Ano: 2019

Gilmar Mendes: Lava Jato criou um ‘Estado paralelo que integrava um projeto de poder’

O ministro Gilmar Mendes, do STF, afirmou que é preciso separar o hackeamento do conteúdo das mensagens divulgadas pelo The Intercept. “As pessoas que participaram das conversas não negaram que tenham participado. Então, assumindo que isso se deu, há que se prestar contas”, destacou o ministro, afirmando que a Lava Jato criou um “Estado paralelo que integrava um projeto de poder”.

Em entrevista à rádio CBN, nesta segunda-feira (2), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, voltou a falar sobre o conteúdo das mensagens vazadas pelo The Intercept. Segundo ele, as mensagens revelaram “a atuação proativa do juiz” Sergio Moro, o que “gerou suspeita”.

Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, o ministro disse que o Judiciário vive a sua maior crise institucional. “O sistema todo foi contaminado por essa coisa”, enfatizou, afirmando que a Lava Jato criou um “Estado paralelo que integrava um projeto de poder”.

“Há uma frase que diz que o trapezista morre quando pensa que voa. E acho que os trapezistas aqui pensaram que voavam”, acrescentou.

Para o ministro, é preciso separar o hackeamento, crime que, segundo ele, merece repúdio e punição, do conteúdo das mensagens divulgadas. “As pessoas que participaram das conversas não negaram que tenham participado. Então, assumindo que isso se deu, há que se prestar contas”, destacou.

Gilmar Mendes também falou sobre os comentário debochado de procuradores sobre a morte de parentes do ex-presidente Lula.

“É interessante que alguém observava que a população se sensibilizou muito que os procuradores tiveram em torno dos enterros dos familiares de Lula, e da falta de sensibilidade moral”, avaliou. “Porque a população entende isto. Talvez não entenda o debate jurídico, que está por trás de todas essas coisas, mas aquilo que ela entende, ela repudia. Ela sabe o que é enterrar um parente, enterrar um neto. E fazer a brincadeira sobre isso mostra uma falta de sensibilidade moral muito grave”.

 

*Com informações do 247

Vaza Jato: Dallagnol recebe propina de grande empresária para não denunciá-la

Investigação da Pública em parceria com o Intercept analisou diálogos em que procurador pede recursos para empresários e indica doadores para o instituto contra corrupção.

Especial: Vaza Jato

Sócia de acusados pela Lava Jato, investidora anjo do Mude não foi alvo da denúncia de procuradores
Ligação de empresária com Eike Batista e Esteves era conhecida
Deltan se reuniu com empresários a portas fechadas na Procuradoria

O coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, captou investimentos de grandes empresários para financiar o Instituto Mude – Chega de Corrupção, criado para promover, além da própria operação, as dez medidas de combate à corrupção e suas opiniões políticas. Mensagens trocadas entre o procurador e membros do Instituto Mude no Telegram, recebidas pelo Intercept Brasil e analisadas em conjunto com a Agência Pública, revelam que ele se reuniu com empresários, às vezes a portas fechadas, na sede da Procuradoria, para arrecadar verbas para a entidade. Uma empresária que foi “investidora anjo” da organização: a advogada Patrícia Tendrich Pires Coelho seria depois investigada pela Lava Jato, mas não foi denunciada pela operação.

Apesar de saber que a empresa de Patrícia, a Asgaard Navegação S. A., fornecia navios para a Petrobras e ter conhecimento de sua proximidade com o empresário Eike Batista e com o banqueiro André Esteves, fundador do BTG Pactual – dois alvos da força-tarefa coordenada por Dallagnol –, o procurador não só aceitou a sua ajuda financeira como fez a ponte da empresária com os membros oficiais do instituto e se reuniu com ela para tratar da doação.

Em um diálogo com a integrante do Mude, Patrícia Fehrmann, em 29 de junho de 2016, Deltan diz que conheceu Patrícia Coelho em uma viagem – ele não diz para onde – no dia anterior à conversa: “Caramba. Essa viagem de ontem foi de Deus. Além dela, estava um deputado federal que se comprometeu a apoiar rs”, escreveu, não revelando quem seria o parlamentar a apoiar a entidade que se define como “apartidária”.

Enquanto discutiam a formalização do Mude no chat #Mude Delta,Fáb,Pat,Had,Mar, (formado por membros da organização, incluindo Deltan Dallagnol), um dos fundadores do instituto, Hadler Martines, escreveu em 29 de agosto de 2016: “Talvez vocês já tenham feito isso mas sobre nossa investidora anjo, dei uma boa pesquisada sobre seu histórico e realmente ela parece ser uma grande empresária multimilionária e com grande trânsito com grandes empresários nacionais. Hoje ela é sócia de empresa de frotas de navios (Aasgard) e de mineração e portos (Mlog). Algumas coisas que me chamaram atenção: – sua empresa fornece navios para a Petrobras; – ela é ex-banco Opportunity (famoso Daniel Dantas) – ela foi ou é muito próxima do Eike Batista e também do André Esteves (BTG)”.

Dallagnol não respondeu ao comentário. Ele e os integrantes do Mude que participavam do chat – Fábio Oliveira, Patrícia Fehrmann, Hadler Martines e o pastor Marcos Ferreira – se encontraram com Patrícia Coelho dia 8 de setembro daquele ano no Rio de Janeiro, de acordo com os diálogos no Telegram.

No dia 11, Hadler voltou a levantar suspeitas sobre a “investidora anjo”: “Sobre nossa reunião com o Anjo, ainda estou com uma pulga atrás da orelha tentando entender a razão do apoio financeiro tão generoso (sendo cético no momento)”, escreveu. “Me pergunto se ela quer ‘ficar bem’ com o MPF por alguma razão… Ela já foi conselheira do Eike e pelo que li dela, ela o representava em algumas negociações. Sugestão: fiquemos atentos. Desculpem o provérbio católico, mas quando a esmola é demais, o santo desconfia…”.

