Mês: julho 2019

O Lixo do Lixo

As celebridades no Brasil nos ensinaram que existe uma maneira subjetiva de ganhar um destaquezinho e galgar uns degraus na disputa por um holofote, Para isso, basta que se diga o que a nata da grande mídia quer.

A papa fina do baronato midiático não gasta carvão com carne dura, quem se propuser a ser uma mistura eclética de caça-flashes, tem que ter noção de que a mídia brasileira não gosta de fumacinha e sim, de fumaceira.

A Lava Jato nasce daí, é esse o seu espírito, extraída da brejeirice judicial inaugurada na farsa do mensalão, quando a Globo e o STF lançaram o “Domingão do Barbosão”.

Ali começou a chacrinha jurídica deste país. E Moro, sentindo o cheiro de enxofre com o que está habituado, emburacou nessa fábrica de embustes, usando a toga para fazer carreira política na base da extorsão.

Hoje, o Intercept diz algo que não é nenhuma novidade, Palocci, trajando o figurino de ganso e assinando uma delação como queria Moro para ceifar a candidatura de Haddad e dar, como deu, a vitória a Bolsonaro e, naturalmente, o cargo de Ministro da Justiça a Moro.

Barbosão, na maciez, tentou fazer uma viagem dessa, mas o verdugo que seria candidato à presidência da República, por um motivo que ainda não sabemos, desistiu de concorrer ao pleito.

No Brasil, os tentáculos do poder são imediatistas, instantâneos. Joaquim Barbosa foi transformado em herói nacional com um único objetivo, o de condenar e prender Dirceu e Genuíno e dar suporte à Globo para a malhação do PT.

O caso de Moro foi diferente. O que hoje é chamado de lixo pelos procuradores da Lava Jato, foi usado pelos mesmos, logo na saída do bangue-bangue curitibano, através de um depoimento de Youssef, vazado por Moro para a Veja em parceria com a Globo para, nas vésperas do segundo turno entre Dilma e Aécio, como uma apoteose, eletrizar a disputa em prol de Aécio Neves.

A matéria era podre, um lixo como a delação de Palocci. Ou seja, não há qualquer brio por parte dos procuradores que chamaram de lixo a tal delação.

Essa visão crítica dos procuradores está na percepção de que Moro fazia qualquer negócio para atacar o PT e criar uma plateia em seu benefício político.

O fato é que essa delação foi feita pela Polícia Federal, o que mexeu com os interesses da indústria de delação montada pelos procuradores.

Estamos agora falando de uma papa de lixo, de um monumento de chorume, do que existe de mais baixo e vil numa sociedade, ou seja, esse esboço crítico dos procuradores, é pura farsa, são tão lixo quanto Moro e os sócios dele, Youssef e Palocci, tendo a Globo como a nave-mãe de toda essa sujeira, porque ninguém é de ferro, né.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

Vazamento: Para uso contra o PT nas eleições, Moro divulgou delação de Palocci, procuradores a chamaram de “lixo”

Uma das passagens mais desprezíveis de toda a história eleitoral do país, a interferência do judiciário, na figura do juiz Sérgio Moro, ao liberar a delação do ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, nas vésperas das eleições de 2018, encontra mais um episódio importante nos vazamentos dos diálogos entre procuradores e ex-super-juiz Moro. Os novos diálogos coletados pela parceria The Intercept Brasil e Folha de São Paulo dão conta de que o Ministério Público e o próprio juiz consideravam a delação de Palocci um verdadeiro “lixo” mas, não impediu sua liberação inútil e sem provas, para emplacar a vitória de Jair Bolsonaro, nas urnas.

O acordo e a delação eram tão fracos que Laura Tessler considerou um absurdo que se reduzissem a pena de ex-ministro.

Outro ponto importante é que a única consideração relevante feita sobre a delação em questão, é que Palocci representava a quebra do que eles chamavam de Omertá “petista”. Omertá é o código de honra entre mafiosos italianos.

