Ano: 2024

Corregedor aponta que Hardt multou Petrobras para dinheiro voltar por fundação privada

Com Karla Gamba

Ex-juíza da Lava Jato de Curitiba pode ter destinado valores arrecadados em processos para benefício próprio.

O Corregedor Nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, decidiu afastar cautelarmente a juíza Gabriela Hardt, ex-titular da 13ª Vara Federal de Curitiba após identificar irregularidades no direcionamento de recursos públicos e repasses de valores obtidos com acordos de colaboração premiada no âmbito da Operação Lava Jato.

Na decisão proferida nesta segunda-feira (15), o Corregedor aponta que havia uma “gestão caótica de valores provenientes de acordos de colaboração e de leniência”, além de multas. Tal estratégia, segundo a decisão, foi concebida com o intuito de capturar recursos depositados em juízo à Petrobras, que posteriormente foi “constrangida” a celebrar acordo nos Estados Unidos para que o montante (superior a R$ 5 bilhões) retornasse para uma fundação privada. A distribuição dos desses recursos públicos pela fundação privada não seguia critérios legais, nem de transparência e imparcialidade.

O recolhimento de dinheiro dos acordos, bem como das multas aplicadas à Petrobras, e seu repasse para a fundação privada e distribuição sem transparência, foi classificado por Luis Felipe Salomão como uma espécie de “cash back” para interesses privados, com a chancela e participação de membros da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Além de Gabriela Hardt, o Corregedor Nacional de Justiça também afastou cautelarmente o atual titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, juiz Danilo Pereira Júnior, e os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), Thompson Flores e Loraci Flores de Lima, por tentativa de burlar ordens do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os afastamentos, por ora de caráter cautelar (temporário e preventivo) serão analisados em sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) nesta terça-feira (16).

*Juliana Dal Piva/ICL

Israel pode responder ao ataque massivo do Irã já na segunda-feira, diz mídia

Citando autoridades dos EUA, jornal diz que há expectativa entre de Washington e aliados de uma resposta imediata de Tel Aviv ao ataque massivo do Irã contra Israel.

Israel pode responder já na segunda-feira (15) ao ataque massivo perpetrado pelo Irã na noite de sábado (13).

A informação foi veiculada pelo jornal The Wall Street Journal, que citou como fontes autoridades dos Estados Unidos e de outros países ocidentais.

“As autoridades dos EUA e do Ocidente esperam que Israel responda rapidamente aos ataques iranianos, possivelmente já na segunda-feira”, escreve o jornal.

A resposta de Israel ao ataque perpetrado pelo Irã é aguardada com expectativa, sobretudo porque pode escalar a tensão entre os países, transformando-se em um conflito regional.

Mais cedo, o ministro do gabinete de guerra de Israel, Benny Gantz, afirmou que Tel Aviv vai criar uma coalizão regional contra a ameaça iraniana e responderá ao ataque no momento certo e da forma apropriada.

Na madrugada de sábado (13), o Irã disparou uma onda de cerca de 300 projéteis do seu território em direção a Israel, incluindo 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos, que acionaram as sirenes de ataque aéreo em todo o país. Os militares israelenses disseram que 99% dos projéteis foram interceptados pelos sistemas de defesa aérea que compõem o Domo de Ferro.

*Sputnik

Biden alerta Netanyahu: Estados Unidos não vão participar de uma ofensiva de Israel contra o Irã

Biden afirmou que os EUA auxiliaram Israel a neutralizar “quase todos” os drones e mísseis iranianos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comunicou ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que Washington não se envolverá em qualquer ação ofensiva contra o Irã, após o ataque massivo com drones e mísseis lançado pela nação persa contra o território israelense no último sábado (13).

Biden expressou a posição dos EUA durante um telefonema com Netanyahu no sábado à noite, conforme relatado por um funcionário sênior da Casa Branca à rede americana CNN, sob anonimato.

O distanciamento dos Estados Unidos aparentemente não desencorajou a ideia de Israel de responder com vigor. Em declarações televisionadas na manhã deste domingo (14), o ministro da Defesa, Yoav Gallant, declarou que o confronto com o Irã “ainda não terminou”, indicando uma possível retaliação ao ataque.