Ele enviou no grupo um link com a reportagem da revista Exame: “Eike tenta sacar uns US$ 100 milhões, mas André Esteves barra”. A matéria informa que Patrícia Coelho era apresentada por Eike Batista como sua consultora. A reportagem também diz que Patrícia é egressa do banco Opportunity e sócia da companhia de navegação Asgaard.

Dessa vez, Deltan respondeu ao colega: “Boa Hadler. Mais cedo ou mais tarde descobriremos isso”. Minutos depois, Deltan enviou uma mensagem para o procurador Roberson Pozzobon questionando se o nome de Patrícia havia aparecido nas investigações:

11 de setembro de 2016 – chat privado

Deltan Dallagnol – 19:45:26 Robito é essa Patricia Coelho que vai investir pesado no Mude

Deltan Dallagnol – 19:45:42 Não batemos em nada dela, confirma?

Roberson Pozzobon – 20:11:31 Vixxe, fiquei preocupado agora

Roberson Pozzobon – 20:11:51 Não chegamos nela não Delta, mas se tratando de Eike, não duvido de nada

Roberson Pozzobon – 20:12:37 A técnica preferida dele é a cooptação

Deltan Dallagnol – 20:20:16 Acho que é prudente rodar uma pesquisa nela empresas dela… Pela empresa ASGAARD, dá para achar o nome dela, Patrícia Coelho, e então as empresas dela e fazer a pesquisa… Vc roda?

Deltan Dallagnol – 20:21:24 Ela está investindo 1MM no Mude. Não é algo de que se possa abrir mão se ela não estiver enrolada. Por outro lado, se estiver, não queremos chegar perto dela e o Mude não vai querer, certamente, nenhum aporte vindo daí

Roberson Pozzobon – 20:29:48 Acho imprescindível tb

Roberson Pozzobon – 20:32:24 Lembre aquela conversa do colega do Rio do Eike chegando por intermédio de terceiros. Não acho que é o caso, até pelas circunstâncias aleatórias em que você a conheceu (salvo uma teoria conspiratória gigante)

Roberson Pozzobon – 20:32:36 Um outro ponto que pode valer a pena e não fazer nada antes da operação do Eike. Se bem que pode ser pior, sei lá

O nome da consultora de Eike Batista e “investidora anjo” do Instituto Mude, Patrícia Coelho, apareceu nas investigações da Operação Lava Jato, e foi Deltan Dallagnol quem deu a notícia para os colegas, no dia 25 de outubro de 2017: “Caros, uma notícia ruim agora, mas que não quero que desanime Vcs. A Patricia Coelho apareceu numa petição nossa e me ligou. Ela disse que tinha sociedade com o grego Kotronakis (um grego que apareceu num equema de afretamentos da petrobras e que foi alvo de operação nossa), mas ele tinha só 1% e ela alega que jamais teria transferido valores pra ele… Falei que somos 13, cada um cuida de certos casos, que desconheço o caso e que a orientação geral que damos para todos que procuram é: se não tem nada de errado, não tem com o que se preocupar; se tem, melhor procurar um advogado rs. Ouvindo sobre o caso superficialmente, não posso afirmar que ela esteve envolvida ou que será alvo, mas há sinais ruins. É possível que ela não tenha feito nada de errado, mas talvez seja melhor evitar novas relações com ela ou a empresa dela, por cautela”, escreveu, e concluiu: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas”.

Hadler lembrou ao procurador das suas desconfianças: “Delta, sobre essa questão, lembro bem como apesar de estarmos felizes com o apoio que estávamos recebendo à época, ficamos com um pé atrás. Especialmente por prestar serviços à petro e por ter sido sócia do Eike. Essa notícia não chega a nos surpreender e também não nos desanima. Obrigado por compartilhar!”.

Sócios ocultos

Em julho de 2019, a força-tarefa da Lava Jato denunciou os sócios de Patrícia Coelho na Asgaard Navegação S. A., o ex-senador pelo PMDB Ney Suassuna e Georgios Kotronakis – filho do ex-cônsul honorário da Grécia no Rio de Janeiro, Konstantinos Kotronakis, pelo envolvimento em esquema de corrupção nos contratos de afretamento de navios celebrados pela Petrobras com armadores gregos. Eles estavam sendo investigados desde 2015, uma vez que o inquérito policial que embasou a denúncia data daquele ano mas., de acordo com o MPF, a primeira menção à Asgaard ou a Patrícia ocorreu em 19 de abril de 2017, quando se verificou que um dos investigados era sócio dessa e de outras empresas.

De acordo com a acusação, o ex-senador “realizou reunião na Petrobras com Paulo Roberto Costa para cooptar o então Diretor de Abastecimento da Petrobras, expondo as intenções e colhendo cenários para obtenção de contratos de afretamento”. Apesar de as relações de Patrícia Coelho com Ney Suassuna terem sido abordadas na peça assinada por Deltan e outros 15 procuradores da República, Patrícia não foi alvo da denúncia.

Na acusação, os procuradores destacaram que “os contratos que constituíram Ney Suassuna como sócio oculto de Patrícia Tendrich Pires Coelho na Asgaard Navegação S/A e nas outras sociedades correlacionadas, correlatas, coligadas, controladas e/ou subsidiárias, ele era referido como potencial e efetivo captador de negócios e angariador de clientes”.

Em 2 de maio de 2014, a Petrobras, na sexta rodada do terceiro Programa de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo (Prorefam), selecionou a Asgaard Navegação S. A. para celebrar contratos de afretamento por oito anos, prorrogáveis por igual período, de seis embarcações de apoio marítimo do tipo Platform Supply Vessel (PSV – embarcações para transporte de cargas para as plataformas) que ainda seriam construídas por estaleiros nacionais.

De acordo com a acusação, Ney Suassuna se associou a Patrícia Coelho para que ambos se tornassem investidores do Grupo Superpesa, que atuava nas áreas de movimentação rodoviária e marítima de cargas superpesadas, construção e instalação de dutos e equipamentos submarinos, construção de embarcações, navegação de apoio marítimo, operação de terminal marítimo e aluguel de maquinário.