Dallagnol demonstrou interesse no acordo, mesmo que considerado um lixo pela procuradora Laura Tessler, ainda que beneficiasse o ex-ministro da Fazenda. Disse:

A Lava Jato deixou bem claro um método infalível para frear qualquer reação do ex-presidente Lula em sua popularidade. Sempre que o ex-presidente crescia em apoio popular, a operação desenterrava qualquer parte da delação premiada de Palocci ou prendia o José Dirceu, novamente. Essa lógica permaneceu, inclusive nas eleições de 2018, quando essa mesma delação foi totalmente liberada para a mídia, poucas horas antes da pleito.

A interferência apresentada pelos novos diálogos mostra que os procuradores têm a consciência de que a delação era fraca e que o acordo era péssimo. Porém, seu uso político independia de qualquer aspecto legal ou de validade processual. Como o interesse era de apenas construir um ambiente para que Lula fosse preso, ou permanecesse, isso incluía as intenções de votos nas eleições que elegeu Bolsonaro presidente.

 

*Do A Postagem

 

 

 

 

 

 

Eu Acuso, por Leandro Fortes

“Quando só uns poucos tinham coragem de dizer a verdade, vítimas de toda violência que vem junto, vocês estavam disseminando mentiras, cúmplices bem remunerados dessa gente que agora também quer lhes devorar. Sinto informar, mas, se depender de mim, vocês nunca vão conseguir se esconder”, diz o jornalista Leandro Fortes sobre os jornalistas que contribuíram para a ascensão da extrema-direita.

Todos vocês, coleguinhas jornalistas, que embarcaram no antipetismo feroz que serviu para derrubar Dilma e gestar Bolsonaro, todos e todas, repito, são responsáveis pela merda em que estamos vivendo.

Para puxar o saco do patrão, para fazer média com as fontes, para ser aceito como protagonista em uma sociedade apodrecida pelo preconceito ou para garantir um salário de merda, no fim do mês, não importa. Vocês são culpados e culpadas.

Em maior ou menor grau, vocês emprestaram a credibilidade de vocês e destruíram o jornalismo brasileiro por ação ou omissão, naturalizando absurdos, incensando idiotas, amenizando arbitrariedades, fingindo indignação, dando asas a juízes e procuradores corruptos em nome do combate a uma corrupção que nunca, em tempo algum, lhes causou qualquer reação, antes.

Agora, eu vejo muitos de vocês nas redes em um esforço comovente de se mostrarem democratas genuinamente horrorizados com o fruto podre da árvore que vocês regaram com tanto prazer. Sinto um misto de pena, nojo e vontade de rir.

Eu poderia nomear, sem medo de errar, pelo menos uma dezena de vocês, mas os não citados poderiam sentir um alívio injusto. Cada uma e cada um de vocês sabe o papel abjeto que cumpriu nessa jornada. Essa carapuça irá pairar, eternamente, no ar.

Portanto, não adianta posar de democrata, agora que o circo está pegando fogo. Porque quando só uns poucos tinham coragem de dizer a verdade, vítimas de toda violência que vem junto, vocês estavam disseminando mentiras, cúmplices bem remunerados dessa gente que agora também quer lhes devorar.

Sinto informar, mas, se depender de mim, vocês nunca vão conseguir se esconder.

Moro caminha sobre um chão mole; se correr afunda, se parar afunda também

“Moro caminha sobre um chão mole; se correr afunda, se parar afunda também.”

Nesta frase de Saul Leblon (Carta Maior) está o destino de Moro, que hoje caminha sobre o lamaçal que se enfiou. Mais que isso, caminha sobre um território movediço e minado, prestes a explodir em mais uma ou duas revelações do Intercept.

Seus passos estão sendo vigiados de perto pela sociedade. Os papeis se inverteram depois que foi revelada uma rede de conspiração e corrupção dentro da Lava Jato, comandada por Moro.