Em uma série de comunicados no sábado, o Irã adotou um tom de ameaça em relação ao envolvimento dos Estados Unidos no “conflito direto” entre os países. Em uma nota emitida pela delegação permanente do Irã na ONU, o país afirmou que o ataque aéreo foi uma resposta a um bombardeio ao anexo consular da Embaixada do Irã na Síria em 1º de abril, que resultou na morte de sete membros da Guarda Revolucionária, incluindo dois generais, um deles sendo Mohammad Reza Zahedi, comandante das Forças Quds.

Na nota, a missão iraniana na ONU destacou que os ataques com drones e mísseis representavam o fim da retaliação de Teerã, mas alertou sobre uma “resposta mais severa” em caso de retaliação israelense, ressaltando que os Estados Unidos “devem se abster” de se envolver em uma questão que diz respeito apenas aos dois países.

Após o telefonema com Netanyahu, Biden afirmou em comunicado que os EUA auxiliaram Israel a neutralizar “quase todos” os drones e mísseis iranianos. Nos últimos dias, o líder americano ordenou o envio de aeronaves militares e destróieres de defesa antimísseis para o Oriente Médio, diante da clara ameaça iraniana ao seu principal aliado na região.

Israel já perdeu a guerra há muito tempo

Aquele doce Israel , vendido originalmente, desde 1948, como centro de excelência da ciência, das artes, das letras, com adição de açúcar, não existe mais..

Na medida em que a globalização da comunicação avançou, o cenário dessa grande farsa, foi sendo descortinado. A proibição automática de questionar qualquer ação protagonizada por Israel, ficou no passado.

Para piorar, diante dessa nova realidade, os sionistas de Israel recrudeceram, estalaram o verniz e perderam a pose, restando somente o que existe de mais medieval, em termos de civilização dos tempos atuais.

Israel, hoje, representa tudo de ruim, perverso e frio que um psicopata carrega consigo.

Certamente, a gota d’água para ser classificado como neonazista em todo o mundo, deu-se depois do último ataque e o roubo das terras da Palestina, com a destruição de gaza como um todo, mas sobretudo dos hospitais, fazendo com que tudo virasse pó, tendo com principais alvos, mulheres, crianças, idosos e doentes, sem dar chance sequer de perguntar se, no mundo, já existiu coisa pior do que o Estado terrorista de Israel. Certamente, não há.

Está aí tudo registrado, in loco, e não há como reverter a percepção real do que de fato Israel representa e que tem apoio incondicional do que existe de mais nefasto, nazista, fascista, bárbaro e medieval como civilização.

Assim, tal decadência cultural, moral e ética, que hoje representa o Estado sionista, pode-se afirmar, sem medo de errar, que Israel perdeu a guerra e tem tudo para perder a própria existência do Estado.

Qualquer nova “agressão” terá “resposta mais pesada”, diz presidente do Irã

Mais cedo, ministro das Relações Exteriores do país afirmou que o Irã “não hesitará em proteger seus interesses”

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, afirmou neste domigo (14) que qualquer “nova agressão contra os interesses da nação iraniana será recebida com uma resposta mais pesada”. As informações são do canal de notícias estatal iraniano IRIB.

O ministro das Relações Exteriores do país, Hossein Amirabdollahian, fez observações semelhantes numa publicação no X (antigo Twitter), dizendo que o Irã não tem intenção de “continuar as operações defensivas, mas se necessário, não hesitará em proteger os seus interesses legítimos contra qualquer nova agressão”.

“Exercer o direito de defesa legítima mostra a abordagem responsável do Irã à paz e segurança regional e internacional”, acrescentou.

Com Lula, bancos públicos ampliam operações de crédito e superam os privados

No contexto da política de fortalecimento de empresas estatais implementada por Luiz Inácio Lula da Silva, os bancos públicos brasileiros ampliaram brutalmente suas carteiras de crédito em 2023, em comparação com os bancos privados. As informações foram divulgadas em reportagem do Poder360. Entre os seis principais bancos do país, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil […]

No contexto da política de fortalecimento de empresas estatais implementada por Luiz Inácio Lula da Silva, os bancos públicos brasileiros ampliaram brutalmente suas carteiras de crédito em 2023, em comparação com os bancos privados. As informações foram divulgadas em reportagem do Poder360.

