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Odor de morte se espalha por Gaza devido aos mísseis e ao cerco de Israel

O médico Ahmad Muhanna, diretor de um dos hospitais da Al Awda em Gaza, conta que foi pessoalmente contatado via celular pelas forças de ocupação israelense, ordenando que evacue seus pacientes e vá para o Sul do território. Recusou. Explicou que a unidade de Jambalia é a única alternativa para muitos. Torce para não ser atingido junto com as dezenas de funcionários e feridos.

Israel prepara a invasão terrestre em resposta aos ataques terroristas do grupo Hamas, que deixaram mais de 1,3 mil mortos e dezenas de reféns. Para tanto, cortou suprimentos, bombardeia o território palestino e ordenou a evacuação de mais de 1 milhão de pessoas para o Sul. Até agora, foram mais de 2,2 mil mortos em Gaza.

A questão é que Muhanna e sua equipe encontrarão uma barreira inexpugnável na decisão heróica, que é a falta de recursos causado pelo cerco imposto por Israel, que impede a chegada de medicamentos, suprimentos hospitalares, eletricidade, água, combustível e comida. A ajuda humanitária também não tem data para chegar pela fronteira com o Egito.

Isso por falta de garantias de Israel. Não há certeza de que os comboios de produtos não serão bombardeados pelo Exército, tal como aconteceu com um comboio de pessoas que deixava o Norte de Gaza, atendendo à ordem de evacuação. As explosões de mísseis, que atingiram as chamadas “rotas seguras de saída”, podem ser vistos em vídeos que circulam nas redes, bem como os corpos resultantes. Ao todo, 70 pessoas morreram nesse ataque, incluindo crianças.

Ambulâncias vêm sendo atingidas pelos bombardeios, tal como médicos e enfermeiros, o que reduz a capacidade de atendimento.

Profissionais de saúde de Gaza com quem conversei neste sábado, disseram que a atuação é limitada sem eletricidade e reconhecem que muitos feridos sofreriam menos se tivessem morrido imediatamente nos ataques.

Além disso, dizem que o odor de morte impregna o ar do território. Como resultado dos bombardeios, com corpos se decompondo presos nos escombros, mas também porque os necrotérios estão colapsando.

Até carros de sorvete foram empregados para guardar corpos diante da falta de espaço nos hospitais. A questão é que até eles devem parar de funcionar sem combustível, bloqueado por Israel.

“O cerco a Gaza nos últimos 17 anos enfraqueceu um já frágil sistema de saúde. Desde o segundo dia do início da agressão, a usina de energia solar parou de funcionar e não há fonte de eletricidade a não ser geradores – que consome 50 litros por hora. Estamos prestes a esgotar as quantidades de reserva de combustível”, disse à coluna neste sábado Haneen Wishah, uma das coordenadoras da Al Awda, organização que administra hospitais e serviços de emergência em Gaza.

“É claro que isto resultará em uma crise humanitária sem precedentes devido ao fechamento total de hospitais devido ao corte de energia”, explica. Ela alerta que mais de 700 crianças perderam a vida em Gaza desde o início dos bombardeios. Mais de 100, apenas neste sábado.

Os hospitais também se tornaram uma espécie de ponto de refúgio para muitas pessoas que acreditam que estarão mais seguras em suas instalações. Com tanta gente acumulada, profissionais de saúde dizem que doenças infecciosas ganharam um incentivo para se espalhar mais rápido.

Até agora não foram estabelecidos corredores humanitários para a saída de palestinos da faixa de casa. Falta a aceitação do Egito para receber os refugiados e de Israel para garantir passagem segura. Enquanto isso as Nações Unidas criticam o governo israelense por conta do bloqueio, dos bombardeios e do êxodo caótico provocado em direção sul.

Como noticiou a Al Jazeera, o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, criticou a operação em Gaza, descrevendo a ação como “além do âmbito da autodefesa” e instando o governo de Benjamin Netanyahu a “cessar a punição coletiva” dos palestinos no território sitiado. Wang fez os comentários durante ligação com seu homólogo da Arábia Saudita.

A ligação foi escolhida a dedo, pois Israel estava se esforçando para normalizar as relações com a ditadura saudita.

O governo Netanyahu conta com a ajuda dos Estados Unidos e de parte da Europa. Mas o cheiro de morte em Gaza está se espalhando rápido. Quanto mais países sentirem o odor de crime contra a humanidade, menos apoio ele terá.

*Leonardo Sakamoto/Uol

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Economia

Luis Nassif: Crise de liquidez se espalha pela economia ante BC inerte

Há dois anos o nível da água vinha subindo e agora chegou ao nariz da economia.

Os sinais estão nítidos, de um aumento exponencial da crise de liquidez, arrastando diversas empresas para a falência ou recuperação judicial. E com um nível de juros impraticável, não apenas pela Selic de 13,75% mas por toda a estrutura de crédito.

O acompanhamento do mercado de ações se limita ao Índice Bovespa. Um corte setorial mostrará vários setores em situação complicada.

Dependendo de financiamentos habitacionais de longo prazo, a construção civil mostra sinais nítidos de perda de fôlego.

Tome-se o caso da MRV. O papel fechou em R$ 7,55, 65,7% a menos que no pico de 20 de janeiro de 2020.

Já a Cyrela fechou em R$ 14,80, queda de 57% em relação ao pico de 213 de janeiro de 2020.

E a JHS com queda de 54,3% em relação ao pico de 15 de julho de 2020.

Outro setor diretamente afetado pela perda de renda é o de saúde,

A Qualicorp está em R$ 5,29, 88,2% abaixo do pico de 23 de janeiro de 2020.

E a Hapvida está em 71,8% abaixo do pico de 11 de janeiro de 2021.

*GGN

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