Mês: julho 2021

XP/Ipespe: Bolsonaro derrete e sua Reprovação chega a 63%

Pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta quinta-feira 8 indica o derretimento do apoio popular a Jair Bolsonaro. Conforme o levantamento, 63% dos brasileiros desaprovam a maneira como o presidente administra o País (eram 60% na rodada anterior), 31% aprovam (eram 34%) e os mesmos 6% da versão anterior não sabem ou não responderam.

A avaliação negativa do governo também segue em alta. 52% classificam a gestão como ruim ou péssima (eram 50%), 25% a veem como boa ou ótima (eram 25%) e 21% como regular (eram 22%).

Para metade dos brasileiros, o restante do mandato de Bolsonaro será ruim ou péssimo, ante 47% na última pesquisa. Os que consideram que a sequência da gestão será boa ou ótima são 30% (eram 29%). Para 17%, será regular (eram 29%). Para 17%, será regular (eram 19%).

As suspeitas de corrupção na compra de vacinas, que marcam os trabalhos da CPI da Covid nas últimas semanas, são conhecidas por quatro em cada cinco entrevistados. E 69% deles atribuem as suspeitas a membros do governo Bolsonaro.

A percepção do cenário econômico pela população também é negativa para o governo. Para 59%, a economia no Brasil está no caminho errado (eram 60%), enquanto para 30% ela está no caminho certo (eram 29%).

Além disso, a atuação de Bolsonaro para enfrentar a pandemia do novo coronavírus é ruim ou péssima para 59% (eram 58%) e boa ou ótima para 22%, mesmo percentual da rodada anterior.

O XP/Ipespe realizou 1.000 entrevistas de abrangência nacional entre 5 e 7 de julho. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

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CPI vai descobrir o papel dos militares nas quadrilhas da vacina

“Mais cedo ou mais tarde, a CPI chegará à verdade sobre os negócios com vacinas, que parecem embutir um crime monstruoso, pois não se tratava apenas de roubar dinheiro público, mas de roubar vidas”, escreve a jornalista Tereza Cruvinel.

Mais importante que a prisão de Roberto Dias pela CPI da Covid foi a nota do Ministro da Defesa e comandantes das Forças Armadas, desproporcionalmente agressiva em reação ao comentário do senador Omar Aziz, de que autoridades militares devem estar envergonhadas pelo envolvimento de tantos fardados com a corrupção no Ministério da Saúde. Aziz repudiou a intimidação mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não fez a defesa da soberania e da independência do Senado como tantos senadores lhe cobraram. Ontem ele se esmerou no equilibrismo.

A nota termina dizendo que as Forças Armadas “não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”. E o que farão se ficar provado que alguns dos seus, ativos ou da reserva, participaram do esquema de corrupção que vai sendo desvendado no Ministério da Saúde? Vão fechar o Congresso ou dar uma prova de republicanismo, pregando a punição de todos, inclusive dos seus? O erro começou quando permitiram que um general da ativa, completamente ignorante sobre questões de saúde, assumisse a pasta em plena pandemia, militarizasse todos os departamentos e implementasse uma política irresponsável, pautada por negacionismo e incompetÊNCIA, que fez disparar os casos e mortes por Covid19.

O que temem as Forças Armadas é que seja confirmada a hipótese que vai se desenhando como realidade para a maioria da CPI: duas organizações criminosas teriam passado a disputar o mando sobre as verbas do Ministério da Saúde destinadas à compra de vacinas. Uma, vinculada ao Centrão, para a qual operava Roberto Dias. Outra, a do grupo fardado, aparentemente comandada pelo coronel Élcio Franco, secretário-executivo na gestão de Pazuello. Não por acaso, o que mais fez Roberto Dias em seu depoimento foi dizer que as aquisições foram tiradas de seu departamento e passaram à alçada de Franco, embora ele tenha mesmo negociado vacinas com a Davati. E por mentir a este respeito, apresentando como casual o encontro marcado como Dominguetti, foi preso.

Omar Aziz tem bala na agulha. Ao longo da sessão, deu algumas indicações de que sabe mais que seus colegas sobre os esquemas na Saúde. Mais de uma vez instou Dias a entregar os que teriam lhe colocado numa trampa com Dominguetti. Referiu-se a um dossiê que Dias teria feito para se defender (ou explodir os outros), e que estaria em posse de parentes, um inclusive no exterior.

Esse dossiê, se existe mesmo, na avaliação de alguns senadores, teria levado o grupo fardado a firmar um acordo com Roberto Dias: calando-se, ele terá proteção. Se abrir o bico, pode ir para a cadeia porque os fardados também têm munição contra ele. Vindo à luz, esse dossiê detonaria o grupo militar e chamuscaria as Forças Armadas.

Mais cedo ou mais tarde, a CPI chegará à verdade sobre os negócios com vacinas, que parecem embutir um crime monstruoso, pois não se tratava apenas de roubar dinheiro público, mas de roubar vidas. As que já se foram e as que ainda podem ser perdidas pelo atraso na imunização. E com a verdade provada, não haverá que se falar em leviandades.

*Tereza Cruvinel/247

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Leonardo Sakamoto: Militares ameaçam Senado enquanto baixam a cabeça para Bolsonaro

O presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM), não errou ao afirmar que “membros do lado podre das Forças Armadas estão envolvidos com falcatrua dentro do governo” e que os honestos devem estar muito envergonhados.

