Mês: agosto 2020

Bolsonaro traiu a direita e mercado está histérico

Bolsonaro, vendo que a esquerda acabou plantando um cavalo de troia em seu governo com o auxílio emergencial de R$ 600, deu as costas para todo o discurso contra o que ele mais repudiava, o Bolsa Família e foi ser feliz com quem lhe deu um grão de esperança de se manter na cadeira da presidência pela aprovação de seu governo.

Em compensação, Bolsonaro deixou o mercado de cabelo em pé, pois este percebeu que seu governo mudou o espírito da coisa e que Guedes deixou de ser o Posto Ipiranga para ser um borracheiro que não tem material suficiente para tirar o governo do atoleiro com os quatro pneus da economia arriados.

Entre salvar o mandato se abraçando com o velho fisiologismo do baixo clero, leia-se, Centrão, que pode segurar o repuxo de um impeachment contra ele, Bolsonaro se delicia com o mais recente resultado do Datafolha e não quer saber que existe a segunda-feira e que a conta vai chegar e ele não terá como enfrentar o dado mais perigoso que a pesquisa também revelou, os 70% de brasileiros que querem que o auxílio de R$ 600 se transforme em política de Estado.

Este é o pior dos cenários que o mercado gostaria de enfrentar. Bolsonaro, por sua vez, já jogou nas costas dos rentistas e banqueiros a pecha de antipatriotas e, consequentemente jogou Guedes aos leões.

A subida forte do dólar e a forte queda da bolsa refletem que as últimas declarações de Bolsonaro “pró-social” foi uma calça arriada nos investidores que andam aterrorizados com a possibilidade cada vez maior de Bolsonaro chutar o pau da barraca e pegar o gesto da arminha e apontar para o teto de gastos. E é exatamente o que ele já está fazendo.

Não adianta Merval Pereira espernear dizendo que Bolsonaro não é liberal e menos ainda que combate a corrupção. Se o comentário de Merval é vigarista por ser oportunista, já que sempre soube disso e, ainda assim, pelo antipetismo, apoiou a besta fera na eleição, Bolsonaro é infinitamente mais vigarista que Merval para dar de ombros a qualquer julgamento da direita para salvar o mandato e a pele da família.

Enquanto isso, a horda de fascistas preenche o espaço com pautas políticas medievais no velho diversionismo bolsonarista que o mantém na cadeira.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Celso de Mello livra Deltan Dallagnol do julgamento que poderia afastá-lo da Lava Jato.

O ministro do STF Celso de Mello suspendeu hoje (17) dois processos contra Deltan Dallagnol no CNMP em que analistas davam como certo seu afastamento da direção da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. Porém, o terceiro processo foi mantido na pauta do CNMP, justamente o que é movido pelo ex-presidente Lula.

Celso de Mello alegou o direito de ampla defesa e contraditório, para suspender as duas ações.

A concessão do recurso remove os dois processos que estavam para ser julgados nesta terça-feira. Já o que é movido pelo ex-presidente Lula, não tem data prevista para ser pautado.

A decisão de Celso de Mello dá sobrevida a Dallagnol na Lava Jato.

PROJETO DA ESQUERDA: 70% dos brasileiros querem a continuidade do auxílio emergência.

Não adianta, o rio corre para o mar e os fascistas espernearam. E se aqueles mesmos fascistoides que chamavam o Bolsa Família de Bolsa Esmola e os podres de vagabundos, porque recebiam um valor bem menor a partir do governo Lula, seguido por Dilma, agora, eles têm que, com a boca torta, comemorar os 37% de aprovação de Bolsonaro por conta do auxílio emergencial, mas amargar a realidade de que 70% da população é a favor da continuidade do auxílio de R$ 600.

Isso, por si só, já implode o discurso dos hiper liberais, porque o que nasceu dentro do Congresso como projeto de três partidos da esquerda, PT, Psol e PCdoB, ganhou corpo e a aprovação, dobrando os joelhos de Bolsonaro, que queria que o auxílio fosse no máximo de R$ 200, mas que deu um gás de aprovação na imagem do “mito”, agora, transforma-se num cavalo de troia que já deixou o governo rachado e o mercado com o fígado azedo.