Tal grupo – que se encontrava em situação financeira delicada, com elevadas dívidas, problemas de gestão e ativos ociosos, segundo a denúncia – tinha como principal cliente a Petrobras, que respondia, de forma direta ou indireta, por 60% de seu faturamento. O grupo era proprietário também de terreno localizado no bairro de Imboassica, Macaé (RJ), que estava sendo negociado com a Petrobras, por se localizar dentro do Parque de Tubos da estatal.

Segundo os procuradores, Ney Suassuna e Patrícia Coelho, diretamente ou por meio de suas pessoas jurídicas, acordaram com o Grupo Superpesa o aporte de valores milionários na empresa. Patrícia assumiu a vice-presidência do Conselho de Administração e a diretoria do grupo e sua outra empresa, Voga Empreendimentos e Participações Ltda., foi contratada para prestar consultoria à Superpesa.

“Nesse contexto, cumpre destacar duas medidas adotadas por Ney Suassuna e Patrícia Tendrich para tentar salvar o Grupo Superpesa: i. foram recrutados os serviços de Jorge Luz e Bruno Luz, os quais possuíam amplo acesso ao alto escalão da Petrobras (principal cliente do Grupo Superpesa) e, como é sabido hoje, valiam-se da prática de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro para conseguir alavancar negócios dentro da estatal; e ii. foram estabelecidas tratativas para captação de investimento do armador grego Tsakos Energy Navigation”, destacaram os procuradores.

Na acusação, eles observaram também que os sócios da Asgaard, “notadamente Ney Suassuna”, optaram, em maio de 2014, por ocultar a participação de Georgios Kotronakis na sociedade, a fim de evitar complicações nos contratos de afretamento recém-celebrados pela Asgaard com a Petrobras. De acordo com a denúncia, Georgios Kotronakis “tinha como função principal atuar no rateio do produto do crime e na transferência de valores entre offshores, tendo, ao longo dos anos de atuação da organização criminosa, autuado em dezenas de atos de lavagem de ativos”. Ele administrava o braço da Asgaard em Londres, no Reino Unido, a Asgaard Navigation LLP.

“Em suma, no que toca aos integrantes dos núcleos operacional e administrativo, são os principais integrantes, sem exclusão de outros ainda sob investigação, Ney Suassuna, Henry Hoyer (ex-assessor de Ney Suassuna), João Henrique (filho de Henry Hoyer), Konstantinos Kotronakis, Georgios Kotronakis, Jorge Luz (colaborador), Bruno Luz (colaborador e filho de Jorge Luz) e Paulo Roberto Costa (auxiliado por seu falecido genro Humberto Mesquita)”, aponta o Ministério Público Federal.

A Asgaard não quis comentar a denúncia do Ministério Público Federal com a justificativa de que Patrícia Coelho “é apenas citada, não é denunciada”. “Não vamos fazer nenhum comentário em relação a isso”, informou a assessoria de comunicação por telefone. Ainda de acordo com a assessoria, a doação para o Instituto Mude foi realizada “pela pessoa física, Patrícia Coelho”. “Ela foi feita no momento onde o Brasil inteiro estava numa marcha contra a corrupção e a Patrícia identificou uma possibilidade de ajudar nessa agenda contra a corrupção que o país atravessava”, informou. “A Asgaard nunca teve nenhum tipo de benefício por ter feito essa doação”, acrescentou.

Deltan, o garoto-propaganda e captador de recursos do Mude

As mensagens trocadas por Deltan Dallagnol e os fundadores do Instituto Mude – Chega de Corrupção mostram que não foi apenas de Patrícia Coelho que o chefe da força-tarefa se aproximou para conseguir dinheiro para o instituto. Ele captou recursos de vários empresários, além de ter feito palestras para promover a organização.

“Caros acho que vou conseguir uma reunião do Flavio bilionário evangélico do WizeUp com o MUDE”, escreveu no dia 3 de março de 2017. No dia 30 de abril, ele disse que estava agendando um café da manhã com o empresário para 18 de maio: “Caros, estou agendando café da manhã com o Flávio do wise-up para o dia 18/5. Ele vai mudar a data da volta dele para estar conosco. Quem pode ir? Têm sugestão de lugar? Impoertante preparar algo bacana pra apresentar a ele”.

Em outra troca de mensagens, no mesmo grupo, fica claro o interesse de empresários em se aproximarem de Deltan Dallagnol por meio do Instituto Mude.

A empresária Rosângela Lyra é ex-sócia da Dior no Brasil. A palestra citada na conversa foi realizada na Casa do Saber, dia 13 de setembro de 2016, em São Paulo.

No mesmo dia 13 de setembro, Deltan voltou a escrever no grupo sobre um possível doador do instituto: “hoje um mega empresário veio falar comigo no aeroporto, um cara de SC com nome diferente. Passei meu e teu tel Pati. Falei pra ele te contatar. Ele tinha uma empresa que acabou de vender com sede em múltiplos Estados, uns 250 funcionários….”. Mais tarde ele mandou outra mensagem: “Pati passei seu contato para um dono de shoppings (Paulo) e pro dono do coco bambu”, disse, demonstrando mais uma vez sua aproximação com empresários e potenciais patrocinadores do Mude.

No mesmo chat, Deltan Dallagnol afirmou que poderia pedir recursos para um empresário da Opus Dei e convocou uma reunião com os membros do Instituto Mude na sede da Procuradoria para discutir os rumos da entidade. Hadler Martines apontou possíveis riscos para a imagem de Deltan, caso o encontro dele com membros da organização na sede da Procuradoria fosse vazado.