Toda categoria profissional, todo grupo social, tem pessoas honestas e desonestas. Negar isso é encarar a si mesmo como detentor de uma natureza divina.

Ao invés de tentar intimidar o Senado Federal com uma nota indignada que ameaça o Poder Legislativo, o ministro da Defesa e a cúpula das Forças Armadas gastariam melhor o seu tempo depurando suas próprias fileiras. Pois há militares que, com sua ação e inação, foram cúmplices tanto da montanha de 527 mil mortes por covid, como o general Eduardo Pazuello, quanto da corrupção na compra de vacinas.

Aziz não fez uma generalização, como está sendo acusado, apenas deixou claro o que todo mundo está vendo com os escândalos que estão sendo revelados pela CPI. Isso sem contar o envolvimento de militares em outros problemas, como grupos de milicianos no Rio de Janeiro.

“Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”, diz a nota. Mostra, dessa forma, o quanto ela está afastada dos fatos, pois a CPI está nadando em terabytes de dados e provas.

O texto termina dizendo que “as Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.

Melhor fariam se, ao invés disso, afirmassem que não vão aceitar que militares sejam cúmplices na promoção de necropolíticas negacionistas ou se envolvam em negociatas de vacinas.

Troca de comando e a Pazuellada

A nota é exatamente aquilo que Bolsonaro esperava do ministro da Defesa, general Braga Netto, ao coloca-lo no lugar do general Fernando Azevedo e Silva em março. E ao provocar a substituição dos três comandantes das Forcas Armadas. Desejava alguém que saísse em sua defesa e em oposição a quem o fiscaliza e o investiga.

Enquanto isso, o Exército, a maior das forças, que também assumiu um papel de enfrentamento diante do Senado Federal, abaixou a cabeça para a Presidência da República ao absolver o general Eduardo Pazuello. O ex-ministro da Saúde ignorou as regras da corporação ao participar de uma micareta eleitoral com o presidente no Rio de Janeiro. Ficou por isso mesmo.

Uma das justificativas que circularam é que ajoelhar-se a Bolsonaro foi a saída encontrada para evitar um mal-estar que levaria à substituição do comandante do Exército por outro general que, por sua vez, se ajoelharia à Bolsonaro.

Na prática, Bolsonaro jantou o Exército de olho na sobremesa: o alinhamento de grandes contingentes das forças policiais às suas necessidades e uma possível insubordinação deles em relação aos governos estaduais. Devorador de instituições, o presidente vai dobrando-as em nome de seu projeto de poder. Tudo pensando nas eleições de 2022.

Lentamente, as instituições que não podem ser domesticadas pelo bolsonarismo vão sendo consideradas inimigas, tornando-se alvo de pedidos de fechamento por parte de seguidores fanáticos do presidente, como é o caso do Supremo Tribunal Federal.

O Congresso Nacional era apontado constantemente como um desses inimigos. Em abril do ano passado, um ato golpista, realizado em frente ao quartel-general do Exército, com a participação do presidente da República, pedia um novo AI-5 contra os parlamentares.

A pancadaria contra o Congresso foi bastante reduzida após o acordo de aluguel de Bolsonaro com o centrão ser firmado com a eleição de Arthur Lira (PP-AL) à Presidência da Câmara dos Deputados. Mas a CPI da Covid é um espaço em que o bolsonarismo é minoria. E isso enfurece Jair.

Ao divulgar a nota, o comando das Forças Armadas acaba não protegendo os seus, muito menos a imagem positiva que elas têm junto à maioria da população, mas os interesses de Bolsonaro.

Poderiam atuar para evitar que os militares se tornem engrenagens na máquina bolsonarista de moer gente e caráter. Poderiam.

*Leonardo Sakamoto/Uol

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Reinaldo Azevedo: Nota dos militares é mentirosa e golpista. Braga Netto, o Haiti não é aqui!

Absurda, golpista e mentirosa a nota do Ministério da Defesa, assinada também pelos três comandantes militares, em reação à fala do senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Covid.

Em primeiro lugar, Aziz não atacou as Forças Armadas, mas as defendeu.

Em segundo lugar, quem dispõe de armas não pode fazer ameaças. Ainda mais em nome da democracia. Se algum fundamento da Carta é violado, deve recorrer à Justiça, não aos canhões.

Em terceiro lugar, mas não menos importante, indago: de que trecho da fala do senador os militares discordam?

Vamos recuperar o que ele disse quando Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística da Saúde, afirmou ter sido sargento da Aeronáutica:

“Olha, eu vou dizer uma coisa: as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas, devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia. Porque fazia muito tempo, fazia muitos anos, que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do Governo. Fazia muitos anos”.

E acrescentou: “Aliás, eu não tenho nem notícia disso na época da exceção que houve no Brasil, porque o [João Baptista] Figueiredo morreu pobre; porque o [Ernesto] Geisel morreu pobre; porque a gente conhecia… E eu estava, naquele momento, do outro lado, contra eles. Uma coisa de que a gente não os acusava era de corrupção. Mas, agora, Força Aérea Brasileira, coronel [Gláucio Octaviano] Guerra, coronel Élcio [Franco], general [Eduardo] Pazuello… E haja envolvimento de militares”.

