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Carlos Bolsonaro não pagou plano de saúde com a própria conta por 9 anos, diz MP

Amostragem do MP encontrou boleto pago por assessora que devolveu R$ 832 mil.

Um relatório do Laboratório de Combate à Lavagem de Dinheiro e Corrupção do MP-RJ, obtido pela coluna com exclusividade, constatou que o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) só pagou um boleto de plano de saúde com sua conta bancária em nove anos de contratação desse tipo de serviço.

Existe suspeita de que os pagamentos possam ter sido feitos em espécie com dinheiro oriundo de rachadinha. O mesmo se verificou no caso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A coluna tentou contato com a defesa do vereador, mas não conseguiu retorno até a conclusão desta reportagem.

A análise aponta que Carlos Bolsonaro teve contratos ativos com duas operadoras entre 2011 e 2020 — a Qualicorp e a Unimed. O único pagamento encontrado ocorreu em dezembro de 2014, em uma fatura de R$ 545,97.

No documento, os analistas escrevem que “diante desta informação e com base na análise dos títulos de cobrança pagos, indicados nos extratos bancários de Carlos Bolsonaro, que tiveram o “nome_pessoa_od” (beneficiário) identificado pelas instituições financeiras, foi constatado somente 01 pagamento de boleto em 18/12/2014 no valor de R$ 545,97, cujo cedente foi Qualicorp Administradora de Benefícios”.

Como a coluna revelou, o MP constatou que o chefe de gabinete de Carlos, Jorge Fernandes, sistematicamente pagava as despesas pessoais do chefe. Em um trabalho de amostragem, o relatório encontrou 23 pagamentos entre 2012 e 2019. É mencionado ainda um pagamento para a Unimed, dessa vez feito pela esposa de Jorge Fernandes, Regina Celia Sobral Fernandes. Ela também era nomeada no gabinete de Carlos Bolsonaro e devolveu ao marido, apontado como operador da rachadinha, um total de R$ 832,4 mil.

Regina pagou R$ 954,48 para a operadora de saúde suplementar em novembro de 2018, segundo os dados obtidos pelo MP.

Peritos do MP veem possível crime de peculato
Diante dos fatos, os peritos do MP sugerem ao promotor responsável pela investigação que sejam requisitados os dados detalhados de pagamentos de plano de saúde à Qualicorp e à Unimed.

“Em se tratando de suposta prática do crime de peculato, caso o Promotor de Justiça entenda necessário para análise dos gastos declarados pelo investigado com plano privado de saúde, sugere-se que sejam oficiadas as pessoas jurídicas Qualicorp Administradora de Benefícios (CNPJ n.º 07.658.098/0001-18) e Unimed (CNPJ n.º 42.163.881/0001-01) para que informem se o investigado Carlos Nantes Bolsonaro (CPF n.º 096.792.087-61) possuiu de fato vínculo contratual de plano privado de saúde com as respectivas pessoas jurídicas, informando, ainda, o período contratual, as datas dos pagamentos, os valores pagos mensalmente e o banco responsável pela emissão dos boletos”, conclui o relatório.

O modus operandi é similar ao encontrado na investigação da rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), outro membro da família envolvido em denúncias de corrupção. No caso de Flávio, as despesas de sua família eram pagas pelo assessor Fabrício Queiroz — muitas vezes em dinheiro vivo na boca do caixa.

Além de despesas pessoais como plano de saúde e escola das filhas, Flávio também terceirizou o pagamento das prestações de 12 salas comerciais que adquiriu em 2008. Entre 2008 e 2009, o hoje senador quitou R$ 297 mil da compra dos imóveis, mas nada passou por sua conta bancária.

A 1ª Vara Criminal Especializada do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio) autorizou a quebra de sigilos fiscal e bancário de Carlos Bolsonaro e de seus assessores entre 2005 e 2021. A 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada apura peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete de Carlos e pediu uma análise dos dados obtidos. O relatório obtido pela coluna é de 22 de agosto de 2023.

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Racismo e desigualdade nos EUA fazem negros vítimas em números alarmantes do coronavírus

Negros sofrem muito mais do que brancos com a pandemia nos EUA.

Em estados como a Louisiana e cidades como Chicago e Milwaukee, a proporção de afro-americanos infectados é bem maior do que a de brancos.

Proporções de contágio, doença e mortes são bem maiores na população negra. Condições sociais e de assistência de saúde influem nos índices.

Os formulários de controle americanos registram idade, sexo e também etnia dos notificados.

Mas, por causa das diferenças de exigências legais entre os estados, autoridades de vários deles optaram por não divulgar os números divididos pela etnia.

Grupos sociais de apoio e defesa dos negros reivindicam que todas as unidades da federação nos EUA publiquem também os números e percentuais de afetados brancos, negros, hispânicos e asiáticos para reforçar, com dados, as ações de assistência e combate.

Em Chicago, cidade mais populosa do estado de Illinois, onde o ex-presidente americano Barack Obama vive e fez carreira política e acadêmica, os negros compõem 30% da população, mas representavam 68% dos 118 mortos e 52% dos cerca de cinco mil casos confirmados no município até quarta-feira (7).

A taxa local de morte de negros pela pandemia é quase seis vezes maior que a de brancos.

Fatores sociais, raciais e econômicos ajudam a entender a desproporção.

Nos Estados Unidos, como no Brasil, os negros pertencem, em maioria, a grupos sociais e econômicos menos favorecidos.

Os centros de atendimento de saúde são menos equipados e em número menor nas suas regiões.

O índice de pessoas sem seguro ou plano de saúde entre a população negra é muito maior – e nos EUA não existe um sistema único e público de saúde como o SUS brasileiro.

 

*Da redação