Pior ainda para os fascistas é que isso revela uma sociedade de maioria com pensamento à esquerda sublinhando o quanto tem força nos dias que correm, o legado deixado pelos 13 anos de governo do PT com Lula e Dilma.

Podem fazer a retórica que quiserem para tentar achar um denominador comum que mostre uma vantagem política de Bolsonaro nessa questão, mas a semente dessa linha de política social nasce no PT e ganha impulso para uma dimensão muito maior em pleno governo Bolsonaro, que sempre odiou o Bolsa Família porque sempre odiou pobre.

Em outras palavras, isso é uma tragédia para Bolsonaro, porque revela que sua política econômica é totalmente desprezada pela sociedade e que só viu nesse programa, que é originalmente da esquerda, alguma coisa que preste num governo absolutamente inútil, quando não nefasto, para a imensa maior parte da população.

Esta é a real fotografia que a XP Investimentos mostra para o próprio Bolsonaro e deve estar perguntando, como você vai acender vela para os dois santos, idiota?

Não dá para acender uma vela para o mercado e, outra, para os pobres. A riqueza de tão poucos é inerente da pobreza de muitos.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Vídeo: Damares Alves e Sara Winter: vem aí o fascismo 2.0 – 2022

Isso que rolou com Sara Winter contra uma criança de 10 anos, nã é um mero acaso, trata-se de um projeto.

Sara Winter foi estagiária no gabinete de Magno Malta quando Damares era assessora jurídica na Câmara.

A suspeita que corre nas redes sociais é a de que a ministra Damares Alves está por trás da ação criminosa de Sara Winter de divulgar o nome da menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio (desde os seis anos de idade) e o endereço do hospital aonde seria feito o procedimento de aborto da criança que engravidou em consequência do estupro.

Certa vez, uma amiga me disse que tinha muito medo do avanço do fundamentalismo dos religiosos hipócritas. Eu disse a ela que isso não aconteceria no Brasil. Errei, explico: o fundamentalismo religioso que forma Estados teocratas não é fruto de um consenso dentro da sociedade, é uma imposição, uma força bruta que leva ao extremo sua posição na busca pelo poder, utilizando para tal, justificativas supostamente religiosas para, aí sim, ter apoio de fanáticos que são hipócritas num nível perigoso, porque trata a tentativa de esconder a própria onça que carregam dentro de si, remexendo “escrituras sagradas” da época da inquisição ou coisa que o valha.

Soma-se a isso o idiotismo corrente que parece cavalar nos tempos sombrios de Bolsonaro em que as bestas rosnam para qualquer pensamento científico ou libertário.

O fato é que ficou sublinhada na atitude de Sara Winter que existe público para esse tipo de canalhice neofascista.

Não é ficção como eu imaginava, nem um pensamento restrito de amotinados. Está mais do que na cara que há um projeto pensado e delineado para se produzir aquilo a que assistimos ontem, jovens mascarados pela hipocrisia religiosa, tratando uma criança de 10 anos como assassina por ter o direito, por lei, de interromper uma gravidez fruto de um estupro.

E quem sabe daí não surge uma referência para rebocar cavalgaduras a um projeto ambicioso de Damares e Sara na disputa pela cadeira presidencial em 2022.

Interesse externo para o Brasil se transformar numa pátria evangélica, é o que não falta.

Como disse Glenn Greenwald, no Roda Viva, depois que Bolsonaro ganhou a eleição, qualquer um pode ser presidente da República no Brasil.

Deem uma olhada neste vídeo e tirem as suas conclusões:

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Bolsonaro libera bem menos verbas federais para prefeitos de partidos de oposição

A média de verba por habitante liberada para prefeitos de partidos de centro ou direita até julho deste ano foi 56% maior do que aquela enviada a municípios comandados por legendas de oposição.

No governo Jair Bolsonaro, as prefeituras comandadas pela oposição foram prejudicadas na distribuição de dinheiro. A média de verba por habitante liberada para prefeitos de partidos de centro ou direita até julho deste ano foi 56% maior do que aquela enviada a municípios comandados por legendas de oposição, principalmente devido à influência de parlamentares no Executivo.