Como se pode perceber claramente, o senador distingue as instituições de eventuais maus militares. É tão generoso que poupa até próceres da ditadura de acusações de malfeitos. A nota de Braga — e não é a primeira vez que o vemos flertar com respostas heterodoxas —, com o endosso dos três comandantes, acaba, na prática, por misturar os maus e os bons porque todos unidos pelo uniforme.

E olhem que Aziz poderia ter citado outros tantos. Vamos à resposta, que traz embutida a ameaça de uma intervenção, também chamada de golpe:

O Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira repudiam veementemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de julho de 2021, desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção.

Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável.

A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos.

Por fim, as Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da Lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início da pandemia Covid-19, em preservar e salvar vidas.

As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro.

Walter Souza Braga Netto – Ministro de Estado da Defesa Almir Garnier Santos – Comandante da Marinha Gen Ex Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira – Comandante do Exército Ten. Brig. Ar Carlos de Almeida Baptista Junior – Comandante da Aeronáutica.

RETOMO A nota é mentirosa porque tudo o que Aziz não faz é generalizar. Ao contrário. Quando diz que os bons das Forças Armadas têm motivos para se envergonhar, evoca aqueles que, então, seriam os princípios dos chamados setores castrenses.

A propósito: há ou não um excesso de militares envolvidos com o governo? Essa foi uma escolha. Quem se dedica à “fiel observância da lei” não faz ameaças só porque, afinal, dispõe de armas, não é mesmo? Jornalistas, caminhoneiros e açougueiros devem se zangar quando se aponta a existência de maus jornalistas, maus caminhoneiros e maus açougueiros?

Onde está o “ataque leviano” na fala de Aziz? Em apontar que há um excesso de militares comprometidos com um mau governo?

Se Braga Netto e os três comandantes já se esqueceram, eu lembro. Quando Pazuello assumiu a Saúde, a 16 de maio de 2020, os mortos por Covid-19 no país eram 14.962. Quando deixou a pasta, no dia 15 de março deste ano, a montanha de cadáveres somava 295.425 pessoas. Esse é o balanço dos 10 meses de um general da ativa à frente da Saúde. E ele continua no governo. Não foi para a reserva.

As lambanças que estão em apuração — a demora para fazer o acordo com a Pfizer, ações vergonhosas para a compra da Covaxin, esquema mirabolante que poderia ter resultado numa fraude bilionária no caso da Davati, negacionismo lunático — se deram sob as barbas de um general da ativa, que tinha como braço direito um coronel da reserva, ex-membro das forças especiais.

BÔNUS SEM ÔNUS

O que quer dizer “as Forças Armadas não aceitarão”? Significa que recorrerão à Justiça ou que botarão os tanques nas ruas, os aviões no céu e os barcos ao mar para dizer quem manda? Significa que tentarão se desvencilhar dos maus em nome dos bons princípios ou que a eles vão se grudar numa reação de caráter corporativo, que ignora os fatos? Significa que vão se pautar, então, pela lei que dizem defender ou que, em nome da ordem legal, darão um golpe?

O que, exatamente, esses caras imaginavam? Que poderiam atuar como governo sem prestar contas? Que poderiam fazer o que bem entendessem, estivessem ou não os atos de acordo com a lei? Que poderiam ignorar padrões elementares de governança, e ninguém se atreveria dizer que são o que são? E, afinal, eles são… militares!

Aliás, seguem militares mesmo quando na reserva, como eles mesmo gostam de lembrar, razão por que têm o mais caro sistema de inatividade, bancado pelos cofres públicos — pelo conjunto dos brasileiros. Também por aqueles que morreram sufocados por falta de oxigênio em Manaus; e no Brasil inteiro, por falta de bom senso e decência.

Dizer o quê, senhores? É fácil ameaçar com um golpe. Nem é tão difícil dar um golpe. Impossível seria manter o golpe. Em nome de quais princípios? Quais heróis se alevantariam para dar a cara ao regime? Nessa prefiguração, que tamanho teria a montanha de cadáveres?

Militares brasileiros serviram no Haiti, como sabemos.

O Haiti, em muitos aspectos, é mesmo aqui.

Mas o Haiti não é aqui.

*Reinaldo Azevedo/Uol

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Assista: Servidora diz à CPI da Covid ter deixado programa de vacinação por politização do tema ‘por meio do líder da nação’

A ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do ministério da Saúde, Francieli Fantinato disse em depoimento à CPI da Covid, nesta quinta-feira, que deixou a pasta por politização do tema “por meio do líder da nação”, em referência ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Após o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), dar voz de prisão ao ex-diretor de Logística da Saúde, Roberto Dias, a ex-servidora se negou a prestar juramento de falar a verdade na comissão.

Fantinato chegou à comissão com um habeas corpus concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso que lhe garantia os direitos de investigados: de não prestar o compromisso de dizer a verdade e de não responder a perguntas que a pudessem incriminar.

*Com informações de O Globo

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A vida secreta de Jair

Uma série de reportagens da Jornalista Juliana Dal Piva, no Uol.
Queiroz, escondido na casa do advogado da família Bolsonaro, diz a Márcia, sua mulher, que não pode ligar para “os meninos de Rio das Pedras” por conta de um pedido de um amigo. Para o MP, é referência aos milicianos da comunidade. Queiroz tentava não ser rastreado.

Veja:

*Da redação

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CPI quer desvendar suposto dossiê de Roberto Dias com mensagens de integrantes do governo

Integrantes do grupo majoritário da CPI da Covid querem desvendar o dossiê que teria sido preparado por Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, como forma de se blindar do “abandono” por parte do governo.

