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Em meio à epidemia de pastores estupradores, Malafaia quer criminalizar as vítimas

Não, meus caros, não foi um lapso de Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), “autor” do PL do estupro. Todos sabem que ele é um preposto de Malafaia, daí a explicação de que, em meio a uma verdadeira epidemia de estupros, praticados por pastores evangélicos, Malafaia queira criminalizar as vítimas, não importando se adultas ou crianças. O que ele precisa é transformar o estuprador em vítima e a vítima em criminosa.

Na verdade, todo santo dia tem fato na mídia de pastor estuprador dentro do universo evangélico.

Quando Sóstenes Cavalcante, a mando de Malafaia, trata o estupro como uma espécie de café com leite ou água e sal, ele sataniza crianças estupradas, que são a maioria das vítimas dos estupradores que, nitidamente, essa gente quer proteger.

Em certa medida, o PL do estupro acabou por cumprir um papel relevante para revelar que a direita brasileira, sobretudo a ligada a Bolsonaro, trata a vítima à pedrada e o estuprador a caviar.

Agora, não adianta Sóstenes Cavalcante roncar que vai dobrar, triplicar a pena do estuprador. É inaceitável que o sujeito queira mexer na constituição sem trazer qualquer punição mais ampla ao criminoso e, em contrapartida, pegar uma criança de 10 anos, estuprada, que tenha feito aborto, condenar a uma pena de 20 anos.

Qualquer ser humano, com um único neurônio, entendeu que esse PL é para livrar a cara dos pastores estupradores e culpar as suas vítimas e, assim, não detonar a já detonada imagem dos templos evangélicos.

Como bem disse Rita Lee, registrado em uma entrevista, ninguém é a favor de aborto. Por isso, uma questão tão complexa como essa, tem que ser tratada no âmbito da saúde pública, jamais a partir de conceitos religiosos, seja de que religião for.