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Joias revelam o que significava diplomacia para Bolsonaro

Jamil Chade*

As recentes descobertas da Polícia Federal sobre as manobras dos assessores de Jair Bolsonaro (PL) para permitir que joias entregues ao país fossem supostamente desviadas para enriquecer o grupo no poder são confirmações de que a diplomacia e a politica externa tinham outros significados para o ex-presidente.

Em quatro anos, ele e seus ministros destruíram a reputação do Brasil no exterior, retiraram o país da mesa das grandes negociações e transformaram-se em párias.

Se de um lado o bolsonarismo usou a estrutura profissional do Itamaraty para atender ao movimento de extrema direita no mundo e promover uma guinada na política externa, sem qualquer base no interesse nacional, as revelações sobre o destino dado por presentes oficiais de outros governos mostram que a percepção do clã Bolsonaro era que o interesse privado prevalecia sobre o país.

Presentes dados por potências estrangeiras jamais têm como destino a pessoa que ocupa o cargo de presidente. Salvo, claro, se o objetivo não for nada republicano.

Ao se apropriar de joias que iriam para os cofres públicos, Bolsonaro confundiu seu papel como chefe de Estado. Ele não estava recebendo por ser Jair. Mas por ser Brasil.

Ao montar um esquema para desviar as joias, mostrou como simplesmente sequestrou a diplomacia. Depois, voltou a comprovar esse sequestro ao criar um sistema para revender e lucrar, inclusive no exterior.

Ao longo da história, emissários eram enviados para levar presentes de um reinado a outro, como um símbolo da amizade entre aqueles países.

Alguns ficaram famosos. A Estátua da Liberdade, enviada pelos franceses para os americanos, foi uma delas. Em 2011, a China construiu um estádio e deu de presente para a Costa Rica.

Em 1943, Winston Churchill entregou a espada para Stalin, como sinal do reconhecimento do esforço soviético pela batalha de Stalingrado.

*Uol

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