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Tony Garcia revela que Moro chantageou a rede Walmart para receber multa de R$ 10 milhões em processo contra ele

O empresário paranaense Tony Garcia, ex-deputado estadual, revelou nesta sexta-feira (2), em entrevista à TV 247, uma série de ilegalidades cometidas pelo ex-juiz suspeito e atual senador, Sérgio Moro, na condução de processos contra ele na Lava Jato. O empresário firmou acordo de delação premiada e revelou ter gravado conversas com o ex-governador do Paraná Beto Richa a mando de Sergio Moro.

Em um dos casos, em 2006, Sérgio Moro condenou Tony Garcia a seis anos de prisão por crime contra o sistema financeiro, por suposta participação em irregularidades que levaram à falência do Consórcio Nacional Garibaldi. Além da pena de prisão, Moro condenou Garcia a pagar uma multa de R$ 10 milhões.

Em entrevista ao jornalista Joaquim de Carvalho, Tony Garcia contou que, na época, disse a Moro que não tinha o dinheiro para pagamento da multa e revelou a existência de um contrato da sua família com a rede de supermercados estadunidense Walmart, pelo qual haveria recebíveis num prazo de 40 anos. “Eu falei para ele: ‘Sergio, só tem um jeito de eu pagar: tem um contrato da família, de 70 anos, com o Walmart. Eles pagaram 30 anos adiantado e tem ainda 40 anos para pagar. Se você falar que vai penhorar essa coisa deles para pagar a dívida, eles têm um monte de passivo ambiental no país e não querem ter uma demanda judicial, se você me ajudar a fazer isso, eu vendo esses 40 anos pelo preço que você está pedindo, pago e está tudo certo’”, disse Garcia na entrevista.

“E ele simplesmente fez isso. E amedrontando, até que o presidente do Walmart veio ao Brasil, junto com o advogado, e eles compraram e depositaram na Justiça”, afirmou o empresário Tony Garcia. “Ou seja, isso é legal? Ele usou isso para chantagear o Walmart. E foi assim que eu cumpri o acordo e o processo transitou em julgado”, completou o empresário.

“Moro fez de Curitiba a Guantánamo brasileira”

O empresário revelou um episódio em que prestou depoimento a Moro, com a participação dos procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima e Januário Paludo, ambos da Lava Jato. “Quando eu disse que tinha interesse em fazer o acordo, ele [Moro] gravava, com um gravador comum. Quando eu respondia alguma coisa que não interessava para ele, ele desligava o gravador e chamava atenção dos advogados, que eu não tinha que falar assim, que eu tinha que falar que era propina. Ele botava na minha boca o que eu tinha que falar”, afirmou Garcia.

Tony Garcia comparou o método utilizado por Moro e pelo procuradores da Lava Jato como a tortura praticada pelos Estados Unidos na prisão de militar de Guantánamo, que ficou mundialmente conhecida por diversos casos de tortura de presos e agressões aos direitos humanos após os ataques de 11 de setembro de 2001.

“Eu estava preso, era pai de uma criança de um ano. Me jogaram num porão da Polícia Federal. Moro fez de Curitiba a Guantánamo brasileira. Ele fazia os mesmos métodos de tortura psicológica para tirar de você, preso, o que ele queria”, acrescentou o empresário.

Em outro trecho da entrevista, Tony Garcia revelou que o ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que condenou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato, era alvo de chantagem de Moro e dos procuradores da Lava Jato. Além disso, o empresário revelou ainda que desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) também foram chantageados, depois de participar de uma “festa da cueca” com prostitutas em Curitiba.

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