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Wassef aponta Wajngarten como mandante de compra de relógio de Bolsonaro; PF vê elo de advogado com Cid

PF avalia que depoimento de Wassef não se sustenta diante de provas obtidas no caso.

O advogado Frederick Wassef disse, em depoimento à Polícia Federal, que o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten foi quem lhe pediu que recomprasse o Rolex de Jair Bolsonaro, nos Estados Unidos.

A Polícia Federal, no entanto, tem em mãos provas que mostram que o ex-ajudante de ordens da Presidência, o tenente-coronel Mauro Cid, foi quem operacionalizou a compra do relógio. Na avaliação dos investigadores, a aquisição fez parte de uma operação irregular, por se tratar de um presente do Estado brasileiro.

Como informou a coluna, a PF recebeu do FBI uma troca de e-mails entre Cid e a loja Precision Watches, onde o item foi recomprado nos EUA. Nela, o tenente-coronel informou à empresa que o pagamento seria feito em espécie e que o advogado Frederick Wassef realizaria a aquisição.

Os investigadores também têm em mãos um documento assinado por Wassef, no qual ele apresenta as justificativas para comprar o relógio em dinheiro vivo. Em sua confissão da recompra, o advogado mostrou um recibo no valor de US$ 49 mil.

O próprio Wassef admitiu que recebeu de Cid dados da loja onde estava o relógio e afirma que seu contato com o tenente-coronel se limitou a isso. Em relação ao pai de Cid, o general Mauro Lourena Cid, que também esteve envolvido na operação de resgate, Wassef diz que nunca recebeu orientações dele e nem o conhece.

Em conversa com a coluna, Wassef chegou a dizer que, se a pessoa que lhe mandou comprar o Rolex não lhe desse o dinheiro da compra do relógio, iria processá-lo. Na ocasião, porém, não admitiu que Wajngarten seria o mandante sob o argumento que seu depoimento era sigiloso.

A defesa do advogado tem sustentado junto às autoridades que a compra do item não seria ilegal, pois seu objetivo seria o de entregar o Rolex às autoridades brasileiras. O movimento de recompra ocorreu após o Tribunal de Contas da União determinar que Bolsonaro devolvesse algumas joias que recebeu como presidente da República.

Procurado pela coluna, o advogado Eduardo Carnelós disse que seu cliente, Frederick Wassef, “prestou todas as informações ao delegado em seu depoimento à PF e, depois, em petição entregue ao órgão em 5 de setembro”.