Autoridades chinesas afirmam que o resultado não é um objetivo traçado pela política econômica na China.
O saldo da balança comercial da China foi de 7 trilhões de yuans (R$ 5,8 tri ou quase 1 trilhão de dólares) em 2024, atingindo um novo recorde para a crescente economia do país.
O valor das exportações de bens da China em 2024 foi de 25,45 trilhões de yuans (R$ 21,18 trilhões), o que representou um aumento de 7,1% em comparação com 2023, e o oitavo ano de crescimento consecutivo, segundo dados divulgados pela Administração Geral de Alfândegas (AGA) nesta segunda-feira (14). As importações tiveram um crescimento de 2,3% e somaram 18,39 trilhões de yuans (R$ 15,3 tri) em 2024.
O resultado tem a ver com o nível de oferta e demanda globais, “a divisão industrial do trabalho e a competição de mercado”, disse Wang Lingjun, vice-chefe da Administração Geral de Alfândegas da China em coletiva de imprensa, onde frisou que o superávit comercial não é um objetivo da política econômica da China.
No final do ano passado, a Conferência Central de Trabalho Econômico da China afirmou que há no país “insuficiente demanda interna, dificuldades de produção e operação para algumas empresas”, e que “emprego e crescimento da renda” estão sob pressão.
Assim, a conferência, que é a reunião anual mais importante sobre economia do país, determinou como tarefas prioritárias para 2025, entre outras, impulsionar o consumo interno, aumentar a renda e reduzir os custos para grupos de renda média e baixa. 2025 é o último ano do 14° Plano Quinquenal.
O nível de superávit comercial “não é sustentável”, disse o economista Yao Yang, em entrevista ao Brasil de Fato. “Há muitos países adicionando tarifas sobre as exportações chinesas, incluindo o Brasil. Haverá ações defensivas tomadas por outros países”.
Yao, que é reitor da Escola Nacional de Desenvolvimento da Universidade de Pequim, afirma que há uma transformação na estrutura econômica da China e que a conjuntura econômica global está levando o governo a tentar acelerar o processo de mudança.
“Há uma espécie de urgência para acelerar a transformação de uma economia impulsionada pela exportação para uma economia impulsionada pelo consumo doméstico, então é por isso que o governo colocou o consumo como primeira prioridade neste ano”, explica o economista.
Destino e tipo das exportações
O setor manufatureiro foi responsável por 98,9% das exportações da China em 2024, de acordo com o diretor do Departamento de Estatística e Análise da AGA, Lyu Daliang.
A exportação de circuitos integrados da China aumentou 18,7%, a exportação de módulos de tela plana aumentou 18,1% e a de equipamentos de engenharia naval e marítima aumentou 60,1% em 2024, de acordo com o funcionário.