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Ao restringir acesso de muçulmanos a Meca antes do Ramadã, Israel pode inflamar região

Mês sagrado do calendário muçulmano é marcado por ameaças israelenses de invasão a Rafah, na fronteira com Egito.

O Ramadã, mês sagrado de jejuns e preces do calendário muçulmano, começa por volta de 10 de março deste ano, tendo como pano de fundo a guerra entre Israel e o Hamas. A situação é explosiva, especialmente em Jerusalém. Contra a orientação das autoridades de segurança, o governo israelense decidiu restringir o acesso à Esplanada das Mesquitas.

O Ramadã é o mês mais sagrado do calendário muçulmano, e a Mesquita Al-Aqsa e sua esplanada, o 3ᵉ lugar mais sagrado do Islã, tiveram o acesso restringido por Israel. O gabinete de segurança israelense decidiu na noite de domingo (18/02) impor restrições ao acesso dos fiéis muçulmanos.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu acatou assim as exigências de Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional de extrema direita, destinadas a palestinos da Cisjordânia, residentes de Jerusalém Oriental e, pela primeira vez, também para árabes israelenses que desejam participar das orações.

Uma decisão perigosa

Até o momento, os critérios de seleção, incluindo a idade dos fiéis e seu local de residência, não foram divulgados. Para a polícia, o Exército e o Shin Bet, o serviço de segurança interna de Israel, essa é uma decisão perigosa que pode inflamar toda a região. Os partidos árabes falam de uma nova provocação do ministro supremacista Ben Gvir.

Para Ahmad Tibi, líder do partido Ta’al, esse é um assunto que deve ser debatido pela ONU. E no Reshet Bet, a emissora pública de Israel, o ex-ministro Mansour Abbas, líder do partido islâmico Ram, atacou diretamente o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, e Benjamin Netanyahu: “É óbvio que essa é uma decisão ruim. É injusta, estúpida e irresponsável. Quando há recomendações de autoridades de segurança que não têm motivação política, devemos ouvir e seguir essas valiosas recomendações. E não sermos reféns nas mãos de Ben Gvir”, avisou.

“Ele [Gvir] é o verdadeiro primeiro-ministro”, avaliou um comentarista. “É o sonho do Hamas se tornando realidade: os palestinos de todos os lados se unirão”, disse um editorialista israelense.

Para o diário de esquerda Haaretz, trata-se de uma farsa política que pode se transformar em uma tragédia. Mas, de acordo com a mídia, a solução pode vir da procuradora geral de Israel. Ela adverte que não permitir que os árabes israelenses rezem na Esplanada das Mesquitas é simplesmente ilegal.

Ramadã como prazo

Israel ameaçou invadir Rafah no feriado do Ramadã, em março, se o Hamas não libertar os reféns até esta data. “O mundo deve saber, e os líderes do Hamas devem saber: se nossos reféns não estiverem em casa até ao Ramadã, os combates continuarão em todos os lugares, incluindo na área de Rafah”, declarou o ministro israelense, Benny Gantz, numa conferência de líderes judeus norte-americanos em Jerusalém.

“O Hamas tem a opção. Eles podem render-se, libertar os reféns e os civis de Gaza e poderão celebrar o feriado do Ramadã”, acrescentou Gantz, um dos três membros do gabinete de guerra israelense.

É a primeira vez que o governo israelense fixa um prazo para seu ataque a Rafah, a cidade onde se refugia a maioria dos 1,7 milhão de palestinos deslocados pela guerra.

Os governos estrangeiros, temendo a carnificina, instaram Israel a evitar atacar Rafah, a última cidade da Faixa de Gaza que não foi invadida por tropas terrestres na guerra que já dura quatro meses. Apesar da pressão internacional, Netanyahu insiste que a guerra não pode terminar sem entrar em Rafah.