Segundo matéria do G1, há grande preocupação no governo, e também entre parlamentares da base aliada, com o conteúdo desse suposto dossiê.

Em conversa com o blog, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que o tal arquivo pode incluir mensagens de negociações de Dias com integrantes do governo.

“Recebi a informação de um interlocutor que acompanha o caso, que o Roberto Dias preparou um dossiê – inclusive com mensagens trocadas com integrantes do Ministério da Saúde, do governo e parlamentares. E avisou [o governo] sobre o dossiê para não ser abandonado”, afirmou Aziz.

Senadores do chamado G7 – grupo majoritário da CPI – viram com surpresa a postura da tropa de choque do governo que saiu em defesa de Dias no depoimento desta quarta-feira (7).

Como revelou o Blog da Ana Flor, em reunião no Palácio do Planalto na manhã anterior, ministros e assessores presidenciais pediram que senadores da base aliada não abandonassem Dias na comissão.

Esse movimento foi visto como contradição. Até então, Dias era visto como alguém “contagioso”. O agora ex-diretor foi, inclusive, exonerado na última semana, logo após as denúncias do cabo Luiz Paulo Dominguetti.

O policial militar de MG e autodeclarado vendedor de vacinas disse à CPI que Roberto Dias cobrou propina de US$ 1 por dose para agilizar a contratação de um lote de 400 milhões de vacinas.

“Chegou a informação para a CPI que o Roberto Dias preparou um dossiê com revelações sobre tudo o que aconteceu no governo. E que enviou esse dossiê para um parente na Espanha. Ele queria ser defendido pelo governo. E o que se viu, na sessão, foi uma defesa enfática dos senadores aliados”, ressaltou o relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL).

“Esse dossiê foi montado pelo Roberto Dias para que não fosse abandonado. E o que se viu, na CPI, é que a base de apoio do governo teve um comportamento diferente da semana passada, quando ele caiu. Na sessão, os senadores governistas fizeram uma surpreendente proteção ao Roberto Dias. Temos que aprofundar a investigação desse dossiê”, reforçou o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

*Gerson Camarotti/G1

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Quem é Elcio Franco? Coronel volta ao centro das denúncias de corrupção na compra de vacinas

Elcio Franco tentou exonerar Dias e interferiu diretamente na nomeação de coordenadores do Departamento.

Os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid desvendaram mais um cenário diante do depoimento de Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, nesta quarta-feira (7).

Mais uma vez, o nome do ex-secretário-executivo da pasta, o militar Elcio Franco, aparece no centro das denúncias de corrupção na compra de vacinas.

Número dois durante a gestão do general Eduardo Pazuello no Ministério, Franco é atualmente assessor da Casa Civil no governo de Jair Bolsonaro.

Para os senadores, teria ocorrido mais de uma tentativa de Elcio Franco de retirar Dias das tratativas para a compra de vacinas contra a covid-19.

“Há uma disputa interna dentro do ministério em torno do departamento que o senhor chefiava ainda pouco”, afirmou o senador líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM).

Em outubro de 2020, Franco pediu a exoneração de Dias ao então ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que foi aceita e encaminhada à Casa Civil.

Franco se baseou em um contrato, com suspeita de irregularidades apontadas pela Diretoria de Integridade (Dinteg) do Ministério da Saúde, assinado por Dias para a compra de 10 milhões de kits para testes de covid-19.

A exoneração, no entanto, não ocorreu após pressão que teria sido feita pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) em conversas com o presidente Jair Bolsonaro. Em seu depoimento à CPI, Dias afirmou que a suspeita de corrupção na compra de testes foi um “factoide”.

Em janeiro deste ano, a pasta publicou uma portaria que passou a centralizar na Secretaria-Executiva, comandada por Franco, todas as tratativas sobre vacinas. A medida retirou Dias de toda e qualquer negociação de imunizantes contra a covid-19, a despeito de a função ser do Departamento de Logística.

Em outro momento, a equipe liderada por Dias na Saúde sofreu uma interferência direta do número 2 do Pazuello, Elcio Franco. O militar fez duas trocas sem consultá-lo, levando para o Ministério dois militares: o tenente-coronel Marcelo Batista Costa para a Coordenação Financeira, e o tenente-coronel Alex Lial Marinho para a Coordenação de Logística.

Roberto Dias também associou a nomeação do coronel Marcelo Blanco para ser seu assessor no Departamento de Logística a uma decisão de Elcio Franco.

“Acho que o Elcio Franco cada vez se envolve mais, e a gente começa a encontrar os responsáveis pelo caso Precisa-Biotech. (…) Nós temos um personagem central que, ainda bem, senhor relator, que o senhor indicou como investigado, que é o senhor Elcio Franco”, disse Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Suposto pedido de propina

Segundo Dias, foi o coronel Marcelo Blanco quem levou o policial militar Luiz Dominguetti, representante da Davati Medical Supply, ao restaurante Vasto, no Brasília Shopping, no dia 25 de fevereiro. Ainda de acordo com Dias, Blanco sabia que ele estaria no restaurante.

De acordo com o depoimento de Dominguetti, Roberto Dias teria cobrado uma propina de US $1 por dose de vacina para fechar um acordo de compra de 400 milhões de unidades do imunizante produzido pelo laboratório britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford.