Código de Ética e de Conduta do Ministério Público da União, assinado em setembro de 2017 pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot, diz que é vedado aos servidores do Ministério Público da União “utilizar bens do patrimônio institucional para atendimento de atividades de interesse”. O documento destaca também que é compromisso de conduta ética dos procuradores “atuar com imparcialidade no desempenho das atribuições funcionais, não permitindo que convicções de ordem político-partidária, religiosa ou ideológica afetem sua isenção”.

No ano passado, Deltan Dallagnol também usou a sede da Procuradoria em São Paulo para se reunir com empresários convidados pelo instituto. “Oi Grazi prazer! para quarta dia 09 temos cerca de 10 empresários de grandes empresas confirmados. Convidados do movimento Mude. Na procuradoria 14h com Dr Deltan. Mas ele disse que podemos ter até 20”, escreveu. E prossegue dizendo que a assessora “passou uma lista de pessoas que ele poderia aproveitar a oportunidade de falar”, escreveu Patrícia Fehrmann no dia 7 de maio de 2018, no chat Palestras das Novas Medidas – A Grande Chance, onde eram organizadas as agendas de palestras do procurador.

Dallagnol e sua igreja financiaram o Instituto Mude

Além de captar recursos com empresários, o procurador Deltan Dallagnol tirou dinheiro do próprio bolso para custear despesas do Instituto Mude. Ele depositou R$ 1,8 mil nas contas do instituto em 8 de fevereiro de 2018. “Fiz a transferencia do MUDE amore”, escreveu no chat #Hadler,Deltan,Fábio,Marcos. O dinheiro foi usado para pagar Patrícia Fehrmann para atuar na gestão da entidade. Ele participou de uma vaquinha feita pelos integrantes do grupo, de R$ 300 para cada um, por seis meses.

Mais uma vez, Hadler Martines questionou a postura de Deltan, dessa vez ponderando se era certo, como membro da Lava Jato, ele fazer doação para o Mude, quando o procurador se prontificou a participar da divisão.

Em outra situação, anos antes, Deltan sugeriu que o dinheiro de suas palestras fosse destinado ao mude: “Consigo recursos também pelas palestras, mas o ideal era que o Mude virasse PJ [pessoa jurídica]… assim fica mais transparente a destinação e aplicação, porque posso ser cobrado em algum momento pela destinação de valores… Quanto antes virar PJ, seria melhor pq há umas palestras engatilhadas”, escreveu no grupo #Mude Reunião no dia 5 de junho de 2016.

As mensagens trocadas nesse grupo pelo Telegram mostram que a conta da Igreja Batista de Bacacheri – templo evangélico em Curitiba que o procurador frequenta – foi usada para custear o site do instituto: “Marcos e Deltan. Como o valor de oferta entrou na conta da igreja. A nota tem que ser pra igreja também. A igreja será o pj no caso do site. Calculo 8mil mas brifei 3 fornecedores e estou esperando o orçamento”, afirmou Patrícia Fehrmann.

E também a igreja, que foi a primeira sede oficial do Mude, financiou viagens dos seus representantes: “Pessoal, quais são as próximas viagens para esse mes? Compartilhei com Patricia e Fabio o relatorio financeiro da IBB… Talvez tenhamos que pedir mais algumas ofertas para essas viagens…”, escreveu o pastor Marcos no chat #Mude Delta,Fáb,Pat,Had,Mar, no dia 10 de setembro de 2016. “Vc pode olhar na agenda do google MUDE! Esta bem organizado lá. Com detalhes”, respondeu Patrícia Fehrmann. A Igreja Batista de Bacacheri informou à Pública que não irá se manifestar.

Contado pela Agência Pública, a força-tarefa da Lava Jato disse através de sua assessoria que “é lícito aos procuradores da República interagir com entidades e movimentos da sociedade civil e estimular a causa de combate à corrupção, inclusive no ambiente da procuradoria.” Também afirmou que “o procurador Deltan Dallagnol não lidera nem integra o Instituto Mude”, “jamais recebeu recursos do instituto, mas contribuiu com o Mude com doações financeiras pessoais e também dando opiniões”. “É falso, no entanto, dizer que ele tomava decisões finais”, afirmou. Sobre a doação de Patrícia ao Mude, a assessoria explicou que “trata-se de decisão do instituto, razão pela qual é falsa a afirmação de que foi o procurador que ‘aceitou a sua ajuda financeira’’. E acrescentou: “O procurador desconhece que tenham surgido nas investigações de André Esteves ou Eike Batista, até hoje, fatos relacionados à Sra. Patrícia ou sua empresa. É falso também dizer que o procurador sabia de eventuais ligações da sra. Patrícia ou sua empresa, quando a conheceu em 2016, com investigados no caso de afretamentos mencionado pela reportagem.” (Leia aqui a íntegra da resposta do MPF)

O Instituto Mude também afirmou que “apesar de não haver nenhum empecilho legal para tal, o procurador Deltan Dallagnol nunca foi integrante ou associado do Instituto Mude, tampouco fez parte da liderança do Movimento ou atuou como um diretor informal. Afirmar isso faz parte da construção de uma narrativa para desqualificar o procurador, a Lava Jato e iniciativas de apoio ao combate à corrupção vindas da sociedade, como o Movimento Mude” (Leia a íntegra da resposta do Mude aqui).

As mensagens foram reproduzidas pela Pública com grafia encontrada nos arquivos originais obtidos pelo Intercept, incluindo erros de português e abreviaturas.

Instituto Mude a serviço do ministro Moro

Apesar de Deltan Dallagnol não constar oficialmente como membro do Instituto Mude, as mensagens trocadas pelo aplicativo Telegram e que fazem parte do arquivo da Vaza Jato mostram que era ele quem dava a palavra final nas decisões mais importantes da organização registrada no dia 19 de setembro de 2016, conforme dados da Receita Federal.

O instituto foi criado inicialmente para coletar assinaturas a favor das dez medidas contra a corrupção, um pacote de mudanças legislativas que se tornou uma obsessão pessoal de Dallagnol. No entanto, depois da derrota na votação das dez medidas, o procurador passou a usar a entidade para defender suas posições políticas, conforme revelou o Intercept Brasil na reportagem “Deltan e Lava Jato usaram Vem pra Rua e Instituto Mude como lobistas para pressionar STF e governo”.

