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OMS diz que necrotérios estão lotados; governo fala com brasileiros em Gaza

O governo brasileiro conseguiu, neste sábado, informações sobre parte dos 34 brasileiros e seus familiares que estão impossibilitados de sair da Faixa de Gaza. Eles estariam “seguros”, segundo a comunicação recebida pelo Itamaraty.

A embaixada do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia, indicou que tentará comprar alimentos e água para o grupo. A estimativa é de que os suprimentos não chegam a cinco ou seis dias. O governo, porém, indicou que continua tentando contato com o grupo de brasileiros que está em Khan Younes, formado por nove crianças, cinco mulheres e dois homens.

Na noite de sexta-feira, um ataque israelense destruiu toda a rede de telefonia e internet de Gaza, deixando o local isolado. Entidades humanitárias reconheceram nesta manhã que perderam o contato com dezenas de seus funcionários.

No caso brasileiro, há apenas um contato com um dos brasileiros que vem informando a embaixada sobre a situação, por uma rede paralela. O restante do grupo estaria sem telefone.

No total, as diplomacias de EUA e Europa estimam que 7 mil estrangeiros aguardam um acordo entre Israel e Egito para que possam sair. Apenas entre americanos seriam cerca de 600 pessoas.

A noite foi considerada por fontes na ONU como a mais intensa até agora nos 22 dias de ataques. A entidade ainda fez um alerta sobre o impacto do corte de comunicações, alertando que hospitais não podem funcionar desta maneira.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou também que está sem contato com sua equipe. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da entidade, afirmou que o “apagão também está impossibilitando que as ambulâncias cheguem aos feridos”. “A evacuação de pacientes não é possível em tais circunstâncias, nem encontrar abrigo seguro”, disse.

“A OMS não tem conseguido se comunicar com sua equipe em Gaza, assim como outras agências. Além disso, a OMS está tentando reunir informações sobre o impacto geral sobre os civis e a assistência médica”, afirmou a agência.

A OMS apelou “à humanidade de todos aqueles que têm o poder de fazê-lo para que acabem com os combates agora, de acordo com a resolução da ONU adotada ontem, pedindo uma trégua humanitária, bem como a libertação imediata e incondicional de todos os civis mantidos em cativeiro”.

Alerta sobre hospitais e necrotérios lotados

De acordo com a OMS, os relatos de bombardeios perto dos hospitais Indonésia e Al Shifa são “gravemente preocupantes”.

“A OMS reitera que é impossível evacuar pacientes sem colocar suas vidas em risco. Os hospitais de Gaza já estão operando em sua capacidade máxima devido aos ferimentos sofridos em semanas de bombardeios incessantes e não conseguem absorver um aumento dramático no número de pacientes, enquanto abrigam milhares de civis”, disse.

Segundo a agência, os profissionais de saúde que permaneceram ao lado de seus pacientes enfrentam a diminuição dos suprimentos, sem lugar para colocar novos pacientes e sem meios para aliviar a dor deles. “Há mais feridos a cada hora. Mas as ambulâncias não conseguem chegar até eles devido ao blecaute nas comunicações. Os necrotérios estão lotados. Mais da metade dos mortos são mulheres e crianças”, disse.

*Jamil Chade/Uol