Segundo o depoente, a notícia da oferta já tinha chegado aos seus ouvidos anteriormente, diretamente pelo coronel Marcelo Blanco, por meio de outro representante da Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Alberto Carvalho. “Mas nunca teria sido apresentada a documentação necessária”, afirmou Dias.

No restaurante, Dominguetti afirmou que teria a documentação necessária. Em resposta, Dias solicitou ao policial militar um pedido formal ao Ministério da Saúde, em agenda oficial. Se a documentação fosse consistente, um processo seria aberto e encaminhado à Secretaria Executiva, de Elcio Franco.

Em uma reunião oficial no dia seguinte, 26 de fevereiro, Dominguetti não apresentou a documentação. Dias afirmou, então, que não passou a proposta para seu superior, Elcio Franco, justamente porque não havia documentos.

De Roberto Dias, Dominguetti teria partido então diretamente para a Secretaria Executiva. “A reunião com Roberto Ferreira Dias foi infrutífera”, afirmou Dominguetti aos senadores. Nesse segundo encontro, Elcio Franco disse que iria verificar a veracidade da proposta.

“O senhor [Elcio Franco] me perguntou pessoalmente durante a reunião, com quem eu havia deixado essa proposta. Eu disse a ele que com o senhor Roberto. Então houve uma troca de olhares, ele [Elcio] baixou a cabeça, simplesmente saiu e disse que pediu para que dois estagiários pegassem os nossos nomes, que entraria em contrato, que ele ia validar a proposta da Davati.”

Para o presidente da CPI, Omar Aziz, Dias foi exonerado do cargo após denúncia de suposta propina porque teria atravessado a negociação das 400 milhões de doses.

Lembrando que não há nenhuma relação contratual entre Dominguetti e a Davati. “Havia um acordo de cavalheiros, até porque eu sou funcionário público e não posso assinar contrato”, afirmou o policial militar.

Por sua vez, o laboratório britânico AstraZeneca publicou que todas as negociações são feitas diretamente “por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais ao redor do mundo, incluindo da Covax Facility, não sendo possível disponibilizar vacinas para o mercado privado ou para governos municipais e estaduais no Brasil”.

Também negou que tenha qualquer relação contratual com a empresa Davati Medical Supply, sediada no Texas. O único contrato da AstraZeneca estabelecido com o Brasil foi feito por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), nos dias 8 e 9 de setembro de 2020.

Citado no caso Covaxin

O tenente-coronel Alex Lial Marinho, nomeado por Elcio Franco para a Coordenação de Logística, também já é um nome conhecido. Foi citado como reponsável, ao lado de Roberto Dias, por pressionar a importação da vacina Covaxin, em depoimento de Luis Ricardo Fernandes Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde.

Sobre isso, Dias afirmou que nunca fez pressão. “Não encaro as conversas que tive com ele [Luis Ricardo] como pressão. (…) Se tiver pressão, eu não a exerci. E desconheço de onde poderia ter partido”, afirmou.

Segundo o senador Rogério Carvalho (PT-SE), Dias enviou um e-mail ao presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, em 23 de março, solicitando a autorização da importação em caráter excepcional de 20 milhões de doses da Covaxin. “Antes do envio dos documentos da Precisa à Anvisa”, afirmou o senador garantindo ter o e-mail.

Luis Ricardo e seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), apontaram para supostas irregularidades na negociação de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, entre o Ministério da Saúde e a empresa brasileira Precisa Medicamento, responsável pela venda do imunizante no Brasil, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech.

Na primeira nota fiscal (conhecida como “invoice”), datada de 18 de março, emitida para a primeira entrega de doses, Luis Ricardo questionou a empresa Precisa Medicamentos sobre informações contidas no documento, como a solicitação de um pagamento antecipado de US$ 45 milhões a uma terceira empresa, não prevista no contrato, a Madison Biotech, sediada em Singapura, e um quantitativo com um milhão de doses a menos.

Segundo os irmãos Miranda, as irregularidades foram informadas ao presidente Jair Bolsonaro, no dia 20 de março. O presidente teria solicitado ao então ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, a investigação da denúncia.

Dois dias depois, no entanto, Pazuello foi exonerado, e a investigação ficou a cargo do então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco. Segundo a senadora Simone Tebet (MDB-MS), um dia depois de ter assumido a investigação do caso, Franco teria finalizado a apuração sem encontrar nada.

Ainda durante o encontro entre Bolsonaro e os irmãos Miranda, o ex-capitão teria atribuído o esquema ao líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR). “Se eu mexo nisso aí, você sabe a merda que vai dar. Isso deve ser coisa de ‘fulano’”, referindo-se ao líder, teria declarado Bolsonaro, segundo o deputado Luís Miranda.

Ligação com Ricardo Barros

Dias negou ter sido indicado ao Ministério da Saúde por Ricardo Barros. O ex-servidor afirma que foi indicado pelo ex-deputado Abelardo Lupion (DEM-PR), quando o parlamentar enviou o seu currículo, ainda em 2018, ao então deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), que seria nomeado ministro da Saúde no ano seguinte.

O ex-diretor afirmou, no entanto, que mantém relação com parlamentares do Paraná, onde é servidor concursado. Sua relação com Dias é “uma relação com um parlamentar do estado de origem”.