Entidades e organizações que lutaram contra a ditadura se movimentam contra o obscurantismo e a truculência que ameaçam a democracia e convocam ato Dia 30, no Rio, em solidariedade a Gleen Greenwald.

Moro vai perdendo oxigênio em velocidade e intensidade galopantes. Sua folha corrida engrossa a cada dia na tentativa de se safar dos crimes cometidos como juiz da Lava Jato, arrastando sua pasta do purgatório para o inferno.

Em guerra aberta com Glenn, Moro tenta, em vão, dar fim ao conteúdo escandaloso dos diálogos e, assim, vai se expondo ainda mais.

Esta semana promete ser ainda pior pra Moro. Desde que começou a ser divulgado o conteúdo das mensagens pelo Intercept, Moro só perdeu território político. E sua defesa vai partindo de uma posição cada vez mais vulnerável, sem forcas para enfrentar um novo bombardeio do Intercept. Sendo assim, será uma semana que levará Moro à ruína fatal.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

Vídeo: Explode protesto contra Bolsonaro em Fortaleza

Um dia depois de ser vaiado e xingado em São Paulo, Jair Bolsonaro é alvo de nova manifestação, desta vez em Fortaleza; durante micareta na capital cearense, centenas de foliões gritam “Ei, Bolsonaro, v** t**** n* c*”; assista.

Um dia depois de ser vaiado e xingado em São Paulo, durante o jogo do Palmeiras contra o Vasco, no Allianz Parque, o presidente Jair Bolsonaro foi alvo de novo protesto neste domingo, 28.

A manifestação aconteceu em Fortaleza, durante o Fortal 2019, o carnaval fora de época da capital cearense. Em vídeo que viraliza nas redes sociais, centenas de foliões gritam “ei, Bolsonaro, v** t**** n* c*”.

 

*Com informações do 247

Relator para Liberdade de Expressão da OEA critica Bolsonaro por ameaçar Greenwald de prisão

“Extremadamente preocupante y contrario a las obligaciones internacionales que el presidente de #Brasil pida criminalizar y prisión para un periodista por publicar información de notorio interés público”, reagiu no twitter Edison Lanza, relator especial para Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da OEA.

‘Talvez pegue uma cana aqui no Brasil’, diz Bolsonaro sobre Glenn Greenwald

Presidente diz que jornalista americano é ‘malandro’ por casar com homem no Brasil.

por Diego Garcia. Folha de S. Paulo

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou neste sábado (27), em entrevista após evento no Rio, que o jornalista americano Glenn Greenwald “talvez pegue uma cana aqui no Brasil”.

Greenwald é editor do site The Intercept Brasil, que tem publicado desde 9 de junho reportagens com base em diálogos vazados do ministro Sergio Moro e de procuradores da força-tarefa da Lava Jato.

Na mesma entrevista, Bolsonaro disse ainda que Greenwald e o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) são “malandros” por terem se casado e adotado dois filhos no país.

Bolsonaro fazia referência a uma portaria publicada por Moro, nesta sexta-feira (26), que estabelece um rito sumário de deportação de estrangeiros considerados “perigosos” ou que tenham praticado ato “contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal”.

“Ele [Glenn] não se encaixa na portaria. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, malandro, para evitar um problema desse, casa com outro malandro e adota criança no Brasil. Esse é o problema que nós temos. Ele não vai embora, pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”, afirmou o presidente.

A portaria do Ministério da Justiça foi publicada em meio às divulgações do Intercept Brasil, que revelou, em trocas de mensagens privadas entre o ex-juiz e procuradores da força-tarefa, ingerência do atual ministro sobre as investigações da operação.

O jornalista e o Intercept têm dito que não fazem comentários sobre suas fontes. Sobre sigilo da fonte, o artigo quinto da Constituição afirma: “É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”.

