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Projeção de casos no Brasil, com progressões geométricas, é assustadora

A rotina dos hospitais públicos e privados mudou drasticamente a partir do avanço do coronavírus. Ao chegar já com quadro respiratório comprometido, com febre e tosse intermitente, o paciente hoje, no sistema privado, no Rio e em São Paulo, é recebido por uma equipe especialmente escalada para o atendimento. Como definem as regras internacionais, são levados a uma ala específica de UTI, aberta para receber a avalanche de casos. Foi o caso de um paciente que sobreviveu, mas prefere não se identificar, atendido no Copa D’Or, no Rio. Os médicos, com equipamentos de segurança (as EPIs), contam com respiradores e aspiradores em cada leito. A estimativa da direção é colocar à disposição todos os leitos de UTI da unidade (108).

As perspectivas de crescimento do coronavírus no Brasil apontam progressões geométricas. Tanto na rede pública quanto na privada, a curva de crescimento de quadros de coronavírus até a última quinta chegava a 20% a 30% por dia. O cálculo é feito com dados de todo o Brasil, mas com base em resultados já confirmados pelos exames. O número de suspeitos cresce, mas só é computado depois do resultado concluído. O tempo de demora para o diagnóstico varia de 4 a 5 dias. A base de dados é da rede privada e do Ministério da Saúde. As projeções são feitas com o cálculo percentual em cima desses avanços e com estudos de especialistas em estatística. Por isso há profissionais de ciência de dados no grupo multidisciplinar, que presta assessoria às duas redes.

— Estamos fazendo projeções de curto prazo. Porque a médio e longo é difícil o resultado preciso. É um vírus ainda desconhecido. Que age em cada lugar de um jeito — diz o pesquisador Fernando Bozzo.

A projeção é feita para todo o país. Fernando Bozzo alerta para o grande perigo da subnotificação. Não há hospitais privados em 67% dos municípios. Os pacientes com problemas respiratórios são atendidos sem que se examine a possibilidade de contaminação por coronavírus. O que agrava o risco de uma contaminação silenciosa do vírus.

— A subnotificação é um problema grave, porque há inúmeras regiões em que o diagnóstico não consegue sequer ser feito nos pacientes — alerta Bozzo.

Hospital de referência no setor privado do Rio, que está tratando exclusivamente de pacientes com casos graves de coronavírus, o Ronaldo Gazzola aumentou em três dias o atendimento com esse quadro: de 12 para 30, de acordo com um dos médicos que atua lá. Até anteontem, o hospital estava se preparando para abrir 50 leitos. A expectativa é que até o começo da semana que vem cheguem 200 respiradores.

Com a proliferação do vírus, muitos pacientes com sintomas de gripe têm procurado o hospital, que, no entanto, não é de emergência. Atende através do sistema de seleção da secretaria de Saúde, uma central de regulação. Um paciente com sintomas como febre baixa e dificuldades respiratórias, por exemplo, na rede pública, deve procurar primeiro um posto de saúde, se for indicação, uma UPA, em seguida, depois de avaliação, segue para o Gazzola. O hospital Piedade, em Piedade, com 100 leitos, também está sendo preparado para receber pacientes.

 

 

*Com informações do Extra