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Bolsonaro é um dos poucos líderes a faltar à cúpula do G-20 sobre pandemia

O mundo se reuniu para buscar uma resposta à crise sanitária. Mas o presidente Jair Bolsonaro optou por não participar. Ele foi um dos poucos líderes do G-20 a não participar da cúpula do grupo, realizada nesta sexta-feira, para tratar do maior desafio do planeta em décadas. O evento, organizado pelo governo italiano, contou com alguns dos principais chefes-de-estado e de governo do mundo, com um compromisso de garantir acesso às vacinas e um plano para que a atual crie seja a “última pandemia”.

Entre os pontos aprovados pela Declaração de Roma, governos estabeleceram o que é a base de uma futura defesa coletiva contra pandemias.

A cúpula – virtual – contou com os líderes do Reino Unido, Holanda, México, Indonésia, Itália, Japão, Canada, Espanha, França, Alemanha, China, Argentina, Turquia, África do Sul e Coreia do Sul, além dos chefes da FAO, Banco Mundial, UE, OMC, OCDE, FMI, OMS, ONU e outras instituições internacionais. Outros países convidados e que não fazem parte do G-20 também enviarão seus presidentes ao evento, como Noruega, Portugal (presidente do Conselho Europeu), República Democrática do Congo (presidente da União Africana), Cingapura, Suíça, Ruanda e outros.

Nem todos falaram ao vivo e os organizadores ofereceram a possibilidade de gravar as mensagens. No programa distribuído pela UE em sua transmissão do evento por redes sociais, o nome do presidente fazia parte da lista de participantes.

Mas um dos epicentros da pandemia no mundo, o Brasil foi representado apenas pelo chanceler Carlos França. Por uma questão de protocolo, seu discurso foi deixado para o final da fila, quase o último do evento e depois mesmo dos países que sequer fazem parte do G-20 e apenas tinham sido convidados.

Além do Brasil, apenas a Austrália mandou um ministro para o evento. Já a Rússia foi representada pela vice-primeira-ministra. Joe Biden enviou sua vice, Kamala Harris. Ela anunciou investimentos na Covax, o mecanismo de distribuição de vacinas. “Vamos continuar a fazer doações”, disse.

Harris ainda confirmou que o mundo precisa investir em preparação. No discurso, ela criticou ainda presidentes que não dão prioridade à saúde e que relegam o assunto apenas aos ministros. “Precisamos de líderes da Saúde”, defendeu.

A ausência de Bolsonaro não foi recebida por negociadores estrangeiros como uma surpresa, diante da postura do presidente às iniciativas multilaterais e de seu histórico de usar os eventos internacionais para atacar parceiros.

Mas, segundo os europeus, o envio apenas de um ministro ao evento alimentou a imagem de que a cooperação internacional contra o vírus não é prioridade do presidente.

Durante a cúpula, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreysus, alertou que ações precisam ser tomadas e que os compromissos assumidos devem ser traduzidos em iniciativas concretas. Segundo ele, há um “fracasso da humanidade” na distribuição de vacinas. “A pandemia mata nove pessoas no mundo por minuto e isso vai continuar”, alertou. “O G-20 acumula 90% das vacinas do mundo e tem condições de vacinar o mundo”, insistiu.

Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido, lamentou como a comunidade internacional está “desunida” na resposta à crise, enquanto os líderes do setor de saúde indicaram que, com vacinas, poderão salvar a vida de 800 mil pessoas nos países mais pobres até o final do ano.

Países e empresas anunciam doações de vacina, mas não há acordo sobre patentes

Mas sem um acordo sobre como suspender patentes de vacinas, líderes do G-20 se limitaram a aprovar uma declaração que prevê o compromisso da doação de bilhões de doses para as economias mais pobres do mundo e que, por enquanto, têm ficado à margem da distribuição dos imunizantes.

De acordo com os organizadores da cúpula, realizada nesta sexta-feira, as empresas do setor farmacêutico estão dispostas a enviar 1,3 bilhão de doses de vacinas para os países mais pobres e emergentes, seja sem lucros ou com preços mais baixos. Para 2022, mais 1,3 bilhão está garantido.

Países como Noruega, Espanha, Itália, França e Alemanha anunciaram mais de 100 milhões de doses em doações aos países mais pobres.

Mas governos como o da Índia, África do Sul, Argentina e China defendiam a ideia de que a declaração final fizesse uma referência explícita à suspensão de patentes, o que permitiria que as doses pudessem ser produzidas pelo mundo e com preços mais baixos.

O governo de Joe Biden surpreendeu o mundo ao dar seu sinal verde à proposta. Mas o projeto é alvo de resistência na Europa, que insiste que as patentes precisam ser protegidas e que a melhor forma de garantir vacinas é a de fechar acordos entre empresas e países mais pobres.

Sem um entendimento, a cúpula do G-20 terminou nesta sexta-feira com um texto que apenas falará em transferências voluntárias de tecnologia e uma resposta à crise baseada em doações.

Antonio Guterres, secretário-geral da ONU, fez questão de alertar que a pandemia continua a causar uma profunda crise nos países em desenvolvimento, muitos deles ainda sem vacinas. “Temo que o pior esteja ainda por vir”, alertou.

*Jamil Chade/Uol

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Por Celeste Silveira

Produtora cultural

Uma resposta em “Bolsonaro é um dos poucos líderes a faltar à cúpula do G-20 sobre pandemia”

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