Levantamento do GLOBO mostra que, entre as 10 prefeituras que mais receberam dinheiro do governo para investimentos, nenhuma é de oposição. Os partidos mais beneficiados são PROS, Solidariedade, Republicanos, PSD, PP, MDB, Avante, PL, PV, DEM, PSC e PTB, nessa ordem. Em 13° lugar, vem o PDT e, depois, o PT.

Apesar de não ter loteado ministérios entre partidos, a articulação política de Bolsonaro criou um sistema para direcionar verba para municípios de acordo com o alinhamento das legendas. Em negociações sensíveis no Congresso, como a reforma da Previdência, o governo colheu indicações de deputados, repassadas pela Secretaria de Governo aos ministérios.

O total de valores empenhados (reservados para pagamentos futuros) para investimentos em municípios sobre os quais o governo teve controle desde a posse de Bolsonaro é R$ 858 milhões. Dos 5.570 municípios brasileiros, só 763 tiveram empenhos desse tipo, sem considerar emendas parlamentares. Desse total, 134 são de prefeitos de oposição e 629, de partidos de centro ou de direita, estejam ou não na base aliada formal do governo no Congresso.

Nathan Macena Souza, prefeito de Careiro (AM), lembra que, quando assumiu seu município em 2017, não havia hospital, médicos especialistas e ambulância. Hoje, há na cidade 20 médicos. Todos pagos com verba federal.

Só com o recurso do FPM (Fundo de Participação de Municípios, transferência obrigatória da União que paga as contas das cidades pequenas), não consigo fazer nada.

A verba empenhada em 2019 para a prefeitura, R$ 6,6 milhões, se somou ao que parlamentares aliados conseguiram liberar em emendas. Ele frisa que parece muito, mas é pouco para uma cidade com cerca de 50 mil habitantes. Eleito pelo PROS, diz que mudou para o Republicanos especialmente devido à ajuda que recebeu do deputado Silas Câmara (Republicanos-AM).

Eles (parlamentares) vão até o ministro, tem aqueles negócios da base do governo. Não sei te dizer como funciona, mas eles têm o jeito de liberar o recurso. O senador Eduardo Braga (MDB-AM) e o Silas Câmara ajudam muito.

Já o município de Xapuri (AC), com 20 mil habitantes e comandando por Bira Vasconcelos (PT), está em uma situação distinta. Não recebeu nenhum investimento liberado diretamente pelos ministérios no ano passado. Na cidade, não há esgoto tratado nem aterro sanitário, relata o prefeito.

Não temos parlamentar de esquerda no Acre, exceto a Perpétua Almeida (PCdoB). Então, encaro (a falta de investimento) com naturalidade, mas com preocupação, já que deveríamos ter o mesmo tratamento republicano.

 

*Com informações de O Globo

 

Agora, Fachin diz que candidatura de Lula em 2018 teria “feito bem à democracia”

“Mantenho a convicção de que não há democracia sem ruído, sem direitos políticos de quem quer que seja. Não nos deixemos levar pelos ódios”, afirmou Fachin.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin disse nesta segunda (17) que a candidatura de Lula em 2018 teria “feito bem à democracia brasileira.”

“O tempo mostrou que teria feito bem à democracia brasileira se a tese que sustentei no TSE tivesse prosperado na Justiça Eleitoral. Fazer fortalecer no Estado democrático o império da lei igual para todos é imprescindível, especialmente para não tolher direitos políticos”, disse.

Em 2018, Lula foi impedido de disputar a eleição com base na lei da Ficha Limpa, que o barrava por causa da condenação em segunda instância no caso triplex. Sua defesa conseguiu uma liminar da Comissão de Direitos Humanos da ONU, para que sua candidatura fosse aceita até que o processo da Lava Jato tivesse trânsito em julgado. Mas o TSE não acatou a ordem internacional.

“No julgamento no TSE em que esteve em pauta a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fiquei vencido, mas mantenho a convicção de que não há democracia sem ruído, sem direitos políticos de quem quer que seja. Não nos deixemos levar pelos ódios”, afirmou Fachin, segundo relatos do Valor Econômico.

 

*Com informações do GGN

Queiroz é alvo de inquéritos por mortes em operações quando era PM

A atuação de Fabrício Queiroz, ex-assessor do vereador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), em operações policiais na época em que ele era sargento é alvo de ao menos dois inquéritos da Polícia Civil. Adriano da Nóbrega, miliciano morto que era tenente da corporação à época, também é investigado em um dos casos.

As investigações fazem parte dos 553 inquéritos abertos pela polícia entre 2000 e 2005 sobre 784 mortes durante operações policiais que ainda estão sem resolução. O número foi obtido pelo jornal Extra via Lei de Acesso à Informação.

Um dos inquéritos que investigam Queiroz refere-se a uma operação que aconteceu no dia 13 de maio de 2003. O 18º BPM (Batalhão da Polícia Militar) de Jacarepaguá conduziu a ação na Cidade de Deus. A operação culminou na morte de Anderson Rosa de Souza, 29. Os policiais envolvidos eram o sargento Fabrício Queiroz e o tenente Adriano da Nóbrega.

Segundo o jornal, até hoje, a 32ª DP de Taquara não realizou perícia nos fuzis dos policiais, nem ouviu parentes da vítima. Isso 17 anos depois da morte na operação. O inquérito teria ouvido somente os dois investigados.

O promotor Cláudio Calo disse que causa perplexidade os fuzis não terem sido periciados e estranheza pela “falta de juntada [peças processuais] dos antecedentes criminais dos policiais”.

Adriano foi expulso da polícia anos depois por envolvimento com milicianos. Investigado pela morte da vereadora Marielle Franco (Psol), em março de 2018, ele foi morto em fevereiro deste ano na Bahia, durante confronto policial.

Queiroz está em prisão domiciliar desde julho depois de uma operação da polícia. Ele estava em Atibaia, cidade do interior de São Paulo, quando foi preso em 18 de junho. Queiroz é apontado como chefe de um esquema de “rachadinhas ” no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), quando o parlamentar ainda era deputado estadual.

Mais um caso

Fabrício Queiroz tem mais um inquérito sobre morte em serviço. O caso ocorreu em 2002, em uma operação do 18º BPM, com a morte de Gênesis Luiz Conceição da Silva.

O então sargento foi um dos que atirou. De acordo com o jornal, ele nunca foi ouvido e o inquérito está em sua fase final.

Envolvimento de Ronnie Lessa

Outra investigação, essa sobre a morte de Dálber Virgílio da Silva e Luiz Fernando Aniceto Alves, em 2000, levou a uma denúncia contra Ronnie Lessa – PM reformado e acusado de matar Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes – e mais dois agentes.

O caso ocorreu em 2000 e uma testemunha foi achada mais de 18 anos depois.

O inquérito prosseguiu e Lessa foi denunciado pelos homicídios duas semanas atrás.

 

*Com informações do Uol

CASO PALOCCI E A DELAÇÃO COMPRADA: TSE errou em não deixar Lula ser candidato em 2018.

Hoje, o jornalista Reinaldo Azevedo estampou em sua coluna, no UOL, a informação de que própria Polícia Federal desmontou a farsa da delação premiada do ex-ministro do governo Lula, Palocci. O esquema que envolveu o banco BTG-Pactual, o mesmo ao qual o ministro da economia bolsonarista, Paulo Guedes, é sócio, teria mantido uma conta falsa em favor de Lula, de forma secreta, mas, que serviria para esquentar a delação do ex-ministro, na Lava Jato e incriminar o ex-presidente. Obviamente, nada saiu de graça e Palocci teria recebido R$ 30 milhões na jogada.

O fato desmontado pela própria PF, ironicamente, foi arquivado por ela mesma, por que, segundo o delegado do caso, não há provas suficientes para oferecer um pedido junto à justiça. Ou seja, o delegado jamais iria contra a própria polícia a que faz parte, para fazer o que é justo. Sem contar as implicações legais contra a Lava Jato e, provavelmente, o comprometimento do próprio delegado.

