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Banco Central é autônomo do Executivo, não da Constituição econômica, diz representante da banca que acionou o STF

Ao GGN, advogada explica ação no STF para fazer Copom considerar interesses econômicos da sociedade na definição da Selic; assista

O Banco Central é uma instituição autônoma dos interesses políticos do Poder Executivo, mas não é autônomo em relação à Constituição econômica, porque é um órgão de Estado e, como tal, deve obediência aos parâmetros constitucionais. Nesse sentido é que deve observar também os objetivos fundamentais da República brasileira, inclusive, o da redução da desigualdade e da erradicação da pobreza. Esses valores devem ser considerados na definição da taxa básica de juros (Selic) pelo Copom (Comitê de Política Monetária).

O entendimento acima é o ponto central da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceitos Fundamentais) apresentada pelo partido PDT ao Supremo Tribunal Federal. Representante da banca que assina a ação – Walber Agra -, a advogado Nara Cysneiro falou com exclusividade ao GGN sobre a iniciativa que visa promover um debate institucional que reconheça a omissão do Banco Central em definir parâmetros transparentes e mais plurais do que apenas observar as expectativas do mercado financeiro na definição da Selic pelo Copom.

“Nosso propósito não é que o Judiciário se substitua à autoridade monetária. Nosso propósito é que o Judiciário promova o estabelecimento de critérios objetivos para que as decisões do Copom atendem à Constituição econômica. Não queremos que o STF passe a fixar a Selic. O que queremos é que o STF determine ao Banco Central que considere valores como, por exemplo, a manutenção de postos de trabalho como [valores] relevantes para a tomada de decisão”, disse Nara Cysneiro em entrevista ao jornalista Luis Nassif, na noite de quinta (26).

“Não tiramos nada disso da cartola, isso é parâmetro constitucional para qualquer órgão público. O Banco Central é autônomo do Poder Executivo, mas não é autônomo em relação à sociedade brasileira e à Constituição Federal. Ele ainda é órgão de Estado e, portanto, deve obediência às regras constitucionais“, acrescentou.

“O Boletim Focus reflete a expectativa de um mercado específico: ele representa a expectativa do mercado financeirizado, especulativo. Mas no plano mercadológico há ainda o mercado produtivo – indústria, comércio e setores produtivos – que sofrem com o aumento da taxa Selic. Quando falamos em parametrização dessa decisão, é claro que admitimos que tem de se levar em conta o mercado financeiro, que financia muitas atividades. Mas também é preciso levar em conta a expectativa de outros mercados econômicos brasileiros. Estamos falando de ‘retirar a exclusividade de expectativa’ e ampliar a margem de discussão sobre o quanto essa taxa deveria favorecer os objetivos que a Constituição”, defendeu Nara Cysneiro.

Na visão da representante da banca Walber Agra, “no processo de fixação da taxa básica de juros, é preciso que se considere – para além das expectativas do mercado financeiro – outras expectativas que estão no parâmetro constitucional. Estamos falando de estabilidade de postos de trabalho, de desenvolvimento industrial nacional;

*GGN

 

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Política

“Não é aceitável que se proponha anistia”, diz chefe da PF após atentado bolsonarista no STF

“Não estamos falando de um grupo de pessoas que quebrou um quadro ou uma cadeira. Estamos falando de tentativa de homicídio”, disse Andrei Rodrigues.

Por Fábio Matos, InfoMoney – Na entrevista coletiva na qual detalhou o andamento das investigações sobre a tentativa de atentado contra o Supremo Tribunal Federal (STF), na noite da última quarta-feira (13), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou que não é aceitável que seja aprovada qualquer anistia aos condenados por ataques ao Estado Democrático de Direito.

No momento, as duas hipóteses investigadas pela PF são de terrorismo e de ataque ao Estado Democrático de Direito. O inquérito instaurado pela corporação foi encaminhado ao Supremo, pela suposta conexão com outras apurações semelhantes em andamento – como os atos violentos de 8 de janeiro de 2023.

Questionado sobre a possibilidade de anistia – defendida por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional –, Rodrigues fez coro às declarações do ministro Alexandre de Moraes, do STF, mais cedo, e rechaçou qualquer condescendência com os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.

“Hoje, o ministro Alexandre de Moraes já comentou esse assunto. Eu, aqui, faço coro às suas palavras. Vejam a gravidade e a extensão desse processo. Não é razoável pessoas cometerem atos terroristas, tentarem assassinar outras pessoas, tentar vitimar policiais… De fato, não estamos falando de um grupo de pessoas que quebrou um quadro ou uma cadeira. Estamos falando de ações violentas ao Estado Democrático de Direito, de ações gravíssimas e tentativa de homicídio”, disse o chefe da PF.

“Eu também entendo que não é aceitável que se proponha anistia para esse tipo de pessoa”, completou Rodrigues.

NOVAS AMEAÇAS AO SUPREMO – Na entrevista, Andrei Rodrigues confirmou que recebeu a informação de que o STF teria sido alvo de novas ameaças, desta vez por e-mail, nesta quinta-feira.

“Eu recebi hoje a informação de que há novas ameaças. Não sei se foi encaminhado hoje ou se chegou hoje”, disse o diretor-geral da PF, sem dar maiores detalhes.

Rodrigues também confirmou que esteve reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na última noite, logo depois do atentado em frente ao STF.

“De fato, estive com o presidente, reportando a ele os episódios, dada a gravidade da situação, para que ele pudesse ter ciência de tudo o que estava acontecendo”, afirmou.