“Eu sou carioca, mas a minha vida é feita no Paraná. Conheço o deputado Ricardo Barros e tenho um relacionamento, como tenho com diversos parlamentares do estado do Paraná”.

Lupion, que foi deputado entre 1991 e 2015, foi secretário estadual de Infraestrutura e Logística no governo interino de Cida Borghetti, esposa de Ricardo Barros, em 2018.

Dossiê no exterior

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSC), afirmou em determinado momento que Roberto Dias produziu um dossiê para a própria proteção, que está fora do país. “Ele [Dias] sabe que a relação dele com Elcio Franco e Pazuello nunca foi boa. E ele se preparou para a saída dele”, afirmou o presidente em outro momento.

Para o presidente, Dias caiu por possivelmente ter contrariado os interesses de terceiros dentro do Ministério da Saúde. “Estou querendo lhe ajudar, mas o senhor diz que não sabe o porquê. Te colocaram numa encrenca tão grande e você não está querendo falar para a CPI.”

Quem é Elcio Franco?

O presidente Jair Bolsonaro nomeou Elcio Franco como secretário-executivo do Ministério da Saúde em 4 de julho de 2020. Ele entrou no lugar de Eduardo Pazuello, que assumiu interinamente o comando do Ministério, substituindo o ex-ministro Nelson Teich. Desde o mês anterior, o coronel já era secretário-executivo adjunto.

Oficial do Exército por 39 anos, foi para a reserva em março de 2019. Na Força, se tornou mestre em operações militares e ciências militares e atuou nas operações de segurança e defesa dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Também ocupou o posto de subcomandante e chefe do Estado-Maior da Força de Pacificação no Complexo de Favelas da Maré, em 2014, no Rio. De 2017 a fevereiro de 2019, teve cargo de assessor no Ministério da Defesa.

Em sua página no LinkedIn (rede social de contatos profissionais), descreve sua trajetória da seguinte forma: “Exerci funções inerentes a um Oficial do Exército e Gestor Público, com formação acadêmica conciliada à militar e às experiências da caserna: liderança-docência-gestão financeira-patrimonial-de segurança-recursos humanos-projetos-contratos-aspectos jurídicos-cenários prospectivos-planejamento estratégico etc.”.

Em abril de 2019 – seu primeiro mês como reservista -, foi nomeado assessor e subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil do governo do Estado de Roraima, cargo que ocupou por menos de dois meses. Depois, foi posto no cargo de secretário de Saúde da gestão estadual, onde permaneceu por três meses.

A experiência ocorreu sob o comando do governador Antônio Denarium (PSC). Eleito em 2018 com o apoio do então candidato a presidente Jair Bolsonaro (então no PSL, atualmente sem partido), o político já assumiu o cargo em 10 de dezembro do mesmo ano, após ter sido nomeado interventor federal pelo então presidente Michel Temer (MDB), após afastamento da então governadora, Suely Campos (PP).

Durante a intervenção federal em Roraima, um dos homens de confiança de Denarium nas Forças Armadas para a gestão pública era o futuro chefe de Franco, o general da ativa Eduardo Pazuello. O então futuro ministro da Saúde ocupou o cargo de secretário da Fazenda do governo de Roraima de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019.

As passagens de Franco e Pazuello no governo Denarium em Roraima foram separadas, por tanto, por um intervalo de dois meses. Mesmo assim, como o general seguiu atuando como consultor da prefeitura de Boa Vista (RR) nos meses seguintes à sua saída da secretaria estadual, os dois se aproximaram. Fizeram parte do que, depois, já no Ministério da Saúde, foi chamada de a “turma de Roraima”. Enquanto atuavam no Ministério, o governo federal brasileiro distribuiu 100 mil unidades de cloroquina para indígenas em Roraima.

O grupo de ex-integrantes do governo estadual roraimense é composto ainda, entre outros, pelo marqueteiro Marcos Eraldo Arnoud Marques, conhecido como Markinhos Show, e pelo ex-deputado federal e nomeado secretário de Saúde de Roraima após passagem pelo governo federal, Airton Cascavel (PPS).

Na gestão de Pazuello na Saúde, o coronel Franco estava “em casa”, não só pela presença dos antigos colegas com quem trabalhou no poder público no norte do Brasil, mas também pela presença de oficiais das Forças Armadas. Um dia após sua nomeação, em 5 de junho de 2020, o jornal “Correio Braziliense” mostrou que já eram 25 os militares nomeados no Ministério da Saúde desde a saída do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, meses antes.

Incompostura com garçom e faca na caveira na lapela

Durante uma reunião por videoconferência em que Elcio Franco fazia um pronunciamento como representante do Ministério da Saúde, em julho do ano passado, ocorreu um episódio que se tornou emblemático da gestão do coronel na secretaria executiva. Em cena gravada e veículada na TV e na internet, o coronel se irrita com um garçom que entra no recinto no meio do pronunciamento.

Ele interrompe sua fala, gesticula, recebe auxílio de uma outra assessora para tentar fazer com o funcionário deixe o quanto antes o ambiente, até que se impacienta e grita: “Sai daí! Eu falei ‘sai’! O que você não entendeu?”. Por fim, tenta continuar o discurso.

Quando atendeu a imprensa em entrevistas coletivas na sede do Ministério, ele fez questão de ostentar um broche no formato de uma faca atravessando um crânio na lapela de seus paletós, ou então outro de um punho segurando uma faca de lâmina vermelha.

