Mês: fevereiro 2020

A era do cola-tudo acabou, Moro muda tom contra Lula: houve uma confusão, não era ameaça, era calúnia

Moro teve que colocar o rabo entre as pernas e admitir que tentou um “vai que cola” contra Lula, mas não colou e teve que pedir desculpas públicas mudando de versão.

Moro, agora, diz que não pediu à Polícia Federal investigação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com base na Lei de Segurança Nacional, legislação da época da ditadura, mas por calúnia.

Na verdade, Moro se esqueceu que não é mais juiz da Lava Jato e que perdeu os holofotes da Globo para condenar Lula a modo e gosto.

Isso mostra que o capanga de milícia não tem a menor intimidade com a constituição, tendo, portanto, que copiar seu chefe e desdizer o que disse horas antes.

O fato é que Moro não acerta uma como ministro.

Se achou que teria os holofotes da mídia a seu dispor para cometer crimes contra a constituição, agora, está descobrindo que só foi usado pela mídia e recompensado por Bolsonaro para tirar Lula da disputa eleitoral.

 

*Da redação

Dia do foda-se bolsonarista é o dia do ‘Somos todos milícia’

Quem acha que o bolsonarismo é somente ódio, está errado, os caras são bons de humor.

Agora, vendo Bolsonaro enterrado até o pescoço nas denúncias de suas relações em várias frentes com a milícia, sem ter como explicar o que não tem explicação, os bolsonaristas, convocados por algum gênio do escritório do ódio, dizem que vão às ruas contra o Congresso por conta do orçamento da União, o que faz qualquer criança parar de chorar e gargalhar quando ouve essa comédia protagonizada pelo gado.

Ora, o foda-se, neste caso, é para qualquer senso de ridículo ou para assumir de vez que nasceu para ser manada de Aécio, Cunha, Temer na base do “todos, menos o PT”.

Na verdade, dizem que se inspiraram na fala de Augusto Heleno que reclamou do Congresso e, no final, soltou um foda-se.

Mas, na realidade, todos sabem que estão indo para as ruas tentar reduzir um pouco o impacto desastroso para o governo do pibinho de Guedes, da disparada do dólar, mas principalmente do mar de contravenção que a sociedade vai descortinando, do qual o clã Bolsonaro é protagonista.

Não duvidem de aparecer um cartaz com os dizeres, “somos todos Rio das Pedras”, “Queiroz, o herói nacional”, “corrupção de rachadinha não é crime”, “Moro perdoou Flávio Bolsonaro”,  e por aí vai.

O fato é que, se essa gente, que nunca deixou de votar na direita, seja malufista ou tucana, ficou muito mais enfezada com a esquerda depois que o líder da manada anticorrupção de 2015, Aécio Neves, foi pego, com áudio e vídeo, pedindo e recebendo propina da JBS, quando toda a ação foi registrada por câmeras e microfones, sem dar chances para qualquer apelo para o contraditório.

Poderiam ter ido para as ruas por Aécio, por recontagem de votos, como foram, por qualquer outro motivo, mas foram contra Dilma e a suposta corrupção em seu governo e, depois, viram-se completamente ridicularizados com as imagens mostradas por toda a mídia, com aquele desavergonhado capítulo de Aécio pedindo e recebendo propina de Joesley.

A partir de então, num surto psicótico, todo bolsonarista que foi para as ruas, passou a ver comunista em qualquer gozador que lhe esfregasse na cara o mico histórico de ter ido às manifestações contra a corrupção convocadas por um dos maiores corruptos do país.

Agora, convocam para o dia 15 de março uma outra manifestação, desta vez contra o Congresso, usando a tática dos punguistas, apoiando bandidos do clã Bolsonaro, das milícias e todo o lixo do entorno, gritando “fora Congresso!”.