Entre os seis principais bancos do país, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES apresentaram os maiores aumentos em seus estoques de crédito total, com crescimentos de 10,6%, 10,3% e 7,4%, respectivamente, em relação ao ano anterior.

Em contraste, entre os bancos privados, Santander liderou com um aumento de 5,6%, seguido por Itaú com 3,1%, enquanto Bradesco registrou uma retração de 1,6%.

No que diz respeito ao volume total de dinheiro disponível para empréstimos, Itaú manteve a liderança com R$ 1,2 trilhão. Caixa e Banco do Brasil seguiram de perto, cada um com estoques de R$ 1,1 trilhão.

Somando os saldos, os bancos estatais emprestaram um total de R$ 2,7 trilhões ao longo do ano, um aumento de 9,9% em relação ao ano anterior.

Os bancos privados, enfrentando um ambiente de juros mais altos, mostraram uma expansão mais modesta de 2,9%, totalizando R$ 2,6 trilhões.

A taxa Selic permaneceu alta, atingindo 13,75% ao ano de janeiro a agosto de 2023, antes de sofrer cortes graduais que a levaram a 10,75%.

Quanto ao lucro, apenas Itaú entre os bancos privados viu um aumento significativo no lucro líquido recorrente, de R$ 30,8 bilhões em 2022 para R$ 35,6 bilhões em 2023. Bradesco e Santander, por outro lado, enfrentaram reduções de 21,2% e 27,3%, respectivamente.

Os bancos públicos, exceto o BNDES que viu uma diminuição de 4,8%, geralmente registraram aumentos no lucro, totalizando R$ 58,1 bilhões, um aumento de 8,4% em relação ao ano anterior.

Em termos de inadimplência, a taxa de pagamentos atrasados acima de 90 dias teve comportamento semelhante entre os bancos públicos e privados, com variações mínimas exceto no caso de Bradesco, que experimentou o maior aumento, chegando a 5,1%.

O que acontecerá no conflito depende de Israel ouvir os EUA

Ataque sem precedentes do Irã deixa líderes em alerta sobre qual será a reação de Israel.

Em décadas de antagonismo entre Israel e o Irã, nunca houve um ataque dos iranianos dentro de Israel. Isso marca um novo ponto.

O que irá acontecer a seguir depende de Israel ouvir os Estados Unidos e não escalar o ciclo de retaliação.

A onda massiva de drones e mísseis do Irã foi 99% interceptada, e Israel disse que os danos foram limitados. Desencadeada pelo ataque israelense de 1º de abril contra a embaixada iraniana na Síria, o bombardeio deixa a região em tensão.

Ainda não sabemos exatamente por que Israel realizou o ataque na Síria, mas analistas dizem que o Irã foi forçado a retaliar para dar uma resposta interna e demonstrar força na região. O Irã diz que o assunto está agora concluído.

O presidente Joe Biden disse que os EUA não se juntarão a qualquer ofensiva israelense contra o Irã. A verdadeira questão é se o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ouvirá os avisos de seu maior aliado.

O ex-primeiro-ministro israelense, Ehud Barak, disse à CNN que Israel ganhou esta rodada e Netanyahu deve pensar antes de qualquer ação, alertando que Israel ainda está envolvido em Gaza, os reféns permanecem presos e a fronteira entre Líbano e Israel é altamente volátil.

Enquanto isso, apesar da escalada atual entre Israel e a inteligência dos EUA, não há evidências de que o Irã planejou ou agiu nos ataques do Hamas em 7 de outubro.

Vídeo: Milhares de palestinos comemoram o fim do Ramadã e o ataque do Irã a Israel

O Corpo dos Guardiões da Revolução Islâmica (CGRI) do Irã confirmou que está fazendo o que chamou de “Operação Promessa Verdadeira” contra Israel após o lançamento de drones contra o território israelense. Segundo o comunicado, as forças iranianas tiveram “sucesso” em “vários objetivos” no conflito com o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Guerra e religião: a influência das profecias judaicas e islâmicas no conflito Israel-Palestina

Vacas criadas em laboratório, atentados a bomba e invasões: como ação de grupos judeus extremistas sobre a Mesquita de Al-Aqsa ajudam a explicar ataque do Hamas.