Deltan Dallagnol chegou a sugerir que o Instituto Mude sondasse a opinião dos parlamentares eleitos em 2018 sobre a execução provisória da pena porque, segundo ele, o então recém-anunciado ministro da Justiça, Sérgio Moro, teria preparado um projeto de lei sobre o assunto.

O ministro Sérgio Moro incluiu uma mudança sobre a execução provisória da pena em um projeto de lei, que faz parte do pacote anticrime. Encaminhado em fevereiro ao Congresso Nacional, entre outros pontos, o texto determina que a prisão após condenação em segunda instância se torne a regra no processo penal.O projeto acrescenta um artigo ao Código de Processo Penal para estabelecer que um tribunal, ao proferir acórdão condenatório, “determinará a execução provisória das penas privativas de liberdade”.

Atualmente, isso já acontece por entendimento do Supremo, porém o ministro propôs que essa medida passe a constar em lei para evitar o risco de uma eventual mudança de jurisprudência e a mais alta corte do país voltar a proibir as prisões de condenados por tribunais de segunda instância.

De acordo com o projeto, o tribunal poderá “excepcionalmente” não determinar a execução provisória da pena se houver uma “questão constitucional relevante” no caso específico.

 

*Do Agência Pública

 

 

Vaza Jato mostrará nesta segunda-feira conflito de interesses na captação de recursos para o instituto de Dallagnol

Dallagnol teria fundado o Instituto Mude, criado para levantar a bandeira das 10 Medidas contra a Corrupção e que seria dirigido “nas sombras” por ele.

A Agência Pública é mais um veículo que se junta ao The Intercept Brasil nas reportagens da Vaza Jato. O anúncio foi feito pelo Twitter da Pública, que adiantou que ainda nesta segunda-feira (2) deve divulgar reportagem sobre o conflito de interesses na captação de recursos por um instituto fundado por Deltan Dallagnol.

“A Agência Pública é o mais novo veículo parceiro do The Intercept Brasil na Vaza Jato. Nesta segunda revelaremos conflito de interesses na captação de recursos para instituto fundado por Deltan Dallagnol”, publicou.

Dallagnol teria fundado o Instituto Mude, criado para levantar a bandeira das 10 Medidas contra a Corrupção e que seria dirigido “nas sombras” por ele, para se posicionar sobre a substituição no STF sem aparecer para “não se queimar”. A organização, no entanto, estaria sendo usada para municiar grupos de direita e sites alinhados, como o Antagonista, para atacar inimigos da Lava Jato.

 

*Com informações da Forum

Bico, o bezerro de ouro do “empreendedorismo” que se transformou na tragédia nacional

Como é comum nos terceiro e quarto setores, as palavras ganham contornos alegóricos para fingir que elas não são o que realmente são. Assim, o bico ganha o glacê na nomenclatura e se transforma em empreendedorismo e todo o desastre que isso representa na vida das pessoas é jogado para os debates laterais. Aliás, o empreendedorismo cultural que, tempos atrás, já esteve muito em moda, traz um fato curioso, seus apologistas não vivem de empreendedorismo cultural, mas de palestras sobre o assunto.

É o charlatanismo do charlatanismo em que o sujeito dá aula daquilo que nunca viveu para dar testemunhos furados de algo sobre o qual não tem a menor ideia do que seja na vida real.

Assim é a vida de milhões de brasileiros vivendo em um país que se transformou na capital mundial dos ambulantes. Passamos o dia ouvindo as buzinas do carro do queijo, do pão, do ovo, da verdura, sem falar da multiplicação de cartões de visitas empilhados na caixa do correio com ofertas de serviços de encanador, eletricista, marceneiro, etc.

Esse país dos sacoleiros, que há poucos anos, a população nos governos de Lula e Dilma viveu o pleno emprego, com poder de compra, ocorre um fato curioso, tomados pelo fascínio do neoliberalismo por uma ideologia quase que religiosa, o empresariado brasileiro, no afã de não lucrar sobre o seu produto, mas sobre o seu empregado, acha uma maravilha ver seu consumidor precarizado, perdendo poder de compra, fechando a possibilidade de contar com crédito para consumir, e por aí vai. É o cachorro mordendo o próprio rabo.

O que se pode afirmar, sem medo de errar, é que, buscando uma régua que dê uma medida do nível intelectual do empresariado brasileiro, ele ostentará, sem dúvida, um troféu de burro motivado, pois não há no Brasil raciocínio mais ilógico do que o dessa gente.

Isso sem falar no pior, que é a vida de quem vive de bico, de como dorme e acorda sem saber se ele ou ela e sua família terão o que comer no almoço, já que não tem garantia de nada, depende da própria pessoa e de uma ação que lhe dê um retorno financeiro imediato para que, se trabalhar com venda, separe um dinheiro para realimentar o fundo do seu investimento e, dali, tirar a migalha que possibilitará a compra do seu alimento e de sua família.

Essa é a realidade nua e crua de quem vive do bico. E é esse conceito débil de economia que os neoliberais oferecem para fazer a economia bombar e acentuam isso na boca de Bolsonaro quando este arrota que, ou emprego ou direitos, sem reticências, como se a luz da economia pujante fosse a desregulamentação de qualquer lógica minimamente civilizada no mundo do trabalho.

Na verdade, o que assistimos é ao empobrecimento do país e o mesmo receituário da era FHC, que quebrou o Brasil três vezes em oito anos e, lógico, não implantou as medidas que Temer e, agora, Bolsonaro implantaram, porque não teve tempo para fazê-lo.

Mas o PSDB fez questão de participar da história desse desastre votando, de forma incondicional, a favor de todas as medidas que detonaram direitos e seguridades mínimas aos trabalhadores brasileiros.