A pergunta é: teremos a repetição desse ato cívico que fez o planeta cair na gargalhada, vendo bolsominions marchando e cantando a canção do soldado?

https://youtu.be/m_hYmL0TCv8?t=17

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Vídeo: Mangueira dá uma chinelada no bolsonarismo

“E se fôssemos ensinados, desde criança que Jesus também poderia ser uma mulher, será que o Brasil estaria no topo do feminicídio?” (Evelyn Bastos)

Muito mais do que uma disputa política, do ponto de vista eleitoral, a Mangueira produziu, na maior manifestação cultural do mundo, os temas que são especialidade da escola, as várias formas de segregação que as camadas mais pobres da população estão sofrendo com um governo que nega cidadania aos negros, aos índios, aos gays e às mulheres, o que sintetiza a própria imagem de Bolsonaro, mas sobretudo do bolsonarismo, que consegue ser muito pior do que a criatura que ele pariu, porque, antes de qualquer coisa, não se pode perder de vista que o bolsonarismo é um vírus que sofreu mutação política depois de ter o PSDB como nascedouro dessa onda de ódio que conduziu uma pessoa inclassificável como Bolsonaro à Presidência da República.

Talvez seja esse o grande problema a ser enfrentado pela sociedade, a imposição de limite ao ódio de classe que, potencializado pela grande mídia, principalmente pela Globo, contra qualquer causa social que ameace o poder das oligarquias.

Baianas da Mangueira vieram fantasiadas como orixás crucificados

A Mangueira, com um dos sambas enredo mais bonitos de 2020, tem autoridade para colocar esse tema tão urgente na avenida, porque sua história se confunde com as marcas de um modelo de civilização herdado da escravidão e que marcou o próprio território e que marca até hoje as relações entre o Estado e a comunidade.

O cálculo político da Mangueira foi perfeito, Jesus, a quem os hipócritas bolsonaristas rogam e do qual Bolsonaro faz uso político, foi apresentado de várias formas em seu sentido mais profundo, mostrando que a situação dos negros, dos índios, dos gays e das mulheres, no Brasil, é idêntica ao que Jesus sofreu por ser pobre e ter levantado a voz contra as injustiças, pagando com o próprio martírio da crucificação.

Quando o Presidente da República chama de herói Adriano da Nóbrega, um miliciano que assassinou um flanelinha por ter denunciado a milícia, no dia seguinte da denúncia, ele sublinha a questão central da crítica que a Mangueira trouxe, assim como todos os Cristos representados pelos oprimidos que a Mangueira soube muito bem destacar na avenida, respaldada em dados reais, do aumento significativo da violência contra esses Cristos, com a chegada de Bolsonaro ao poder e o esgoto bolsonarista que cerca essa visão de mundo baseada no ódio ao outro.

O que não se pode esquecer é que os governadores Dória e Witzel, que promoveram os maiores massacres, com suas PMs, nas favelas e periferias de São Paulo e Rio de Janeiro, são frutos do  bolsonarismo e se elegeram na carona do fascismo tropical e, logicamente, da hipocrisia cordial, baseada numa falsa legalidade inspirada nas práticas de Moro e de seus comandados da Lava jato. Por isso, não por acaso, ele é o Ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro.

A Mangueira sintetizou, de forma precisa e organizada, o desfile que denuncia os elementos característicos do bolsonarismo que condena as pessoas consideradas socialmente inferiores, a partir de sua régua, respaldado na ideia de que o governo precisa organizar o país na base do racismo, do preconceito e da discriminação para se chegar à condição celeste de ser a pátria do evangelho, na ótica dos opressores contra os oprimidos.

https://twitter.com/GeorgMarques/status/1231907007449444352?s=20

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Vídeo: Em pleno tribunal, juíza bolsonarista faz exaltação ao “mito” e leva um sabão histórico de uma advogada

Uma das características dos tucanos, que se transformaram em bolsonaristas, é a incapacidade de entender o mundo, a sua situação no mundo, o conceito de cidadania e seus direitos.

O que se observa é que parte do cérebro dessa gente, e não se sabe qual, foi mutilada, porque a linha argumentativa em defesa de Bolsonaro, é zero, é nula. É como se uma parte do cérebro estivesse plana como a terra que o bolsonarismo propaga.

O que esse vídeo abaixo mostra é que, na verdade, o bolsonarismo é um estado de espírito em que a fé no abstrato mais improvável é que move esse sentimento, não importando o grau de instrução, de formação ou de colocação social.

Como já foi mostrado em pesquisas, a parcela mais opulenta da sociedade, que também é a intelectualmente mais preguiçosa, compõe em seu universo social o maior número de bolsonaristas, o que significa que as classes economicamente dominantes, são trágicas do ponto de vista cultural, o que produz um vácuo cerebral na consciência, seja ela individual ou coletiva, que resume o universo em dados absolutamente subjetivos no exercício da suposição e totalmente descolado de qualquer senso de realidade.

