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Transações em moeda local e cooperação em saúde: conheça as prioridades do Brasil na presidência dos Brics

Na próxima semana, será realizada a primeira reunião de sherpas dos países membros do bloco, em Brasília (DF).

Transações em moeda local e cooperação em saúde: conheça as prioridades do Brasil na presidência dos Brics
Cúpula do Brics na África do Sul, em 2023 – Ricardo Stuckert/PR

A cooperação Sul-Sul, o fortalecimento do multilateralismo e a reforma do sistema de governança global, além da definição de um calendário de prioridades para a presidência brasileira, farão parte dos debates da primeira reunião de representantes, os chamados “sherpas”, dos países que fazem parte dos Brics, e que ocorrerá em Brasília (DF) entre os dias 25 e 26 de fevereiro.

Na manhã desta sexta-feira (21), o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério de Relações Exteriores (MRE), o embaixador Maurício Lyrio, apresentou os principais temas que farão parte das mesas de diálogo. Desde janeiro, o Brasil assumiu a presidência rotativa do bloco, composto também por Rússia, Índia, China e África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Indonésia e Emirados Árabes Unidos.

“E uma reunião inicial, dos sherpas, portanto, é a reunião de apresentação das prioridades, de mapear um pouco como será a presidência até a cúpula prevista para 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro, mas também depois, porque haverá algumas poucas reuniões no calendário depois. Portanto, essa primeira reunião tem o objetivo de traçar o panorama de como será a cúpula”, declarou o embaixador.

Serão sete sessões, começando pela abertura do encontro, no dia 25 de fevereiro, que terá a participação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e uma segunda sessão especial, com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ainda a ser confirmada. As cinco reuniões seguintes serão temáticas, listadas a seguir:

Cooperação em saúde

O embaixador Lyrio disse que o principal tema da presidência brasileira à frente do bloco é a cooperação em saúde. Da mesma forma, como o Brasil priorizou o tema do combate à fome na presidência rotativa do G20, no Brics, o país vai propor ações multilaterais para a erradicação das doenças para as quais já existe profilaxia. O tema foi destaque do programa Repórter SUS do Brasil de Fato neste mês.

“O Brasil quer lançar uma parceria global para a erradicação de doenças socialmente determinadas e doenças tropicais negligenciadas, que incidem mais sobre os países em desenvolvimento. Não são a prioridade mais altas da indústria farmacêutica internacionais”, disse Lyrio.

Segundo o embaixador, o Ministério da Saúde brasileiro deverá apresentar aos sherpas estudos sobre a incidências dessas doenças e propostas de ações para o cumprimento da meta. A iniciativa acontece no momento que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS), um dos principais órgãos multilaterais do mundo, vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU).

Mudanças no clima

Segundo o embaixador Maurício Lyrio, o foco das discussões sobre as mudanças climáticas será o aumento do financiamento dos países ricos voltado a ações de mitigação dos efeitos do aquecimento global nos países em desenvolvimento.

As necessidades globais não são de centenas de bilhões de dólares, são de trilhões. E as necessidades avaliadas hoje são de US$ 1,3 trilhão para o enfrentamento à mudança do clima”, declarou. “O valor de Baku ficou muito aquém disso”, completou o sherpas brasileiro, mencionando o acordo fechado durante a COP 29, na capital do Azerbaijão, em 2024, que estabeleceu a meta de “pelo menos US$ 300 bilhões por ano” até 2035.

Lyrio lembrou que o Brasil sediará a próxima Cúpula do Clima, a COP 30, no segundo semestre deste ano, e nesse sentido, os países do Brics pretendem discutir uma posição conjunta para fortalecer a necessidade de ampliação do financiamento. “Países em desenvolvimento e emergentes não ficaram satisfeitos com o acordo de Baku. Em relação ao financiamento dos países para o enfrentamento à mudança do clima, os resultados foram modestos, então há um interesse dos países do Brics de reforçar a coordenação durante a presidência do Brasil para levar uma posição conjunta sobre a questão de financiamento do combate à mudança do clima.”

*BdF

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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