A PM de São Paulo tem origem distante, em 1831, como Corpo de Guardas Municipais Permanentes, durante a Regência. Guardas similares foram autorizadas nas províncias do Brasil, num contexto regencial marcado por rebeliões as mais diversas.
A defesa armada da propriedade (de terras e de gentes) e do poder instituído estão na origem da questão. São tempos da Cabanagem, da Balaiada, da Revolta dos Malês, dos levantes de Pernambuco, da Sabinada e da Guerra dos Farrapos.
O brasão da PM paulista é composto de 18 estrelas, representando rebeliões e guerras em que o corpo militar paulista, mesmo tendo sido reformado e modificado ao longo do tempo, se envolveu.
Exemplifico: a 8ª estrela representa a campanha contra Canudos, a 9ª representa a campanha contra a Revolta da Chibata, a 10ª representa a repressão à greve operária de 1917 e a 18ª estrela comemora o triunfo do que a PM chama de “Revolução de março de 1964”.
Um massacre de camponeses, uma luta contra marujos que combatiam pelo fim de castigos corporais, um cacete contra grevistas e o apoio ao golpe de 1964, com posterior envolvimento na máquina de tortura dos porões.
Não há como ser otimista. Há, evidentemente, policiais do bem, mas a missão que justifica a corporação, inscrita em sua história, é defender o status quo a partir do monopólio da violência, prioritariamente voltada contra os mesmos pretos e pobres dos tempos do Império.
Repito o que insistentemente afirmo: a discussão sobre o que deu errado na polícia parte de um pressuposto equivocado. O problema das PMs não é ter dado errado. É até hoje ter dado certo.
Governador @jdoriajr ,mais imagens sobre a atuação dos 38 policiais militares em Paraisópolis, na madrugada de 1/12, e que resultou na morte de nove jovens. A palavra é sua, senhor Doria! #paraisopolis #paraisópolis #bailedadz7 #bailedadz7paraisopolis pic.twitter.com/vuRULllDl5
— André Caramante (@andrecaramante) December 4, 2019