Sobre os resultados disso na vida das pessoas, na verdade, um drama nacional, a receita de sempre, um silencioso cinismo que transfere para o precarizado a responsabilidade de sua precarização. Ou seja, cada pobre é juiz de si mesmo, o que eles nunca contam é que essa visão pândega é inatingível para aqueles que renunciaram da civilidade deixando-se levar pela ganância que coroaria, de forma permanente, seus lucros, sem ao menos desconfiar que, na outra ponta desse processo, aparentemente oposto ao dos degradados, estão aqueles que aplaudiram essa cadeia de degradação e que vão lamentar muito a falência de seus negócios.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

Com desemprego em alta, população está sem paciência com as bobagens de Bolsonaro

Bolsonaro tem no combate ao desemprego a sua pior avaliação entre 18 áreas, de acordo com pesquisa Datafolha, divulgada nesta segunda (2). Após oito meses, 65% da população considera a atuação de seu governo como ruim ou péssima nesse quesito. O top 5 da tristeza se completa com saúde (59%), combate à fome e à miséria (58%), meio ambiente (49%) e educação (49%). Sua reprovação geral passou de 33% para 38% e a aprovação, de 33% para 29%.

O presidente da República teria mais liberdade para a sua pauta medieval em costumes e comportamento caso tivesse conseguido reduzir drasticamente o desemprego no país. A maioria da população brasileira, que não é de direita, nem de esquerda, mas pragmática, digeriu as denúncias do Mensalão e reelegeu Lula, em 2006, em meio ao crescimento econômico. Toleraria mais facilmente, portanto, o pacote bolsonarista desde que o seu governo garantisse dignidade econômica. O que não tem sido o caso.

A geração de empregos segue patinando. Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua, divulgada pelo IBGE, na última sexta (30), a taxa de desocupação caiu de 12,5% (no trimestre encerrado em abril) para 11,8% (no encerrado em julho). São 12,6 milhões de brasileiros procurando trabalho sem encontrar.

Mesmo diante desses números, o presidente não apresentou até o momento um projeto nacional para fomentar geração de postos formais de trabalho. Pelo contrário: pressionado, já disse: “Tenho pena? Tenho. Faço o que for possível, mas não posso fazer milagre, não posso obrigar ninguém a empregar”. O argumento é intelectualmente indigente, uma vez que governos podem e devem criar ambientes propícios para o crescimento econômico e a geração de postos de trabalho.

Acreditando que tinha cacife junto à população ou apostando no acirramento de posições para agregar aliados em torno de sua proteção, Bolsonaro apertou a tecla “foda-se” a partir de uma live no Facebook no dia 18 de julho. Não que ele já não fosse Bolsonaro antes disso, mas parece que qualquer indício de freio desapareceu.

Desde então, ele trouxe o cocô para o centro da retórica presidencial, abraçou publicamente o nepotismo e a filhocracia e brigou com o mundo quando reclamaram que ele estava permitindo a maior fogueira tropical do planeta. Com o desemprego e a informalidade em alta, um indulto às suas loucuras foi negado pela maioria da população como se pode ver pelos números do Datafolha.

A informalidade bateu recorde na série histórica da PNAD Contínua. A taxa de desocupação vem caindo através do aumento de postos sem carteira assinada (mais 441 mil frente ao trimestre anterior) e dos trabalhadores por conta própria (mais 343 mil). Vagas sem 13o salário, férias, descanso semanal remunerado, limite de jornada. Ou seja, sem direitos.

O que vai ao encontro de outro bordão presidencial: “o trabalhador vai ter que decidir se quer menos direitos e emprego, ou todos os direitos e desemprego”. Essa relação tende a ser binária apenas em matrizes de pensamento simplistas, que excluem a possibilidade de um empregado produzir mais riqueza quando está sob condições saudáveis.

Os números da informalidade, por incrível que pareça, são comemorados por membros de sua equipe que veem nisso um momento em que brasileiros se “libertam” do jugo da CLT. Confundem o empreendedor consciente com o precarizado desolado. Ignoram que muitos dos que trabalham como vendedores de quentinhas e bolos na rua e motoristas para serviços de aplicativos trocariam seu CNPJ de MEI por um emprego que garantisse segurança e direitos num piscar de olhos.

Parte de seus apoiadores vendeu a falsa ideia de que, com o avanço da Reforma da Previdência, leite e mel correriam no meio fio das calçadas de imediato e unicórnios vomitariam arco-íris nos trabalhadores. Mesma ladainha, aliás, vendida pelo governo Michel Temer com a Reforma Trabalhista, que prometeu um dilúvio de empregos formais. Agora que a vida real se impõe, encontram outras desculpas.

Bolsonaro inverteu a ordem das coisas, acreditando que manter uma base bolsonarista bem alimentada e com energia para sair às ruas é a melhor garantia de proteção ao seu mandato. Optou por manter o país em Estado de campanha eleitoral constante, fazendo com que a principal meta do governo não seja emprego, saúde, combate à miséria, meio ambiente, educação, mas sua reeleição e o bem-estar de seus filhos. Se a campanha, em 2018, foi a mais curta da história recente, durando 45 dias, a de 2022 será a mais longa, e vai durar quase quatro anos.

O problema é que a maior parte da população está ficando irritada em ver um presidente comprar briga com tudo e com todos, pondo em risco a imagem e os negócios do país, enquanto entrega, no lugar de empregos decentes, vídeo de golden shower e declarações com cocô.

 

*Por Leonardo Sakamoto/Uol

Orçamento de Bolsonaro para 2020 corta metade dos recursos do MEC para pesquisa

A proposta orçamentária para 2020, elaborada pelo governo Jair Bolsonaro (PSL), reduz em 18% os recursos totais do MEC (Ministério da Educação) com relação ao valores autorizados de 2019. As reduções vão da educação básica à pós-graduação, mas o impacto será muito maior no financiamento de pesquisas e nas contas de grandes universidades federais.