Neste caso específico, passa-se a entender o comportamento da polícia e da justiça que escolhem como tratar as pessoas em função do que elas parecem ser. Infelizmente essa é uma das piores chagas do aparelho judiciário do Estado brasileiro.

O exemplo trazido por esse vídeo, de um embate entre uma juíza e uma advogada numa sessão do TRT-15, coloca às claras o modelo de cidadania que as pessoas ligadas aos bolsonarismo entendem. É a partir desse processo subordinado ao mercado que o entendimento que se faz sobre o país mede o modelo cívico brasileiro.

A advogada, brilhantemente, respondeu aos principais tópicos exaltados pela juíza bolsonarista de uma maneira incisiva, cirúrgica, objetiva, sem rodeios, não dando chance sequer a uma tréplica que pudesse fugir do famoso, “respeito sua opinião, mas não concordo”, sem dizer o que e porque.

Não deixa de ser um momento histórico que, certamente se imortalizará pelo registro que ficará para muitas gerações, para entenderem o que se passava no país na era miliciana nos dias que correm.

https://youtu.be/wthSEl4gvCo?t=36

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Tereza Cruvinel: Homens da CIA no golpe da Bolívia

Um artigo do site Behind Back Doors, conhecido por suas revelações sobre a ingerência norte-americana na América Latina, apresenta uma lista dos mais importantes agentes da CIA que participaram do golpe contra o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales. Anuncia também que a operação na Bolívia continua e que há outros governos “não amigos” nos planos de desestabilização política do continente. O próximo alvo pode ser Manágua.

Em sinal de que a ofensiva contra a esquerda na Bolívia de fato continua, na quinta-feira a Justiça Eleitoral do país barrou a candidatura de Evo ao Senado nas eleições marcadas para maio, alegando que ele não provou residir no distrito eleitoral pelo qual se candidataria.

O artigo “Os mais importantes agentes da CIA em La Paz, Bolívia (parte I)” expõe a identidade de alguns dos principais agentes do golpe, tanto de americanos como de bolivianos cooptados, como o general Willian Kaliman Romero, ex-comandante das Forças Armadas, que gozava da inteira confiança de Evo Morales, que o colocou no cargo em 2018. Foi Kaliman que, no calor do golpe, pediu publicamente a renúncia de Morales em 10 de novembro passado, seguindo as instruções Bruce Williamson, encarregado de negócios dos Estados Unidos na Bolívia. A instrução foi passada a Kaliman por Luis Fernando Camacho, o líder político de Santa Cruz, devidamente integrado ao grupo conspirador.

Segundo o site, o golpe começou a ser planejado no território norte-americano, em parceria com políticos bolivianos que vivem nos Estados, como Gonzalo Sánchez de Lozada, Manfred Reyes Villa, Mario Cossio e Carlos Sánchez Berzain, que fizeram a ponte inicial com os militares cooptados para o golpe, criadores da “coodenação nacional militar”, entre eles o general Rumberto Siles e os coronéis Julius Maldonado, Oscar Pacello e Carlos Calderon.

Milhões de dólares teriam sido investidos pelos EUA no golpe. Só a Fernando Camacho, para organizar a insurgência em Santa Cruz de La Sierra, foram entregues dois milhões de dólares.

Já dispondo de quadros baseados na embaixada ou atuando clandestinamente na Bolívia, em setembro, um mês antes da eleição de outubro, mais 38 agentes entraram no país, disfarçados de turistas, empresários ou dirigentes de ONGs.

O golpe teve êxito porque a CIA conseguiu cooptar não apenas os políticos de direita como também militares, dividindo as Forças Armadas. Entre os militares, muitos eram próximos de Evo e o traíram miseravelmente, como o general Kaliman.

Cooptado pela CIA, o general cumpriu duas tarefas decisivas para o golpe. Primeiro, fornecendo informações sensíveis sobre Evo e seu governo aos agentes. E depois, desinformando o então presidente sobre o que estava se passando no país, evitando que pressentisse o golpe e tentasse abortá-lo, quando ele já fora planejado e tudo estava pronto para sua execução dentro das Forças Armadas.

Segundo o artigo, Kaliman foi cooptado ainda antes de assumir o comando das Forças Armadas, a partir da identificação de seus “pontos fracos”, como o fato de que todos os seus filhos vivem nos Estados Unidos e o de sua filha ser casada com um alto oficial do Exército americano. Em La paz, durante todo o tempo, o general manteve contatos com agentes disfarçados que operavam no país. Pouco antes do golpe, ele exigiu que sua esposa fosse tirada do país e levada para os Estados Unidos.