“Quando o Moro falou comigo, que teria carta branca, eu teria feito um decreto. Tem que mandar para fora quem não presta. Não tem nada a ver com o caso dele [Glenn]”, continuou o presidente.

Em 2004, o governo Lula tentou suspender o visto de Larry Rohter, correspondente do The New York Times no Brasil, após o jornalista afirmar em reportagem que excesso de álcool afetava o então presidente. O governo voltou atrás na decisão depois que Rohter fez pedido de reconsideração. ​

Greenwald é cidadão dos Estados Unidos e mora no Rio de Janeiro. Ele é casado com um brasileiro, o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), com quem tem dois filhos adotivos, também nascidos no país.

“Fui o único parlamentar, e mais um, não sei quem foi, que discursou contra projeto de Aloysio Nunes Ferreira que falava sobre imigração no Brasil. No Brasil você não dorme com as portas e janelas abertas em casa e nem no apartamento. No Brasil, está tudo escancarado”, disse Bolsonaro.

Glenn Greenwald afirmou neste sábado (27) que a declaração do presidente sobre sua eventual prisão não faz nenhum sentido.

“Ao contrário do que Bolsonaro deseja, não temos uma ditadura, temos uma democracia e para prender alguém é preciso mostrar evidencia de que a pessoa que você quer prender cometeu algum crime”, disse o jornalista à Folha.

“Isso é totalmente maluco porque o David e eu estamos casados há quase 15 anos”, disse sobre a afirmação de que o jornalista é “malandro” por casar com homem no Brasil. “Evidentemente Bolsonaro acha que tenho poder para prever o futuro, que depois de mais de dez anos eu precisaria dessa proteção para não ser deportado. É quase insana essa teoria”, afirma.

Portaria de Moro

O presidente defendeu a portaria publicada por Moro.

“Pela lei, se chegar aqui um navio com 5.000 pessoas de qualquer lugar do mundo, já sai com hospedagem. Não é assim! Não sou xenófobo, mas na minha casa entra quem eu quero, e a minha casa no momento é o Brasil. Se um cara for pego por suspeita de tráfico, sequestro, esses crimes brabos, é suspeito apenas, sai daqui! Já tem bandido demais no Brasil! Esse é o sentimento dele (Moro) e o meu também, parabéns ao Moro”, disse.

A norma publicada pelo ministro da Justiça também trata de casos de impedimento de ingresso ao Brasil e de repatriação.

Segundo a portaria, que recebeu o número 666, ficam sujeitos ao rito sumário estrangeiros suspeitos de terrorismo, de integrar grupo criminoso organizado ou organização criminosa armada, e suspeitos de terem traficado drogas, pessoas ou armas de fogo.

Glenn Greenwald escreveu em uma rede social que, ao publicar a portaria, Moro faz “terrorismo”.

“Hoje [sexta] Sergio Moro decidiu publicar aleatoriamente uma lei [portaria] sobre como os estrangeiros podem ser sumariamente deportados ou expulsos do Brasil ‘que tenham praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal.’ Isso é terrorismo”, afirmou o jornalista.

 

 

*Com informações do Viomundo

 

Nada de destruição: Queremos ouvir e ler o que Moro e Deltan diziam às escondidas, por Janio de Freitas

“Os dois e seus companheiros de missão político-judicial já fizeram bastante destruição, não precisam fazer mais uma”.

“Moro fez escutas ilegais. Divulgou escutas ilegais. Gravou conversas de advogados e outras pessoas isentas de suspeita. Deltan Dallagnol foi um associado de Moro com exibições de fanatismo e messianismo até na TV. Os vazamentos ilegais integraram a atividade de ambos como prática banal. Nós outros ouvimos e vimos tudo isso. Agora queremos ouvir e ler o que diziam às escondidas. Nada de destruir o material captado”, pondera Janio de Freitas, na coluna deste domingo (28), na Folha de S.Paulo.