Porém, o pior de tudo está por conta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que barrou de forma inédita a candidatura do ex-presidente Lula, que pediu uma liminar alegando que seu processo ainda não teria terminado e por isso, cabendo recursos, deveria ser tratado como inocente, como garante a constituição.

O resultado da negativa do TSE, que no mesmo pleito, chegou a autorizar candidatos à Câmara dos Deputados, que concorresse mesmo preso, causou um prejuízo irreversível ao réu. Note, que Lula pode ser considerado inocente diante das provas e dos questionamentos da própria operação e da suspeição do juiz, o que coloca o judiciário diante de um dos maiores erros, o de não aceitar a candidatura de Lula e ter eleito alguém ao qual o povo não queria, já que o ex-presidente seria eleito em primeiro turno, mesmo preso.

O habeas-corpus, no momento da eleição, contra a Lei da Ficha Limpa, serve justamente para que um réu não tenha um prejuízo irreversível, já que uma eleição ocorre no tempo e não pode se repetir ou ser adiada. Ora, uma eleição perdida por uma decisão judicial sem condenação definitiva configura um dano irreversível a um inocente, caso a pessoa seja absolvida nas instâncias superiores, ou se seu processo seja considerado ilegal. Ao que parece, Lula se enquadraria nesses casos.

O resultado de um “erro” ou má fé dos juízes ou ministros está aí. Bolsonaro presidente, o ex-presidente Lula com um prejuízo irreversível e tuda a construção da Lava Jato sendo questionado, principalmente a figura do juiz justiceiro que virou ministro da pessoa que mais foi beneficiada com o resultudo da perseguição política.

A Lava Jato desmorona e não sairá barato para o judiciário brasileiro, em especial para os ministros justiceiros do STF, como Luiz Fux, Barroso e outros que assumiram o discurso lavajatista.

Para incriminar Lula, Palocci embolsou R$ 30 milhões e não agiu sozinho

Antonio Palocci não vale nada, já se sabia, mas é preciso também verificar a responsabilidade dos policiais federais e do desembargador João Pedro Gebran Neto, do TRF-4, na fraude que foi a delação do ex-ministro.

Durante mais de dois anos, Palocci se ofereceu a Moro para delatar. Ameaçou entregar a Globo e bancos, em depoimento que tratou de outro assunto.

Até a força-tarefa de Curitiba rejeitou, talvez em uma estratégia que só se compreenderia mais tarde: terceirizar a responsabilidade.

Na época, em chat privado, a procuradora Laura Tessler chegou a comentou sobre a farsa, como se saberia pela Vaza Jato.

“Não só é difícil provar, como é impossível extrair algo da delação dele”, afirmou.

“O melhor é que (Palocci) fala até daquilo que ele acha que pode ser que talvez seja”, acrescentou Antônio Carlos Welter.

Moro também achava a delação fraca, segundo as conversas do chat que se tornariam públicas.

Mesmo assim, divulgou um dos anexos da delação quando faltava uma semana para o primeiro turno das eleições de 2018.

Quem negociou delação e tomou os depoimentos foi a Polícia Federal em Curitiba — braço da Lava Jato. E quem homologou foi o amigo de Moro no TRF-4, João Pedro Gebran Neto.

Com o acordo, Palocci deixou a cadeia, com 30 milhões de reais lavados pela Justiça, já que esse dinheiro se encontrava bloqueado por ser resultado dos crimes que o próprio ex-ministro cometeu.

Em reportagem publicada hoje, com base no relatório da PF para investigar denúncias apresentadas na delação sobre vazamento de informação privilegiada do Banco Central, o Conjur informa os únicos delitos comprovados até agora “foram praticados pelo próprio Palocci”.

Ele “falsificou agendas de compromissos e contratos para dar ares de veracidade ao que disse”, registra.

O advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, não tem dúvida de que a delação atendeu a interesse político.