Na fase pré-golpe, ele conseguiu convencer Evo a autorizar a presença de tropas de inteligência do Comando Sul do Exército americano em território boliviano, e que a Bolívia integrasse a Surnet (Rede Sudamericana), um mecanismo regional para intercâmbio de inteligência militar.

Outro cooptado pela CIA, segundo Behind Back Doors, foi o general Vladimir Yuri Calderón, comandante da polícia, que havia servido durante vários anos como Adido Militar da Bolívia nos Estados Unidos. Nos preparativos do golpe, seu interlocutor na embaixada americana era o major Matthew Kenny Thompson, também adido militar. Por sua socialibilidade, Thompson atuou fortemente junto às Forças Armadas bolivianas, cooptando oficiais para o plano golpista.

Até mesmo a partir da Argentina a CIA atuou no golpe, através do adido militar da Bolívia, general Rômulo Delgado, que facilitou a infiltração junto a militares bolivianos. Da Venezuela, teria atuado o coronel Juan Carlos Jaramillo, onde é ligado a Juan Guaidó e tem notória parceria com a CIA em ações contra o governo Maduro, como no ataque ao aeroporto de Carlota, em 2019.

Entre os cooptados o site cita ainda os coronéis Clamente Silva Ruiz, chefe do comando de La Paz, e Erick Millares Luna, da área de inteligência.

Outro que traiu Evo foi seu amigo (ex-amigo) Panchito, apelido de Ramiro Flores Montano, cooptado pela CIA quando servia, indicado por Evo, como adido militar no Chile. Voltou para participar ativamente dos preparativos e da execução do golpe, fornecendo armas e treinamento militar ao grupo Yunga Cocaleros, um dos que tomou as ruas.

Traidor notável foi também o empresário Edwin Saavedra, que era muito amigo do então vice-presidente Álvaro Garcia Linera, através de quem obtinha informações que passava à CIA.

Entre os americanos, um dos mais importantes algozes de Evo Morales foi Rolf Olson, agenda CIA disfarçado de conselheiro econômico da embaixada. Outra agente citada é Annette Dorothy Blakeslee, que atuou no “golpe suave” na Nicarágua como médica da USAID. O Olson é atribuído o completo “manejo” do principal líder político boliviano no golpe, Luiz Fernando Camacho Vaca, orientado a criar o tal “Comitê Cívico de Santa Cruz de La Sierra”, plataforma civil que atuava em sintonia com a “Coordenação Militar Nacional”.

A embaixada americana entregou a Camacho, segundo o artigo do site, dois milhões de dólares para ele organizar a insurgência em Santa Cruz. O site diz que Brasil e Argentina (ainda governada por Macri) teriam ajudado no repasse do dinheiro mas não fornece detalhes.

Camacho comandou as ações mais violentas contra a população civil antes do golpe. Durante meses, sob supervisão da CIA, ele teria recrutado, organizado e treinado os membros da organização neofascista Unión Juvenil Crucenista, que teve atuação agressiva nos conflitos.

Ele teria participado de várias reuniões com George Eli Birnbaum, agente americano que chegou antes de outros 38 americanos que entraram no país disfarçados, em setembro, um mês antes das eleições de outubro, fazendo-se passar por turistas, empresários e dirigentes de ONGs. Com eles foram planejadas as ações para incitar protestos contra supostas fraudes no processo eleitoral em que Evo disputava a quarta reeleição. Estes 38 agentes integram as Tropas Operacionais Especiais do Comando Sul dos EUA. Três destes 38 agentes incógnitos, segundo o site, foram Cason Benham, Luis Manuel Ribero Ibatta e Diego Santos Sardone, que se fizeram passar por advogados.

A estação da CIA na Bolívia valeu-se também, segundo o site, da colaboração de José Sánchez, chefe da AFI, a Agência Federal de Inteligência argentina, no levantamento de dados sobre membros do governo Evo e também sobre todos os funcionários cubanos, venezuelanos e nicaraguenses residentes na Bolívia, incluindo os diplomatas, buscando associá-los ao narcotráfico e à corrupção.