Quando se trata de assuntos de guerra, profecias e escatologias religiosas são fatores que podem parecer mais distantes do que realmente estão. A guerra, afinal, é política. Mas a guerra e a política são feitas por homens e mulheres de carne, osso, paixões e espírito – seja o espírito como o definem os religiosos, seja o espírito como o definem as várias correntes filosóficas.

A fé religiosa – essa gigante que move montanhas e pode ser ao mesmo tempo causa e consequência de divisões e conflitos – consta entre as maiores paixões humanas de que se tem notícia, capaz de arregimentar multidões e exércitos para qualquer projeto, entre eles os violentos. Por isso é falha toda análise que separa em absoluto a fé e o poder, as religiões e a política, quando as sociedades de que se fala são muitas vezes organizadas, atravessadas ou divididas pelo fator religioso.

Berço das três maiores religiões monoteístas do mundo – o judaísmo, o cristianismo e o islã – o Oriente Médio é um dos primeiros exemplos que nos vem à mente quando pensamos na relação entre religião e política. Considerado sempre um barril de pólvora prestes a explodir, ainda que não tenha sido sempre assim, a questão religiosa atravessa ali também todos os aspectos da vida social. Mas, ao contrário do que comumente se diz, não é só o islamismo que possui variáveis consideradas mais “radicais” ou mais “moderadas” naquele terreno.

Também o judaísmo possui seus grupos de radicais religiosos, cujo tamanho e influência política na sociedade e Estado israelenses variam. Sua escatologia – isto é, a visão de mundo religiosa que profetiza e orienta seus seguidores rumo ao “destino final”, o fim do mundo como se conhece e ao próprio apocalipse – tem tomado um local de cada vez mais destaque na guerra em curso, além de ter seu peso entre os motivos que levaram o Hamas a decidir pelo ataque de 7 de outubro.

No discurso que marcou o centésimo dia da guerra em Gaza o porta-voz do Hamas, Abu Ubaida, citou, entre as motivações para o início das operações da operação Tempestade Al-Aqsa, um ocorrido de poucos anos atrás, quando judeus radicais, em aliança com cristãos protestantes dos Estados Unidos, transportaram do Texas para a Terra Santa cinco vacas (ou novilhas) vermelhas para um ritual de sacrifício religioso que aconteceu pela última vez quase dois mil anos atrás, em 189 d.C.. A que se referiu o porta-voz do Hamas e de que maneira isso é relevante para entender o aspecto religioso do conflito em curso?

A profecia judaica das novilhas vermelhas
Para a tradição escatológica judaica, o sacrifício de uma novilha vermelha é necessário para o ritual de purificação que permitiria aos judeus construírem seu Terceiro Templo em Jerusalém. A construção deste templo é um desejo antigo de grupos judeus radicais, que acreditam que esse é um passo necessário para a chegada de seu messias; um passo que precisa ser dado o quanto antes.

A bíblia hebraica explicita a profecia com mais detalhes. Outros dois templos anteriores eram locais de veneração e culto para os judeus em Jerusalém. O Primeiro Templo, também chamado de Templo de Salomão, foi destruído por Nabucodonosor II após o cerco de Jerusalém, no ano de 587 antes de Cristo. Já o Segundo Templo foi construído após o regresso do povo judeu a Jerusalém, por volta de 516 a.C., e durou até o ano 70 depois de Cristo, ocasião em que foi destruído na primeira guerra judaico-romana (ou grande revolta judaica), quando Herodes, rei da Judeia e representante do Império Romano na região, ordenou uma remodelação do templo com o propósito de agradar Júlio César – reforma essa considerada pelos judeus como uma profanação de seu local sagrado. Com o acúmulo de insatisfações e instabilidade político-religiosa, os romanos usaram uma revolta judaica na Palestina como justificativa para a destruição do local sagrado, proibindo também o judaísmo por todo território de Jerusalém.

Desde então e até hoje, com base em profecias da bíblia hebraica, judeus fundamentalistas de todo o mundo esperam a construção do Terceiro Templo de Jerusalém. Suas condições são explicitadas em inúmeros textos sagrados, e uma dessas condições aponta que seria necessário o sacrifício de uma vaca vermelha pura, mais especificamente – e segundo a própria bíblia hebraica – “a novilha vermelha deve ser absolutamente perfeita em sua vermelhidão. Mesmo dois fios de cabelo de qualquer outra cor irão desqualificá-la. Até os cascos devem ser vermelhos.”, detalhando ainda que o animal “não deve ter sido utilizado para nenhum tipo de trabalho físico e nunca ter sido colocado sob jugo”.

