Todos sabem que hoje Queiroz detém sozinho 3% de gordura, se muito, do que sobrou do bolsonarismo.
Conhecido como Hércules das rachadinhas, o homem que durante décadas se dedicou integralmente a indicar e gerenciar laranjas, fantasmas e espantalhos, foi usado por Bolsonaro para alimentar todo o esquema de peculato do clã.
Ou seja, Queiroz não é exatamente um produto indicado para ser agitado antes de abrir, pois tem uma energia represada de maneira tão integral sobre os negócios ocultos do clã que é capaz de fazer um estrago maior do que um caminhão pipa carregado de nitoglicerina.
Não foi sem motivos que, durante todo esse tempo, o personagem se transformou numa logo do clã familiar que governa o país, foi mantido na geladeira em alta temperatura, pois, nesse caso nem cabia e muito menos ele aceitaria ser mantido em lugar seco e pouco arejado, já que inúmeras vezes deixou claro que poderia ferver e deixar o leite transbordar.
Nessa eleição, porém, Queiroz decidiu ser parte do ingrediente político da família bolsonarista, o que, tudo indica, causou urticária não confessada no presidente, mas que, ao mesmo tempo, não há como inspecioná-lo 24 horas e, portanto, não estava disposto a ser um misto de pato com peru de natal.
Então, fica a pergunta, por que esse candidato se lançará na aventura de tentar a Câmara Federal par e passo com a tentativa de reeleição de Bolsonaro e não foi ao evento de lançamento?
A essa altura do campeonato, quem prejudica mais a imagem de quem, Queiroz a Bolsonaro ou o contrário?
Uns dizem que Bolsonaro queria Queiroz longe do palanque no dia do lançamento de sua reeleição, outros juram que não, que, na verdade, Queiroz assumiu o compromisso de ir ao evento, mas deu bolo.
Seja como for, Queiroz não deixa de ser a porção que sobrou do bolsonarismo tradicional que nada tem a ver com o atual bolsonarismo atrelado ao Centrão. O que deixa claro que, se comparado à campanha de 2018, até a quantidade de porcarias que Bolsonaro catapultou, se não chega a ser cinza, cheira a chulé como parmezão ralado e vencido, simplesmente não tem sequer estampa, mesmo que mistificadora da cômica nova política.
E, se nem o bagaço da laranja esteve na feijoada de Bolsonaro hoje, é sinal de que, além do feijão ter bem mais água do que caroço, o restante da gororoba ficou a dever quando deu as caras ou simplesmente não foi notado.
Como dissemos em outro texto, há um não sei o quê de descompasso no reino bolsonarista em que determinadas peças-chave representam a gota de um processo que transborda ineficiência, falta de comando e coesão de peso.
Só o fato de Queiroz não ter ido ao evento de Bolsonaro e isso virar notícia no jornalismo tradicional, já escancara que aquele bolsonarismo extra de 2018 não existe mais, o que há é um creme ralo e fadigado de quatro anos de desgaste de um governo que simplesmente não aconteceu, para ser mais claro, inexistiu.
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