Outro argentino, Gerardo Morales, governador da província de Jujuy, no norte do país, teria tido participação importante na triangulação do dinheiro injetado no golpe pela embaixada norte-americana. Em setembro de 2019, um mês antes do pleito, a filha de Donald Trump, Ivanka, fez uma visita relâmpago à província, onde se reuniu com Fernando Camacho e com o governador Morales.

As revelações de Behind Back Doors soam rocambolescas, e alguns fatos parecem incríveis, como esta visita de Ivanka a um cafundó da Argentina. Mas os golpes são assim mesmo: inverossímeis mas acontecem.

Para nós que vivemos num país em trepidação constante, onde se louva a ditadura e se fala em volta do AI-5, é bom aprender um pouco sobre eles acontecem.

 

 

*Tereza Cruvinel – Brasil 247

1ª prisão do miliciano herói de Bolsonaro teve comandante detido e fuzis do tráfico achados em batalhão

Em 27 de novembro de 2003, oito PMs do 16º BPM (Olaria) foram presos em flagrante pelo homicídio do flanelinha Leandro dos Santos Silva, em Parada de Lucas, na Zona Norte do Rio.

O homem foi assassinado um dia depois de denunciar que havia sido torturado e extorquido pela patrulha.

Um dos agentes detidos era o então tenente Adriano da Nóbrega — morto numa operação da PM na Bahia, há duas semanas.

Uma investigação da PM aberta após as prisões escancarou o descontrole no batalhão de Adriano à época: agentes faziam operações clandestinas, fuzis do tráfico foram encontrados dentro da unidade e até o comandante acabou preso acusado de tentar coagir testemunhas.

Essa foi a primeira prisão da carreira de Adriano — que recebeu, na cadeia, a Medalha Tiradentes do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

O EXTRA teve acesso ao relatório final da investigação, que apontou irregularidades cometidas por 51 policiais e determinou a abertura de processos administrativos para a exclusão de dois oficiais da PM — um deles, Adriano.

A investigação descobriu falhas no controle das viaturas usadas pelos agentes e nas escalas de serviço, o que possibilitava que PMs, mesmo fora de serviço ou à paisana, fizessem operações.

No mesmo dia das prisões, foram encontrados, no batalhão, dois fuzis — fabricados na China e na Rússia — que não faziam parte do armamento utilizado pela PM à época. As armas haviam sido apreendidas com traficantes e deveriam estar acautelados, mas eram usados pelos agentes do batalhão.

Torturas em série

Os oito PMs foram presos e denunciados pelo homicídio do flanelinha, mas nunca chegaram a responder pelas acusações de tortura feita por outros dois moradores de Parada de Lucas. Um deles alegou ter sido capturado em casa no dia 11 de outubro, levado para um terreno baldio na favela e liberado após pagar R$ 1 mil aos PMs. Outra vítima relatou ter passado o mesmo no dia 11 de novembro.

O GPS da viatura usada pelo grupo apontou que ela esteve no local apontado como o cativeiro. Seguranças que trabalhavam numa empresa próxima confirmaram que viram PMs lá nos dois dias. Um par de sandálias de uma das vítimas foi apreendido no local. A terceira vítima foi Leandro, o guardador de carros, em 21 de novembro. Exame de corpo de delito feito antes do assassinato apontou sinais de asfixia.

Comandante acabou preso

No dia em que a patrulha foi presa, o então comandante do batalhão, tenente-coronel Lourenço Pacheco Martins, foi exonerado pelo secretário de Segurança Anthony Garotinho. O oficial acompanhou os oito PMs até a delegacia e, no local, chegou a ameaçar fotógrafos caso fossem registradas imagens dos agentes.

No ano seguinte, já fora do cargo, Martins foi preso acusado de tentar coagir testemunhas que acusavam a patrulha de tortura. A prisão do oficial aconteceu um dia depois de um depoimento do traficante José Roberto da Silva Filho, o Robertinho de Lucas. O criminoso alegou que teria sido forçado por Martins a convencer testemunhas da morte do guardador a mudar o depoimento na Justiça. A acusação nunca foi comprovada, e Martins acabou solto meses depois.

Impunidade

Adriano da Nóbrega foi condenado em primeira instância a 19 anos e seis meses de prisão. Após a condenação, foi defendido na tribuna da Câmara pelo então deputado federal Jair Bolsonaro. Ao recorrer da sentença, o então capitão conseguiu ser absolvido por decisão da 4ª Câmara Criminal do TJ do Rio, em setembro de 2006.