Os símbolos têm caráter militar. O site do Exército Brasileiro diz que a faca na caveira significa que o trabalho das tropas é vencer a morte e conquistá-la.

A imagem foi popularizada pelo personagem capitão Nascimento, interpretado pelo ator Wagner Moura no filme “Tropa de Elite”, que ostenta a marca do Bope, batalhão da polícia do Rio de Janeiro, composta pelos mesmos dois elementos. Na obra, os policiais ainda utilizam a expressão “faca na caveira” como ode à força e à rigidez do batalhão no combate ao crime.

Condução da aquisição de vacinas

Em 19 de maio, o Brasil de Fato mostrou que o gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, não foi recebido pelo ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em sua única visita à sede da pasta em Brasília em 2020, em 22 de dezembro do ano passado. Na ocasião, o representante da farmacêutica norte-americana fez reunião com Elcio Franco.

Carlos Murillo comandou a matriz brasileira da empresa farmacêutica até novembro de 2020. O encontro no Ministério da Saúde constava na agenda oficial do nº 2 de Pazuello, agendado para às 14h – e foi confirmado no depoimento do executivo na CPI da Covid. A informação foi retirada do ar no site da pasta.

A confirmação da data e o horário da visita, no entanto, foram obtidas por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação). De acordo com a lista de visitantes da sede do Ministério no ano passado, o executivo da Pfizer entrou no prédio uma única vez em 2020, às 13h58, justamente no dia 22 de dezembro.

Murillo afirmou que Elcio Franco o apresentou a Pazuello. O ministro, por sua vez, apenas o cumprimentou, e não participou da reunião. O executivo afirmou ainda que, durante as negociações, tratou “somente com a equipe técnica do Ministério”.

“Nessa ocasião [22 de dezembro], o sr. Elcio Franco apresentou a mim o ministro Pazuello. Nós nos cumprimentamos, e ele falou que, agora que estávamos avançando, o que precisávamos era contar com mais doses para o Brasil. Eu respondi que nós tínhamos esse compromisso de continuar procurando mais doses para o Brasil”, afirmou Murillo.

*Caroline Oliveira e Paulo Motory/Brasil de Fato

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A nota dos militares saiu pela culatra

Antes de fazer a nota conjunta com o comando das Forças Armadas, Braga Neto deveria observar que, sob o comando de Pazuello na Saúde, o general da ativa, morreram quase 300 mil brasileiros por covid. Isso, sem falar que Pazuello participou de um ato político de Bolsonaro e não sofreu qualquer punição como reza o próprio estatuto militar.

Soma-se a isso o fato de que foi o próprio Bolsonaro que disse que nem na ditadura teve mais militares que seu governo, governo este que, a começar pelo próprio presidente e seus filhos, está empencado de acusações de grossa corrupção.

Por isso, bastou sair nota conjunta do Ministério da Defesa e as Forças Armadas rebatendo o presidente da CPI Omar Aziz, que recebeu o imediato repúdio da sociedade, da imprensa e de políticos como segue abaixo, mostrando que a nota saiu pela culatra.

*Da redação

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Coronel Guerra: irmão de ex-auditor preso por corrupção na Saúde teria negociado vacinas

Reportagem revela identidade de militar com quem Dominguetti conversou nos EUA; coronel reformado abriu uma empresa em Maryland no ano passado.

A Agência Pública descobriu a identidade do “coronel Guerra”, militar com quem o representante da empresa americana Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti, trocou mensagens sobre fornecimento de vacinas. Segundo a reportagem apurou, trata-se de Glaucio Octaviano Guerra, coronel da Aeronáutica reformado em 2016. A Pública também descobriu que, em 2 de novembro do ano passado, ele abriu uma empresa, a Guerra International Consultants, no estado de Maryland, Estados Unidos.

O coronel Guerra é o irmão do meio de uma família de militares e policiais com histórico de acusações de corrupção e ligações com a Família Bolsonaro. Cláudio Guerra, o mais velho dos três, é um ex-policial federal que já foi acusado de integrar a milícia do Rio de Janeiro, foi preso duas vezes e atualmente tem a aposentadoria cassada pelo Ministério da Justiça. A última foto postada por ele nas redes sociais foi curtida pelo ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, o policial militar denunciado no esquema das rachadinhas, Fabrício Queiroz. A relação é recíproca: Cláudio também curtiu a foto mais recente de Queiroz com sua família nas redes.

Irmão de coronel Guerra, Cláudio Octaviano Guerra curtiu a foto mais recente de Fabrício Queiroz e sua família.

Em contrapartida, Queiroz também curtiu a foto mais recente de Cláudio Guerra

Já o irmão mais novo do coronel Guerra é Glauco Octaviano Guerra, ex-auditor fiscal preso em maio do ano passado na Operação Mercadores do Caos, acusado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) de envolvimento em um esquema de desvio de verba pública na aquisição de ventiladores para atender pacientes com covid-19. A operação apreendeu 97 respiradores pulmonares importados pela MHS Produtos e Serviços, controlada por Glauco, conforme informações do MPRJ.

Sua empresa também possui mais de 400 contratos com as Forças Armadas que somam mais de R$ 1,4 milhão, incluindo o fornecimento de alimentos como leite condensado, sorvete de chocolate, cereja, salgadinhos de camarão.