O maior corte ocorre na Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), que financia pesquisadores da pós-graduação e também professores de educação básica. Pela proposta, o órgão vai perder metade do orçamento: sai de R$ 4,25 bilhões, segundo o valor autorizado para 2019, para R$ 2,20 bilhões em 2020.

A Capes sofreu um congelamento de R$ 819 milhões de recursos deste ano. O órgão já cortou 6.198 bolsas neste ano, equivalente a 7% do que havia no início do ano.

O projeto de Lei Orçamentária de 2020 foi encaminhado ao Congresso Nacional pelo governo federal na última sexta-feira (30/8). O MEC terá um orçamento previsto de R$ 101 bilhões em 2020, contra R$ 122 bilhões aprovados para 2019.

 

 

*Com informações do DCM

Se a eleição fosse hoje, Haddad venceria Bolsonaro por 42% a 36%, mostra Datafolha

Nas eleições de outubro passado, Bolsonaro foi eleito presidente com 55,13% dos votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos). Haddad obteve 44,87%.

Pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira (2) mostra que as atitudes de Jair Bolsonaro – que foram manipuladas e escondidas durante a campanha – além de derreterem sua popularidade poderiam influenciar nas eleições de 2018. Segundo o levantamento, caso o segundo turno das eleições fosse hoje, Fernando Haddad (PT) venceria Bolsonaro por 42% a 36% dos votos. Outros 18% votariam branco ou nulo e 4% não souberam responder.

Nas eleições de outubro passado, Bolsonaro foi eleito presidente com 55,13% dos votos válidos (excluídos brancos, nulos e indecisos). Haddad obteve 44,87%.

Segundo o levantamento, entre aqueles que declarararam voto em Bolsonaro no ano passado, 74% manteriam a opção se a eleição fosse hoje. Um total de 10% migraria para Haddad, e 13% votariam branco ou nulo. Já 88% dos eleitores do petista manteriam seu voto hoje. Somam 4% os que mudariam o voto para Bolsonaro e 6% os que votariam nulo ou branco.

Os números divulgados nesta segunda-feira mostram que reprovação do presidente subiu de 33% para 38% em relação ao levantamento anterior do instituto, feito no início de julho.

Outro dado da pesquisa também aponta, pela primeira vez, o abandono dos eleitores mais escolarizados, ou seja, que têm ensino superior. O índice dos que consideram a gestão de Bolsonaro como ruim ou péssima saltou de 36% para 43%.

A pesquisa revela ainda para a queda de desempenho entre aqueles mais ricos, com renda mensal acima de 10 salários mínimos. Neste segmento, a aprovação ao presidente caiu de 52% em julho para 37% agora —bastante significativa, ainda que se mantenha acima da média.

 

 

*Com informações da Forum

 

 

Bolsonarismo e morismo a cada dia menores e mais ferozes

Um em cada quatro eleitores de Jair Bolsonaro se arrependeu de seu voto, segundo o Datafolha. E não repetiria a escolha se o pleito fosse hoje.

A bordo dessa pesquisa, certamente vem a popularidade do Moro, endereçada não só a ele, mas à Lava Jato como um todo, fruto das revelações do Intercept.

É difícil avaliar uma pesquisa sem saber exatamente como foi elaborada, mas duas coisas precisam levadas em conta, aquela palavrinha ajeitadora chamada “antipetismo” que a mídia usou na campanha a favor de Bolsonaro e Moro, saiu de moda. Por outro lado, não resta dúvida de que muitos fiadores de Bolsonaro, que não são bolsonaristas, já abandonaram a canoa furada. O que se vê hoje são capatazes do bolsonarismo radical usando truques e robôs nas redes para tentar segurar o monumento de vento dentro de uma bolha cada vez menor.

A grandiosa esfinge do mito está murcha. Oito meses de uma maquete governamental foram suficientes para que, sem projeto de país, seu governo deixasse uma lacuna enorme na vida nacional e as consequências dessa realidade indubitável são o arrefecimento do bolsonarismo e a ferocidade dos cachorros loucos adestrados no canil neofascista.

Isso é público e notório, não é papo de bastidor e nem de pesquisa. Aquele instinto animal deliberado de Bolsonaro com apito na boca, que visava chamar atenção apenas pelo barulho de suas exclamações, se deteriorou, e seus rompantes não têm mais bala de canhão retórico para comandar a guarda bolsonarista de outrora.

Bolsonaro sangra em praça pública e o mesmo pode ser dito sobre Moro. quem ainda os defende tem que dobrar as apostas nas asneiras que dizem, ou seja, acreditar na seriedade dessa gente em matéria de política, é uma piada. Nem Moro, nem Bolsonaro hoje despertam qualquer entusiasmo na população. Na verdade, os dois começam a se constituir em um acervo de massa falida. Se ainda não estão na bacia das almas, estão bem próximos, porque os nostálgicos pitbulls do bolsonarismo não têm força suficiente nas mandíbulas ou na gesticulação para arrebatar no músculo o sentimento de frustração que tomou conta do país.

Não há uma única luz de farol para guiar essa gente no universo bolsonarista ou morista e, à medida em que o tempo passa, a rejeição dos dois se acentua a olhos vistos, tendo apoio concentrado em núcleos cada vez menores, mais barulhentos e mais ferozes, até por reação ao fracasso precoce estampado no projeto dos dois ex-mitos.

 

Por Carlos Henrique Machado Freitas

Lula ao povo nordestino: “Em breve, estarei nas águas do São Francisco”

“Hoje eu só posso estar com vocês em pensamento, mas muito em breve estarei aí em carne e osso, molhando o corpo nas águas abençoadas do velho Chico”, leu emocionado o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) diante da multidão que acompanhou a passagem da caravana Lula Livre por Monteiro (PB).

