaled Abu al-Hussain, pai de cinco filhos, que permanece deslocado em al-Qarara. “Parece que a guerra não acabou de verdade. Qual o sentido de um cessar-fogo se eu ainda não posso voltar para casa?”, afirmou ao jornal britânico.

Desde o início da trégua, em 10 de outubro, mais de 20 palestinos têm sido mortos diariamente, muitos deles próximos à linha de fronteira. Segundo The Guardian, a segunda fase do acordo — que incluiria o desarmamento do Hamas e a retirada das IDF da linha para posições mais próximas da fronteira — enfrenta forte resistência no governo israelense.

‘Nova fronteira’
Partidos da extrema direita que compõem a coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu rejeitam qualquer recuo militar e qualquer forma de administração internacional de Gaza. Além disso, a linha amarela vem sendo descrita pela mídia israelense como uma “nova fronteira”.

Análises de imagens de satélite realizadas pela BBC mostram que os marcadores estão posicionados centenas de metros além da linha prevista originalmente no acordo, representando uma expansão territorial israelense dentro de Gaza, afirma a reportagem.

Ao jornal britânico, um porta-voz das IDF afirmou que a demarcação visa apenas “clareza tática”, com barreiras de concreto de 3,5 metros de altura. No entanto, ex-membros de organismos humanitários e especialistas alertam para um processo de anexação gradual israelense do território em Gaza.

“Parece uma anexação de Gaza passo a passo”, disse Jeremy Konyndyk, presidente da Refugees International, ao jornal. The Guardian também ouviu os moradores locais. Segundo Ayman Abu Mandeel, que teve a casa destruída no leste de al-Qarara, “os quadricópteros não hesitam em atirar em qualquer um que se mova na direção da linha, como se aproximar de nossas próprias terras tivesse se tornado um crime”.

Salah Abu Salah, de Abasan al-Kabira, sintetizou o receio no território: “não posso deixar de temer que o exército agora pretenda estabelecer novas fronteiras que nunca mais poderemos cruzar”.

*Opera Mundi


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