Nenhum dos oito PMs da patrulha acabou condenado pelo homicídio. Todos foram soltos após serem absolvidos em segunda instância. Em 2014, já capitão, Adriano foi expulso da PM por envolvimento com bicheiros.

Casado, pai de dois filhos e sem antecedentes criminais, Leandro começou a trabalhar como autônomo registrado na CET-Rio em 18 de setembro de 1999. Ele trabalhava no sistema Vaga Certa na Avenida Atlântica, próximo ao hotel Copacabana Palace.

 

 

*Com informações do Extra

 

 

Saul Leblon: Se quisessem, elite e mídia derrubariam Bolsonaro em 48hs

Com a astúcia de sempre, Saul Leblon, no twitter do Carta Maior, mata a fatura:

Dois meses de culto em culto e o novo partido de Bolsonaro só reuniu 0,6% das assinaturas para sua criação. Entre outras coisas significa que ele precisa da aliança com a mídia e o dinheiro para ter êxito. Significa também que, se quisessem, elite e mídia o derrubariam em 48hs. Querem? Ora… (Saul Leblon).

São detalhes como esses que fazem toda a diferença, inclusive daqueles que cultuam a ideia mítica de um Bolsonaro amparado pelos evangélicos. O partido que, na verdade, é aliança com a milícia, é formado muito mais por um restolho de fraude eleitoral que não tem substância suficiente para alavancar a própria candidatura à reeleição de quem ocupa o posto máximo do país.

Isso é mais do que revelador, abre um clarão sobre os pontos a serem atacados por quem já entendeu que o país está sendo governado por um clã que se organiza e se move no submundo do crime a partir da família, numa espécie de rotação e translação de uma terra plana que cruza as milícias cariocas com as milícias da Amazônia, entre outras ramificações, incluindo aí o tráfico de armas e drogas e os motins de PMs mascarados Brasil afora.

Bolsonaro é produto genuinamente forjado numa mentira que ele próprio criou, que a elite comprou e que a mídia massificou, somando-se a isso a campanha fake news milionária patrocinada com caixa-2 por empresários interessados no desmonte dos direitos trabalhistas e da aposentadoria, o que não deixa de ser uma milícia formal de salão.

Aliás, o bolsonarismo vem daí, não exatamente de Bolsonaro, mas do espectro tucano que lhe deu sustança política e eleitoral, assunto que cabe em inúmeros artigos sobre essa questão.

Por hora, para-se aqui com essa revelação fundamental para que se entenda melhor que Bolsonaro opera pelas sombras da criminalidade miliciana, isso até o mais demente dos seres já sabe. Mas as sombras aqui são outras que Bolsonaro soube vender, aquela que se avolumava na parede, quando, na infância, brincava-se com velas nos momentos de falta de luz. Desse jeito, uma coisa primitiva, infantil, mas que conseguiu convencer a muitos sobre um tamanho gigante que Bolsonaro jamais teve.

A afirmativa de Saul Leblon é correta: “se quisessem, elite e mídia o derrubariam em 48hs”. Diria mais, ele não aguentaria um dia de sarrafo no Jornal Nacional com 10% da potência com que William Bonner atacava Lula numa única edição do telejornal dos Marinho.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

*Foto destaque: quadro incompleto de Romero Britto

 

Major Olímpio critica líderes “visando urnas” e atitude “terrorista” de PMs no Ceará

Major Olimpio (PSL-SP) fez parte de uma comitiva de senadores que foi negociar o fim do motim no Ceará.

O senador Major Olimpio (PSL-SP) voltou do Ceará assustado com o quadro de “quebra de hierarquia absoluta” que encontrou nos quartéis tomados por policiais militares amotinados em greve.

O motim em quartéis de Fortaleza, capital cearense, e cidades do interior, foi iniciado na última terça-feira (18), horas depois do anúncio de um acordo de reajuste costurado entre representantes da PM, do governo do estado e deputados estaduais. Nos principais quarteis rebelados, políticos oriundos da PM cearense assumem um papel de liderança.

Segundo Olimpio, há interesses políticos evidentes por trás da greve. “Alguns [líderes] estão visando o 4 de outubro nas urnas”, afirma, fazendo referência à data da eleição deste ano.

