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A nova loucura imperial de Trump

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos, em uma ação recente, anunciou ampliação de sanções e criminalização do uso global dos chips de inteligência artificial da Huawei, especificamente os modelos Ascend 910B, 910C e 910D. De acordo com a nova diretriz, a simples utilização desses chips pode ser interpretada como uma violação das leis de exportação americanas, mesmo quando empregados fora dos EUA, incluindo a própria China.

Os EUA alegam que os chips da Huawei foram desenvolvidos utilizando tecnologias e equipamentos de origem americana, ativando a Foreign Direct Product Rule (FDPR). Esta regra proporciona a capacidade de os EUA restringirem produtos estrangeiros que envolvem tecnologia americana, independentemente de onde sejam produzidos ou utilizados. Assim, uma empresa na China que usa um chip Ascend pode estar infringindo as leis dos EUA, uma vez que se considera “altamente provável” que a tecnologia americana tenha sido empregada em sua fabricação.

A ofensiva dos EUA contra a Huawei começou em maio de 2019, quando a empresa foi incluída na “Entity List”, resultando em restrições severas ao seu acesso a fornecedores e tecnologias norte-americanas. Essa medida praticamente excluiu a Huawei do mercado global de smartphones, por ter perdido o acesso a chips avançados de companhias como TSMC e Samsung.Para contornar essas sanções, a Huawei intensificou o desenvolvimento de seus próprios chips em colaboração com a estatal chinesa SMIC.

Em 2024 e 2025, a companhia começou a entregar em larga escala os chips Ascend 910C para clientes na China, marcando uma reentrada significativa da Huawei no mercado de IA e desafiando a predominância de empresas como Nvidia e Apple na região.Com um endurecimento adicional das restrições em janeiro de 2025, os EUA ampliaram o controle sobre a exportação de chips de IA avançados, exigindo licenças rigorosas para qualquer transferência de tecnologia.

Em resposta, a China desenvolveu sistemas como o DeepSeek, uma inteligência artificial inicialmente treinada em chips Nvidia, mas rapidamente ajustada para operar nos Ascend da Huawei. O DeepSeek se destacou por seu custo acessível e alta performance, posicionando-se como uma alternativa competitiva aos modelos ocidentais.Essas ações refletem um contexto geopolítico tenso em que a tecnologia se torna uma arena de disputa.

As sanções e regulamentos não somente visam a Huawei, mas também configuram um ambiente em que a inovação em IA e chips eletrônicos está diretamente ligada às relações políticas e econômicas entre os EUA e a China.

O recente alerta do Departamento de Comércio dos EUA afirma que qualquer empresa, independentemente de sua localização, que utilize chips Ascend da Huawei poderá ser acusada de violar as leis norte-americanas de exportação.

Essa acusação se aplica mesmo a companhias chinesas que utilizem chips projetados e fabricados na China, dentro do território chinês. Além disso, os EUA também ameaçam sanções contra firmas que operem modelos de inteligência artificial chineses, como DeepSeek, Qwen ou InternLM, mesmo que esses modelos sejam executados em chips da Nvidia, fabricados nos EUA.

O objetivo declarado dessas ações é impedir que supostos “adversários” tenham acesso à tecnologia americana, mas, na prática, isso limita a autonomia digital de países que não têm seus próprios ecossistemas de IA.As punições previstas para as empresas que desobedecerem incluem bloqueios comerciais, exclusão do sistema financeiro internacional, perda de acesso a softwares essenciais e até prisão de executivos durante viagens a países aliados dos EUA.

Especialistas, incluindo Bill Gates, levantaram preocupações de que essa abordagem pode acabar impulsionando o desenvolvimento de alternativas tecnológicas fora da esfera dos EUA. Para a China e outros países afetados, a resposta viável parece ser o investimento na criação de ecossistemas tecnológicos e financeiros autônomos.Jonh Pang, da Multipolar Peace, resumiu a situação ao afirmar que qualquer indivíduo ou empresa que utilize os chips Ascend da Huawei corre o risco de ser processado por violar as restrições de exportação dos EUA.

Ele observou que uma empresa chinesa que utilize um chip 100% projetado e produzido na China, dentro do país, ainda estaria violando essas leis, assim como aqueles que usam chips Nvidia para operar modelos chineses também enfrentarão punições. Pang conclui que a visão da “liderança americana em IA” resultará em um monopólio imposto, com uma configuração dominada por tecnologias como o ChatGPT da Nvidia.

A linha do tempo dos eventos mais significativos começa em maio de 2019, quando a Huawei foi incluída na “Entity List” dos EUA. Em 2024-2025, a empresa deve lançar e distribuir os chips Ascend 910C em larga escala, seguidos por novas restrições de exportação de chips de IA para a China programadas para janeiro de 2025.

Em 13 de maio de 2025, os EUA emitiram um alerta global sobre o uso dos chips Ascend.Esse endurecimento das normas pela administração norte-americana representa um movimento sem precedentes de extraterritorialidade, afetando diretamente a soberania digital de diferentes países e impactando o funcionamento do mercado global de tecnologia.

O que começou como uma disputa por inovação evoluiu para uma luta aberta pela soberania tecnológica, com os EUA deixando claro que quem não se conformar enfrentará severas penalidades. Com Cafezinho.