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou hoje (1) carta ao povo nordestino, que protesta contra a suspensão do bombeamento das águas do rio São Francisco pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). “Hoje eu só posso estar com vocês em pensamento, mas muito em breve estarei aí em carne e osso, molhando o corpo nas águas abençoadas do velho Chico”, leu emocionado o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) diante da multidão que acompanhou a passagem da caravana Lula Livre por Monteiro (PB).

No ato político, Fernando Haddad criticou Bolsonaro, “um pobre coitado, um cabra ruim, que não tem empatia, não consegue se colocar no lugar de ninguém, do negro, do índio, do LGBT”. “Não consegue se colocar no lugar de um nordestino que levou 500 anos para ter um presidente olhando para cá. E não foi só para ter água. Trouxe luz, educação, universidades, escolas técnicas”.

Para Haddad, a suspensão do bombeamento traz sérias consequências à população. “O que está acontecendo aqui é tão grave quanto o que esta acontecendo na Amazônia. Temos de dizer isso para os gringos, que nós aceitamos que o mundo olhe para nós com carinho, mas que tem de olhar também para o Nordeste. O Brasil inteiro precisa de cuidado”.

Leia a íntegra da carta de Lula:

A oportunidade que me foi dada pelo povo brasileiro de governar esse país fez de mim um homem feliz. Vocês não imaginam a alegria que eu sentia quando assinava um decreto para beneficiar milhares ou milhões de pessoas ou quando inaugurava uma universidade, uma escola técnica, uma refinaria, um conjunto habitacional do Minha Casa Minha Vida, porque eu sabia que qualquer um desses atos, por mais simples que fosse, estava contribuindo para a construção de um Brasil melhor e mais justo.

Poucas coisas na vida me fizeram tão feliz quanto tirar do papel um sonho de muitas gerações e tornar realidade a transposição do rio São Francisco. Uma das melhores lembranças que tenho é a inauguração popular que fizemos em 2017, aí em monteiro, com a presença da ex-presidenta Dilma, do ex-governador Ricardo Coutinho e de muitos de vocês que aí estão de novo, desta vez protestando e exigindo de volta aquela alegria que estão roubando de nós.

Ver a criançada mergulhando e o povo dançando e bebendo daquela água que o sertanejo esperava desde a época do Império. Nada disso tem preço. Não há dinheiro no mundo que pague os abraços que naquele dia eu recebi de tanta gente molhada do suor do seu trabalho e encharcada das águas do São Francisco. Tenho certeza de que aquelas cenas que vivemos, que estarão guardadas para sempre na minha memória, foram vistas com ódio pelos nossos adversários e hão de ter contribuído para que eu fosse preso sem nenhum crime cometido.

Fico imaginando a elite desse país vendo aquela felicidade toda e dizendo: temos que prender esse Lula senão ele vai ser presidente outra vez e a gente não vai poder mais tirar dinheiro do trabalhador e entregar para o mercado financeiro. Por isso me prenderam e querem a todo custo impedir que o povo volte a governar esse país. É por isso que estão tentando destruir tudo o que fizemos.

Estão queimando a Amazônia, que defendemos como nenhum outro governo, estão desmontando a construção civil que gerou milhões de empregos. Estão entregando o pré-sal, cujos recursos viriam para a saúde e a educação. Estão sufocando as universidades porque geram conhecimento e estão agora ocupadas pelas filhas e filhos do povo trabalhador.

Por isso eles não querem as águas do São Francisco correndo pelo sertão, porque não querem o povo feliz, produzindo, conquistando a sua autonomia. Naquele dia, em 2017, eu disse: nunca quis tirar nada do sul ou de São Paulo. O que eu quero é que o povo nordestino seja tratado em igualdade de condições.

Aqui tem de ter universidade, tem que ter indústria, tem que ter escola técnica, tem que ter mestres e doutores, tem que ter crianças de barriga cheia, pois eu continuo querendo e estou certo de que nós vamos desfazer cada maldade que fizeram com o Nordeste e que fizeram com o Brasil. Hoje eu só posso estar com vocês em pensamento, mas muito em breve estarei aí em carne e osso, molhando o corpo nas águas abençoadas do Velho Chico.

Um grande abraço.

Luiz Inácio Lula da Silva

 

*Com informações da Rede Brasil Atual

 

Vídeo: Augusto Nunes, o lixo mais rastejante do bolsonarismo, usa os filhos de Glenn e David para atacá-los

Vendo que tanto Moro quanto Bolsonaro começam a derreter num deserto de apoio político, um dos jornalistas mais imundos da mídia de cangaço, Augusto Nunes, resolveu mostrar que pode ser mais sujo do que todo o seu passado denuncia.

Augusto Nunes é um velho rato  que viveu como lombriga lambendo o coturno dos generais da ditadura. Em termos de caráter, qualquer brasileiro sabe que ele está reduzido ao que existe de mais podre no ser humano, um ser abjeto, rasteiro que passou a vida debaixo de folhagens para se prestar ao papel de pistoleiro da grande mídia para o agrado da burguesia.

É a cultura mais vil do jornalismo de esgoto que nasceu nesse núcleo imundo da mídia nacional.

Pois bem, esse rato branco que exala fedor, uma viúva tucana que usa o governo Bolsonaro como um novo pensionato, assim como os animais domésticos do clube militar, como Alexandre Garcia, partiu para uma baixaria covarde numa exposição nojenta dos filhos de Glenn e David como resíduo final de quem sabe que não há mais munição para proteger um governo de criminosos, justiceiros e milicianos e, muito menos para defender um falso herói que se mostra a cada dia um dos mais perigosos bandidos que se entocaram na justiça, usando vulgarmente a toga, como Sergio Moro.

Augusto Nunes, em seu ataque covarde, não esconde o desespero em que se encontra diante de iguais destinos que se convergem rumo ao precipício de Moro e Bolsonaro, que vem num crescente avassalador. Não tendo como frear esses ventos, o sacerdote do bolsonarismo mais podre, usou o seu estilo mais baixo para tentar, com seus uivos de ódio, atingir Glenn Greenwald e, consequentemente o Intercept.

 

*Da redação