O líder do PSL no Senado cita ainda o ex-deputado federal Cabo Sabino (Avante-CE) como uma dessas lideranças. “Sabino é meu amigo. Ele ficou quatro anos comigo como deputado. Eles estão irredutíveis, dizem que ou dão anistia, ou o movimento vai continuar”, lamenta o senador, lembrando de um encontro com os grevistas, do qual também participaram os senadores Eduardo Girão (PROS-CE), e Elmano Férrer (PODE-PI), além do deputado federal Capitão Wagner (PROS-CE).

“Só faltamos ficar de joelhos e implorar para eles. A maioria dos policiais acha que vai ter anistia”, explica.

Além de Sabino, Major Olimpio cita outros políticos cearenses que estão atuando na caserna, mobilizando os PMs amotinados.

Um deles seria vereador de Sobral, Sargento Ailton (Solidariedade), que comandava o piquete onde o senador Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado. Olimpio aponta também do deputado estadual Soldado Noelio (PROS-CE) e o vereador de Fortaleza Sargento Reginauro (Sem partido).

Todos têm em comum a forte oposição à família Ferreira Gomes —liderada pelo ex-governador Ciro Gomes (PDT), que apoia o governador Camilo Santana (PT).

Olimpio defendeu o petista no que diz respeito à negociação de aumento com a categoria.

“O governador me disse que não tem mais condição de esticar a corda. Já botou R$ 600 milhões para dar o reajuste e eles vieram com um pleito que custa R$ 2 bilhões. Eles merecem mais do que estão pedindo, mas o governo do Ceará está dando R$ 4.500 para um soldado. São Paulo, que tem R$ 239 bilhões de orçamento, paga R$ 3.180”.

Além dos políticos locais, Olimpio cita também o deputado estadual da Bahia Soldado Prisco (PSC), presidente da Aspra (Associação Nacional dos Praças). Segundo o senador, Prisco tenta fomentar movimentos como o do Ceará em outros estados.

“O Prisco foi expulso da PM da Bahia [conseguiu ser reintegrado pela Justiça em 2017] e se tornou um mobilizador de greves profissional”, critica.

Para Olimpio, os homens encapuzados e armados na rua “pareciam o Hezbollah [partido e grupo paramilitar libanês]”. Já ataques contra bens públicos e privados —um PM chegou a ser preso em flagrante em Crato, interior cearense, por incendiar o carro de uma moradora contrária à greve— são “coisa de terrorista e de criminoso”, como definiu em um vídeo publicado nas redes sociais.

O senador teme que o exemplo cearense seja seguido por policiais de outros estados. “Eu me preocupo demais com isso nesse momento. Porque por salários miseráveis, piores que os que têm no Ceará, você tem no Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul. Na Paraíba tem um movimento semelhante”.

Olimpio, porém, garante que uma anistia aos grevistas do Ceará não passa no Congresso. Nem mesmo a bancada da bala apoiaria uma medida desse tipo.

“A bancada de profissionais de segurança aumentou pela credibilidade dos policiais e da atividade policial. Não vamos criar lideranças criminosas em uma atividade fundamental do Estado. Por isso que está escrito na Constituição que é vedada sindicalização e greve”.

 

 

*Igor Mello/Uol

Vídeo: Bolsonaro desmonta o Inmetro para facilitar a venda combustíveis adulterados

Se há um objetivo claro nos arroubos de Bolsonaro, qual o motivo de taxar de idiota sua atitude de tentar acabar com o Inmetro? É pela supina ignorância de não entender a relevância do Inmetro para a economia brasileira.

Não interprete a ofensiva de Jair Bolsonaro contra o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia) como apenas uma demonstração a mais de ignorância sólida. Há um objetivo disfarçado em todos esses movimentos, que é abrir espaço para a ampliação do crime organizado.

Foi assim nos episódios em que tentou tirar fiscais da Receita do porto de Itaguaí, depois de recordes de apreensão de contrabando, pois é a porta de entrada no país não apenas de contrabando comum, mas de armas.

Foi assim também no decreto que facilitou a vida das vaquejadas, campo preferencial de lavagem de dinheiro das milícias.

E foi assim com o Inmetro.

Não foi apenas uma demonstração a mais de imbecilidade a afirmação de Bolsonaro que ‘implodiu’ o Inmetro e mandou ‘todo mundo embora’.

