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Mídia hereditária larga 3ª Via e adota `bolsonarismo moderado´

Com o martelo das privatizações em uma mão e o fuzil da PM na outra, Tarcísio de Freitas é o candidato precoce impulsionado pelo barões da imprensa.

Nunca a mídia hereditária (também conhecida como imprensa tradicional ou hegemônica) adotou tão cedo um candidato à Presidência da República, como faz no momento com o militar (capitão do Exército) bolsonarista Tarcísio de Freitas.

Agora não tem mais essa de ficar à espera da Terceira Via, uma espécie de milagre de Fátima que não veio em 2018 e muito menos em 2022.

Essa é a grande novidade, o resto é meme.

O negócio é ir direto ao ponto, sem disfarce, e tentar vestir um modelito de “moderado” no carioca neo-bandeirante que comanda São Paulo com o martelo das privatizações em uma mão e um fuzil na outra — número de pessoas mortas por PMs em SP cresce 138% em um ano.

A missão é vender até a água do Estado (a Sabesp será rifada em breve ao mercado financeiro) e eliminar “os suspeitos de sempre” para exibir à sociedade como atrativo eleitoral. Sangue de pobre e preto dá voto no Brasil.

O “bolsonarismo moderado” é o oximoro da hora. É tendência, é moda & modinha outono-inverno na imprensa.

Oximoro, como se sabe, é a arte de juntar palavras de significados opostos, como morto-vivo, silêncio ensurdecedor, obscura claridade etc. Bolsonarismo moderado, portanto, é o cúmulo dos oximoros.

O uso e abuso da expressão pela mídia, na tentativa de emplacar Tarcísio (Republicanos) para 2026, lembra o esforço da revista “Veja” e da “Globo” em tornar Fernando Collor, então governador de Alagoas, o “caçador de marajás”.

O lançamento do bolsonarismo moderado na mídia coincidiu com o grito de “Volta Bolsonaro”, puxado pelo governador carioca dos paulistas (outro oximoro), na Agrishow, uma festa do Agro realizada em Ribeirão Preto (SP).

Esperto, Tarcísio está de olho no legado eleitoral do ex-presidente, inelegível até 2030. Por precaução, nega em público que irá concorrer ao Palácio do Planalto. Uma candidatura lançada de forma tão precoce pelos barões da imprensa pode sofrer desgastes e não segurar a onda até 2026.

Outro detalhe histórico: os governadores de São Paulo, mesmo com boa aprovação provinciana e torcida midiática, não conseguiram triunfar contra candidatos petistas em eleições presidenciais — casos de José Serra e Geraldo Alckmin, o atual vice de Lula.

Os tucanos não conseguiram ir além das fronteiras estaduais. Ficaram apenas como ilustres desconhecidos em outras regiões do país. Ilustres desconhecidos, aliás, mais um ótimo exemplo de oximoro para finalizar o texto da semana. Até a próxima.

*Xico Sá/ICL