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Milei leva metade da Argentina à pobreza

PIB em retração, explosão da pobreza, indigência e fome. Os resultados da política de extrema direita de Javier Milei.

O número de argentinos vivendo abaixo da linha da pobreza explodiu no primeiro semestre deste ano. A política neoliberal de austeridade do presidente Javier Milei levou 15,7 milhões de pessoas para o patamar abaixo da linha da pobreza. Os reflexos da política de extrema direita foram divulgados ontem (27) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos do país (Indec). O estudo, que abrange 31 aglomerados urbanos, aponta que mais da metade das pessoas (52,9%) estão em situação de pobreza. Isso significa também que 4,3 milhões de famílias, ou 42,5% delas, estão em situação de insegurança.

Javier Milei completou 10 meses de mandato. Agora, ele enfrenta os resultados de sua política. Uma Argentina assolada por uma grave crise econômica e social. O país sofre com altos índices de endividamento, câmbio desvalorizado, reservas internacionais escassas e uma inflação alarmante de 236%.

Durante os primeiros seis meses do governo Milei, 3,4 milhões de pessoas caíram na faixa da pobreza, um aumento de 11,2% em relação ao segundo semestre de 2023, quando 12,3 milhões de pessoas (41,7% da população) estavam nessa condição.

Milei e indigência
Para classificar quem está abaixo da linha da pobreza, o Indec calcula o rendimento das famílias e o acesso a necessidades básicas. Isso inclui alimentos, vestuário, transporte, educação e saúde. Além do aumento da pobreza, a pesquisa aponta que 5,4 milhões de pessoas (18,1% da população) estão em situação de indigência, ou seja, sem acesso a uma cesta de alimentos suficiente para suprir as necessidades diárias de energia e proteína. No segundo semestre de 2023, esse número era de 3,5 milhões (11,9%).

Quando se observam as famílias, 1,4 milhão delas foram consideradas indigentes (13,6%) no primeiro semestre deste ano, comparadas às 870 mil registradas no fim de 2023 (8,7%). A alta nos preços continua sendo um dos maiores desafios para os argentinos. No primeiro semestre, a inflação acumulada no país foi de 79,8%, gerando ceticismo nas ruas quanto à relação entre o índice geral e o custo da cesta de produtos consumidos pela população, especialmente a mais vulnerável.

Recessão e desemprego
O agravamento da crise social está ligado à recessão econômica. No primeiro trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) argentino recuou 5,1%, seguido de uma queda de 1,7% no segundo trimestre. Esse cenário recessivo tem contribuído para o aumento do desemprego, especialmente no setor privado, que demitiu cerca de 177 mil funcionários entre novembro de 2023 e abril de 2024, segundo um relatório do Centro de Estudos de Política Econômica (Cepa).

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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