“Os dois e seus companheiros de missão político-judicial já fizeram bastante destruição, não precisam fazer mais uma”, completa o articulista. Janio se refere à pressa do ministro da Justiça Sérgio Moro em se dispor a destruir as mensagens captadas nos celulares invadidos de autoridades.

“Além desse risco, há várias alternativas ao método Moro para impedir as consequências apropriadas às ilicitudes e faltas morais que comprometem o então juiz, o procurador Deltan Dallagnol e muitos outros. Ainda haverá estoque de decência para impedir a virada de mesa? Eis a questão”, avalia Janio.

Logo após a deflagração da Operação Spoofing, que prendeu 4 supostos hackers na terça-feira (23), Moro entrou em contato com Bolsonaro, presidentes do Senado e da Câmara, alguns ministros, juízes e parlamentares, que teriam também sido invadidos para dizer que “as mensagens serão destruídas”.

“Foi mais do que gentileza”, a atitude de Moro, pontua Janio. “A cada um deles disse que ‘o material será destruído’, um adendo que colhia, pela tranquilização, o imediato apoio à medida”, completa o analista político. O presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha, que confirmou à imprensa o telefonema de Moro, aderiu à proposta dizendo que “é isso [destruição das mensagens] que tem de ocorrer”.

Janio lembra que cabe ao Judiciário determinar o que deve ou não acontecer com as mensagens, lembrando que, em relação ao material de pessoas com foro privilegiado, “é exclusiva do Supremo Tribunal Federal a decisão de destruir, como rebateu o ministro Marco Aurélio Mello”.

Janio considera a aquisição do material hackeado das autoridades, e a prisão dos supostos hackers, como “a primeira virada de mesa elaborada por Sergio Moro”. Mas para que o quadro se torne totalmente ao seu favor, é preciso “seduzir interesses que imponham a destruição das mensagens captadas nos celulares invadidos”.

Uma preocupação que precisa ser levada em conta é a aliança com os militares do Exército, que “não hesitariam em apelar para uma velha e oca ferramenta verbal, autora histórica de inúmeras barbaridades: a ‘segurança nacional’”.

“Expor viciosas condutas adotadas em nome da moralidade e de nova vida pública, ah, que ousadia desses esquerdistas e corruptos contra a ‘segurança nacional’”, imagina Janio quais serão os argumentos utilizados para determinar a medida autoritária.

“Bolsonaro já encaminhou essa via. Definiu a alegada invasão do seu celular como ‘atentado grave contra o Brasil e suas instituições’. Não foi o que disse quando os telefones da presidente Dilma Rousseff foram hackeados por agentes americanos”, prossegue Janio.

O articulista alerta para outra forma de hipocrisia das autoridades do governo que é não reconhecer com indignação que as mensagens reveladas pelo The Intercept Brasil, em parceria com outros jornais, mostram um “atentado grave contra o Brasil e suas instituições” praticados no âmbito da Operação Lava Jato.

Janio teme ainda a força dentro da Polícia Federal para impedir que a mesa seja revertida em favor de Moro.

“A Polícia Federal está entregue a Sergio Moro. Logo, a alguém que teve o celular sugado e que está exposto, nas mensagens captadas, pelo que um juiz honrado não pode dizer nem fazer. Sergio Moro, portanto, figura em duas condições no inquérito que transcorre sob sua responsabilidade ministerial. Considerado o nível de lisura em sua participação na Lava Jato, são também duas as razões para que não permanecesse onde está: a formalmente óbvia e a dos antecedentes de interferência nas investigações da Procuradoria da República e da Polícia Federal”.

 

*Do GGN

*Matéria de Janio de Freitas na íntegra aqui

Moro e o fracasso do estado policial

Por Emir Sader

“Agora o máximo que o Moro pretende é se safar das situações embaraçosas em que ele se meteu, desde as revelações – das que ninguém mais duvida – do The Intercept. (STF então nem pensar, subiu no telhado)”, avalia o sociólogo Emir Sader sobre o ex-juiz da Lava Jato.