Desde os tempos de Moisés, profeta e líder religioso das três religiões abraâmicas (judaísmo, cristianismo e islã) – que segundo estimativas judaicas teria vivido há 3,5 mil anos atrás –, apenas nove animais vermelhos foram sacrificados. As razões de seu sacrifício (isto é, o motivo por trás da tradição) seriam conhecidas apenas por Moisés, algo reservado à categoria das coisas incompreensíveis por seu caráter divino.

Apesar de desconhecidas as razões do sacrifício, a necessidade do animal segue uma lógica própria: suas cinzas, segundo a crença judaica, são a única coisa capaz de purificar o corpo e alma de todos aqueles que de alguma forma estarão envolvidos na construção do Terceiro Templo. Quis a História que o nosso tempo fosse palco dos preparativos para o décimo sacrifício – preparativos já em estado avançado. Segundo a profecia judaica, uma vez sacrificada a novilha vermelha, o caminho para a construção do local sagrado no Monte do Templo, na Cidade Velha de Jerusalém, está livre; mesmo local onde estiveram o primeiro e segundo templos milhares de anos atrás.

Religião e tecnologia na preparação para o décimo sacrifício
Desde sua fundação, em 1987, o Instituto do Templo, uma organização dedicada à preparação da construção do Terceiro Templo em Jerusalém, tem conduzido – junto a outros preparativos – as buscas pela vaca vermelha, cujo sacrifício seria o único capaz de purificar os responsáveis pela construção. Por duas vezes acreditaram tê-la encontrado: em 1997 e em 2002, mas ambas as novilhas foram consideradas inadequadas para o ritual e abandonadas pelos religiosos, até que em 2015 lançaram um projeto ambicioso: por meio de um financiamento coletivo que levantou milhares de dólares, resolveram criar, a partir da manipulação em laboratório, “a primeira novilha vermelha perfeita autêntica e kosher em 2000 anos na Terra de Israel.”

A manipulação genética foi feita a partir da Red Angus, uma raça bovina de pelagem marrom-avermelhada, o que aparentemente deu certo. Em 2018, depois de décadas de busca infrutífera, o Instituto do Templo anunciou em seu canal no YouTube o nascimento da nova candidata a partir da manipulação humana em laboratório. Nas palavras do instituto: “Uma semana após seu nascimento, a novilha passou por um extenso exame por especialistas rabínicos, que determinaram que a novilha é atualmente uma candidata viável (…) Os especialistas rabínicos que conduziram o exame enfatizam que a novilha, embora atualmente tenha as qualificações necessárias, poderia, a qualquer momento no futuro, ser desqualificada por causas naturais e, portanto, a novilha será periodicamente reexaminada.”

*Opera Mundi

PM de Tarcísio matou um por dia na Baixada, inclusive mãe, trabalhadores, pessoas com deficiência

Em 58 dias, segunda fase da Operação Escudo, uma das mais letais da história da polícia em São Paulo, matou 56 pessoas sob a alegação de confronto. Parte das vítimas, porém, foram encontradas desarmadas e nenhum PM foi ferido nas ações.

A segunda fase da Operação Escudo da PM do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) matou 56 pessoas em 58 dias. Praticamente uma por dia, com apoio do governador e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, ambos denunciados esta semana ao Tribunal de Haia por crimes contra a humanidade.

Apesar da contagem oficial de mortos, pelo menos 62 pessoas morreram em toda a região desde a morte do soldado Cosmo, da Rota, em 2 de fevereiro, o que motivou a segunda fase da operação Escudo. Somada à primeira fase da operação Escudo, entre julho e setembro, que deixou 28 mortos em 40 dias, a PM de Tarcísio matou ao menos 84 pessoas na Baixada Santista até 1º de abril. Foi quando encerrou a operação que entrou para a história como a segunda mais letal desde o Massacre do Carandiru, há 32 anos.

