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Cotidiano

No dia que discuti com Olavo no FB, entendi na hora que se tratava de um bronco

Olavo de Carvalho era não só inculto, mas provincianíssimo.

Tinha um complexo de inferioridade matuta que o matuto de verdade ou o caipira nunca tiveram. Aliás, os mais notáveis provincianos que conheci nada tinham de matuto ou caipira. Eram todos urbanoides-dependentes. Gente que nunca soube ler o Brasil profundo, justamente por ser intelectualmente rasa.

Assim era Olavão. Um sujeito que ficava facilmente pilhado quando era gozado por suas cômicas teorias conspiratórias.

Eu sabia disso porque o vi sair do prumo quando, no Yahoo, o jornalista que assinava pelo “Jornalismo Wando” fez uma chacota com ele.

Olavo ficou enfurecido, mordido de raiva, e não parava de falar sobre isso, uma simples zombaria, mas Olavo acabou usando sua fúria para enfeitar o próprio pescoço com cabresto colocado a esmo na roda. Ou seja, o sujeito pegou sozinho e vestiu a carapuça de caricato.

Não me lembro o motivo de entrar no Facebook do deputado tucano, Xico Graziano, para ler seu quebra pau com Olavo. Sei que alguma coisa, algum comentário nas redes me despertou curiosidade sobre essa peleja santa entre dois idiotas.

Em certo momento da discussão, Olavo, que sempre foi um manipulador grosseiro, apelou para o tal “Foro de São Paulo” que, segundo ele, é o centro nervoso dos globalistas, seja lá o que isso for.

O fato é que eu li, ri e resolvi pilhar o sujeito perguntando: Você acredita mesmo no que escreve ou está testando seu faro fantasioso para lançar um livro de contos e lendas tropicais?

Olavo de Carvalho, compenetrado, respondeu, dirigindo-se a mim com a explicação de que eu não tinha ideia da natureza real do tal foro, e sapecou mais pimenta em sua teoria satânica dos “comunistas do Foro de São Paulo”.

Então, fui mais objetivo e envenenei o rumo da prosa com a pergunta: quem te passa tanta informação confidencial desse demoníaco Foro de São Paulo, o Saci Pererê, a Mula Sem Cabeça, ou o Curupira?

Olavo então teclou, não com a mão, mas com a pata: Olha aqui, eu vi logo que você é tocador de viola (por minha foto com Bandolim no Facebook) que ele xeretou para arrumar alguma coisa pra me atacar, achando que me chamar de tocador de viola me ofenderia. Logo eu que tenho verdadeira paixão pelo som e complexidade da viola caipira.

Mas ali, ele numa só tacada, mostrou o quanto era minúsculo, do ponto de vista intelectual, mas sobretudo como era fraco e, consequentemente, sem cintura para qualquer embate.

E é exatamente por isso que Olavo de Carvalho tinha tanta penetração no pasto bolsonarista.

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Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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