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Brasil e China, uma aliança estratégica no colapso da ordem neoliberal

A escalada protecionista de Donald Trump, com suas tarifas caóticas e retaliações, representa o fim de uma era, marcando o declínio do neoliberalismo enquanto dogma inquestionável, criando uma oportunidade única para o Brasil redefinir sua inserção internacional. Em um cenário de contradições e medidas autodestrutivas nos EUA, a China se destaca como o parceiro mais lógico para o desenvolvimento soberano do Brasil.

O ex-chanceler Celso Amorim adverte sobre os perigos do ataque ao multilateralismo, lembrando os anos 1930, quando a guerra tarifária contribuiu para a Grande Depressão e para o início da Segunda Guerra Mundial. O “tarifaço” de Trump não é uma política econômica racional, mas uma manifestação de desespero de uma potência em declínio, que nega as regras que impôs globalmente por décadas.

O historiador Francisco Teixeira destaca a hipocrisia do liberalismo econômico dos EUA, que prosperou no século 19 a partir de altas tarifas e subsídios, mas hoje critica práticas semelhantes em outros países. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, agora reconhece que tarifas geram inflação e desemprego, uma ironia dada a prosperidade americana adquirida ao romper com essas normas. Teixeira aponta que o neoliberalismo pós-1991, assim como o protecionismo fascista, serviu a interesses imperiais, sem beneficiar as populações do Sul Global.

Diante desse contexto, a aproximação com a China e com os BRICS é vista como uma necessidade estratégica, não ideológica. Enquanto os EUA restringem seus mercados, a China se estabelece como o maior comprador de commodities brasileiras, como soja, minério de ferro e petróleo, além de demonstrar interesse em diversificar as exportações do Brasil e em transferir tecnologias.

Ao contrário das ofertas do FMI, que impõem condicionalidades, a China sugere investimentos em infraestrutura, como portos e ferrovias, essenciais para a reindustrialização do Brasil. Alinhar-se com a China e os BRICS pode permitir ao Brasil libertar-se da tutela de Washington, que historicamente tem sabota­do projetos nacionais, como os da Petrobras e da Embraer.

A China se destaca como líder na revolução tecnológica e energética do século 21, dominando setores essenciais como energias renováveis, veículos elétricos e inteligência artificial. Uma colaboração estreita com Pequim pode colocar o Brasil na linha de frente da transição ecológica, uma vez que a China controla 80% do mercado global de painéis solares e 60% das turbinas eólicas.

Parcerias com gigantes como a BYD poderiam impulsionar a indústria automotiva verde brasileira, enquanto empresas como Huawei e ZTE oferecem soluções em 5G e infraestrutura digital a preços competitivos, sem os entraves geopolíticos associados a empresas ocidentais.

A dependência dos EUA tem se revelado um projeto derrotado. Desde os desdobramentos da Operação Lava Jato até as pressões contra o 5G chinês, os EUA demonstraram ser um parceiro pouco confiável. Com uma dívida elevada de 130% do PIB e um cenário de polarização política, não oferecem a estabilidade necessária para investimentos de longo prazo.

A atualidade do mundo reflete uma transição histórica, onde a ordem neoliberal se esgota e o unilateralismo dos EUA acelera seu declínio. Tanto Amorim quanto Teixeira evidenciam que este é o momento oportuno para o Brasil aprofundar suas relações com a China, o que poderia ser um pilar na política externa nacional, aproveitando o vasto mercado consumidor chinês de 1,4 bilhão de pessoas e seus investimentos em setores estratégicos. Fortalecer os BRICS como uma alternativa ao G7 proporcionaria ao Brasil um papel ativo na reformulação da arquitetura financeira global. O país deve adotar uma postura pragmática e soberana, rejeitando tanto o fundamentalismo de mercado quanto as alianças automáticas.

A escolha é inequívoca: o Brasil pode optar por ser mero espectador do colapso da antiga ordem ou atuar como protagonista na construção de uma nova. A China oferece um trajeto viável para um Brasil industrializado, tecnológico e verdadeiramente soberano. Como advertiu Celso Amorim, a história é implacável com aqueles que, por razões ideológicas ou submissão, deixarem passar essa oportunidade singular. O futuro é reservado àqueles que têm a audácia de moldá-lo em momentos decisivos. As informações são do 247.

