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A grande mídia nativa tortura a notícia para moldá-la a gosto

A mídia manipula notícias para ajustar interesses específicos.

Isso pode ocorrer por meio de seleção tendenciosa de fatos, enquadramento narrativo ou omissão de informações, muitas vezes para alinhar-se a agendas políticas, econômicas ou ideológicas.

Isso quando não cria fatos e conta histórias a partir de seus interesses
Exemplos incluem manchetes sensacionalistas ou cobertura desproporcional de certos eventos.

No entanto, nem toda a mídia envelheceu assim; há, mesmo que raros, veículos que heroicamente buscam objetividade, embora a influência de visões seja um desafio constante no jornalismo.

A mídia, muitas vezes, distorce ou manipula as informações para atender a interesses específicos ou promover certas agendas.

Fato Criado: O Canal X divulga uma “investigação exclusiva” alegando que a empresa estatal de energia, EnergiBR, está à beira da falência devido a “má gestão” e “corrupção desenfreada”. A história é baseada em um relatório interno “vazado” (na verdade, feito por uma consultoria ligada ao canal) que exagera números de prejuízo e omite investimentos recentes da empresa.

História Contada: Durante semanas, o Canal X exibe reportagens sensacionalistas com títulos como “EnergiBR: O Ralo do Dinheiro Público”. Entrevistas com “especialistas” (todos unidos ao partido aliado) reforçam que a privatização é a única solução. Imagens de apagões antigos, fora de contexto, são usadas para criar indignação.

Dados positivos, como registros de produção de energia renovável, são ignorados.

Interesse por Trás 

Comercial: As reportagens geram alta audiência e cliques, aumentando a receita publicitária.

Político: A narrativa enfraquece a confiança na EnergiBR, pavimentando o caminho para sua privatização, beneficiando empresas privadas ligadas ao partido aliado.

Impacto: O público, sem acesso a informações equilibradas, passa a apoiar a privatização, mesmo que isso contrarie seus próprios interesses de longo prazo, como tarifas de energia mais altas.

A mídia frequentemente foca no tema da corrupção porque ele gera impacto emocional, choca o público e confunde a opinião pública, facilitando a manipulação da narrativa.

Por que a corrupção é um tema recorrente

Choque e Engajamento: Escândalos de corrupção despertam emoções fortes (raiva, desconfiança), aumentando cliques, visualizações e debates. Isso é vantajoso para a mídia comercial, que lucra com audiência.

Confusão Deliberada: A complexidade de casos de corrupção, com detalhes técnicos e narrativas contraditórias, pode desorientar o público, tornando-o mais suscetível a manipulações ou desinformação.
Instrumento Político : Focar na corrupção permite que a mídia ataque ou defenda grupos específicos (políticos, empresas), alinhando-se a agendas ideológicas ou econômicas.

Demanda Pública: O público, especialmente em contextos de crise, tende a exigir “justiça” contra corruptos, ou que pressiona a mídia para amplificar esses casos, o mesmo que de forma sensacionalista.

Como a corrupção é usada para moldar narrativas?

A mídia pode selecionar quais casos de corrupção destacar, omitir contexto ou fatos exagerados para direcionar a opinião pública. Por exemplo, você pode focar em um partido político enquanto ignora irregularidades de outro, criando uma percepção de que a corrupção é exclusividade de um grupo.

Exemplo

Cenário: Um jornal online, “Notícias Já”, quer desestabilizar um governo que regula grandes empresas de mineração, setor que financia o jornal.

Caso de Corrupção: O jornal publica uma série de assuntos sobre um suposto esquema de desvio de verbos na Secretaria de Educação, envolvendo um aliado do governador.

A “prova” é um áudio vazado (editado para parecer incriminador) de uma conversa do aliado com um empresário.

O jornal omite que o áudio foi tirado de contexto e que o empresário está ligado a uma mineradora.

Narrativa Construída: As manchetes gritam: “Escândalo na Educação: Milhões Roubados das Crianças!”. Reportagens mostram escolas precárias (de anos anteriores, sem relação com o caso) e entrevistam “pais indignados” (selecionados por sua posição política). O caso é apresentado como prova de que o governo é “corrupto e ineficiente”.

Choque: Imagens de escolas em ruínas e notícias de “roubo” geram revolta.

Confusão: O público não entende os detalhes técnicos do suposto desvio, mas associa o governador à corrupção.

Resultado: A opinião pública pressionou pela renúncia do governador, beneficiando a oposição e as mineradoras, que querem menos regulação.

Interesse por Trás: O jornal ganha cliques e apoio financeiro das mineradoras, enquanto a narrativa enfraquece um governo que lhes é desfavorável.

Realidade

No Brasil, o tema corrupção é central nas coberturas jornalísticas, especialmente desde operações como a Lava Jato. Relatórios da Transparência Internacional (2024) mostram que a percepção de corrupção é amplificada por coberturas midiáticas sensacionalistas, mesmo quando os índices de irregularidades não aumentam.

Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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