“Sempre dissemos que a delação de Palocci era um instrumento da Lava Jato para praticar lawfare contra o ex-presidente Lula. Na semana passada o Supremo Tribunal Federal acolheu um dos recursos que levamos à Corte para reconhecer que Moro agiu de forma ilegal e com viés político ao anexar, de ofício, essa delação ao processo de Lula seis dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais de 2018. Agora a Polícia Federal concluiu que a mesma delação é um nada. Isso reforça que sempre estivemos na direção certa e que Moro e a Lava Jato praticaram intenso lawfare para tentar aniquilar Lula e para isso colocaram o país numa situação terrível”, afirmou.

Com fortuna legalizada, Palocci aplicou um golpe, mas se engana quem imagina que a Justiça foi vítima.

Como mostram os diálogos da Vaza Jato, só acreditou nele quem quis ou quem também viu algum benefício nas mentiras que Palocci contava.

Benefícios não para o sistema de justiça, mas para se encaixar em jogo político ou algo ainda mais imoral do que isso.

Se não forem responsabilizados — e é difícil que seja, já que a delação é como um contrato e, portanto, se caracteriza como ato jurídico perfeito –, os responsáveis pela delação de Palocci devem ser expostos à execração pública.

São cúmplices.

 

*Joaquim de Carvalho/DCM

Globo, Moro, Dallagnol e PSDB, arquitetos da prisão de Lula, já estão no cadafalso

Como se diz por aí, todos sabem como começa um golpe, mas não sabem como termina.

Imaginar que o Brasil teria um presidente comemorando o fato de que “só” 130 milhões de brasileiros acham que ele é um genocida, é algo fora de qualquer manual da bizarrice universal.

Precisou uma agência russa corrigir a Folha, colocar os pingos no lugar e dizer o que tinha que ser dito: a maioria dos brasileiros considera Bolsonaro responsável pelas dezenas de milhares de mortes por covid-19.

A Folha preferiu azeitar a vida de Bolsonaro destacando que 47% isentam o genocida de responsabilidade, ao interpretar os dados do Datafolha.

Mas certamente a pergunta de como um animal como esse chegou à presidência da República, catapultado por todo tipo de imundície brejeira, é um fato que levará séculos para uma análise acurada do esgoto em que se transformaram as instituições do país.

O fato é que o vento virou para os golpistas.

Agora somos nós da esquerda que esperamos de camarote o Jornal Nacional colocar no ar o vídeo de Dario Messer, o doleiro dos doleiros, delatando os Marinho. Afinal, filme com delação virou especialidade da casa nos últimos 6 anos. Colocará?

Como disse Leandro Demori, do Intercept: “A regra do JN ao longo de seis anos foi levar ao ar vazamentos de delação. Mas é a primeira vez que vejo um taxativo “não há provas”. Em muitas outras também não havia, mas o tom era acusatório e definitivo.”

Dallagnol, aquele procurador da Lava Jato que reza e faz jejum para que seus inimigos morram, está na marca do pênalti e pode ter o pescoço abraçado por uma forca esta semana por uma série de picaretagens jurídicas que armou com seu chefe, Sergio Moro, outro que caiu do cavalo alado e está totalmente sem rumo vendo, no STF, se agigantar a sua suspeição na perseguição política a Lula, em parceria com a Globo.

O finado PSDB, literalmente virou cachorro morto, a tirar pelos decompostos Aécio, Serra e Alckmin que, agora, são alvo primeiro da Lava Jato que eles ajudaram a virar coqueluche.

O curioso é que a Lava Jato de Moro demorou cinco anos para descobrir, da noite pro dia, que os tucanos são corruptos, sublinhando com caneta piloto vermelha o que todo ser minimamente pensante denunciava: a Lava Jato é parcial, chega a ser parte do próprio PSDB.

Mas agora que a Lava Jato está tão ou mais desmoralizada que o PSDB, os lavajatistas resolveram fazer dos caciques, tucano a molho pardo.

Grosso modo o que se pode afirmar é que o tiro de canhão que essa gente deu para acertar o PT, Lula e Dilma, saiu pela culatra e se transformou numa bomba como a do Rio Centro.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas