CEO da Meta cita uso do spyware Pegasus, de Israel, para explicar como autoridades podem acessar dados de celulares, mesmo com criptografia ponta a ponta.
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, revelou que autoridades dos Estados Unidos, incluindo a CIA, podem acessar mensagens do WhatsApp ao invadir remotamente os dispositivos dos usuários, contornando a criptografia de ponta a ponta da plataforma. A declaração foi feita durante participação no podcast Joe Rogan Experience nesta sexta-feira (11) e repercutida pela agência RT.
Zuckerberg explicou que, embora a criptografia do WhatsApp impeça que a Meta visualize o conteúdo das mensagens, ela não protege contra o acesso físico ao celular do usuário. “O que a criptografia faz de bom é garantir que a empresa que opera o serviço não veja [as mensagens]. Se você usa o WhatsApp, em nenhum momento os servidores da Meta veem o conteúdo dessa mensagem”, afirmou. No entanto, ele destacou que a criptografia não impede autoridades de acessar mensagens armazenadas nos aparelhos.
Segundo Zuckerberg, ferramentas como o Pegasus — spyware desenvolvido pela empresa israelense NSO Group — podem ser instaladas secretamente em celulares para acessar dados. “O que eles fazem é acessar seu telefone. Então, não importa se algo está criptografado, eles podem simplesmente ver em texto claro”, explicou.
O CEO da Meta mencionou que essa vulnerabilidade foi um dos motivos para a criação das mensagens temporárias no WhatsApp, recurso que permite apagar automaticamente conversas após um período. “Se alguém comprometeu seu telefone e pode ver tudo o que acontece lá, obviamente poderá ver as mensagens assim que chegam. Então, ter a criptografia e a opção de desaparecer é um bom padrão de segurança e privacidade”, disse.
O tema surgiu após Joe Rogan questionar Zuckerberg sobre as denúncias do jornalista Tucker Carlson, que acusou a CIA e a NSA de espioná-lo para impedir uma entrevista com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Carlson alegou que suas mensagens e e-mails foram monitorados e vazados para a imprensa, o que inicialmente teria desmotivado Moscou a prosseguir com a entrevista.