O projeto de construção de um Estado policial é um dos três eixos fundamentais do governo e tem no juiz Sergio Moro seu agente. Um eixo é o do ultraneoliberalismo de Guedes, que garante o apoio do grande empresariado e de todos os porta-vozes do neoliberalismo. Um eixo que avança na destruição do pais, independentemente de apoios no Congresso ou na opinião publica. O segundo eixo são os militares. Como Bolsonaro não tem partido, buscou reaproximação com os militares, para ter seu apoio e preencher cargos importantes no governo.

O terceiro eixo se deu em torno da nomeação de Moro para o Ministério da Justiça, para levar a Lava Jato para o governo, com o objetivo de construir um Estado policial no Brasil. Se trata de criminalizar os movimentos sociais, os partidos de esquerda, entidades do campo popular, personalidades de esquerda. O objetivo é blindar o Estado de tal forma que não seja possível um novo 2002, isto é, um retorno da esquerda ao governo.

Um dos instrumentos disso, herdado diretamente dos governos norte americanos, é a caracterização como “terrorismo” dos movimentos sociais que supostamente atentam contra o direito da propriedade privada – especialmente o MST e o MTST -, para atacá-los e tentar liquida-los. O pacote que Moro enviou ao Congresso retoma varias medidas repressivas que ele tentou fazer aprovar no auge da Lava Jato, que incluía até a tolerância com a tortura.

O governo retomou uma forma ainda mais radical de política econômica neoliberal, com a dilapidação do patrimônio publico, a liquidação dos direitos dos trabalhadores e o congelamento dos recursos para políticas sociais. É uma política que só atende os interesses dos bancos, que vivem das altas taxa de juros e do endividamento de governos, de empresas e de famílias. Os balanços dos bancos privados são um escândalo, demonstram que dinheiro no pais há, só que está nas mãos de quem não investe para gerar desenvolvimento econômico e empregos. Quando a Bolsa de Valores de São Paulo anuncia seu movimento diário, as cifras gigantescas não supõe a criação de nenhum bem e nenhum emprego. É uma economia centrada no capital especulativo.

Um modelo antipopular e antinacional como esse, precisa de um regime político antidemocrático, que tente impedir sua derrota eleitoral, como aconteceu de 2002 a 2014, em disputas democráticas. Dai a ruptura da democracia com o golpe que tirou a Dilma do governo sem nenhuma razão constitucional, que contou com o silencio cúmplice do Judiciário. Se colocava em pratica a guerra híbrida, a nova estratégia da direita em escala internacional, que inclui a perseguição política pela instrumentalização das leis e pela judicialização da política, com o Judiciário substituindo a soberania popular por suas decisões arbitrarias.

A derrubada da Dilma representou a ruptura da democracia e a instauração de um regime de exceção no Brasil. O projeto do governo Bolsonaro representa a tentativa de passar do regime de exceção ao Estado de exceção, fechando todos os espaços democráticos subsistente e impondo efetivamente uma ditadura.

Um tipo de Estado indispensável, para que a impopularidade da política econômica neoliberal não leve, mediante eleições democráticas, a derrotas sistemáticas da direita, como aconteceu desde 2002. Foi necessário apelar a instrumentos antidemocráticos tanto no golpe contra a Dilma, como na perseguição ao Lula e na vitória fajutada nas eleições de 2018 contra o Haddad.

O enfraquecimento do Moro representa o enfraquecimento desse projeto da direita. O pacote que enviou ao Congresso tem cada vez menos possibilidades de ser aprovado, assim como esse decreto esfarrapado com que ele pretende impor medo ao Glenn e outras medidas desastradas que lhe orientaram nessa viagem apressada aos Estados Unidos e que falharam estrepitosamente. Agora o máximo que o Moro pretende é se safar das situações embaraçosas em que ele se meteu, desde as revelações – das que ninguém mais duvida – do The Intercept. (STF então nem pensar, subiu no telhado.)