Só um completo imbecil para não entender a importância de um órgão de metrologia nas economias modernas. Mas um imbecil com objetivo, que não foi o de aliviar a vida dos caminhoneiros, ante as novas exigências do órgão.

O busílis da questão está no seguinte trecho da reportagem de O Globo:

Bolsonaro ainda criticou um plano do órgão para determinar a instalação de chips em todas as bombas de combustíveis no país para coibir fraudes.

Esse é o ponto.

Há um conjunto de atividades clandestinas utilizadas por organizações criminosas ou pelo chamado lúmpem do empresariado. São os que exploram nichos como bingo, manicômios, clínicas psiquiátricas, escolas para deficientes e, no caso das milícias, transporte público, construções irregulares em áreas de preservação, venda de gatos e de gás, venda de proteção privada, adulteração de combustíveis e de cigarros.

A falsificação de combustíveis é mais forte de todas as atividades criminosas.

Vá para a home de O Globo. No mesmo espaço em que Bolsonaro fala sobre o Inmetro, há o banner principal, do patrocinador oficial do carnaval carioca, a Refit, antiga Refinaria de Manguinhos, envolvida até o pescoço com Eduardo Cunha. Trata-se de uma refinaria sem nenhuma indicação que continue refinando petróleo. Há anos é suspeita de ser o polo central de venda de sonegação de combustíveis, e atuando impávida, graças a uma blindagem ampla e irrestrita inclusive do Judiciário.

Meses atrás um desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro me condenou a R$ 20 mil de multas por “difamar” Eduardo Cunha. A matéria em questão falava justamente do envolvimento dele com a refinaria.

Se há um objetivo claro nos arroubos de Bolsonaro, qual o motivo de taxar de idiota sua atitude de tentar acabar com o Inmetro? É pela supina ignorância de não entender a relevância do Inmetro para a economia brasileira.

O Inmetro é essencial para todas as exportações brasileiras, de industrializados ao agronegócio. Cabe a ele fiscalizar todos os laboratórios de certificação. E a certificação é peça essencial nas exportações. É através da certificação que o exportador sabe quais as especificações técnicas e legais de cada país para onde pretende exportar. É o certificado do Inmetro que assegurará sua entrada em economias avançadas, sem risco de barreiras técnicas no caminho. É a certificação que permite o fortalecimento das pequenas e médias empresas, para produzir componentes adequados para empresas maiores.

No caso do agronegócio, é a certificação de origem que dá ao comprador a garantia de produtos isento de doenças ou de crimes ambientais, ou mesmo produtos de marca da região.

É o Inmetro que define padrões de instalações elétricas, de carros, de instrumentos de saúde.

Por tudo isso, Bolsonaro, o imbecil, terá que recuar mais uma vez de sua imbecilidade. Mas deixa a marca da ação pertinaz em favor da economia do crime.

Pergunto: até quando permitirão esse desmonte da economia e todos esses passos para fortalecimento do crime organizado?

 

*Luis Nassfi/GGN

Camilo Santana afasta 168 policiais amotinados e suspende porte de arma

O governador do Ceará também afirmou que não vai negociar qualquer anistia aos agentes.

O governador do Ceará Camilo Santana (PT) determinou nesta sexta-feira (21) o afastamento de 168 policiais militares por participação no motim, que já dura cinco dias no estado. O afastamento vai durar 120 dias e policiais deverão entregar a identificação funcional, distintivo, arma, algema e qualquer outro instrumento que identifique suas unidades.

A decisão também inclui a suspensão de salário a partir deste mês de fevereiro. Os PMs amotinados também devem passar por dois processos disciplinares: o primeiro deles envolve os inquéritos militares, cujo julgamento acontecerá na Justiça Militar. O segundo consiste no procedimento administrativo disciplinar realizado pela Controladoria Geral de Disciplina (CGD). A informação é do jornal O Globo.

O secretário de Segurança Pública do Ceará, André Costa, afirmou que 261 PMs respondem a inquéritos militares e procedimentos administrativos por envolvimento nos atos e que os agentes não vão receber salário.

Por conta do motim, o estado já acumula 51 assassinatos em 48 horas, o que equivale a uma morte por hora. A principal exigência dos policiais militares é o aumento salarial.

Camilo Santana tem afirmado, no entanto, que não negociará qualquer anistia administrativa aos PMs, algo que é exigido pelos líderes do motim para evitar punições previstas em lei.

 

 

*Com informações da Forum