Glauco Guerra ainda integra o grupo de cinco auditores investigados pela Corregedoria da Receita Federal por enriquecimento ilícito que alegaram que seus dados teriam sido acessados ilegalmente, mesma tese usada pelo senador Flávio Bolsonaro para tentar anular o inquérito das “rachadinhas”. A defesa de Flávio argumentou que o acesso ilegal de dados era uma prática na Receita, como mostraria o caso dos auditores. Mas o argumento perdeu força, em fevereiro deste ano, quando Glauco Guerra foi exonerado pelo ministro Paulo Guedes por ato de improbidade administrativa.

Por meio da assessoria de imprensa, o senador Flávio Bolsonaro informou não conhecer nenhum dos irmãos Guerra. Tentamos contato com Glaucio, Cláudio e Glauco por e-mail e redes sociais, sem retorno. Não conseguimos contato por telefone. A reportagem também buscou a esposa de Glaucio, que vive nos Estados Unidos com o coronel e seus filhos.

As mensagens trocadas entre o coronel Guerra e Luiz Paulo Dominguetti, reveladas pelo Fantástico no último domingo, apontam que o militar é mais uma peça fundamental no quebra-cabeça do mercado paralelo de vacinas que envolve o Ministério da Saúde, governos estaduais e prefeituras, militares, políticos e religiosos.

No dia 1º de julho, a Pública revelou que a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), liderada pelo reverendo Amilton Gomes, também participou das negociações junto à Davati e o poder público. No dia 4 de julho, mostramos que as negociações contaram com o apoio de um deputado federal da bancada evangélica, o pastor Roberto de Lucena (Podemos/SP).

Procurada, a Davati respondeu via assessoria que “a venda de vacinas no Brasil não foi concretizada porque a empresa não recebeu formalização de interesse de compra por parte do Ministério da Saúde” e “que não houve, de sua parte, qualquer procedimento indevido”. A assessoria também afirmou que “nunca foi assinado nenhum documento” e que “a empresa estará à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos juridicamente necessários, certa de que não houve, de sua parte, qualquer procedimento indevido”.

Questionada sobre a relação da Davati com o coronel Guerra, a assessoria da empresa afirmou que não poderia responder, pois não teria conhecimento dessa informação.

Coronel brasileiro em solo americano teria negociado vacinas com PM

Glaucio Octaviano Guerra, nascido em 1970, no Rio de Janeiro, atuou como coronel no Centro de Comunicação Social da Aeronáutica até setembro de 2016, quando foi transferido para a reserva das Forças Armadas. No seu último pagamento disponível, em fevereiro deste ano, ele recebeu pouco mais de R$ 16 mil do governo federal, já descontados deduções e impostos.

Antes de se aposentar, o militar ocupava um cargo internacional de destaque: era chefe da Divisão de Logística da Comissão Aeronáutica Brasileira em Washington, DC, nos Estados Unidos. Ele foi oficialmente designado ao posto em 2013, por portaria assinada pelo então ministro da Defesa, Celso Amorim. Desde fevereiro de 2014, o então tenente-coronel tinha autorização das Forças Armadas para se ausentar do país. A partir de março do mesmo ano, ele já começaria a receber os encargos da nova função. A portaria definiu que Guerra permaneceria no cargo até março de 2016, meses antes dele se retirar da ativa.

Em outubro de 2018, coronel e esposa comemoram voto em Jair Bolsonaro para presidente

Segundo a Pública apurou, a Guerra International Consultants LLC está registrada em seu nome. A empresa fica no estado de Maryland, famoso por abrigar empresas da indústria de defesa dos EUA e diversas companhias internacionais ligadas ao setor militar — é nesse estado que fica a sede da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos. A cidade mais populosa do estado é Baltimore, justamente onde Guerra estaria em 22 de maio, segundo mensagem no celular do PM Dominguetti reveladas pelo Fantástico no último domingo.

Empresa de coronel nos EUA está registrada em um pacato bairro residencial em Maryland. Mensagens de celular de Dominguetti apontaram que contato chamado coronel Guerra esteve na cidade

A empresa Guerra International Consultants foi aberta em 2 de novembro do ano passado e permanece ativa. Ela está registrada num subúrbio tranquilo de uma área chamada Potomac, no condado de Montgomery (Maryland). No quarteirão arborizado onde casas de tijolos de dois andares se enfileiram lado a lado não há indicação da empresa de Guerra ou de outros negócios comerciais.

O coronel já teve uma segunda empresa, a Velox LLC, registrada no mesmo estado, mas na região de Bethesda, vizinha a Potomac. A empresa de transportes de cargas, criada em 2016 em seu nome e de sua esposa, consta nos registros de empresas do estado de Maryland como “not in good standing”, o que significa que o negócio tem alguma pendência com o governo, fisco ou foi submetida a alguma penalidade. A reportagem tentou contato através do telefone disponível dessa empresa, que não atendeu.

CPI descobriu que Dominguetti trocou mensagens sobre vacinas com “coronel Guerra”

O escândalo da comercialização de vacinas com participação da americana Davati foi revelado após o policial militar de Minas Gerais e representante da empresa no Brasil, Luiz Paulo Dominguetti, denunciar à Folha de S. Paulo um esquema de propina dentro do Ministério da Saúde.

Durante depoimento à CPI da Covid, em 1º de julho, seu celular foi apreendido pelos senadores após ele divulgar um áudio do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) insinuando contato com a empresa de medicamentos.

*Da Agência Pública

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