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“Brasil e China constroem uma comunidade com futuro compartilhado”, diz embaixador chinês Zhu Qingqiao

“A humanidade encontra-se em uma nova encruzilhada”, disse ele, no evento Brasil-China: 50 anos de amizade.

Em um evento especial realizado pelo Brasil 247, pela TV 247 e pela Vallya para comemorar os 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China, o embaixador chinês Zhu Qingqiao fez um discurso enfático sobre a importância da parceria entre os dois países e os desafios e oportunidades que o futuro reserva. O embaixador Zhu Qingqiao abriu seu discurso agradecendo às autoridades brasileiras presentes e elogiou o papel do Brasil 247 na organização do seminário. Ele destacou que o Brasil 247 tem sido um veículo de notícias essencial para apresentar uma imagem verdadeira e objetiva da China ao público brasileiro e salientou que o evento foca em temas cruciais como o desenvolvimento verde e a cooperação econômica e comercial, refletindo a importância da relação bilateral. “Nos últimos anos, a cooperação em áreas emergentes como veículos elétricos, transporte moderno, tecnologia da informação e comércio eletrônico tem se desenvolvido rapidamente”, disse ele.

O embaixador relembrou a trajetória histórica das relações entre China e Brasil desde o estabelecimento de laços diplomáticos em 15 de agosto de 1974. Ele ressaltou que, ao longo de cinco décadas, os dois países construíram uma relação baseada no respeito mútuo e na cooperação vantajosa para ambos. O embaixador mencionou a visita do Presidente Lula à China no ano anterior e os resultados frutíferos da sétima sessão da COSBAN, co-presidida pelo Vice-Presidente Han Zheng e pelo Vice-Presidente Geraldo Alckmin.

Segundo Zhu Qingqiao, a China é, há 15 anos consecutivos, o maior parceiro comercial do Brasil e uma importante fonte de investimentos. O embaixador destacou projetos conjuntos de longa data, como o programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, e mencionou a rápida evolução da cooperação em áreas emergentes, como veículos elétricos e tecnologia da informação. O embaixador Zhu também sublinhou a importância da colaboração em questões ambientais e climáticas, evidenciada pela criação de um Subcomitê de Meio Ambiente e Mudança Climática.

Diante dos desafios globais atuais, como a recuperação econômica lenta e a instabilidade geopolítica, Zhu afirmou que a humanidade está em uma nova encruzilhada, onde oportunidades e desafios coexistem. Ele defendeu que o desenvolvimento deve ser a chave para resolver os problemas da humanidade e destacou os esforços da China em promover a modernização econômica e abrir novas oportunidades de desenvolvimento para outros países, incluindo o Brasil.

O embaixador expressou a disposição da China em fortalecer a cooperação com o Brasil, promovendo a integração nas cadeias de produção e fornecimento, e explorando novas áreas de cooperação, como a economia digital e a agricultura de baixo carbono. Ele também incentivou a expansão da cooperação financeira e o aumento da liquidação em moeda local. “Ambos os lados devem seguir a orientação do planejamento estratégico dos presidentes dos dois países para injetar mais conteúdo do nosso tempo na Parceria Estratégica Global China-Brasil e promover conjuntamente a construção de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade. Devemos promover a sofisticação da cooperação econômica e comercial pragmática entre os dois países. Ao mesmo tempo em que fortalecemos a cooperação nas áreas tradicionais de comércio, energia, mineração, agricultura e infraestrutura, devemos otimizar a estrutura comercial e promover a integração do comércio e dos investimentos nas cadeias de produção e fornecimento. Precisamos criar mais pontos de crescimento em cooperação nas áreas de economia digital, agricultura de baixo carbono e agricultura inteligente, biotecnologia, inteligência artificial, aeroespacial, saúde e medicina”, afirmou.

Zhu concluiu seu discurso com uma mensagem de otimismo, afirmando que a China está comprometida em unir esforços com o Brasil para construir uma comunidade com um futuro compartilhado, trazendo benefícios para os povos de ambos os países e contribuindo para a estabilidade global. Ele expressou esperança de que o próximo capítulo das relações sino-brasileiras seja ainda mais promissor, marcando os próximos 50 anos com uma parceria ainda mais forte e frutífera. Assista: