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O tigre de papel, Donald Trump, amarelou

Trump saiu do palanque eleitoral, mas segue no picadeiro. O que é bem pior.

“Tigre de papel” é uma expressão chinesa que se refere aos bonecos usados nas festas do ano novo lunar, o Tet, carregados por populares pelas ruas e que, na tradição chinesa, servem para espantar os maus espíritos.

Mao Zedong apresentou pela primeira vez a sua noção dos americanos como tigres de papel numa entrevista com a jornalista americana Anna Louise Strong, em agosto de 1946:[3]

A bomba atómica é um tigre de papel que os reacionários estadunidenses utilizam para assustar as pessoas. Parece terrível, mas, na verdade, não é. Claro que a bomba atómica é uma arma de extermínio em massa, mas o resultado de uma guerra é decidido pelo povo, não por um ou dois novos tipos de armas. Todos os reacionários são tigres de papel. Na aparência, os reacionários são aterradores, mas, na verdade, não são tão poderosos.[4]

Noutra entrevista de 1956 com Strong, Mao usou a frase “tigre de papel” para descrever novamente o imperialismo americano:

Na aparência, é muito poderoso, mas, na verdade, não é nada a temer; é um tigre de papel. Por fora um tigre e, por dentro, é feito de papel, incapaz de resistir ao vento e à chuva. Acredito que não é mais que um tigre de papel.

Não é a isso que estamos assistindo agora com Trump?

Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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