Cid Moreira, a Globo e a síndrome de Marçal

O uso da morte de Cid Moreira é o principal assunto na Globo, o que nada tem a ver com respeito ao ex-âncora do Jornal Nacional, ao contrário, isso não cheira bem, mesmo sendo ele o porta-voz do paraíso que a Globo vendia da ditadura, numa espécie de moto contínuo para perpetuação de quem transformou a emissora numa potência e império de comunicação.

Os Marinho agem assim, sempre agiram, sempre viram negócio em tudo. E assim foi durante todo o regime militar quando tudo se moveu do então todo poderoso, Roberto Marinho, que sempre se vendeu como Midas na condição de empresário da comunicação. Para tanto, bastava a Globo colocar a mão na cabeça de um artista ou uma subcelebridade para que seu passe virasse ouro, mesmo que, na vida real, poucos nomes gozaram desse “estrelato”, dessa beatificação, produzida pelo pior instrumento da cultura de massa nesse apaís, vem da mesma receita do “sucesso” dos negócios que Marçal vende para os incautos.

Na verdade, a Globo sempre produziu mais criaturas do que criadores, muito mais doença do que cura, muito mais burrice do que sabedoria, como é a essência do capitalismo que adora colocar em pedestal o que “deu certo”, algo ínfimo diante do que dá errado, das empresas que abrem e fecham de uma forma praticamente automática.

Sim, esse é o ponto que deixa o capitalismo com o rabo de fora. Por isso, esse assunto jamais virá à baila no país de Alice. Sem dizer que, mesmo os que conseguiram sobreviver nessa ciranda de fogo, poucos herdeiros, quando raramente acontece, sobrevivem mais de dois anos.

Não importa o nome, Roberto Marinho ou Pablo Marçal, cada um a seu tempo, sempre venderam soberba capitalista, mentiras a granel “pequenas empresas, grandes negócios”, que se transformaram em espinhaço de serra.

Ainda não se pode dizer que o gigante da comunicação jaz por terra, sua espada sangrenta ainda dobra os joelhos de muitos inimigos.

Novelistas por natureza, ainda vendem sua logomarca por conta da velha rivalidade criada por eles entre um suposto comunismo e o capitalismo brasileiros.

Aliás, vendo-se ferrado no quesito rejeição, Pablo Marçal saca a mesma ladainha anticomunista, mostrando que sua situação é gravíssima para todo lado que olha.

Então, a utilização do velho major do Jornal Nacional, que mereceu a atenção mais que generosa é, na verdade, um toque e outro muito mais para falar da Globo do que do próprio âncora.

É nessa pegada que Marçal vende seu paraíso para os tolos.

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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