Quebrar essa perna do governo de exceção é um objetivo importante para as forcas democráticas, tanto para brecar o projeto de construir um Estado de exceção, como para ampliar os espaços democráticos, que são aqueles em que as maiorias podem se expressar livremente e decidir o futuro do Brasil.

 

*Por Emir Sader

Intercept: Pela Liberdade de Imprensa; “nós não temos medo de enfrentar quem quer que seja porque é a democracia que está em jogo”

Na manhã de ontem, dia 27 de julho, o presidente Jair Bolsonaro deu uma entrevista coletiva na qual ameaçou o jornalista e editor cofundador do Intercept, Glenn Greenwald. Eu, como todos aqueles que defendem a democracia, fiquei assustada. É por essa razão que o Intercept reafirma que:

O Intercept condena veementemente as declarações que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez sobre o jornalista e editor cofundador do Intercept, Glenn Greenwald. Jair Bolsonaro chamou Glenn Greenwald de “malandro” por ter casado com um brasileiro e adotado crianças no Brasil, o que dificultaria a sua deportação do país. A acusação seria ridícula se não fosse perigosa: o casamento de Glenn Greenwald ocorreu há quatorze anos, antes dele e da equipe do Intercept Brasil terem começado a publicar uma série de reportagens baseadas em um arquivo de conversas secretas revelando a má conduta de certos membros da força-tarefa Lava Jato.

Bolsonaro também disse que Greenwald “talvez pegue uma cana aqui no Brasil”, uma expressão coloquial que soa como uma ameaça. Glenn Greenwald e os repórteres do Intercept Brasil conduziram seu jornalismo com a máxima integridade, sempre pensando no interesse público, e por isso, gozam de total proteção da Constituição brasileira. O Intercept apoia e reafirma o direito de Glenn Greenwald, e de todos os jornalistas do Intercept Brasil, de fazer jornalismo sem qualquer intimidação oficial, muito menos deportação ou prisão.

Somos gratos pela solidariedade dos defensores da liberdade de imprensa em todo o mundo, já que as instituições democráticas brasileiras enfrentam esse profundo teste sob o atual governo, comandado por um autoritário que não vê nada de errado em ameaçar um jornalista simplesmente por exercer a sua profissão.

Experiências autoritárias em diversas partes do mundo demonstram que, mais do que nunca, é hora de fortalecer o jornalismo independente, que não se ajoelha diante de governantes ou de corporações. É isso que o Intercept e o Intercept Brasil fazem. Nós não temos medo de enfrentar quem quer que seja porque é a democracia que está em jogo. Se você acha que essa luta é importante faça também sua parte.

 

*Do Intercept Brasil

Vídeo: Bolsonaro é vaiado e xingado no jogo Palmeiras e Vasco

O presidente Jair Bolsonaro foi hostilizado e vaiado neste sábado (27), no Allianz Parque, em São Paulo, durante o jogo entre Palmeira e Vasco.

Nas redes sociais, circulam vários vídeos com vaias e demonstrações de hostilidade contra Bolsonaro. Um dos vídeos mostra a torcida do Vasco vaiando o presidente e dizendo “Ei, Bolsonaro, v** t**** n* c*”.

Em pouco mais de seis meses de governo, Bolsonaro consegue um feito histórico, é o presidente com pior nível de popularidade para o mesmo período desde a ditadura militar. O péssimo nível de aprovação já se reflete em suas aparições públicas e oportunistas em estádios para jogos de futebol da seleção brasileira e, agora, do Palmeiras, time que jura ser torcedor. Veja o vídeo portado pelo jornalista da ESPN, Mauro César, abaixo:

 

*Com informações do A Postagem