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Astro de série israelense, Matan Meir morre durante ação em Gaza

Matan Meir, oriundo de Odem, na parte norte dos Montes Golã, um dos astros do elenco de Fauda, foi morto em Gaza, anunciou a equipe da série no sábado (11/11). O ator, 38 anos, foi sargento reservista das Forças de Defesa de Israel (IDF). Seu nome apareceu na lista de soldados que morreram no enclave, de acordo com o The Jerusalem Post.

Transmitida na Netflix, Fauda ganhou os holofotes internacionais, tendo sido premiada como melhor roteiro original no Festival International des Programmes Audiovisuels (FIPA) e indicada pelo The New York Times como a 8ª melhor série internacional da década. Em contraponto, vozes de organizações e ativistas denunciaram o racismo e a islamofobia presentes na obra, assim como a exaltação de crimes de guerra cometidos por Israel e o apagamento da perspectiva palestina.

A Campanha Palestina pelo Boicote Acadêmico e Cultural à Israel (CPBAC), parceira do Movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), manifestou à Netflix repúdio e apelou para que o streaming interrompesse a transmissão.

Fauda, que é um código usado pelos soldados das forças israelenses quando são pegos pelos árabes, tem incontáveis cenas permeadas de propaganda de guerra, como, por exemplo, imagens de bases militares do Hamas no subsolo de hospitais. Uma clara mensagem ao telespectador de que é justificável bombardear unidades de saúde. Os dois escritores da série, Avi Issachorof e Lior Raz, assim como o então ator principal, são ex-soldados do esquadrão Dudevan, que aterroriza a Palestina ocupada.

O pai de Raz é um ex-Shin Bet (serviço de segurança secreta interna). Dito isso, é possível perceber que a produção audiovisual israelense também são utilizadas como campos de batalha, o poder simbólico no discurso transmitido e recodificando a realidade da opressão contra os palestinos. Em geral, filmes e séries israelenses, sejam “cults” ou comerciais, sempre serviram à propaganda dominante acerca do apartheid.

Portanto, a posição política de Fauda não é original. A arrogância colonial e apropriação da história palestina são derivadas do domínio militar sobre os palestinos. Tal como os soldados, muitos diretores, roteiristas e criadores não respeitam as fronteiras. Alguns expropriam terras palestinas, outros a sua história

Na série, não há dominantes ou dominados, não há ocupação, não há contexto histórico, não há demolições, nem despejos, não há colonos ou soldados violentos. Também não há prisões políticas sem julgamento e não há tribunais que condenam crianças e adolescentes por jogarem pedras em soldados fortemente armados. De acordo com o que vemos em Fauda, os palestinos são movidos por uma paixão por vingança, uma sede insaciável de sangue, como algo próprio de seu DNA árabe.

Em relação aos árabes e muçulmanos, quase sempre são retratados na mídia ocidental como exóticos, desconhecidos, com estereótipos e romantizações, visto como violentos, retrógrados e maus. A influência de Israel na indústria audiovisual, com esta lente ocidentalizada, levou diretores e produtores renomados a fazerem parceria com israelenses. A veiculação de ideias sionistas por plataformas de entretenimento, como a Netflix, tem contribuído para o sucesso estrondoso delas, já que esses espaços têm cada vez mais relevância no cenário artístico.

O sucesso de audiência de peças de propaganda como Fauda – que se tornou orgulho nacional em Israel e recebeu vivas por parte de norte-americanos da American Israel Public Affairs Committee (AIPAC) – também é sintomático diante da censura de obras palestinas. Depois da Nakba, entre 1968 e 1982, o cinema palestino foi feito grande parte no exílio.

Independente do mérito artístico e qualidade técnica das obras israelenses, Israel não é um Estado-nação como qualquer outro e suas obras são encomendas sofisticadas das Forças de Defesa de Israel.

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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