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Celular de Jair Renan pode esclarecer tráfico de influência no governo Bolsonaro

Investigação ameaça planos do Zero Quatro, apontado como “comparsa” em esquema de falsificação e estelionato.

Os problemas da família Bolsonaro chegaram ao Zero Quatro. Policiais apreenderam ontem o celular de Jair Renan, o caçula entre os filhos homens do ex-presidente. Ele foi alvo de uma operação que apura crimes de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

A Polícia Civil de Brasília não detalhou as suspeitas, mas se referiu a Jair Renan como “comparsa” do mentor do esquema — um golpista que já chegou a ter dez CPFs. Os dois são amigos e costumavam desfilar juntos nas noites da capital. Agora os investigadores querem saber se a parceria se estendeu à prática de trambiques.

O advogado do Zero Quatro disse que ele está “absolutamente tranquilo”. Não deveria, a julgar pela quantidade de rolos em que já se meteu. No ano passado, o jovem Bolsonaro passou cinco horas na sede da Polícia Federal. Foi ouvido em investigação sobre tráfico de influência no governo do pai.

Num dos casos que vieram à tona, empresários presentearam Jair Renan com um carro de R$ 90 mil. No mês seguinte, o rapaz acompanhou a turma em audiência com um ministro de Estado. Em outro episódio, uma produtora que tinha contratos com o governo foi recrutada para filmar a inauguração da empresa do Zero Quatro. De acordo com os envolvidos, o serviço foi gratuito. Para o filho de Bolsonaro, é claro.

Jair Renan gosta do agito. Em março, mudou-se para Balneário Camburiú, considerada a capital brasileira da música eletrônica. Para ficar mais perto das raves, ganhou cargo no gabinete local do senador Jorge Seif. Ele acabou de chegar à cidade, mas já faz planos de se candidatar a vereador em 2024.

As redes do Zero Quatro espelham o DNA da família. Ele gosta de se exibir com armas e já publicou vídeo cuspindo no rosto da própria mãe. Em outros posts, debochou de vítimas do coronavírus e descreveu a pandemia como “a época em que mais peguei gente”.

As cafajestagens de Jair Renan são problema dele e dos eleitores do clã. Seus negócios durante o governo do pai mexem com o interesse público e precisam ser apurados. O celular recolhido ontem deve ajudar na tarefa.

Depois da operação, o senador Flávio Bolsonaro acusou a polícia de procurar “pelo em ovo” e disse que o irmão “não tem onde cair morto”. Se ele acredita no que diz, poderia ceder uma das suítes de sua mansão de R$ 6 milhões.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

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PF se irrita com espera de nove meses para ouvir Jair Renan Bolsonaro

Filho mais novo de Jair Bolsonaro, Jair Renan é investigado por supostos tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

A PF está irritada com a demora enfrentada para colher o depoimento de Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do presidente. Faz nove meses que a corporação abriu um inquérito para apurar supostos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro de Jair Renan e Allan Lucena, seu antigo parceiro comercial, informa Guilherme Amado, Metrópoles.

No último dia 17, Jair Renan faltou a um depoimento na Polícia Federal. Segundo seu advogado, Frederick Wassef, o estudante estava doente.

Questionado nesta quinta-feira (30/12) sobre o estado de saúde de Jair Renan e sobre quando ele prestará depoimento, o advogado não respondeu. Wassef declarou que Jair Renan é “vítima de fake news e denunciação caluniosa” e de “perseguição”.

Em março, a PF abriu um inquérito para investigar se Jair Renan, por meio de seu então parceiro comercial, Allan Lucena, ganhou um carro elétrico de R$ 90 mil em troca de facilitar que a empresa Thomazini conseguisse uma agenda no Ministério do Desenvolvimento Regional. O carro foi devolvido por Lucena depois do início das investigações, segundo sua defesa.

Jair Renan também foi citado pela CPI da Pandemia. Sua empresa, Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, foi fundada com a ajuda de Marconny Faria, apontado pela comissão como lobista da Precisa Medicamentos na compra da vacina Covaxin. No relatório final, a CPI pediu que Marconny fosse indiciado por formação de organização criminosa.

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