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Uma criança palestina morta a cada 9 minutos; nenhuma delas militante do Hamas

“Esse crime bárbaro contra a infância só tem equivalência em termos de monstruosidade com o Holocausto”, diz Jeferson Miola.

Em 15 dias de ofensiva genocida na Faixa de Gaza, Israel já matou 5.791 palestinos. Dentre as vítimas, 2.360 crianças e 1.230 mulheres, segundo informes de autoridades sanitárias do território acompanhadas por técnicos da OMS – Organização Mundial de Saúde.

Em média, são quase 160 crianças palestinas mortas por dia, o que corresponde a praticamente 7 crianças mortas por hora – uma a cada 9 minutos.

Não consta em nenhum registro fotográfico, jornalístico ou documental, que uma única dessas crianças assassinadas estava armada, em combate; ou que fosse militante do Hamas ou estava entrincheirada.

Considerando-se, porém, o “parâmetro de compensação” sionista, que considera que a vida de um israelense equivale à vida de pelo menos 100 “animais selvagens” palestinos, esta terrível proporção deverá se multiplicar muitas vezes ainda.

E Israel está trabalhando forte para atingir este escore tétrico. O gabinete nazi-fascista de guerra faz um esforço danado. Seguem-se os bombardeios, as destruições, os ataques desproporcionais e o morticínio com bombas de fósforo branco e fuzilamentos.

Nem hospitais são poupados nesta ofensiva criminosa que não pode ser chamada, do ponto de vista técnico e legal, de guerra, porque é um genocídio!

Israel controla totalmente a “câmara de gás” conhecida pelo nome de Faixa de Gaza, embora não causaria nenhuma estranheza se se chamasse Auschwitz.

Israel detém sob seu controle a energia elétrica, a comida, os remédios, a água, os combustíveis e todos recursos elementares de vida.

A Faixa de Gaza é a maior prisão ao céu aberto do mundo. Cercada e monitorada por terra, mar e ar pelo regime sionista de apartheid.

Mandela já havia ensinado lá atrás, há mais de meio século, que a luta do povo sul-africano contra o apartheid tinha absoluta identidade com a luta do povo palestino. Duas formas idênticas de racismo, colonialismo, escravidão, segregação e subjugação humana.

Israel está fortemente empenhado em seguir com seu plano de extermínio para ocupação da “terra prometida”. Trata-se, portanto, de um passo insano rumo ao aprofundamento do regime étnico-teocrático fundamentalista. Isso não combina com modernidade democrática e civilizacional, com laicidade.

Em nome disso, desse Estado étnico-teocrático fanático, é preciso cortar todo o mal pela raiz, entendem os sionistas. É necessário extirpar e esterilizar até a última semente. Por isso mais de 50 mil mulheres palestinas grávidas estão sob o ataque asqueroso de Israel.

Funcionários da ONU testemunham o colapso humanitário. Apesar disso, a tragédia transcorre sem parar, como num filme transmitido em tempo real para a excitação de uma plateia estupidizada e desumanizada que se entretém com o espetáculo dantesco de dizimação do povo palestino.

A tragédia vai descendo degraus cada vez mais profundos do precipício. A tragédia de Gaza nos aproxima do fim da humanidade. Estamos muito próximos da falência absoluta de um ideal aceitável de sociedade humana.

Israel mata uma criança palestina a cada 9 minutos. É disso que precisamos falar! É isso que precisamos deter!

Nenhuma dessas crianças mortas a cada 9 minutos é militante do Hamas. Nenhuma delas que foi assassinada estava armada ou em combate. Nenhuma dessas crianças assassinadas a cada 9 minutos por Israel estava entrincheirada.

Todas essas 2.360 crianças assassinadas até aqui, 15º dia da ofensiva genocida, estavam nas suas casas, nas suas escolas, brincando inocentemente sobre os destroços da destruição causada pelos bombardeios do regime sionista de apartheid nas suas casas, nas suas escolas, nos seus hospitais …

Cada hora de inação criminosa e cúmplice da ONU representa a morte de 7 crianças palestinas.

Mas esta cifra “ainda modesta” de mortes de “animaizinhos selvagens”, como o ministro sionista da Defesa chamaria as crianças palestinas, é bastante provisória, porque está em constante crescimento.

O morticínio palestino crescerá de modo exponencial quando Israel decretar o momento da “solução final”. As crianças, as mulheres e as pessoas idosas, ao lado da verdade, serão, como sempre, as primeiras vítimas da barbárie.

*Jeferson Miola/247

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Francia Márquez, de ex-doméstica e ativista à primeira vice-presidente negra na Colômbia

Os ex-presidentes mais recentes da Colômbia foram educados no exterior e estão ligados às famílias poderosas.

New York Times

Pela primeira vez na história da Colômbia, uma mulher negra está perto do topo do poder executivo.

Francia Márquez, uma ativista ambiental do departamento montanhoso de Cauca, no sudoeste da Colômbia, tornou-se um fenômeno nacional, mobilizando décadas de frustração eleitoral, e tornando-se a primeira vice-presidente negra do país no domingo, como companheira de chapa de Gustavo Petro.

A chapa Petro-Márquez venceu a eleição de domingo, de acordo com os resultados preliminares. Petro, um ex-rebelde e legislador de longa data, se tornará o primeiro presidente de esquerda do país.

A ascensão da Sra. Márquez é significativa não só porque ela é negra em uma nação onde afro-colombianos estão regularmente sujeitos ao racismo e devem enfrentar barreiras estruturais, mas porque ela vem da pobreza em um país onde a classe econômica muitas vezes define o lugar de uma pessoa na sociedade. Os ex-presidentes mais recentes foram educados no exterior e estão ligados às famílias poderosas e reis do país.

Apesar dos ganhos econômicos nas últimas décadas, a Colômbia permanece totalmente desigual, uma tendência que piorou durante a pandemia, com as comunidades negras, indígenas e rurais ficando mais distantes. Quarenta por cento do país vive na pobreza.

Márquez, 40 anos, escolheu concorrer ao cargo, disse ela, “porque nossos governos viraram as costas para o povo, sobre a justiça e a paz”.

Ela cresceu dormindo em um chão de terra em uma região agredida pela violência relacionada ao longo conflito interno do país. Ela engravidou aos 16 anos, foi trabalhar nas minas de ouro locais para sustentar seu filho, e eventualmente procurou trabalho como empregada doméstica.

Para um segmento de colombianos que clamam por mudanças e por uma representação mais diversificada, a Sra. Márquez é sua campeã. A questão é se o resto do país está pronto para ela.

Alguns críticos a chamaram de divisiva, dizendo que ela faz parte de uma coalizão de esquerda que busca se despedaçar, em vez de construir sobre normas passadas.

Ela também nunca ocupou um cargo político, e Sergio Guzmán, diretor da Colombia Risk Analysis, uma consultoria, disse que “há muitas perguntas sobre se Francia seria capaz de ser comandante-em-chefe, se ela gerenciaria a política econômica, ou a política externa, de uma maneira que daria continuidade ao país”.

Seus oponentes mais extremos têm mirado diretamente nela com tropos racistas, e criticam sua classe e legitimidade política.

Mas no rastro da campanha, a análise persistente, franca e mordedora da Sra. Márquez sobre as disparidades sociais na Colômbia abriu uma discussão sobre raça e classe de uma maneira raramente ouvida nos círculos políticos mais públicos e poderosos do país.

Esses temas, “muitos em nossa sociedade negam ou os tratam como menores”, disse Santiago Arboleda, professor de história afro-andina na Universidade Andina Simón Bolívar. “Hoje, eles estão na primeira página.”

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