Dia: 19 de outubro de 2024

Áudios revelam esquema de venda de decisões no STJ e pressão por propinas

Conversas gravadas mostram influência de advogados e lobistas em decisões judiciais.

Uma nova reportagem publicada pela revista Veja expôs detalhes de um esquema de venda de decisões judiciais envolvendo o Superior Tribunal de Justiça (STJ). A investigação revela o avanço de um grupo de advogados, lobistas e servidores da Corte que, supostamente, negociavam sentenças em troca de propinas.

Embora até o momento não existam provas diretas de envolvimento dos ministros, o esquema foi aprofundado após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectar movimentações bancárias atípicas associadas ao lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, que enviou valores a um intermediário ligado ao ministro Paulo Moura Ribeiro.

Segundo a Veja, a descoberta do Coaf levou a Polícia Federal (PF) a paralisar temporariamente as investigações e transferir o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF), em virtude do foro privilegiado que protege os ministros do STJ. A apuração começou após o assassinato do advogado Roberto Zampieri em Cuiabá, cuja morte trouxe à tona mais de 3.500 arquivos armazenados em seu telefone, revelando comunicações sobre pagamentos e supostas pressões para liberar as verbas associadas a decisões judiciais encomendadas.

Nos áudios obtidos pela PF, o lobista Andreson relata a pressão constante dos servidores do STJ para receber os valores combinados pelas sentenças. Em uma das conversas, Andreson reclama que Zampieri não estava conseguindo reunir o montante acordado. “Falô que eu tô furando”, escreveu Andreson, indicando que os funcionários do tribunal estavam insatisfeitos com os atrasos nos pagamentos.

Em outro momento, Andreson reforça a gravidade da situação e a necessidade de evitar desavenças com os servidores: “Não se pode brincar com esses funcionários, sob pena de colocar o esquema em risco”, afirmou em um dos áudios. O clima de urgência nas cobranças mostra o quão dependente o grupo era de um fluxo contínuo de propinas para garantir as decisões favoráveis.

Embora o caso ainda esteja em investigação e envolva questões delicadas de foro privilegiado, a série de áudios lançada pela Veja revela a complexidade e a profundidade do esquema.

Bolsonarismo e neopentecostais reivindicam a morte de líder do Hamas e ‘apocalipse’

Fomentados por atores como Carla Zambelli e Andre Valadão, bolsonarismo e neopentecostais adotam abordagens excêntrica após a morte de Yahya Sinwar.

Talvez você não esteja familiarizado, mas nome de Yahya Sinwar constou entre as publicações que receberam um maior volume de interações entre quinta-feira (17) e sexta-feira (18). Líder do Hamas, Sinwar foi morto e o vídeo divulgado por Israel foi publicado por inúmeras contas em diversas plataformas. Porém, em um movimento curiosamente restrito aos segmentos bolsonaristas e neopentecostais, o episódio pode ser destacado por sua aparente desconexão com outros temas e pautas que, até então, eram promovidos por estes clusters.

Assim, para além da repercussão na imprensa e no noticiário nacional sobre a morte do líder do Hamas, existe uma tentativa de atores da extrema-direita bolsonarista e perfis neopentecostais de “reivindicar” vitórias do estado de Israel – e a morte de Sinwar – para si. É o caso de atores como André Valadão (51 mil interações) e Carla Zambelli (90 mil interações). No mais, as principais publicações sobre o tema repercutem o assassinato de Yahya Sinwar e analisam as consequências para o conflito no Oriente Médio.

Quando nos debruçamos especificamente nos comentários realizados na publicação do líder neopentecostal Valadão, 40% fazem referência à proteção divina e a realização de profecias bíblicas, algo que estaria “nas escrituras” e apontando Israel como “a menina dos olhos de Deus”. Outros 30% destacam o Hamas como organização terrorista que precisa ser combatida a qualquer custo.

Já 15% dos comentários destacam um cenário apocalíptico e a segunda vinda de Cristo. Termos como “Maranata” e “a profecia está se cumprindo” refletem essa crença. Outros 10% indicam alguma preocupação com a escalada da violência, enquanto 5% acusam Lula e o governo de lamentar a morte do líder do Hamas com base em fake news.