Vítimas não tinham armas
O governo Tarcísio alega que as mortes resultaram de confrontos e da “reação violenta de criminosos” ao trabalho policial. Mas entre os mortos estão a mãe de seis crianças, trabalhadores e pessoas com deficiências. E também não houve nenhum registro de PMs feridos nas ações. Além disso, as vítimas estavam desarmadas. É o caso de Leonel Santos, como mostra levantamento do site UOL divulgado nesta sexta-feira (12). Leonel era deficiente e usava muletas. Ele conversava com seu vizinho, Jefferson Ramos Miranda, do Morro do São Bento, em Santos, onde ambos moravam. E policiais saíram de surpresa de uma área de mata e efetuaram disparos com fuzil.

A PM alegou que os dois homens estavam armados e que reagiram à abordagem. Testemunhas rebatem e afirmam que houve execução. Imagens feitas antes do crime mostram Leonel sentado, com as muletas, o que o impediriam de atirar. Além disso, de acordo com a família, há laudos médicos que atestam as dificuldades físicas de Leonel, que era também beneficiário do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas com deficiência.

Fórum de Segurança suspeita que a PM alterou ‘cenas do crime’ na Baixada Santista

A alegação de confronto também é desmentida no caso do ajudante de pedreiro Alex Macedo Paiva. Policiais do Choque o teriam matado dentro de casa, na comunidade do Saboó, em Santos. Vizinhos relataram que os policiais teriam entrado sem ordem judicial na casa do trabalhador e ligado sirene e giroflex da viatura para abafar os sons de tiros. Familiares e moradores, que não puderam ver o corpo, acreditam que Alex também foi torturado. O reconhecimento foi por foto.

Testemunhas e laudos confirmam que PM de Tarcísio mentiu
Os amigos Davi Gonçalves Júnior e Hilderbrando Simão Neto também morreram dentro de casa, pela ação de policiais do 1º Batalhão de Choque da Rota. Ambos eram jovens negros. A polícia diz ter invadido a casa de Hilderbrando após uma denúncia de tráfico de drogas.

A família do jovem de 24 anos contesta e destaca que ele tinha deficiência visual grave, que “afetava a execução de suas atividades diárias” e o impossibilitaria de oferecer resistência violenta à abordagem policial. Hilderbrando sofria de uma doença degenerativa chamada “ceratocone bilateral avançado” desde 2016. Por isso era cego total de um olho e sofria de baixa visão no outro, conforme laudos médicos.

Eles avaliam ainda que o jovem foi confundido com o namorado de sua ex-mulher e mãe de seus filhos, que é um homem preso uma semana depois, em Uberlândia (MG), acusado de matar um policial. Um dos casos mais emblemáticos das vítimas da operação escudo é o de Edneia Fernandes Silva, de 31 anos. Edneia conversava com uma amiga sentada em um banco da praça José Lamacchia, por volta das 18h de uma quarta, dia 27, quando foi baleada na cabeça pela PM. Levada a uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), foi transferida para a Santa Casa, mas morreu no dia seguinte, deixando seis filhos.

Denúncia em Haia
Nesta semana, a deputada federal Luciene Cavalcante, o deputado estadual Carlos Giannazi e o vereador Celso Giannazi, todos do Psol, denunciaram Tarcísio e Derrite ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda. Os parlamentares os acusam de crimes contra a humanidade por conta das dezenas de mortes na operação policial. De acordo com parlamentares, a decisão de levar as acusações surgiu da ausência de investigações a respeito das suspeitas de “execuções sumárias, tortura e prisões forjadas” nas ações.

A representação cita, ainda, o tom debochado de Tarcísio ao falar sobre outras denúncias contra a atuação policial e o aumento da letalidade. Em entrevista em 8 de março, o governador chegou a dizer que estava “nem aí” ao minimizar o encaminhamento de denúncias sobre os casos de violação e reiterando apoio à operação policial.

Na ocasião, jornalistas questionaram o governador sobre uma denúncia contra sua gestão enviada ao Conselho de Direitos Humanos da ONU pela Comissão Arns e a organização Conectas. As entidades brasileiras também apontaram ao mundo as “execuções sumárias, tortura e prisões forjadas” nas duas fases da Operação Escudo. Uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelou que o deboche de Tarcísio motivou o aumento da violência policial e do números de mortes.