Túneis do Hamas: ‘não acredite no Exército de Israel’, afirma general israelense

Em artigo assinado pelo general da reserva Yitzhak Brik, publicado no Haaretz, uso dos túneis surpreendeu forças de Tel Aviv; ‘destruir esses túneis levará muitos anos e custará muitas baixas’, acrescentou o analista militar.

A ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza estaria encontrando grandes dificuldades em lidar com a estratégia do Hamas de utilizar túneis como guarida dos seus combatentes e base para ataques surpresa contra as tropas que realizam ataque por terra.

Esse cenário descrito no parágrafo acima pode parecer irreal, se comparado com os comunicados publicados por Tel Aviv nas últimas semanas, mas quem o apresentou foi o general da reserva Yitzhak Brik, ex-comandante das Forças Armadas de Israel, em seu artigo publicado nesta quinta-feira (28/12) pelo diário Haaretz.

Conhecido como um dos mais importantes analistas militares da imprensa local, Brik questiona os avanços militares em Gaza que o governo do país vem anunciando recentemente. Já o título do artigo, ele pede ao leitor que “não acredite do Exército de Israel”.

O articulista explica que “com base nas informações que recebi de soldados e oficiais que lutam na Faixa de Gaza desde o início da guerra, cheguei à seguinte conclusão: o porta-voz do governo e os analistas militares dos canais de televisão estão apresentando uma imagem falsa dos milhares de mortos do Hamas e da luta corpo a corpo nas batalhas por terra. O número de membros do Hamas mortos por nossas forças em campo é muito menor”.

“Os terroristas do Hamas saem das aberturas dos túneis para plantar bombas, colocar armadilhas e lançar mísseis antitanque em nossos veículos blindados, e depois desaparecem de volta para os túneis. Atualmente, a forças de Israel não têm mostrado a capacidade de encontrar soluções eficiente para essa luta corpo a corpo contra os combatentes do Hamas que estão escondidos nos túneis”, analisou Brik.

O artigo do general israelense também critica “a criação de imagens de vitória (por parte dos canais de televisão) antes mesmo de chegarmos perto de atingir nossos objetivos”. Segundo ele, “isso pode ser muito prejudicial, se a meta de destruir as capacidades do Hamas e libertar os reféns não forem atingidos em sua totalidade”.

Em outro trecho, Brik prevê que “destruir os túneis do Hamas levará muitos anos e custará a Israel muitas baixas”.

“O próprio governo admite agora que há centenas de quilômetros de túneis, localizados nas profundezas do subsolo, com várias ramificações. Alguns deles têm até mesmo vários andares, com muitos pontos usados pelos terroristas para se preparar para um combate. O Hamas os construiu ao longo de décadas, com a orientação de especialistas renomados. Eles ligam toda a extensão de Gaza e também a Península do Sinai, sob a cidade de Rafah”, analisa o general da reserva.

Brik conclui o texto dizendo que “a ideia de que o Hamas foi dissuadido persistiu por muitos anos e levou as Forças de Israel a descartar planos de combate em Gaza e em seus túneis”. Também afirmou que “muitos oficiais que estão lutando agora em Gaza me disseram que será muito difícil, se não impossível, impedir que o Hamas se reconstrua, mesmo depois de toda a destruição que Israel tem causado em suas bases”.

“Será que os políticos e os altos funcionários da defesa são capazes de lidar com esse cenário? Ou eles são capazes de pensar em outras soluções criativas, nas quais não sairíamos como os grandes vencedores com tudo o que queríamos, mas também não seríamos os grandes perdedores?”, diz o último parágrafo do artigo.

*Opera Mundi

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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