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O que houve com o Brasil que há 100 anos teve Mário de Andrade como o guru da Semana de 22 e hoje tem Mário Frias?

A idiotização da sociedade institucionalizada é um fato, mas não é um fato novo.
Como disse Machado de Assis, “o Brasil oficial sempre foi caricato e burlesco”, justamente por seguir à risca a teoria do medalhão que também foi uma fantástica descrição de Machado sobre os “brasileiros que mandam”.

Mas nem o mais pessimista dos derrotistas poderia imaginar que, justo no ano em que se comemora o centenário da Primeira Semana de Arte Moderna que sacudiu o Brasil idealizada por Mario de Andrade, teríamos como principal gestor público de cultura uma besta do nível de Mario Frias.

O que aconteceu de tão errado com esse país nos últimos 100 anos para chegar a esse estado de coisas?

Esses dois Mários, o de Andrade e o Frias, são figuras absolutamente antagônicas. O contraste intelectual de Mário de Andrade com Mário Frias é escandaloso.

Uma coisa é certa, a elite brasileira não mudou absolutamente nada nesses últimos 100 anos, e isso fica patente nos versos de Pauliceia Desvairada de Mário de Andrade que retrata, de forma definitiva, como é a cabeça da burguesia nacional em “Ode ao Burguês”.

Isso também sublinha como o Brasil oficial capturado por essa mesma burguesia que vaiou e espinafrou a Semana de 22, não mudou nada, chegando a Bolsonaro e a esse tal Mário Frias.

Como brasileiros, nossa sorte é que a massa de valores populares que regeram os corações e mentes dos modernistas, estimuladas por Mário de Andrade, está misericordiosamente intacta em sua base, em sua semente e não para de dar frutos tão ricos quanto os que inspiraram os mais destacados modernistas há 100 anos.

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Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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